Vamos relembrar o regente e arranjador RADAMÉS GNATTALI.
Radamés Gnattali nasceu em Porto Alegre (RS), em 27 de janeiro de 1906. Foi também compositor e pianista.
Era filho primogênito de uma pianista gaúcha,
Adélia Fossati Gnattali, descendente de italianos, e de Alessandro Gnattali,
imigrante italiano que se radicou em Porto Alegre. Seu pai era marceneiro de
profissão e apaixonado pela música, em especial pela ópera. Após chegar ao
Brasil, Alessandro passou a ter aulas com César Fossati, tornando-se músico
profissional, tocando fagote e, depois, passando a regente.
Convivendo com a família Fossati, Alessandro
conheceu Adélia. Ambos amavam ópera e seus três primeiros filhos tinham nomes
de personagens de óperas de Verdi: Radamés, Aída e Ernâni. Ainda seriam pais de
Alexandre e Teresinha.
Os pais incentivavam os filhos a seguirem seus
passos na música. Radamés começou a aprender piano ainda menino, com sua mãe.
Ao mesmo tempo, sua prima, Olga Fossati, lhe ensinava violino. Foi condecorado
aos nove anos de idade pelo cônsul da Itália, na Sociedade dos Italianos, por
sua atuação como regente de uma pequena orquestra infantil, que tocou arranjos
feitos por ele.
Com 14 anos, Radamés ingressou já no quinto ano
no Conservatório de Porto Alegre, para estudar piano. Aprimorou-se também em
violino, solfejo e teoria musical.
Também gostava de blocos de carnaval e de
grupos seresteiros boêmios, onde tocava violão e cavaquinho.
Enquanto não se formava no conservatório,
estudava para ser concertista, tendo como professor Guilherme Fontainha, e
tocava com o Jazz Band Colombo, fazendo as trilhas sonoras dos filmes mudos que
eram exibidos no Cine Colombo. Completava sua renda tocando em bailes.
Em 1923, Radamés finalizou com mérito o 8º ano
do curso de piano e foi levado por seu mestre ao Rio de Janeiro, para um
recital, sendo aplaudindo e elogiado por vários jornais. Nessa ocasião,
conheceu o compositor Ernesto Nazareth. Apresentou-se também em São Paulo e
retornou a Porto Alegre, onde passou a lecionar piano.
Em 1924, Radamés conheceu Vera, estudante de
piano, com quem se casou em 1932, vivendo com ela por 33 anos, até 1965, quando
ela faleceu. Eles tiveram dois filhos: Roberta (psicanalista) e Alexandre (dentista
e iogue).
Seu mestre, Fontainha o convidou em 1929 para
se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sendo muito elogiado.
Passou a se radicar no Rio de Janeiro, mas, com dificuldades financeiras, foi
trabalhar como pianista no Cassino das Fontes, em Lambari (MG).
Ao retornar ao Rio de Janeiro, trabalhou como
pianista no Theatro Lyrico. Chegou a excursionar pela Argentina nessa época.
Em 1930, mais uma vez no Rio de Janeiro, passou
a atuar na Rádio Clube do Brasil, ao mesmo tempo em que atuava como pianista,
violista e como assistente de maestro.
Em 1932, Radamés Gnattali passou a se dedicar à
música popular, tocando nas orquestras de Romeu Silva e Simon Bountman. Começou
também a fazer arranjos em músicas populares. Nesse mesmo ano escreveu a música
e regeu a orquestra na opereta Marquesa de Santos, de Luiz Peixoto e Baptista
Junior. Ao lado de Jayme Ovale, também compôs a música para a opereta Os
Sertões.
Ainda em 1932, na gravadora Victor, além de
arranjador, passou a atuar como pianista das Orquestra Típica Victor, Diabos do
Céu e Guarda Velha. Nessa época, não eram aceitos músicos eruditos fazendo arranjo
popular. Para resolver o problema, Radamés adotou o nome Vero, o
masculino de Vera, nome de sua espoca.
