domingo, 4 de agosto de 2024

SINHÔ – O REI DO SAMBA

SINHÔ
(JOSÉ BARBOSA DA SILVA)
Livro Nosso Sinhô do Samba
de Edigar de Alencar
Arquivo Marcelo Bonavides
 



Entre os compositores de nosso samba, um foi coroado rei em 1927. Trata-se de José Barbosa da Silva, SINHÔ. Do final da década de 1910 até 1930, seu nome era sinônimo de músicas de sucesso, muitas delas consagradas em nosso Teatro de Revista.      


José Barbosa da Silva nasceu em 08 de setembro de 1888, na Rua Riachuelo, casa nº 90, no centro do Rio de Janeiro. Sua mãe se chamava Graciliana Silva e seu pai, Ernesto Barbosa da Silva, de apelido Tené, que trabalhava como pintor e decorador de paredes de botequins e de clubes dançantes. A família ainda contava com mais dois filhos, Ernesto (apelidado de Caboclo) e Francisco, filho adotivo.
 
Sinhô morou também na Rua Senador Pompeu, nº 114, onde era amigo e brincava com os futuros sambistas João da Baiana e Caninha.
 
Quando estava com dezessete anos, apaixonou-se por Henriqueta Ferreira, portuguesa que era casada. Porém, ela resolveu morar com Sinhô, tendo o casal três filhos: Durval, Odalis e Ida. Mas, em 1914, Henriqueta faleceu, ficando o companheiro viúvo aos 26 anos de idade.
 
Em 1910, Sinhô já era conhecido como pianista profissional, tocando em várias agremiações musicais dançantes e carnavalescas de seu tempo, como o Rancho Ameno Resedá (que ajudou a fundar em 1907) e a Sociedade Dançante Carnavalesca Kananga do Japão (que seu pai ajudou a fundar e que tinha o estandarte pintado por ele). Em 1989, na novela Kananga do Japão, exibida pela Rede Manchete, Sinhô seria interpretado pelo ator Paulo Barbosa.
 
Em 1918, ele teve sua primeira composição editada e gravada: o samba Quem são eles?, registrado pelo cantor Bahiano. Essa composição daria início a uma das primeiras polêmicas musicais de nossa música, envolvendo Sinhô, Donga e Pixinguinha.
 
Em 1920, obteve sucesso com as músicas Papagaio Louro, samba satirizando Ruy Barbosa, e O Pé de Anjo, marcha que satirizava os avantajados pés do irmão de Pixinguinha, o também músico China. As duas músicas foram gravadas em outubro de 1919, juntamente com o samba (também de Sinhô) Alivia esses olhos, por um jovem cantor que já atuava no teatro de revista, porém, gravava seu primeiro disco: Francisco Alves, o futuro Rei da Voz. A gravadora era a Popular, do companheiro de Chiquinha Gonzaga, João Gonzaga, que ficava no quintal da residência do casal.
 
O Pé de Anjo ainda seria o título do grande sucesso teatral de 1920, na revista homônima estrelada por Otília Amorim e Alfredo Silva, que ainda trazia no elenco Júlia Martins e Henriqueta Brieba.
 
No final da década de 1910 e ao longo da década de 1920 a popularidade de Sinhô aumentou muito, suas músicas faziam bastante sucesso no teatro de revista e nos discos, sendo interpretadas pelos grandes destaques da época: Eduardo das Neves, Bahiano, Fernando, Gustavo Silva, Pedro Celestino, Aracy Côrtes, Rosa Negra, Francisco Alves, Mário Reis, entre outros.
 
Com tanto sucesso, a intelectualidade paulistana, representada por Oswald de Andrade, o coroou Rei do Samba em uma solenidade realizada em 1927 no Theatro República, em São Paulo. Vale lembrar que já há muitos anos antes, Sinhô era considerado O Rei do Samba.


Correio da Manhã, 07 de fevereiro de 1921, p.01
http://memoria.bn.br/


 
No final dos anos 20, emplacou sucessos conhecidos até hoje, como o samba Jura, imortalizado nos palcos e disco por Aracy Côrtes, que também foi gravado Mário Reis e bem recebido pelo público. Também foi o autor de clássicos como Gosto que me enrosco e lançou gêneros como o samba-choro, com Meus Ciúmes, gravado em 1931 pela cantora Yolanda Osório. Sinhô também compunha canções e valsas, a exemplo de Cauã, belíssima valsa gravada em 1930 por Januário de Oliveira.
 
