Há
130 anos nascia a atriz e cantora OTÍLIA AMORIM, uma das mais queridas Rainhas
do Teatro de Revista Brasileiro.
Otília
Amorim foi uma das grandes atrizes do teatro de revista, das burletas e
comédias da primeira metade do século XX. Nasceu no Rio de Janeiro em 13 de
novembro de 1894. Também foi empresária e compositora.
Ainda adolescente, interrompeu seus estudos em um colégio de freiras devido a
dificuldades financeiras. Estreou no teatro em 1911, na revista Peço a
Palavra, no Teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro. Era uma atriz de revista
completa: interpretava, dançava, cantava, era bonita, sabia ser ótima caricata,
desembaraçada e tinha total domínio da plateia. Orestes Barbosa afirmava que
Otília era a precursora do samba no palco.
No cinema, estreou em 1912 no drama A Vida do Barão do Rio Branco,
escrito por José do Patrocínio Filho e dirigido por Alberto Botelho. Em 1919,
estreou os filmes de Luís de Barros: Alma Sertaneja e Ubirajara.
Foi em Alma Sertaneja que Otília Amorim, interpretando o
personagem Maria, aparecia tomando banho nua em um riacho. A censura
caiu em cima querendo proibir o filme, mas, depois de muita luta ele foi
lançado, com grande sucesso.
Correio da Manhã, 1919 http://memoria.bn.br/ |
Palcos e Telas, 1919 http://memoria.bn.br/ |
Correio da Manhã, 1919 http://memoria.bn.br/ |
Otília Amorim foi uma das Rainhas do Teatro de Revista. Na segunda metade da
década de 1910, atrizes como Pepa Delgado e Júlia Martins já eram nomes
consagrados. Otília ia cada vez mais ganhando prestígio e conquistando fãs. No
começo dos anos 20, ela reinava nas revistas lançado sucessos e modas. Depois
dela, teríamos Margarida Max e Lia Binatti, ainda em meados da década de 1920.
Aracy Côrtes, nessa época, já mostrava a que veio e, em breve, ia receber a
coroa das antigas Rainhas. Mas, voltemos à Otília Amorim. No teatro de revista,
ela atuou várias vezes ao lado do cantor Francisco Alves e do ator Pedro Dias.
Lançou vários sucessos nos palcos, como as marchas Ai Amor (1921),
de Freire Júnior, e Zizinha (1926), de José Francisco de Freitas.
Na partitura de Zizinha, é estampada uma bela foto de Otília Amorim.
Entre
as suas peças de sucesso, estão Gato Baeta e Carapicu; Se a
moda pega; Papagaio Louro e Pé de Anjo, esta última
levada à cena em 1920, onde dançou uma maxixe histórico com Pedro Dias, sendo
assistida pelo Presidente Epitácio pessoa duas vezes. As duas últimas peças
citadas eram homônimas de sambas do compositor Sinhô (José Barbosa da Silva)
que assinava a trilha sonora ao lado de outros compositores.
Saibam mais sobre O Pé de Anjo, um grande sucesso de Otília Amorim: https://bit.ly/3aNamLU
Otília Amorim e Pedro Dias em O Pé de Anjo, 1920. Quarenta anos após sua estréia, a cena dos Cowboys ainda era relembrada. Teatro Ilustrado, 1960 http://memoria.bn.br/ |
Otília
Amorim era uma ótima maxixeira. Também teve companhia própria, a Companhia
Otília Amorim, fundada em dezembro de 1922.
Mesmo
sendo uma atriz-cantora consagrada, só foi começar a gravar discos com quase
vinte anos de carreira, em 1930, iniciando com o samba de J. Aymberê, Desgraça
Pouca é Bobagem, um de meus preferidos e que foi gravado em São Paulo, com
uma letra interessante e melodia belíssima. Pudemos ouvi-lo em um trecho da
minissérie Dercy de Verdade (2011), de Maria Adelaide do
Amaral, no qual Otília Amorim era citada.
Outro
samba que destaco é Mangueira, de João Martins, gravado por ela em 1931.