Em 1927, acompanhou ao piano o violonista Alselmo
Zlatopolsky que gravou pela Odeon, Romance, de Arthur Napoleão.
Radamés
Gnattali teve várias músicas de sua autoria gravadas ao longo dos anos 30 e 40,
atuando regularmente como arranjador e regente em várias gravações,
acompanhando nomes de peso de nossa música como Francisco Alves, Orlando Silva,
Emilinha Borba, Cândido Botelho, Dalva de Oliveira e Dorival Caymmi.
Em
1939, ele fez o célebre arranjo de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso,
que seria gravada na Odeon por Francisco Alves um dia antes de seu aniversário
de 41 anos, em 18 de agosto de 1939.
Gravaria
até o começo da década de 1980.
Foi
membro da Academia Brasileira de Música e da Academia de Música Popular
Brasileira.
Já
viúvo, em 1966, passou a viver com Nelly Martins, ex atriz da Rádio nacional,
cantora e pianista. Nelly, ao abandonar a carreira artística, formou-se em
Medicina.
Radamés
sofreu um derrame em 1986, obrigando-o a um longo tratamento para voltar a
tocar. Ele faleceu em 13 de fevereiro de 1988, pós sofrer um segundo derrame.
Trago
várias gravações onde Radamés Gnattali atua como compositor, intérprete e
arranjador.
Radamés Gnattali
Compositor
CANTO DE VIOLINO
Melodia de Radamés Gnattali
Gravada por Romeo Ghipsman ao Violino
Disco Odeon 10.552-B, matriz 3046
Lançado em janeiro de 1930
VIBRAÇÕES D´ALMA
Valsa de Radamés Gnattali
Gravada pela Orquestra Típica Victor, sob Direção de João Martins
Disco Victor 33.652-A, matriz 65541-1
Gravado em 12 de julho de 1932 e lançado em maio de 1933
SERENATA DO JOÁ
Choro de Radamés
Gnattali
Gravado por Luiz
Ameicano
Acompanhamento
de Vicente, Ernâni e Walfrido
Disco Odeon 11.171-A,
matriz 4900
Gravado em 24 de
agosto de 1934 e lançado em novembro de 1934
VILMA
Valsa de Radamés
Gnattali
Gravada por Luiz
Ameicano
Acompanhamento
de Vicente, Ernâni e Walfrido
Disco Odeon 11.171-B,
matriz 4899
Gravado em 24 de
agosto de 1934 e lançado em novembro de 1934
PRIMAVERA DE
AMOR
Valsa de Radamés
Gnattali
Gravada pela
Orquestra Típica Victor
Disco Victor 34.048-B,
matriz 79975-1
Gravado em 09 de
julho de 1935 e lançado em abril de 1936
ZELI
Valsa de Radamés
Gnattali
Gravada pela
Orquestra Típica Victor
Disco Victor 34.066-A,
matriz 80139-1
Gravado em 23 de abril de 1936 e lançado em julho de 1936
RECORDANDO
Choro de Radamés
Gnattali
Gravado pelo
Trio Carioca
Disco Victor 34.154-A,
matriz 80322-1
Gravado em 10 de
março de 1937 e lançado em março de 1937
Radamés Gnattali
Intérprete
UM CANTINHO E
VOCÊ
Samba de José
Maria de Abreu e Jair Amorim
Gravado por
Radamés Gnattali ao Piano
Acompanhamento
de Luciano Perrone na Bateria e Seu Ritmo
Disco Continental
16.033-B, matriz 2022
Gravado em 1949
e lançado em março/abril de 1949
ODEON
Tango de Ernesto
Nazareth
Gravado por
Radamés Gnattali ao Piano
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Continental 16.776-A, matriz C-3084
Gravado em março
de 1953 e lançado em julho/agosto de 1953
VALSA DE MELBA
Valsa Mischa
Spoliansky e Norman Newell
Gravada por
