O ator Procópio Ferreira foi um dos mais importantes nomes de nosso teatro. Ao longo de mais de sessenta anos de carreira ele se fez aplaudir por várias gerações, interpretando dramas e comédias. Também atuou cinema e deixou sua interpretação em alguns discos.
João Álvaro
de Jesus Quental Ferreira nasceu no Rio de Janeiro em 08 de julho de 1898. Foi
casado com a atriz e bailarina Aída Izquierdo, sendo pai da atriz e cantora
Bibi Ferreira (Abigail Izquierdo Ferreira). Anos depois, Procópio Ferreira se casaria
com a atriz Norma Geraldy.
Ainda jovem,
iniciou o curso de Direito, porém, resolveu abandoná-lo para ingressar no
teatro, matriculando-se em segredo na Escola Dramática Municipal. Ao tomar
conhecimento, seu pai o expulsou de casa.
Procópio
Ferreira estreou no teatro na Companhia Brasileira de Comédias, com o
vaudeville em três atos, Amigo, Mulher e Marido, tradução de F. Martins
do original L'Ange du Foyer, de Robert Flers e Gaston de Caillavet. A peça
estreou no Theatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro em 21 de março de 1917, como
noticiou o jornal O Imparcial. Algumas fontes dão como Procópio tendo estreado
na Companhia Lucília Peres e, realmente, em 1916 são anunciadas as
apresentações desse espetáculo por uma companhia formada pela atriz, mas o nome
de Procópio Ferreira não aparece nas notas. Já na estreia da peça, em 1917,
aparece o nome de Procópio, mas não o de Lucília Peres. O Imparcial, de 22 de
março de 1917, p. 05, informa que os diretores da Companhia Brasileira de
Comédias eram João Barbosa e o ator Francisco Marzullo. Na peça, Procópio
Ferreira interpretava o personagem Pedro, segundo o jornal O Paiz, de 08 de
março de 1917, p. 04.
Atuando
em comédias e revistas, Procópio Ferreira foi contratado em 1918 para atuar na Companhia
Dramática Nacional, de Itália Fausta (1879-1951). No ano seguinte, passou para
a Companhia de Operetas do Theatro São Pedro, indo em 1920 para a companhia de
comédias dirigida pelo ator Alexandre Azevedo e Antônio Serra, formada por
atores portugueses.
Em
1921, Procópio estava no Theatro Trianon, estreando na reabertura desse teatro
com a comédia Nossos Papás, de Ribeiro Couto, ao lado de Abigail Maia, Gabriela
Montani, Natalina Serra, Manoel Durães e Arthur de Oliveira. A peça era
repertoria da Companhia Brasileira de Comédias, dirigida por Oduvaldo Vianna e
Viriato Correia.
Em 1921,
atuou em Onde Canta o Sabiá..., de Gastão Tojeiro, onde interpretava Hernani.
Ainda esse ano, atuou em Manhãs de Sol, de Oduvaldo Vianna. Nas duas
peças, contracenava com a atriz Abigail Maia, que foi homenageada por Procópio Ferreira
quando batizou sua filha Abigail Izquierdo Ferreira, nascida em 1922. Abigail
Maia foi a madrinha de Bibi.
Fundou sua
própria companhia em 1924, estreando em São Paulo com a peça Dick, de
Max Dearly e dirigida por Christiano de Sousa. No Rio de Janeiro a Companhia
Procópio Ferreira estreou ainda em 1924, com O Tio Solteiro, de Ricardo
Hichen.
No cinema,
Procópio Ferreira fez sua estreia em 1917, no filme A Quadrilha do Esqueleto,
dirigido por Eduardo Arouca, que também atuava, e que contava com Yolanda
Fronzi, mãe da atriz Renata Fronzi, no elenco. Em 1925, atuou em Um Senhor de
Posição, dirigido por Irineu Marinho, com um elenco formado, entre outros, pela
veterana Estefânia Louro e a jovem Belmira de Almeida.
Sua
popularidade se estendia entre Rio de Janeiro e São Paulo. Isso o levou a ser
convidado para atuar em Coisas Nossas, nosso primeiro filme musical, de
1931, dirigido por Wallace Downey. O filme reunia estrelas e astros do rádio e
disco paulistano, como Helena Pinto de Carvalho, Zezé Lara, Stefana de Macedo
Corita Cunha, Paraguassú, Sebastião Arruda, Baptista Júnior, entre outros grandes
nomes.
Atuaria
ainda em vários outros filmes, como Pureza (1940), Berlim na Batucada,
(1944), onde contracena com o cantor Francisco Alves, O Comprador de
Fazendas (1951), Quem matou Anabela? (1956), Titio não é sopa (1959),
entre outros títulos.