Ela
gravou nove músicas pela Victor e duas pela Columbia, lançado no mercado onze
gravações, entre 1930 e 1932. Uma delas, gravada ao lado do cantor Pilé (Vou
te Levar). Com Otávio França compôs e gravou o samba Sem Você, em
1931.
Ela
ainda gravaria algumas outras músicas pela Victor, inclusive uma delas seria
posteriormente regravada por Carmen Miranda (Mulato de Qualidade), mas
esses discos de Otília Amorim não foram lançados, talvez nem sequer
aproveitadas as matrizes. Carmen Miranda também gravaria um samba canção chamado Não Vai Zangar, que Otília Amorim gravou originalmente como Flor de Amor.
Gravações Perdidas de Otília Amorim
MULATO DE QUALIDADE
FLOR DE AMOR
(NÃO VAI ZANGAR)
Em
seu Compêndio de História da Música, Mário de Andrade destacou, entre suas
músicas preferidas, seis gravadas por Otília: Eu Sou Feliz, Nego
Bamba, Desgraça Pouca é Bobagem, Vou te Levar, Sem
Você, Mangueira.
Vamos
conferir alguns trechos escritos por Mário de Andrade sobre as músicas gravadas
por Otília:
Sobre Sou feliz:
“Se
vamos ouvir a sra. Otília Amorim [Sou feliz], só temos a deplorar que, no meio
duma dicção bem apropriada, apareça a 'fêlicidade', com e fechado em vez de
surdo".
Sobre Nêgo Bamba e Desgraça pouca é Bobagem:
"...
preciso guardar o nome do compositor, J. Aymberê, que será talvez o substituto
de Sinhô, não sei. Estas obras dele são curiosíssimas.
Mas não é apenas pela musica que Nêgo bamba e Desgraça pouca é
bobage são esplêndidos. São na realidade discos perfeitíssimos como
riqueza e caráter orquestral, como escolha de sonoridades vocais e como
gravação.
E quem merece ainda todos os aplausos é a cantora, Otília Amorim, cuja voz
gasta e admiravelmente expressiva... do que se trata, soube tirar efeitos
magníficos, principalmente no Nêgo bamba, que, no gênero, é
incontestavelmente uma obra-prima".
Em
19 de agosto de 1963, uma segunda-feira às 17 horas, ao 69 anos, ela
recebeu a medalha Homenagem ao Mérito, da Associação Brasileira de
Críticos Teatrais, por sua importante dedicação ao teatro brasileiro. A
homenagem aconteceu durante a solenidade de abertura do Quarto Congresso de
Teatro Brasileiro, no Auditório do Palácio da Cultura. Outras atrizes, como Abigail Maia, Alda Garrido, Belmira de Almeida e Rosália Pombo também foram agraciadas.
Otília Amorim faleceu em São Paulo em 1969, segundo o pesquisador Antônio
Ribeiro; outras fontes dão como ela tendo falecido em 1970, em São Paulo.
OTÍLIA AMORIM NA DÉCADA DE 1960
CEDOC - FUNARTE
Em
1989, o selo Revivendo (de Curitiba, criado pelo saudoso
pesquisador Leon Barg) lançou o LP Sempre Sonhando, onde trazia
três gravações suas. Assim, as novas gerações (como eu) puderam conhecer e se
encantar com o talento e carisma de Otília Amorim.
Confiram
as gravações de Otília Amorim, realizadas na Victor e Columbia entre 1930 e
1932.
