Vamos relembrar a cantora SÔNIA CARVALHO.
Maria de Nazareth Reis nasceu em 27 de fevereiro de 1914, em São Paulo, na Rua dos Estudantes. Era filha de Lucília Gonçalves Reis e Mário dos Reis. Sua mãe era prima da cantora Bidu Sayão.
Ao
lado da irmã, Maria Stella, cantava, tocava piano e violão.
Começou
a atuar no rádio a convite de um parente. Com o nome de Myriam Reys (seu
apelido de infância), se apresentava ao lado da irmã, que adotou o pseudônimo
de Vera Barreto, que era a única a cantar. Myriam/Sônia acompanhava
Vera/Maria Stella ao violão, sendo conhecida como as Irmãs Reys.
Depois,
Myriam resolveu cantar, atuando ainda na Rádio Educadora Paulista. Ela apresentou
a canção A Voz do Violão, de Francisco Alves e Horácio de Campos, sendo
acompanhada por Petit, Garoto, Carraro e Boca, alguns dos melhores músicos de São
Paulo. A rádio logo a contratou, embora sua mãe não quisesse que ela cobrasse
cachê.
Para
resolver o caso, Myriam Reys troca novamente de nome. Como era fã da cantora
Sônia Barreto e do compositor Joubert de Carvalho, adotou o nome Sônia
Carvalho, em homenagem aos dois artistas.
Em
1932, vamos encontrar Sônia Carvalho cantando na Rádio Educadora Paulista (PRAE).
Em 1933, ela fez muito sucesso como cantora de sambas, sendo saudada pela
imprensa. É interessante que, nessa época, alguns jornais davam o “furo” de informar
o verdadeiro nome de Sônia Barreto, informando ser Myriam Rey, seu
primeiro nome artístico usado no rádio e apelido de infância.
A Gazeta (SP), 03 de maio de 1932 http://memoria.bn.br/ |
Correio de S. Paulo, 03 de outubro de 1933, p.07 http://memoria.bn.br/ |
Correio de S. Paulo, 05 de maio de 1933, p.03 http://memoria.bn.br/ |
Seu
cunhado era o famoso locutor Celso Guimarães, casado com Maria Stella. Celso
sugeriu que Sônia Carvalho também se apresentasse no Rio de Janeiro, na Rádio
Cruzeiro do Sul. Ela foi e conheceu o compositor André Filho, que se encantou
com sua voz.
Uma
curiosidade na voz de Sônia Carvalho era a grande semelhança com a voz de
Carmen Miranda. Sônia sabia imitar perfeitamente Carmen. Isso lhe deu, entre
outros, o título de A Outra Pequena Notável que São Paulo Criou.
Uma
vez no Rio de Janeiro, em 1934, Sônia Carvalho gravou seu primeiro disco pela
gravadora Odeon. André Filho foi o autor de Beijos, marcha e Vejo o
Céu Todo Estrelado, samba. O disco fez muito sucesso.
O Malho, 1934 http://memoria.bn.br/ |
Ela
passou a ser admirada por fãs e colegas, como o cantor Francisco Alves e o
compositor Assis Valente. De Assis, Sônia Carvalho gravou algumas peças
interessantes, entre elas, os sambas A Infelicidade me Persegue, Eu
Vivia no Morro e Você quer se ver livre deste mundo, que abordava o
tema do suicídio, que infelizmente, décadas depois, seria a causa da morte de
Assis Valente.
Segundo
Sônia Carvalho, em entrevista cedida ao pesquisador cearense Miguel Ângelo de
Azevedo (Nirez), já na década de 1970, o compositor André Filho havia composto
a marcha Cidade Maravilhosa especialmente para ela. Nessa entrevista,
que vocês podem conferir no final deste artigo, Sônia Carvalho canta um trecho
inédito da música. Também canta músicas inéditas de Assis Valente, sendo
acompanhada ao violão por seu filho. Quem gravou Cidade Maravilhosa foi
Aurora Miranda que, por sua vez, lançou também a interessante marcha de André
Filho S. O. S., mas que foi gravada por Sônia Carvalho.
Ao
longo da década de 1930, Sônia Carvalho seria eleita Rainha do Rádio Paulistano,
aumentando seu prestígio no meio artístico de São Paulo.
Ela
tinha um programa infantil na Radio Educadora Paulista que onde descobriu
talentos como o de Haydée Marcondes. Também descobriria e incentivaria, anos depois, o talento de Nelson Gonçalves.
Também
atuaria no rádio carioca, cantando na Rádio Cajuti, ao lado de Francisco Alves,
na Rádio Tupi, entre outras.
