ARACY CÔRTES Jornal de Theatro & Sport, 1921 http://memoria.bn.br/ |
A atriz
cantora ARACY CÔRTES é um dos maiores nomes do Teatro de Revista brasileiro e
da própria música popular no Brasil. Sua rica trajetória artística foi marcada
de sucessos e de muitos clássicos lançados por ela.
Há 102 anos,
ela estreava profissionalmente nos palcos do Teatro de Revista.
Confiram
essa interessante história.
Zilda de
Carvalho Espíndola nasceu em 31 de março de 1904. Era filha de Argemira
Carvalho Espíndola e Carlos Espíndola, flautista e amigo do pai de Pixinguinha.
A própria Zilda, amiga de infância do futuro autor de Carinhoso, desde cedo
participava das rodas de choro, dançando ao lado da irmã, Dalva.
Na segunda
metade da década de 1910, Zilda decidiu ser atriz e começou a participar do
grupo amador Filhos de Talma.
Pouco depois,
em 1920, ela já se apresentava ao lado dos amigos Pixinguinha e China (que eram
irmãos), no grupo Os Oito Batutas. Acontece que China resolveu mudar o nome
artístico da amiga, que não concordou de início. O nome escolhido foi Aracy
Côrtes.
No começo,
ela usava Zilda Côrtes. Até havia uma professora chamada Aracy Côrtes,
conhecida no magistério carioca.
Após a
insistência de China, Zilda resolveu adotar o nome artístico completo e, na
noite de 31 de dezembro de 1921, como Aracy Côrtes, ela estreava nos palcos do
Theatro Recreio, no Rio de Janeiro.
A peça se
chamava Nós, Pelas Costas..., e era da autoria de J. Praxedes.
Nós,
Pelas Costas...
Da autoria
de J. Praxedes, a revista Nós, Pelas Costas..., com dois atos, quatorze quadros
e duas apoteoses, estava programada para estrear no dia 30 de dezembro de 1921.
A imprensa já a anunciava semanas antes dela ser levada à cena. A empresa responsável
pelo espetáculo era a Companhia João de Deus, do ator de mesmo nome, e o teatro
onde a acolheria seria o famoso Theatro Recreio.
O maestro
Pedro de Sá Pereira ficou responsável pela música da peça, enquanto os cenógrafos
Emílio Silva e Ângelo Lazary ficavam encarregados do primeiro e segundo ato,
respectivamente.
A jovem
atriz Aracy Côrtes e o ator Albino Vidal foram contratados para atuar nesse
espetáculo. O restante do elenco trazia nomes como: o próprio João de Deus, J.
Silveira, Idelfonso Norat, Célia Zenatti, Ítala Ferreira, Albertina Silva, Leda
Vieira, entre outros. Lembramos que Célia Zenatti era a segunda esposa do
cantor Francisco Alves que, em 1921, ainda estava iniciando sua carreira de
cantor no teatro musicado.
Aracy Côrtes
interpretou os seguintes personagens: Guitarra Falsa, Rosa Branca
e Vinho do Porto. Os cartazes destacavam sua estreia na peça.
O Paiz, 30 de dezembro de 1921, p.12 http://memoria.bn.br/ |
O jornal A
União, de 15 de janeiro de 1922, informava o enredo da peça: “a critica á burla
que se faz a prohibição do alcool depois das 17 horas”. Um devoto de Bacco
implorava-lhe sua intervenção “poderosa” para cancelar a proibição. Bacco chega
ao Rio de Janeiro para entender-se com o prefeito (então, Carlos Sampaio).
Porém, antes do encontro com o prefeito, Bacco tem certeza de que sua viagem
fora inútil, pois, no Rio de Janeiro, “mesmo depois sas 17, bebe-se mais que em
qualquer outra parte do mundo..”.
No dia 30 de
dezembro, porém, os jornais anunciavam o adiamento da estreia da peça para o
dia seguinte. Assim, Nós, Pelas Costas... estreou em 31 de dezembro de
1921, às 23 horas, no Theatro Recreio.
A crítica de
O Paiz, do dia 01 de janeiro de 1922, reclamava da longa duração da peça,
informando que uma ou outra cena e comentários tinham graça. No geral, para o
jornal, “a montagem é decente, com scenarios vistosos, e bom guarda-roupa”.