Seria, no
entanto, através do teatro que Procópio Ferreira se expressaria melhor para seu
público e colheria seus maiores êxitos, como o grande sucesso que fez com a peça
de Joracy Camargo, Deus lhe Pague, estreada nos últimos dias de 1932, em
São Paulo, em que ele interpretou Mendigo. No elenco estavam as atrizes
Elza Gomes e Luiza Nazareth (mãe das atrizes Zilka Salaberry e Lourdes Mayer). O
sucesso foi tanto que, ao longo de sua carreira, ele representaria esse texto
em mais de 3.600 apresentações. Nessa peça, Procópio lançou a atriz e futura
cantora e rádio atriz, Zezé Fonseca. Lançaria também, em outras peças, Regina
Maura, Déa Selva, Mário Salaberry (esposo de Zilka Salaberry), Rodolfo Maia e
Wanda Marchetti.
Cartaz de Deus lhe pague A Gazeta, 30 de dezembro de 1932, p.06 http://memoria.bn.br/ |
A Noite Illustrada, 1933 http://memoria.bn.br/ |
Cena de Deus lhe pague Procópio Ferreira à esquerda A Noite Illustrada, 1933 http://memoria.bn.br/ |
Elenco de Deus lhe pague A Noite Illustrada, 1933 http://memoria.bn.br/ |
Carioca, 1935 Arquivo Nirez |
Batalha, 1933 http://memoria.bn.br/ |
Correio da Manhã, 1933 http://memoria.bn.br/ |
Deus lhe
Pague
também seria interpretada por Procópio Ferreira na televisão por duas vezes, em
1952, no Grande Teatro Tupi, exibido pela TV Tupi de São Paulo. No cinema, foi
realizado o filme de mesmo nome em 1948, rodado na Argentina, dirigido por Luis
César Amadori e estrelado por Arturo de Córdova, no papel de criado por
Procópio.
Entre 1928 e
1930, Procóprio Ferreira fez 16 gravações em discos, todas interpretando
versos, poesias e monólogos. Vale destacar A Fundação do Rio de Janeiro,
de sua autoria, onde ele junta em um mesmo cenário, Aracy Côrtes, Dr.
Jacarandá, Paulo de Magalhães, Mem de Sá, Dom Pedro I e Dona Leopoldina, ao som
de Ai Yoyô e do Hino Nacional,
Interpretou O
Avarento, de Molière, em 1940.
Contracenou
com sua filha Bibi Ferreira em mais de uma peça, como em Mirandolina, de
1947.
A Companhia
Procópio Ferreira esteve em atividade até o final da década de 1950, quando
Procópio a desfez e passou a trabalhar como ator convidado em vários
espetáculos, remontando O Avarento, de Molière, em 1969.
Ao todo,
foram 62 anos de carreira, atuando em 461 peças e ainda publicando quatro
livros abordando a interpretação, tendo por base a sua experiência de ator e
empresário.
Procópio
Ferreira faleceu no Rio de Janeiro em 18 de junho de 1979, menos de um mês antes
de completar 81 anos de idade.
Bibi Ferreira e Procópio Ferreira A Cigarra, 1948 http://memoria.bn.br/ |
PROCÓPIO FERREIRA Vamos Lêr!, 1942 http://memoria.bn.br/ |
RECORTES SOBRE PROCÓPIO FERREIRA
Comédia Jornal de Theatro, 1919 http://memoria.bn.br/ |
Jornal de Theatro & Sport, 1920 http://memoria.bn.br/ |
O Malho, 1925 http://memoria.bn.br/ |
Jornal de Theatro & Sport, 1925 http://memoria.bn.br/ |
Fon Fon, 1930 http://memoria.bn.br/ |
Excelsior, 1930 http://memoria.bn.br/ |
O Malho, 1933 http://memoria.bn.br/ |
Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
INTERPRETAÇÕES DE PROCÓPIO FERREIRA EM DISCOS
KREMESSE
Versos de Olegário Mariano
Gravados por Procópio Ferreira
Disco Odeon 10.259-A, matriz 1942
Lançado em outubro de 1928
O FLIRT
Versos de Olegário Mariano
Gravados por Procópio Ferreira
Disco Odeon 10.274-A, matriz 1943
Lançado em novembro de 1928
A FUNDAÇÃO DO RIO DE JANEIRO
Monólogo de Procópio Ferreira
Gravado por Procópio Ferreira
Disco Odeon 10.397-A, matriz 2608
Lançado em junho de 1929
O MEU NARIZ
Monólogo de Paulo de Magalhães
Gravado por Procópio Ferreira
Disco Odeon 10.397-B, matriz 2609
Lançado em junho de 1929
COMPENSAÇÕES
Monólogo de Gilberto de Andrade
Gravado por Procópio Ferreira
Disco Odeon 10.415-A, matriz 2535
Lançado em junho de 1929
Agradecimento ao Arquivo Nirez
Nenhum comentário:
Postar um comentário