Sinhô sofria de tuberculose e veio a falecer vitimado por uma hemoptise a bordo da Barca Sétima indo para o Rio de Janeiro (na época, ele morava na Ilha do Governador), em 04 de agosto de 1930, pouco antes de completar 42 anos.
 

Seu velório e enterro foram muito concorridos, sendo registrado pelo poeta Manuel Bandeira, onde estavam presentes os grandes admiradores do compositor: malandros, macumbeiros, prostitutas, seresteiros, baianas vendedoras de doces, artistas de teatro, músicos, entre outros.



SINHÔ
Correio da Manhã 1927
http://memoria.bn.br/





Saibam mais sobre Sinhô

SINHÔ - 90 ANOS DE SAUDADE: https://bit.ly/3fq0PNh
 
SINHÔ E SUAS INTÉRPRETES: https://bit.ly/3lznU6T
 
JANUÁRIO DE OLIVEIRA Interpreta SINHÔ: http://bit.ly/2Ep9lNg
 
FRANCISCO ALVES INTERPRETA SINHÔ: http://bit.ly/2CwpZf9
 
MÁRIO REIS INTERPRETA SINHÔ: http://bit.ly/31fumma 

PROGRAMA ARQUIVO SONORO: SINHÔ, O REI DO SAMBA: https://bit.ly/3fwCjNj







Repercussão do falecimento de Sinhô em jornais Cariocas no dia 05 de agosto de 1930


A NOITE





JORNAL DO BRASIL





GAZETA DE NOTÍCIAS




DIÁRIO DE NOTÍCIAS






DIÁRIO DA NOITE




DIÁRIO CARIOCA





CORREIO DA MANHÃ





A BATALHA








GRAVAÇÕES DA OBRA DE SINHÔ



A FAVELA VAI ABAIXO
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana
Disco Odeon 10.096-A, matriz 1441
Lançado em janeiro de 1928




 
NÃO QUERO SABER MAIS DELA
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Rosa Negra e Francisco Alves
Acompanhamento da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana
Disco Odeon 10.100-A, matriz 1456-I
Lançado em janeiro de 1928




 
AMAR A UMA SÓ MULHER
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana
Disco Odeon 10.119-B, matriz 1496
Lançado em fevereiro de 1928




 
ORA VEJAM SÓ
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana
Disco Odeon 10.128-A, matriz 1506
Lançado em fevereiro de 1928




 
SABIÁ
Canção de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravada por Mário Reis
Acompanhamento de dois Violões
Disco Odeon 10.257-A, matriz 1935
Lançado em outubro de 1928




 
GOSTO QUE ME ENROSCO
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento de dois Violões
Disco Odeon 10.278-B, matriz 2003
Lançado em novembro de 1928




 
JURA
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento de Simão Nacional Orquestra
Disco Parlophon 12.868-A, matriz 2071
Lançado em 1928





CANJIQUINHA QUENTE
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Ita Caiuby
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.704-A, matriz 3912-1
Lançado em novembro de 1930




 
CAIS DOURADO
Toada de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravada por Breno Ferreira
Acompanhamento do Choro Victor
Disco Victor 33.211-A, matriz 50043-2
Gravado em 13 de setembro de 1929 e lançado em novembro de 1929




 
VIROU BOLA
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Breno Ferreira
Acompanhamento da Orquestra Victor
Disco Victor 33.213-B, matriz 50044-2
Gravado em 13 de setembro de 1929 e lançado em novembro de 1929




 
BURUCUNTUM
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Carmen Miranda
Acompanhamento da Orquestra Victor
Disco Victor 33.259-B, matriz 50161-2
Gravado em 22 de janeiro de 1930 e lançado em fevereiro de 1930




 
CAUÃ
Valsa de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravada por Januário de Oliveira
Acompanhamento de Orquestra
Disco Columbia 5.215-B, matriz 380671
Lançado em junho de 1930





AMOR DE POETA
Sambo Canção de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravada por Sílvio Caldas
Acompanhamento de Henrique Vogeler ao Piano
Disco Brunswick 10.078-B, matriz 375
Lançado em agosto de 1930



 

MEUS CIÚMES
Choro Canção de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Yolanda Osório
Acompanhamento da Orquestra Brunswick
Disco Brunswick 10.149-A, matriz 569
Lançado em 1931




 
MAL DE AMOR
Samba Canção de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento da Orquestra Brunswick
Disco Brunswick 10.158-B, matriz 601
Lançado em 1931




 
FEITIÇO GORADO
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Carmen Miranda
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.375-B, matriz 50448-2
Gravado em 11 de agosto de 1930 e lançado em março de 1932
















Agradecimento ao Arquivo Nirez









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