Vamos
relembrar a atriz MARIA VIDAL.
Entre as atrizes
de comédias dos anos 30, 40 e 50, Maria Vidal se destacou com seu talento e
carisma, conquistando fãs pelo teatro, cinema e televisão.
Maria
Cândida dos Santos Vidal nasceu no Rio de Janeiro em 24 de novembro de 1905.
Era filha dos portugueses Júlia Cândida dos Santos Vidal e Manoel dos Santos Vidal, e irmã de Júlia Vidal, famosa atriz, em nosso
país, nas primeiras décadas do século XX.
Em 1918, ela
tomou parte no festival em homenagem à Liga Bom Jesus de Nazareth, fazendo
parte dos atos de variedade. A revista Jornal & Sport citou sua
participação: “A senhorita Maria Vidal, que cantou dois numeros, um dos quaes
em hespanhol, possue aproveitavel fio de voz e não é totalmente destituida de geito
para o theatro”.
Maria Vidal
estreou no Teatro de Revista em 1918 na peça A Bahia é boa Terra..., de
Cãndido de Castro e Luiz Rocha, ao lado de sua irmã, Júlia Vidal e outros
astros da época, como: Abigail Maia, Eduardo Leite e Nair Alves.
JÚLIA VIDAL Comédia Jornal de Theatro, 1919 http://memoria.bn.br/ |
Ao longo da
década de 1920, atuou em revistas, operetas e dramas, integrando a Companhia
Nacional de Revistas, Companhia Procópio Ferreira, entre outras.
Maria Vidal, ao centro, em pé. Procópio Ferreira, agachado. Revista da Semana, 1925 http://memoria.bn.br/ |
O site
Memórias Cinematográficas informa que Maria Vidal, ao mesmo tempo em que
atuava, havia se formado em magistério, “preparando-se para ser professora de
física e ciências naturais”.
Entre 1930 e
1932, Maria Vidal gravou alguns discos com o ator Pinto Filho, em uma parceria
que era também levada às rádios e teatros. Entre as músicas que gravou, está a
versão original de Lua Branca, de Chiquinha Gonzaga. A versão feita por
Chiquinha em 1912, para a burleta Forrobodó, chamava-se Sá Zeferina,
em alusão à personagem principal da peça, e era um dueto cômico. Maria Vidal e
Pinto Filho o gravaram em 1930.
Em 1932, fez
parte do elenco de rádio teatro da Rádio Philips, no Programa Casé,
interpretando revistas radiofônicas.
No cinema,
Maria Vidal estreou em João Ninguém, de 1936, filme dirigido por
Mesquitinha, que também atuava. Foi o primeiro filme brasileiro a ter um trecho
colorido. Atuou também em O Cortiço, de 1945, dirigido por Luiz de Barros. Foi elogiada
por sua atuação em Quase no Céu, de 1949, dirigido por Oduvaldo Viana, vivendo
uma empregada doméstica.
Em agosto 1938, ela se apresentava em Recife (PE), no Teatro Santa Isabel, com peça O Hóspede do Quarto Nº 2, de Armando Gonzaga, interpretando Dorothéa; peça levada à cena pela Companhia Teixeira Pinto. Na ocasião de sua temporada na cidade, Maria Vidal foi fichada pelo DOPS/PE.
http://obscurofichario.com.br/ |
http://obscurofichario.com.br/ |
Seria na década de 1950 que Maria Vidal atingiria o auge de sua carreira, seja no cinema, nas comédias musicais, ou na televisão. Ela viveu a Dona Stela em A Pensão da Dona Estela, de 1956, filme dirigido por Ferenc Fekete e Alfredo Palácios. Ela atuou ao lado de Jaime Costa, tendo no elenco o compositor e ator Adoniran Barbosa. Ela já havia vivido o personagem no rádio, com muito sucesso.
https://www.memoriascinematograficas.com.br/ |
Em Um
Marido Barra Limpa, de 1957, dirigido por Renato Grechi e Luiz Sérgio
Person, ela atuou ao lado de Ronald Golias. Já em Dorinha
no Soçaite, de 1958, dirigido por Geraldo Vietri, ela interpretava a mãe de
Dorinha, vivida pela atriz Vera Nunes. Pela primeira vez, ela
contracenava com Zé Trindade, vindo a fazer outros trabalhos com ele, como em O
Camelô da Rua Larga. Neste filme de 1958, dirigido por Eurípedes Ramos e
Hélio Barroso, Maria Vidal interpretava a personagem Bebê.
Zé Trindade e Maria Vidal em Camelô da Rua Larga, 1958 https://www.memoriascinematograficas.com.br |
Em São
Paulo, ela teve boas oportunidades na televisão, ampliando sua popularidade em
programas de humor. Em 1958, ela recebeu o toféu Roquette Pinto de Melhor
Teleatriz Cômica.
