Há 103 anos nascia a cantora e atriz SALOMÉ PARÍSIO, O Rouxinol do Norte.
Dulce de
Jesus Parísio de Lira nasceu em Bonito (PE), em 03 de junho de 1921, uma
sexta-feira. Era filha de Josefa Salomé Parísio de Lira e José Francisco de
Lira.
A família se mudou em 1923 para Recife (PE), permanecendo até 1927,
quando José Francisco faleceu. Josefa se mudou com a família para o município
de Rio Formoso (PE).
Dulce iniciou
sua carreira como cantora no ano de 1939, se inscrevendo no concurso de
calouros Valores Desconhecidos, da Rádio Clube de Pernambuco. Ela interpretou
a valsa Minha Adoração, de Nelson Ferreira, sendo acompanhada ao piano
pelo próprio compositor. Foi bastante aplaudida. O diretor geral da rádio Oscar
Moreira Pinto ligou para a emissora, mandando contratar a jovem.
A princípio,
ela se apresentava com seu nome de batismo. Mas, naquela época, início da
Segunda Guerra Mundial, a Itália era governada por Benito Mussolini, cujo
apelido era Duce. Para evitar confusão com o nome da jovem cantora, o
maestro Nelson Ferreira lhe sugeriu usar outro nome artístico. Foi escolhido o Salomé
Parísio, em homenagem à mãe de Dulce, Dona Josefa Salomé Parísio de Lira.
Nelson
Ferreira a batizou como A Garota do Voz Doçura e Rouxinol do Norte.
Vale lembrar que, nessa época, o Nordeste era conhecido também como Norte.
Em 1940,
Salomé Parísio continuava cantando na Rádio Clube de Pernambuco, onde
participaria de vários programas, como Hora Azul das Senhoritas.
No ano de 1941,
no bairro de Afogados, em Recife, ela participou do ator variado no espetáculo
promovido pelo Grêmio Familiar Theatral de Sâo José, sendo muito elogiada.
Nelson
Ferreira organizou ao lado de Salomé Parísio, Aline Branco, Creuza de Barros e
Iracema Batista, o Quarteto Irakitan, que se apresentava na Rádio Clube de
Pernambuco, com as cantoras vestidas iguais e cantando temas de nosso folclore,
com harmonias vocais feitas pelo por Nelson Ferreira.
Ainda em
1940, segundo o Dicionário Ricardo Albin da Música Popular Brasileira, sofreu
preconceito racial no Theatro Santa Isabel, em Recife. Participando de um
espetáculo, foi obrigada a cantar atrás das cortinas, por ser negra. O fato
teve grande repercussão e o diretor do teatro foi afastado de seu cargo.
Foi para
Salvador em 1941 e, em 1943, ao lado de outros artistas, fez apresentações em
bases militares norte americanas sediadas no Brasil, por ocasião da Segunda Guerra
Mundial.
Em 1946,
viajou para o Rio de Janeiro, onde sofreu mais um preconceito. Salomé Parísio
foi para a então Capital Federal fazer um teste para ser cantora lírica do
Theatro Municipal. Foi aprovada, porém, não foi contratada devido o teatro não
aceitar cantoras líricas negras. O caso lembra o que aconteceu com a soprano
Zaíra de Oliveira em 1921, no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro.
Ainda em
1946, começou a cantar na boate Clipper, em São Paulo. Inicialmente contratada
para cantar duas semanas, ficou por cinco meses. Retornou nesse mesmo ano à Bahia,
apresentando-se em Salvador.
Em 1947,
novamente no Rio de Janeiro, foi contratada pelo diretor teatral Chianca de
Garcia, estreando no espetáculo Um Milhão de Mulheres, de J. Maia e
Humberto Cunha. Seu sucesso no espetáculo recebeu muitos elogios da imprensa.
No Rio de
Janeiro e em São Paulo, atuaria em algumas peças do Teatro de Revista. Em 1951,
excursionou em várias capitais brasileiras.
Retornando a
São Paulo, em 1952, foi contratada pela Rádio América.
Fez suas
primeiras gravações em discos em 1952, na Odeon, onde registrou os sambas Rainha
do Mar, de Walfrido Silva e A. Amaral, e Sinhá da Bahia, de Vicente
Paiva e Luiz Iglésias.
Fez várias apresentações,
em 1952, em Portugal, integrando a Companhia Folclórica Brasileira.
No Theatro
Recreio, em 1954, estreou a revista Eu Quero é me Badalar, de Walter
Pinto e Luiz Iglezias, também apresentando a peça em São Paulo, em 1955.