Já o Correio
da Manhã, em sua crítica de 02 de janeiro de 1922, informava que a peça, apesar do gênero revista “estar
esgotadíssimo”, era bem-feita. Entre os nomes de destaque do elenco, o jornal
citava a estreante Aracy Côrtes.
A Noite, em 03 de janeiro de
1922, falava bem do espetáculo, tendo uma boa impressão geral do mesmo.
A União, em crítica de 15 de
janeiro de 1922, falava mal não só da revista, mas da Companhia em geral.
Seguindo
carreira no Teatro de Revista
Aracy Côrtes,
podemos dizer, estreou bem nos palcos do Teatro de Revista. Apesar das críticas
divididas sobre o espetáculo, ela já estava, em 19 de janeiro de 1922, no
elenco de outra peça, com a mesma Companhia João de Deus e no mesmo Theatro
Recreio. A peça se chamava Ver, Ouvir e Calar..., de Alfredo Breda e
Indê Coutinho Vieira.
As peças não
pararam de chegar para Aracy Côrtes que, em poucos anos já atingia o estrelato,
tornando-se um dos principais nomes da história do teatro de Revista no Brasil
e em sua música popular. Tudo isso, devido ao seu talento, belíssima voz e
carisma, que conquistaram público e crítica através das décadas seguintes.
Seu prestígio
no teatro musicado levou a ser convidada a gravar seu primeiro disco em 1925,
na Casa Edison. Pelo selo Odeon Record, Aracy Côrtes lançou a canção de Pedro
de Sá Pereira, A Casinha, lançada em 1924 na revista Secos e Molhados;
Petropolitana, canção de Adalberto de Carvalho, lançada em 1915 pela
atriz cantora Pepa Delgado; e Serenata de E. Toselli. Chegaram até nós, apenas,
as gravações de A Casinha e Petropolitana.
Aracy Côrtes
seguiria uma vitoriosa carreira no Teatro de Revista, no rádio, em cassinos e
excursões. Sua irmã, Dalva Espíndola, também seria atriz de teatro musicado.
Aracy Côrtes
faleceu aos 80 anos, em 08 de janeiro de 1985.
A CASINHA
Selo de A Casinha Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Canção de Luís Peixoto e Pedro de Sá Pereira
Acompanhamento do Jazz Band Sul Americano Romeu Silva
Disco Odeon Record 122.884
Lançado em 1925
PETROPOLITANA
Selo de Petropolitana Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Canção de Adalberto de Carvalho
Acompanhamento do Jazz Band Sul Americano Romeu Silva
Disco Odeon Record 122.885
Lançado em 1925
Saibam mais sobre Aracy Côrtes e sua carreira:
ARACY CÔRTES - (O NASCIMENTO DE UMA ESTRELA): https://bit.ly/3oXG9AS
ARACY CÔRTES - 114 ANOS (O SURGIMENTO DO MITO):
ARACY CÔRTES - 33 ANOS DE SAUDADE:
PEPA DELGADO, ARACY CÔRTES E A PETROPOLITANA:
RECORTES SOBRE NÓS, PELAS COSTAS...
O Paiz, 29 de dezembro de 1921 http://memoria.bn.br/ |
O Paiz, 31 de dezembro de 1921, p.06 http://memoria.bn.br/ |
O Paiz, 01 de janeiro de 1922, p.16 http://memoria.bn.br/ |
O Paiz, 04 de janeiro de 1922, p.10 http://memoria.bn.br/ |
O Paiz, 01 de janeiro de 1922, p.04 http://memoria.bn.br/ |
Correio da Manhã, sábado, 31 de dezembro de 1921 http://memoria.bn.br/ |
Correio da Manhã, 02 de janeiro de 1922, p.04 http://memoria.bn.br/ |
ARACY CÔRTES Jornal de Theatro & Sport, 1921 http://memoria.bn.br/ |
ARACY CÔRTES Jornal de Theatro & Sport, 1921 http://memoria.bn.br/ |
Jornal de Theatro & Sport, 1921 http://memoria.bn.br/ |
Jornal do Brasil, 30 de dezembro de 1921, p.22 http://memoria.bn.br/ |
A Noite, 03 de janeiro de 1922, p.03 http://memoria.bn.br/ |
A União, 15 de janeiro de 1922, p.03 http://memoria.bn.br/ |
Revista da Semana, 1922 http://memoria.bn.br/ |
Agradecimentos ao Arquivo Nirez e a Gilberto Inácio Gonçalves
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