Em 1959, por
ocasião de seus 25 anos de atuação no rádio brasileiro, Maria Vidal comemorou
no show Bodas de Prata de Maria Vidal, no Cine Piratininga, em São Paulo.
Fora ser
atriz, a grande paixão de Maria Vidal eram os animais, que ela sempre buscava
proteger. Ela recolhia animais de rua e levantava fundos para construir A
Cidade dos Cachorros, que seria um abrigo para esses animais.
Mesmo com a
popularidade em alta, Maria Vidal não se encontrava bem financeiramente.
Atuando na TV Tupi, ele recebia o suficiente para pagar seu aluguel. A emissora
não a liberava para que ela assinasse um contrato com a TV Excelsior, que
oferecia como salário, mais que o dobro do valor que ela ganhava. O site Memórias
Cinematográficas nos informa que ela cuidava de quarenta animais, gatos e
cachorros, e também cuidava de sua irmã, a ex atriz Júlia Vidal, que já contava
com mais de 70 anos.
Residindo no
bairro paulistano de Sumaré, Maria Vidal não contava com a compreensão dos vizinhos,
que não gostavam dos bichos que ela criava. Ao chamarem a prefeitura, esta os
levou para serem sacrificados.
Juntando os
problemas financeiros e o golpe com a perda de seus animais, a atriz ficou deprimida
e resolveu dar fim à sua vida ingerindo soda caustica em 14 de abril de 1963.
Para se certificar de que morreria logo, ela ligou o gás de seu forno e colocou
sua cabeça dentro. Muito doente, ela ficou internada em estado grave por um
mês, falecendo em 14 de maio de 1963, aos 57 anos de idade. Como se não
bastasse esse golpe, sua irmã, Júlia Vidal foi despejada da casa onde morava
após a morte de Maria Vidal, passando a morar nas ruas.
Com o
desaparecimento de Maria Vidal, ela seria homenageada por uma associação de
proteção aos animais com uma estátua de um cachorro, que está no Parque do
Ibirapuera, em São Paulo.
Quanto aos
vizinhos, arrependidos, conseguiram na prefeitura que a rua onde moravam
passasse a se chamar Rua Maria Vidal...
Saibam mais
sobre a vida e carreira de Maria Vidal e sua irmã Júlia Vidal no site Memórias
Cinematográficas, de Diego Nunes: https://bit.ly/3oeFFrD
FOTOS E VÍDEOS DE MARIA VIDAL
MARIA VIDAL Jornal de Theatro e Sport, 1923 http://memoria.bn.br/ |
MARIA VIDAL, anos 30 http://obscurofichario.com.br/ |
MARIA VIDAL Fon Fon, 1952 http://memoria.bn.br |
MARIA VIDAL O Cruzeiro, 1953 http://memoria.bn.br/ |
MARIA VIDAL Radiolândia, 1955 |
http://memoria.bn.br/
http://memoria.bn.br/ |
http://memoria.bn.br/ |
Confiram
algumas gravações de Maria Vidal e Pinto Filho.
SÁ
ZEFERINA
Cena Cômica
de Chiquinha Gonzaga
Gravada por Pinto
Filho e Maria Vidal
Acompanhamento
de Conjunto
Disco Parlophon
13.199-B, matriz 3695
Gravado em
1930 e lançado em setembro de 1930
SÃO
BENEDITO PRETINHO
Samba de Joaquim
Sanches e Carlos Bittencourt
Gravado por Pinto
Filho e Maria Vidal
Acompanhamento
da Nacional Orquestra
Disco Parlophon
13.226-B, matriz 3923
Gravado em
1930 e lançado em outubro de 1930
A MAIS
BELA
Diálogo Humorístico
de Luiz Iglezias
Gravado por Pinto
Filho e Maria Vidal
Disco
Parlophon 13.294-A, matriz 131090
Lançado em
março de 1931
MULATA
MAL INDUCADA
Cômico de
Pinto Filho, Luiz Peixoto e Bando de Tangarás
Gravado por Pinto
Filho e Maria Vidal
Acompanhamento
do Bando de Tangarás
Disco
Parlophon 13.319-A, matriz 131164
Lançado em julho
de 1931
AI AS
CRIOULAS
Paródia de
Beatriz Fernandes e A. Guimarães
Gravada por Pinto
Filho e Maria Vidal
Acompanhamento
do Bando de Tangarás
Disco
Parlophon 13.319-B, matriz 131165
Lançado em julho
de 1931
NÃO POSSO
COM A TUA VIDA
Samba de
Eurípedes Ferreira e Getúlio Marinho (Amor)
Gravada por Pinto
Filho e Maria Vidal
Acompanhamento
do Choro da Mangueira
Disco
Parlophon 13.380-A, matriz 131310
Lançado em
1932
Agradecimento a Diego Nunes (Memórias Cinematográficas) e ao Arquivo Nirez
Nenhum comentário:
Postar um comentário