Excursionou,
na década de 1960, pela Argentina e Uruguai. Apresentando-se também, com sucesso, em Nova York.
Em 1969,
atuou como atriz na novela Sangue do Meu Sangue, na TV Excelsior.
Salomé Parísio
continuou atuando como cantora pelo resto de sua vida, fazendo apresentações
mesmo aos 90 anos de idade.
No ano de
2004, ela foi homenageada no documentário Salomé Parísio, dirigido por
Jefferson Cardoso.
Em 2012, a BR
Editora lançou o livro Salomé Parísio – O Rouxinol do Norte, escrito por
Thais Matarazzo, Diego Nunes e Fábio Siqueira. Nesse mesmo ano, ela foi recebida
com destaque no Programa do Jô, da TV Globo. Ela estava com 91 anos.
Salomé
Parísio faleceu em São Paulo, em 19 de junho de 2013, poucas semanas depois de
completar 92 anos de idade.
Dedicatória de Salomé Parísio a Marcelo Bonavides "Marcelo, uma lembrança e o agradecimento da Salomé Parísio São Paulo, 23/7/12". Arquivo Marcelo Bonavides |
Livro Salomé Parísio - O Rouxinol do Norte De Thais Matarazzo, Diego Nunes e Fábio Siqueira Arquivo Marcelo Bonavides |
RECORTES SOBRE SALOMÉ PARÍSIO
Jornal Pequeno (PE), 01 de junho de 1942 http://memoria.bn.br/ |
Jornal Pequeno (PE), 11 de novembro de 1944, p.02 http://memoria.bn.br/ |
A Scena Muda, 1947 http://bjks-opac.museus.gov.br/ |
A Scena Muda, 1947 http://bjks-opac.museus.gov.br/ |
Carioca, 1947 http://memoria.bn.br/ |
Carioca, 1947 http://memoria.bn.br/ |
Carioca, 1947 http://memoria.bn.br/ |
Carioca, 1947 http://memoria.bn.br/ |
A Scena Muda, 1948 http://bjks-opac.museus.gov.br/ |
Carioca, 1950 http://memoria.bn.br/ |
Carioca, 1950 http://memoria.bn.br/ |
Revista do Rádio, 1950 http://memoria.bn.br/ |
Revista do Rádio, 1951 http://memoria.bn.br/ |
Salomé Parísio e Lolita Rodrigues Radiolândia, 1956 http://memoria.bn.br/ |
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O Cruzeiro, 1960 http://memoria.bn.br/ |
GRAVAÇÕES DE SALOMÉ PARÍSIO
Trago algumas gravações de Salomé Parísio onde temos a oportunidade de admirar sua bela voz.
RAINHA DO
MAR
Samba de
Walfrido Silva e A. Amaral
Gravado por
Salomé Parísio
Acompanhamento
de Orquestra
Disco Odeon 13.349-A,
matriz 9419
Gravado em
05 de setembro de 1952 e lançado em dezembro de 1952
SINHÁ DA
BAHIA
Samba de
Vicente Paiva e Luiz Iglésias
Gravado por
Salomé Parísio
Acompanhamento
de Orquestra
Disco Odeon 13.349-B,
matriz 9417
Gravado em
05 de setembro de 1952 e lançado em dezembro de 1952
MULHERES
DA RUA
Bolero
Beguine de Paulo Marques e Sávio Barcelos
Gravado por
Salomé Parísio
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Copacabana 6.294, matriz M-3075
Lançado em
1961
A CANÇÃO
DO MEU AMOR
Rock Balada
de C. A. Bixio, em Versão de Teixeira Filho
Gravado por
Salomé Parísio
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Copacabana 6.294, matriz M-30765
Lançado em
1961
NOSSA
FELICIDADE
Bolero de
Ruth Amaral e Manoel Ferreira
Gravado por
Salomé Parísio
Acompanhamento
de Conjunto
Disco
Mocambo 15.486-A, matriz R-1489
Lançado em
janeiro de 1963
ABRAÇA
TEU IRMÃO (HAVA NAGUILA)
Popular
Israelita, em Versão de Maurício Weltman
Gravado por
Salomé Parísio
Acompanhamento
de Conjunto
Disco
Mocambo 15.499-A, matriz R-1515
Lançado em
janeiro de 1963
AMARGA
RECORDAÇÃO
Samba de Gracinha
de Souza e Sócrates Pereira
Gravado por
Salomé Parísio
Acompanhamento
de Conjunto
Disco
Mocambo 15.499-B, matriz R-1516
Lançado em
janeiro de 1963
Agradecimento ao Arquivo Nirez
Que acervo maravilhoso. Adorei conhecer a história dessa maravilhosa cantora.
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