quarta-feira, 13 de novembro de 2024

RELEMBRANDO A ESTRELA OTÍLIA AMORIM

 
OTÍLIA AMORIM
Arquivo Marcelo Bonavides




Há 130 anos nascia a atriz e cantora OTÍLIA AMORIM, uma das mais queridas Rainhas do Teatro de Revista Brasileiro.        
 
Otília Amorim foi uma das grandes atrizes do teatro de revista, das burletas e comédias da primeira metade do século XX. Nasceu no Rio de Janeiro em 13 de novembro de 1894. Também foi empresária e compositora.        


Ainda adolescente, interrompeu seus estudos em um colégio de freiras devido a dificuldades financeiras. Estreou no teatro em 1911, na revista Peço a Palavra, no Teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro. Era uma atriz de revista completa: interpretava, dançava, cantava, era bonita, sabia ser ótima caricata, desembaraçada e tinha total domínio da plateia. Orestes Barbosa afirmava que Otília era a precursora do samba no palco.

No cinema, estreou em 1912 no drama A Vida do Barão do Rio Branco, escrito por José do Patrocínio Filho e dirigido por Alberto Botelho. Em 1919, estreou os filmes de Luís de Barros: Alma Sertaneja e Ubirajara.

Foi em Alma Sertaneja que Otília Amorim, interpretando o personagem Maria, aparecia tomando banho nua em um riacho. A censura caiu em cima querendo proibir o filme, mas, depois de muita luta ele foi lançado, com grande sucesso.



Correio da Manhã, 1919
http://memoria.bn.br/




Palcos e Telas, 1919
http://memoria.bn.br/




Correio da Manhã, 1919
http://memoria.bn.br/



Otília Amorim foi uma das Rainhas do Teatro de Revista. Na segunda metade da década de 1910, atrizes como Pepa Delgado e Júlia Martins já eram nomes consagrados. Otília ia cada vez mais ganhando prestígio e conquistando fãs. No começo dos anos 20, ela reinava nas revistas lançado sucessos e modas. Depois dela, teríamos Margarida Max e Lia Binatti, ainda em meados da década de 1920. Aracy Côrtes, nessa época, já mostrava a que veio e, em breve, ia receber a coroa das antigas Rainhas. Mas, voltemos à Otília Amorim. No teatro de revista, ela atuou várias vezes ao lado do cantor Francisco Alves e do ator Pedro Dias.

Lançou vários sucessos nos palcos, como as marchas Ai Amor (1921), de Freire Júnior, e Zizinha (1926), de José Francisco de Freitas. Na partitura de Zizinha, é estampada uma bela foto de Otília Amorim.



Partitura de Zizinha
Arquivo Nirez




Entre as suas peças de sucesso, estão Gato Baeta e CarapicuSe a moda pegaPapagaio LouroPé de Anjo, esta última levada à cena em 1920, onde dançou uma maxixe histórico com Pedro Dias, sendo assistida pelo Presidente Epitácio pessoa duas vezes. As duas últimas peças citadas eram homônimas de sambas do compositor Sinhô (José Barbosa da Silva) que assinava a trilha sonora ao lado de outros compositores.

Saibam mais sobre O Pé de Anjo, um grande sucesso de Otília Amorim: https://bit.ly/3aNamLU



Otìlia Amorim e Pedro Dias em O Pé de Anjo, 1920.
O Malho, 1940
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Otília Amorim e Pedro Dias em O Pé de Anjo, 1920.
Quarenta anos após sua estréia, a cena dos Cowboys ainda era relembrada.
Teatro Ilustrado, 1960
http://memoria.bn.br/


 
Otília Amorim era uma ótima maxixeira. Também teve companhia própria, a Companhia Otília Amorim, fundada em dezembro de 1922.

Mesmo sendo uma atriz-cantora consagrada, só foi começar a gravar discos com quase vinte anos de carreira, em 1930, iniciando com o samba de J. Aymberê, Desgraça Pouca é Bobagem, um de meus preferidos e que foi gravado em São Paulo, com uma letra interessante e melodia belíssima. Pudemos ouvi-lo em um trecho da minissérie Dercy de Verdade (2011), de Maria Adelaide do Amaral, no qual Otília Amorim era citada.
 