A Noite, 12 de setembro de 1934, p.06 http://memoria.bn.br/ |
Diário da Noite, 09 de dezembro de 1935, p.07 http://memoria.bn.br/ |
O
aniversário de 21 anos de Sônia Carvalho, realizado em 27 de fevereiro de 1935,
foi bem concorrido. Após homenagens, à noite, em sua casa, astros como Nuno
Roland e Francisco Alves, entre outros, animaram uma festa que terminou com
palmas para a aniversariante.
Gazeta de Notícias, 03 de março de 1935, p.09 http://memoria.bn.br/ |
Sua
crescente fama fez com que o jornal Gazeta de Notícias sugerisse que ela
abalaria o reinado de Carmen Miranda, o que não aconteceu. Sônia Carvalho era
fã de Carmen e nunca pensou em competir com ela. Carmen, por sua vez, seguia
sua carreira sem incomodar a ninguém, ganhando apenas admiradores e simpatias.
Correio de S. Paulo, 07 de outubro de 1933, p.04 http://memoria.bn.br/ |
Gazeta de Notícias, 27 de setembro de 1935, p.10 http://memoria.bn.br/ |
Em
1936, ela assinou um contrato com a Rádio Nacional, vindo especialmente de São Paulo
para inaugurar essa emissora, ao lado de grandes nomes de nossa música. Seu
cunhado, o locutor Celso Guimarães, foi buscá-la na estação de trem.
A estrela Sônia Carvalho, vinda especialmente de São Paulo, é recepcionada pelo speaker Celso Guimarães. Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
SÔNIA CARVALHO Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
A Noite, 08 de setembro de 1936, p.01 http://memoria.bn.br/ |
A
vida dos artistas que se apresentavam no rádio, que gravavam discos e se
dividiam entre cidades para atuar em emissoras de rádio, era muito corrida.
Sônia Carvalho conta em sua entrevista que em janeiro de 1936, ela Francisco
Alves, Aracy de Almeida e Orlando Silva entraram na gravadora Victor as dez
horas da manhã para gravar as músicas do Carnaval daquele ano. Eles ficaram o
dia todo gravando, saindo somente à noite e comendo sanduiches com laranjada.
Também participaram no coro das gravações uns dos outros.
Sônia
Carvalho noivou com Roberto Marengo em 1936. Em 1937, ao se casar, ela
abandonou sua carreira artística. Embora em 1938 ela gravasse algumas músicas
que não foram comercializadas.
Sônia
Carvalho passou a morar em Taubaté (SP), dedicando-se à sua família e sempre
relembrando da época em que era cantora. Cantando e sendo acompanhada pelo
filho, ao violão.
Ela faleceria em 11 de maio de 1988, aos 74 anos de idade.
SÔNIA CARVALHO Arquivo Nirez |
Programa sobre SÔNIA CARVALHO
RECORTES SOBRE SÔNIA CARVALHO
SÔNIA CARVALHO Arquivo Nirez |
Correio de S. Paulo, 17 de agosto de 1933, p.03 http://memoria.bn.br/ |
Correio de S. Paulo, 28 de setembro de 1933, p.03 http://memoria.bn.br/ |
Diário da Noite, 03 de setembro de 1934, p.01 http://memoria.bn.br/ |
Diário da Noite, 03 de setembro de 1934, p.02 http://memoria.bn.br/ |
Jornal do Commercio, 05 de setembro de 1934, p.09 http://memoria.bn.br/ |
A Nação, 08 de dezembro de 1935, p.05 http://memoria.bn.br/ |
Diário da Noite, 07 de dezembro de 1935, p.05 http://memoria.bn.br/ |
Gazeta de Notícias, 08 de dezembro de 1935, p.13 http://memoria.bn.br/ |
A Noite Illuestrada, 1936 http://memoria.bn.br/ |
Cinearte, 1936 http://bjks-opac.museus.gov.br/ |
Cinearte, 1936 http://bjks-opac.museus.gov.br/ |
Diário da Noite, 13 de fevereiro de 1936, p.04 http://memoria.bn.br/ |
Gazeta de Notícias, 05 de setembro de 1936, p.08 http://memoria.bn.br/ |
Gazeta de Notícias, 14 de agosto de 1936, p.08 http://memoria.bn.br/ |
O Cruzeiro, 1936 http://memoria.bn.br/ |
Caricatura de Jocal O Malho, 1936 http://memoria.bn.br/ |
Revista da Semana, 1936 http://memoria.bn.br/ |
SÔNIA CARVALHO Revista da Semana, 1936 http://memoria.bn.br/ |
SÔNIA CARVALHO Revista da Semana, 1936 http://memoria.bn.br/ |
O Malho, 1937 http://memoria.bn.br/ |
Carioca, 1936 http://memoria.bn.br/ |
Revista da Semana, 1936 http://memoria.bn.br/ |
Agradecimento ao Arquivo Nirez
Nenhum comentário:
Postar um comentário