SINHÔ (JOSÉ BARBOSA DA SILVA) Livro Nosso Sinhô do Samba de Edigar de Alencar Arquivo Marcelo Bonavides |
Entre os compositores de
nosso samba, um foi coroado rei em 1927. Trata-se de José Barbosa da Silva, SINHÔ. Do
final da década de 1910 até 1930, seu nome era sinônimo de músicas de sucesso,
muitas delas consagradas em nosso Teatro de Revista.
José Barbosa
da Silva nasceu em 08 de setembro de 1888, na Rua Riachuelo, casa nº 90, no
centro do Rio de Janeiro. Sua mãe se chamava Graciliana Silva e seu pai,
Ernesto Barbosa da Silva, de apelido Tené, que trabalhava como pintor e
decorador de paredes de botequins e de clubes dançantes. A família ainda
contava com mais dois filhos, Ernesto (apelidado de Caboclo) e Francisco, filho
adotivo.
Sinhô morou
também na Rua Senador Pompeu, nº 114, onde era amigo e brincava com os futuros
sambistas João da Baiana e Caninha.
Quando estava
com dezessete anos, apaixonou-se por Henriqueta Ferreira, portuguesa que era
casada. Porém, ela resolveu morar com Sinhô, tendo o casal três filhos: Durval,
Odalis e Ida. Mas, em 1914, Henriqueta faleceu, ficando o companheiro viúvo aos
26 anos de idade.
Em 1910, Sinhô
já era conhecido como pianista profissional, tocando em várias agremiações
musicais dançantes e carnavalescas de seu tempo, como o Rancho Ameno Resedá
(que ajudou a fundar em 1907) e a Sociedade Dançante Carnavalesca Kananga do
Japão (que seu pai ajudou a fundar e que tinha o estandarte pintado por ele).
Em 1989, na novela Kananga do Japão, exibida pela Rede Manchete, Sinhô seria
interpretado pelo ator Paulo Barbosa.
Em 1918, ele
teve sua primeira composição editada e gravada: o samba Quem são eles?,
registrado pelo cantor Bahiano. Essa composição daria início a uma das
primeiras polêmicas musicais de nossa música, envolvendo Sinhô, Donga e
Pixinguinha.
Em 1920,
obteve sucesso com as músicas Papagaio Louro, samba satirizando Ruy
Barbosa, e O Pé de Anjo, marcha que satirizava os avantajados pés
do irmão de Pixinguinha, o também músico China. As duas músicas foram gravadas
em outubro de 1919, juntamente com o samba (também de Sinhô) Alivia
esses olhos, por um jovem cantor que já atuava no teatro de revista, porém,
gravava seu primeiro disco: Francisco Alves, o futuro Rei da Voz. A gravadora
era a Popular, do companheiro de Chiquinha Gonzaga, João Gonzaga, que ficava no
quintal da residência do casal.
O Pé de Anjo ainda seria o título
do grande sucesso teatral de 1920, na revista homônima estrelada por Otília
Amorim e Alfredo Silva, que ainda trazia no elenco Júlia Martins e Henriqueta
Brieba.
No final da
década de 1910 e ao longo da década de 1920 a popularidade de Sinhô aumentou
muito, suas músicas faziam bastante sucesso no teatro de revista e nos discos,
sendo interpretadas pelos grandes destaques da época: Eduardo das Neves,
Bahiano, Fernando, Gustavo Silva, Pedro Celestino, Aracy Côrtes, Rosa Negra,
Francisco Alves, Mário Reis, entre outros.
Com tanto
sucesso, a intelectualidade paulistana, representada por Oswald de Andrade, o
coroou Rei do Samba em uma solenidade realizada em 1927 no Theatro República, em São Paulo. Vale lembrar que já há muitos anos antes, Sinhô era considerado O Rei do Samba.
No final dos
anos 20, emplacou sucessos conhecidos até hoje, como o samba Jura,
imortalizado nos palcos e disco por Aracy Côrtes, que também foi gravado Mário
Reis e bem recebido pelo público. Também foi o autor de clássicos como Gosto
que me enrosco e lançou gêneros como o samba-choro, com Meus Ciúmes,
gravado em 1931 pela cantora Yolanda Osório. Sinhô também compunha canções e
valsas, a exemplo de Cauã, belíssima valsa gravada em 1930 por Januário
de Oliveira.
Sinhô sofria
de tuberculose e veio a falecer vitimado por uma hemoptise a bordo da Barca
Sétima indo para o Rio de Janeiro (na época, ele morava na Ilha do Governador),
em 04 de agosto de 1930, pouco antes de completar 42 anos.
Seu velório e enterro foram muito concorridos, sendo registrado pelo poeta Manuel Bandeira, onde estavam presentes os grandes admiradores do compositor: malandros, macumbeiros, prostitutas, seresteiros, baianas vendedoras de doces, artistas de teatro, músicos, entre outros.
