sábado, 27 de janeiro de 2024

RELEMBRANDO RADAMÉS GNATTALI

RADAMÉS GNATTALI
Carioca, 1942
http://memoria.bn.br/




Vamos relembrar o regente e arranjador RADAMÉS GNATTALI.

Radamés Gnattali nasceu em Porto Alegre (RS), em 27 de janeiro de 1906. Foi também compositor e pianista.


Era filho primogênito de uma pianista gaúcha, Adélia Fossati Gnattali, descendente de italianos, e de Alessandro Gnattali, imigrante italiano que se radicou em Porto Alegre. Seu pai era marceneiro de profissão e apaixonado pela música, em especial pela ópera. Após chegar ao Brasil, Alessandro passou a ter aulas com César Fossati, tornando-se músico profissional, tocando fagote e, depois, passando a regente.
 
Convivendo com a família Fossati, Alessandro conheceu Adélia. Ambos amavam ópera e seus três primeiros filhos tinham nomes de personagens de óperas de Verdi: Radamés, Aída e Ernâni. Ainda seriam pais de Alexandre e Teresinha.
 
Os pais incentivavam os filhos a seguirem seus passos na música. Radamés começou a aprender piano ainda menino, com sua mãe. Ao mesmo tempo, sua prima, Olga Fossati, lhe ensinava violino. Foi condecorado aos nove anos de idade pelo cônsul da Itália, na Sociedade dos Italianos, por sua atuação como regente de uma pequena orquestra infantil, que tocou arranjos feitos por ele.
 
Com 14 anos, Radamés ingressou já no quinto ano no Conservatório de Porto Alegre, para estudar piano. Aprimorou-se também em violino, solfejo e teoria musical.
 
Também gostava de blocos de carnaval e de grupos seresteiros boêmios, onde tocava violão e cavaquinho.
 
Enquanto não se formava no conservatório, estudava para ser concertista, tendo como professor Guilherme Fontainha, e tocava com o Jazz Band Colombo, fazendo as trilhas sonoras dos filmes mudos que eram exibidos no Cine Colombo. Completava sua renda tocando em bailes.
 
Em 1923, Radamés finalizou com mérito o 8º ano do curso de piano e foi levado por seu mestre ao Rio de Janeiro, para um recital, sendo aplaudindo e elogiado por vários jornais. Nessa ocasião, conheceu o compositor Ernesto Nazareth. Apresentou-se também em São Paulo e retornou a Porto Alegre, onde passou a lecionar piano.

Fon Fon, 1932
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Em 1924, Radamés conheceu Vera, estudante de piano, com quem se casou em 1932, vivendo com ela por 33 anos, até 1965, quando ela faleceu. Eles tiveram dois filhos: Roberta (psicanalista) e Alexandre (dentista e iogue).
 
Seu mestre, Fontainha o convidou em 1929 para se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sendo muito elogiado. Passou a se radicar no Rio de Janeiro, mas, com dificuldades financeiras, foi trabalhar como pianista no Cassino das Fontes, em Lambari (MG).
 
Ao retornar ao Rio de Janeiro, trabalhou como pianista no Theatro Lyrico. Chegou a excursionar pela Argentina nessa época.
 
Em 1930, mais uma vez no Rio de Janeiro, passou a atuar na Rádio Clube do Brasil, ao mesmo tempo em que atuava como pianista, violista e como assistente de maestro.
 
Em 1932, Radamés Gnattali passou a se dedicar à música popular, tocando nas orquestras de Romeu Silva e Simon Bountman. Começou também a fazer arranjos em músicas populares. Nesse mesmo ano escreveu a música e regeu a orquestra na opereta Marquesa de Santos, de Luiz Peixoto e Baptista Junior. Ao lado de Jayme Ovale, também compôs a música para a opereta Os Sertões.