Outro samba que destaco é Mangueira, de João Martins, gravado por ela em 1931.
 
Ela gravou nove músicas pela Victor e duas pela Columbia, lançado no mercado onze gravações, entre 1930 e 1932. Uma delas, gravada ao lado do cantor Pilé (Vou te Levar). Com Otávio França compôs e gravou o samba Sem Você, em 1931.
 
Ela ainda gravaria algumas outras músicas pela Victor, inclusive uma delas seria posteriormente regravada por Carmen Miranda (Mulato de Qualidade), mas esses discos de Otília Amorim não foram lançados, talvez nem sequer aproveitadas as matrizes. Carmen Miranda também gravaria um samba canção chamado Não Vai Zangar, que Otília Amorim gravou originalmente como Flor de Amor.



Gravações Perdidas de Otília Amorim



MULATO DE QUALIDADE



FLOR DE AMOR
(NÃO VAI ZANGAR)



IZABEL



JONGO



MULATA



NA FARRA, NA VENDA E NA CADEIA


 
Em seu Compêndio de História da Música, Mário de Andrade destacou, entre suas músicas preferidas, seis gravadas por Otília: Eu Sou FelizNego BambaDesgraça Pouca é BobagemVou te Levar, Sem Você, Mangueira.
 
Vamos conferir alguns trechos escritos por Mário de Andrade sobre as músicas gravadas por Otília:

Sobre Sou feliz:
“Se vamos ouvir a sra. Otília Amorim [Sou feliz], só temos a deplorar que, no meio duma dicção bem apropriada, apareça a 'fêlicidade', com e fechado em vez de surdo".

Sobre Nêgo Bamba e Desgraça pouca é Bobagem:
"... preciso guardar o nome do compositor, J. Aymberê, que será talvez o substituto de Sinhô, não sei. Estas obras dele são curiosíssimas.
Mas não é apenas pela musica que Nêgo bamba e Desgraça pouca é bobage são esplêndidos. São na realidade discos perfeitíssimos como riqueza e caráter orquestral, como escolha de sonoridades vocais e como gravação.
E quem merece ainda todos os aplausos é a cantora, Otília Amorim, cuja voz gasta e admiravelmente expressiva... do que se trata, soube tirar efeitos magníficos, principalmente no Nêgo bamba, que, no gênero, é incontestavelmente uma obra-prima". 
 
Em 19 de agosto de 1963, uma segunda-feira às 17 horas, ao 69 anos, ela recebeu a medalha Homenagem ao Mérito, da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, por sua importante dedicação ao teatro brasileiro. A homenagem aconteceu durante a solenidade de abertura do Quarto Congresso de Teatro Brasileiro, no Auditório do Palácio da Cultura. Outras atrizes, como Abigail Maia, Alda Garrido, Belmira de Almeida e Rosália Pombo também foram agraciadas.



A Noite, 15 de agosto de 1963, p.04
http://memoria.bn.br/



Otília Amorim faleceu em São Paulo em 1969, segundo o pesquisador Antônio Ribeiro; outras fontes dão como ela tendo falecido em 1970, em São Paulo.



OTÍLIA AMORIM NA DÉCADA DE 1960
CEDOC - FUNARTE








 
Em 1989, o selo Revivendo (de Curitiba, criado pelo saudoso pesquisador Leon Barg) lançou o LP Sempre Sonhando, onde trazia três gravações suas. Assim, as novas gerações (como eu) puderam conhecer e se encantar com o talento e carisma de Otília Amorim.
 
 
Confiram as gravações de Otília Amorim, realizadas na Victor e Columbia entre 1930 e 1932.