Radamés Gnattali ao Piano
Acompanhamento
de Sua Orquestra
Disco Continental
16.935-A, matriz C-3308
Gravado em 1954
e lançado em abril de 1954
ATRAVÉS DA
VIDRAÇA
Samba de Radamés
Gnattali (Vero) e Di Veras
Gravada por
Radamés Gnattali ao Piano
Acompanhamento
de Sua Orquestra
Disco Continental
16.935-B, matriz C-3309
Gravado em 1954
e lançado em abril de 1954
Radamés Gnattali
Regente
ROMANCE
De Arthur
Napoleão
Gravado por Alselmo
Zlatopolsky ao Violino
Acompanhamento
de Radamés Gnattali ao Piano
Disco Odeon 10.042-A
Lançado em
outubro de 1927
FELICIDADE É O
MEU AMOR
Canção de Lina
Pesce
Gravada por
Gastão Formenti
Acompanhamento
da Orquestra Victor Brasileira, sob Direção de Radamés Gnattali
Disco Victor 33.974-A,
matriz 79945-1
Gravado em 27 de
junho de 1935 e lançado em setembro de 1935
MOCIDADE NÃO TE
VÁS
Canção de Ary
Kerner Veiga de Castro
Gravada por
Gastão Formenti
Acompanhamento
da Orquestra Victor Brasileira, sob Direção de Radamés Gnattali
Disco Victor 33.996-B,
matriz 79996-1
Gravado em 23 de
julho de 1935 e lançado em dezembro de 1935
AQUARELA DO
BRASIL (I)
Cena Brasileira de
Ary Barroso
Gravada por
Francisco Alves
Acompanhamento
de Radamés e Sua Orquestra
Disco Odeon 11.768-A,
matriz 6179
Gravado em 18 de
agosto de 1939 e lançado em outubro de 1939
AQUARELA DO
BRASIL (II)
Cena Brasileira de
Ary Barroso
Gravada por
Francisco Alves
Acompanhamento
de Radamés e Sua Orquestra
Disco Odeon 11.768-B,
matriz 6180
Gravado em 18 de
agosto de 1939 e lançado em outubro de 1939
MEU MULATO VAI
AO MORRO
Samba de Gomes
Filho e Juraci Araújo
Gravado por
Emilinha Borba
Acompanhamento
de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Columbia 55.212-B,
matriz 270-1
Gravado em 1940
e lançado em maio de 1940
BALALAIKA
Fox Tango de H.
Stothart, G. Posford, em versão de Osvaldo Santiago
Gravado por
Cândido Botelho
Acompanhamento
de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Columbia 55.214-A,
matriz 278-2
Lançado em maio
de 1940
BABALU
Samba de Margarita
Lecuona, em versão de Humberto Porto
Gravado por
Dalva de Oliveira
Acompanhamento
de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Odeon 12.379-A,
matriz 7396
Gravado em 07 de
outubro de 1943 e lançado em novembro de 1943
O MAR (I)
Canção de
Dorival Caymmi
Gravada por
Dorival Caymmi
Acompanhamento
de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Columbia 55.247-A,
matriz 328-1
Gravado em 07 de
novembro de 1940 e lançado em dezembro de 1940
O MAR (II)
Canção de
Dorival Caymmi
Gravada por
Dorival Caymmi
Acompanhamento
de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Columbia 55.247-B,
matriz 329-2
Gravado em 07 de
novembro de 1940 e lançado em dezembro de 1940
A FLOR E O VENTO
Marcha de Rancho
de João de Barro e Alberto Ribeiro
Gravada por
Francisco Alves
Acompanhamento
de Radamés Gnattali e Sua Orquestra
Disco Columbia 55.248-B,
matriz 338-2
Gravado em 07 de
novembro de 1940 e lançado em dezembro de 1940
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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