A Batalha, 19 de outubro de 1932, p.04
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O Radical, 20 de novembro de 1932, p.04
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Ainda em 1932, na gravadora Victor, além de arranjador, passou a atuar como pianista das Orquestra Típica Victor, Diabos do Céu e Guarda Velha. Nessa época, não eram aceitos músicos eruditos fazendo arranjo popular. Para resolver o problema, Radamés adotou o nome Vero, o masculino de Vera, nome de sua espoca.


O Malho, 1934
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O Malho, 1934
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Vida Doméstica 1936
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Em 1927, acompanhou ao piano o violonista Alselmo Zlatopolsky que gravou pela Odeon, Romance, de Arthur Napoleão.
 
Radamés Gnattali teve várias músicas de sua autoria gravadas ao longo dos anos 30 e 40, atuando regularmente como arranjador e regente em várias gravações, acompanhando nomes de peso de nossa música como Francisco Alves, Orlando Silva, Emilinha Borba, Cândido Botelho, Dalva de Oliveira e Dorival Caymmi.
 
Em 1939, ele fez o célebre arranjo de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, que seria gravada na Odeon por Francisco Alves um dia antes de seu aniversário de 41 anos, em 18 de agosto de 1939.
 
Gravaria até o começo da década de 1980.
 
Foi membro da Academia Brasileira de Música e da Academia de Música Popular Brasileira.
 
Já viúvo, em 1966, passou a viver com Nelly Martins, ex atriz da Rádio nacional, cantora e pianista. Nelly, ao abandonar a carreira artística, formou-se em Medicina.
 
Radamés sofreu um derrame em 1986, obrigando-o a um longo tratamento para voltar a tocar. Ele faleceu em 13 de fevereiro de 1988, pós sofrer um segundo derrame.


Fon Fon, 1940
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Trago várias gravações onde Radamés Gnattali atua como compositor, intérprete e arranjador.



Radamés Gnattali Compositor



CANTO DE VIOLINO
Melodia de Radamés Gnattali
Gravada por Romeo Ghipsman ao Violino
Disco Odeon 10.552-B, matriz 3046
Lançado em janeiro de 1930


 
VIBRAÇÕES D´ALMA
Valsa de Radamés Gnattali
Gravada pela Orquestra Típica Victor, sob Direção de João Martins
Disco Victor 33.652-A, matriz 65541-1
Gravado em 12 de julho de 1932 e lançado em maio de 1933


 
SERENATA DO JOÁ
Choro de Radamés Gnattali
Gravado por Luiz Ameicano
Acompanhamento de Vicente, Ernâni e Walfrido
Disco Odeon 11.171-A, matriz 4900
Gravado em 24 de agosto de 1934 e lançado em novembro de 1934


 
VILMA
Valsa de Radamés Gnattali
Gravada por Luiz Ameicano
Acompanhamento de Vicente, Ernâni e Walfrido
Disco Odeon 11.171-B, matriz 4899
Gravado em 24 de agosto de 1934 e lançado em novembro de 1934

 
PRIMAVERA DE AMOR
Valsa de Radamés Gnattali
Gravada pela Orquestra Típica Victor
Disco Victor 34.048-B, matriz 79975-1
Gravado em 09 de julho de 1935 e lançado em abril de 1936

 
ZELI
Valsa de Radamés Gnattali
Gravada pela Orquestra Típica Victor
Disco Victor 34.066-A, matriz 80139-1
Gravado em 23 de abril de 1936 e lançado em julho de 1936


 
RECORDANDO
Choro de Radamés Gnattali
Gravado pelo Trio Carioca
Disco Victor 34.154-A, matriz 80322-1
Gravado em 10 de março de 1937 e lançado em março de 1937

 
 
Radamés Gnattali Intérprete
 
 
UM CANTINHO E VOCÊ
Samba de José Maria de Abreu e Jair Amorim
Gravado por Radamés Gnattali ao Piano
Acompanhamento de Luciano Perrone na Bateria e Seu Ritmo
Disco Continental 16.033-B, matriz 2022
Gravado em 1949 e lançado em março/abril de 1949