SINHÔ Correio da Manhã 1927 http://memoria.bn.br/ |
Saibam mais sobre Sinhô
SINHÔ - 90 ANOS DE SAUDADE: https://bit.ly/3fq0PNh
SINHÔ E SUAS INTÉRPRETES: https://bit.ly/3lznU6T
JANUÁRIO DE OLIVEIRA Interpreta SINHÔ: http://bit.ly/2Ep9lNg
FRANCISCO ALVES INTERPRETA SINHÔ: http://bit.ly/2CwpZf9
MÁRIO REIS INTERPRETA SINHÔ: http://bit.ly/31fumma
PROGRAMA ARQUIVO SONORO: SINHÔ, O REI DO SAMBA: https://bit.ly/3fwCjNj
Repercussão do falecimento de Sinhô em jornais Cariocas no dia 05 de agosto de 1930
A NOITE
JORNAL DO BRASIL
GAZETA DE NOTÍCIAS
DIÁRIO DE NOTÍCIAS
DIÁRIO DA NOITE
DIÁRIO
CARIOCA
CORREIO
DA MANHÃ
A
BATALHA
GRAVAÇÕES DA OBRA DE SINHÔ
A FAVELA VAI ABAIXO
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Francisco
Alves
Acompanhamento da Orquestra
Pan American do Cassino Copacabana
Disco Odeon 10.096-A,
matriz 1441
Lançado em janeiro de 1928
NÃO QUERO SABER MAIS DELA
Samba de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravado por Rosa Negra e
Francisco Alves
Acompanhamento da Orquestra
Pan American do Cassino Copacabana
Disco Odeon 10.100-A,
matriz 1456-I
Lançado em janeiro de 1928
AMAR A UMA SÓ MULHER
Samba de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravado por Francisco
Alves
Acompanhamento da Orquestra
Pan American do Cassino Copacabana
Disco Odeon 10.119-B,
matriz 1496
Lançado em fevereiro de
1928
ORA VEJAM SÓ
Samba de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravado por Francisco
Alves
Acompanhamento da Orquestra
Pan American do Cassino Copacabana
Disco Odeon 10.128-A,
matriz 1506
Lançado em fevereiro de
1928
SABIÁ
Canção de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravada por Mário Reis
Acompanhamento de dois
Violões
Disco Odeon 10.257-A,
matriz 1935
Lançado em outubro de 1928
GOSTO QUE ME ENROSCO
Samba de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento de dois
Violões
Disco Odeon 10.278-B,
matriz 2003
Lançado em novembro de
1928
JURA
Samba de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento de Simão
Nacional Orquestra
Disco Parlophon 12.868-A,
matriz 2071
Lançado em 1928
CANJIQUINHA QUENTE
Samba de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravado por Ita Caiuby
Acompanhamento da
Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.704-A,
matriz 3912-1
Lançado em novembro de
1930
CAIS DOURADO
Toada de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravada por Breno Ferreira
Acompanhamento do Choro
Victor
Disco Victor 33.211-A,
matriz 50043-2
Gravado em 13 de setembro
de 1929 e lançado em novembro de 1929
VIROU BOLA
Samba de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravado por Breno Ferreira
Acompanhamento da
Orquestra Victor
Disco Victor 33.213-B,
matriz 50044-2
Gravado em 13 de setembro
de 1929 e lançado em novembro de 1929
BURUCUNTUM
Samba de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravado por Carmen Miranda
Acompanhamento da Orquestra
Victor
Disco Victor 33.259-B,
matriz 50161-2
Gravado em 22 de janeiro
de 1930 e lançado em fevereiro de 1930
CAUÃ
Valsa de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravada por Januário de
Oliveira
Acompanhamento de
Orquestra
Disco Columbia 5.215-B,
matriz 380671
Lançado em junho de 1930
AMOR DE POETA
Sambo Canção de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravada por Sílvio Caldas
Acompanhamento de Henrique Vogeler ao Piano
Disco Brunswick 10.078-B, matriz 375
Lançado em agosto de 1930
MEUS CIÚMES
Choro Canção de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravado por Yolanda Osório
Acompanhamento da Orquestra
Brunswick
Disco Brunswick 10.149-A,
matriz 569
Lançado em 1931
MAL DE AMOR
Samba Canção de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento da Orquestra
Brunswick
Disco Brunswick 10.158-B,
matriz 601
Lançado em 1931
FEITIÇO GORADO
Samba de Sinhô (José
Barbosa da Silva)
Gravado por Carmen Miranda
Acompanhamento de
Orquestra
Disco Victor 33.375-B,
matriz 50448-2
Gravado em 11 de agosto de 1930 e lançado em março de 1932
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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