GRAVAÇÕES DE OTÍLIA AMORIM


 
 
DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM


Samba de J. Aymberê
Gravado por Otília Amorim
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.404-A, matriz 65049-1
Gravado em 10 de dezembro de 1930 e lançado em fevereiro de 1931




 
VOU TE LEVAR


Marcha de Clínio Júlio D´Epiro e Vicente de Lima
Gravada por Otília Amorim e Pilé
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.404-B, matriz 65050-2
Gravado em 10 de dezembro de 1930 e lançado em fevereiro de 1931




 
EU SOU FELIZ


Samba de J. Aymberê
Gravado por Otília Amorim
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.413-A, matriz 65089-2
Gravado em 30 de janeiro de 1930 e lançado em janeiro de 1931




 
NÊGO BAMBA


Samba Batuque de J. Aymberê
Gravado por Otília Amorim
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.413-B, matriz 65090-2
Gravado em 30 de janeiro de 1930 e lançado em janeiro de 1931


 


 
SEM VOCÊ


Samba de Otávio França e Otília Amorim
Gravado por Otília Amorim
Acompanhamento de Orquestra e Coro
Disco Victor 33.423-A, matriz 65109-2
Gravado em 05 de fevereiro de 1931 e lançado em fevereiro de 1931


 
MANGUEIRA


Samba de João Martins
Gravado por Otília Amorim
Acompanhamento de Orquestra e Coro
Disco Victor 33.423-B, matriz 65110-2
Gravado em 05 de fevereiro de 1931 e lançado em fevereiro de 1931




 
TU NÃO NEGA SÊ HOME


Samba Pernambucano de Nelson Ferreira
Gravado por Otília Amorim
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.429-A, matriz 65125-2
Gravado em 11 de março de 1931





 
NA MISÉRIA


Samba de Gabriel Migliori
Gravado por Otília Amorim
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.438-A, matriz 65136-4
Gravado em 26 de março de 1931 e lançado em maio de 1931


 
POR AMOR AO MEU MULATO


Samba de Osvaldo Gogliano (Vadico)
Gravado por Otília Amorim
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.438-B, matriz 65137-3
Gravado em 26 de março de 1931 e lançado em maio de 1931




 
NAPOLEÃO
Marcha de Joubert de Carvalho
Gravada por Otília Amorim
Acompanhamento do Grupo dos Columbianos
Disco Columbia 22.071-B, matriz 381133
Lançado em janeiro de 1932





 
OIA A GANGA
Samba Macumba de Artur Braga
Gravado por Otília Amorim
Acompanhamento do Grupo dos Columbianos
Disco Columbia 22.071-B, matriz 381134
Lançado em janeiro de 1932


 
 
   
 
   
 
 
 RECORTES SOBRE OTÍLIA AMORIM




A Época, 21 de julho de 1915, p.04
http://memoria.bn.br/



Jornal de Theatro e Sport, 1915
http://memoria.bn.br/




Jornal de Theatro e Sport, 1918
http://memoria.bn.br/




Jornal de Theatro e Sport, 1918
http://memoria.bn.br/




Jornal de Theatro e Sport, 1918
http://memoria.bn.br/




Comedia, 1919
http://memoria.bn.br/




O Malho, 1923
http://memoria.bn.br/




A Maçã, 1923
http://memoria.bn.br/




Otília Amorim vestida de Baiana
Para Todos, 1923
http://memoria.bn.br/




O Malho, 1925
http://memoria.bn.br/




Illustração Moderna, 1925
http://memoria.bn.br/




Revista (peça) Fogo de Bengala
Frou Frou, 1927
http://memoria.bn.br/




Revista (peça) Fogo de Bengala
Frou Frou, 1927
http://memoria.bn.br/





Fon Fon, 1930
http://memoria.bn.br/



Correio Paulistano, 04 de julho de 1937, p.04
http://memoria.bn.br/



O Malho, 1944
http://memoria.bn.br/




Otília Amorim, anos 20
A Cigarra, 1965
http://memoria.bn.br/




Otília Amorim
Arquivo Marcelo Bonavides




Otília Amorim
Arquivo Nirez





Otília Amorim
Arquivo Nirez




OTÍLIA AMORIM
Gazeta de Notícias
http://memoria.bn.br/




Otília Amorim e Alfredo Silva




Otília Amorim



Otília Amorim e José Loureiro



Otília Amorim caracterizada como Revista da Semana











 
 
Agradecimento ao Arquivo Nirez
 
 
 
 
 
 
 
 

 


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