 
ODEON
Tango de Ernesto Nazareth
Gravado por Radamés Gnattali ao Piano
Acompanhamento de Orquestra
Disco Continental 16.776-A, matriz C-3084
Gravado em março de 1953 e lançado em julho/agosto de 1953

 
VALSA DE MELBA
Valsa Mischa Spoliansky e Norman Newell
Gravada por Radamés Gnattali ao Piano
Acompanhamento de Sua Orquestra
Disco Continental 16.935-A, matriz C-3308
Gravado em 1954 e lançado em abril de 1954


 
ATRAVÉS DA VIDRAÇA
Samba de Radamés Gnattali (Vero) e Di Veras
Gravada por Radamés Gnattali ao Piano
Acompanhamento de Sua Orquestra
Disco Continental 16.935-B, matriz C-3309
Gravado em 1954 e lançado em abril de 1954



 
 
Radamés Gnattali Regente
 
 
ROMANCE
De Arthur Napoleão
Gravado por Alselmo Zlatopolsky ao Violino
Acompanhamento de Radamés Gnattali ao Piano
Disco Odeon 10.042-A
Lançado em outubro de 1927


 
FELICIDADE É O MEU AMOR
Canção de Lina Pesce
Gravada por Gastão Formenti
Acompanhamento da Orquestra Victor Brasileira, sob Direção de Radamés Gnattali
Disco Victor 33.974-A, matriz 79945-1
Gravado em 27 de junho de 1935 e lançado em setembro de 1935


 
MOCIDADE NÃO TE VÁS
Canção de Ary Kerner Veiga de Castro
Gravada por Gastão Formenti
Acompanhamento da Orquestra Victor Brasileira, sob Direção de Radamés Gnattali
Disco Victor 33.996-B, matriz 79996-1
Gravado em 23 de julho de 1935 e lançado em dezembro de 1935


 
AQUARELA DO BRASIL (I)
Cena Brasileira de Ary Barroso
Gravada por Francisco Alves
Acompanhamento de Radamés e Sua Orquestra
Disco Odeon 11.768-A, matriz 6179
Gravado em 18 de agosto de 1939 e lançado em outubro de 1939


 
AQUARELA DO BRASIL (II)
Cena Brasileira de Ary Barroso
Gravada por Francisco Alves
Acompanhamento de Radamés e Sua Orquestra
Disco Odeon 11.768-B, matriz 6180
Gravado em 18 de agosto de 1939 e lançado em outubro de 1939


 
MEU MULATO VAI AO MORRO
Samba de Gomes Filho e Juraci Araújo
Gravado por Emilinha Borba
Acompanhamento de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Columbia 55.212-B, matriz 270-1
Gravado em 1940 e lançado em maio de 1940


 
BALALAIKA
Fox Tango de H. Stothart, G. Posford, em versão de Osvaldo Santiago
Gravado por Cândido Botelho
Acompanhamento de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Columbia 55.214-A, matriz 278-2
Lançado em maio de 1940


 
BABALU
Samba de Margarita Lecuona, em versão de Humberto Porto
Gravado por Dalva de Oliveira
Acompanhamento de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Odeon 12.379-A, matriz 7396
Gravado em 07 de outubro de 1943 e lançado em novembro de 1943



 
O MAR (I)
Canção de Dorival Caymmi
Gravada por Dorival Caymmi
Acompanhamento de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Columbia 55.247-A, matriz 328-1
Gravado em 07 de novembro de 1940 e lançado em dezembro de 1940
 
O MAR (II)
Canção de Dorival Caymmi
Gravada por Dorival Caymmi
Acompanhamento de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Columbia 55.247-B, matriz 329-2
Gravado em 07 de novembro de 1940 e lançado em dezembro de 1940



 
A FLOR E O VENTO
Marcha de Rancho de João de Barro e Alberto Ribeiro
Gravada por Francisco Alves
Acompanhamento de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Columbia 55.248-B, matriz 338-2
Gravado em 07 de novembro de 1940 e lançado em dezembro de 1940













Agradecimento ao Arquivo Nirez









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