GRAVAÇÕES DE OTÍLIA AMORIM
DESGRAÇA
POUCA É BOBAGEM
Samba
de J. Aymberê
Gravado
por Otília Amorim
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Victor 33.404-A, matriz 65049-1
Gravado
em 10 de dezembro de 1930 e lançado em fevereiro de 1931
VOU
TE LEVAR
Marcha
de Clínio Júlio D´Epiro e Vicente de Lima
Gravada
por Otília Amorim e Pilé
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Victor 33.404-B, matriz 65050-2
Gravado
em 10 de dezembro de 1930 e lançado em fevereiro de 1931
EU
SOU FELIZ
Samba
de J. Aymberê
Gravado
por Otília Amorim
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Victor 33.413-A, matriz 65089-2
Gravado
em 30 de janeiro de 1930 e lançado em janeiro de 1931
NÊGO
BAMBA
Samba
Batuque de J. Aymberê
Gravado
por Otília Amorim
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Victor 33.413-B, matriz 65090-2
Gravado
em 30 de janeiro de 1930 e lançado em janeiro de 1931
SEM
VOCÊ
Samba
de Otávio França e Otília Amorim
Gravado
por Otília Amorim
Acompanhamento
de Orquestra e Coro
Disco
Victor 33.423-A, matriz 65109-2
Gravado
em 05 de fevereiro de 1931 e lançado em fevereiro de 1931
MANGUEIRA
Samba
de João Martins
Gravado
por Otília Amorim
Acompanhamento
de Orquestra e Coro
Disco
Victor 33.423-B, matriz 65110-2
Gravado
em 05 de fevereiro de 1931 e lançado em fevereiro de 1931
TU
NÃO NEGA SÊ HOME
Samba
Pernambucano de Nelson Ferreira
Gravado
por Otília Amorim
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Victor 33.429-A, matriz 65125-2
Gravado
em 11 de março de 1931
NA
MISÉRIA
Samba
de Gabriel Migliori
Gravado
por Otília Amorim
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Victor 33.438-A, matriz 65136-4
Gravado
em 26 de março de 1931 e lançado em maio de 1931
POR
AMOR AO MEU MULATO
Samba
de Osvaldo Gogliano (Vadico)
Gravado
por Otília Amorim
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Victor 33.438-B, matriz 65137-3
Gravado
em 26 de março de 1931 e lançado em maio de 1931
NAPOLEÃO
Marcha
de Joubert de Carvalho
Gravada
por Otília Amorim
Acompanhamento
do Grupo dos Columbianos
Disco
Columbia 22.071-B, matriz 381133
Lançado
em janeiro de 1932
OIA
A GANGA
Samba
Macumba de Artur Braga
Gravado
por Otília Amorim
Acompanhamento
do Grupo dos Columbianos
Disco
Columbia 22.071-B, matriz 381134
Lançado
em janeiro de 1932
RECORTES SOBRE OTÍLIA AMORIM
A Época, 21 de julho de 1915, p.04 http://memoria.bn.br/ |
Jornal de Theatro e Sport, 1915 http://memoria.bn.br/ |
Jornal de Theatro e Sport, 1918 http://memoria.bn.br/ |
Jornal de Theatro e Sport, 1918 http://memoria.bn.br/ |
Jornal de Theatro e Sport, 1918 http://memoria.bn.br/ |
Comedia, 1919 http://memoria.bn.br/ |
O Malho, 1923 http://memoria.bn.br/ |
A Maçã, 1923 http://memoria.bn.br/ |
Otília Amorim vestida de Baiana Para Todos, 1923 http://memoria.bn.br/ |
O Malho, 1925 http://memoria.bn.br/ |
Illustração Moderna, 1925 http://memoria.bn.br/ |
Revista (peça) Fogo de Bengala Frou Frou, 1927 http://memoria.bn.br/ |
Revista (peça) Fogo de Bengala Frou Frou, 1927 http://memoria.bn.br/ |
Fon Fon, 1930 http://memoria.bn.br/ |
Correio Paulistano, 04 de julho de 1937, p.04 http://memoria.bn.br/ |
O Malho, 1944 http://memoria.bn.br/ |
Otília Amorim, anos 20 A Cigarra, 1965 http://memoria.bn.br/ |
Otília Amorim Arquivo Marcelo Bonavides |
Otília Amorim Arquivo Nirez |
Otília Amorim e Alfredo Silva |
Otília Amorim |
Otília Amorim e José Loureiro |
Otília Amorim caracterizada como Revista da Semana |
Agradecimento
ao Arquivo Nirez
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