SINHÔ (José Barbosa da Silva) Carioca, 1937 Arquivo Nirez |
Há 90 anos falecia o compositor e pianista SINHÔ (JOSÉ BARBOSA DA SILVA), O Rei do Samba.
José Barbosa da Silva nasceu em 08 de setembro de 1888, na Rua Riachuelo, casa nº 90, no centro do Rio de Janeiro. Sua mãe se chamava Graciliana Silva e seu pai, Ernesto Barbosa da Silva, de apelido Tené, que trabalhava como pintor e decorador de paredes de botequins e de clubes dançantes. A família ainda contava com mais dois filhos, Ernesto (apelidado de Caboclo) e Francisco, filho adotivo.
Sinhô morou também na Rua Senador Pompeu, nº 114, onde era amigo e brincava com os futuros sambistas João da Baiana e Caninha.
Quando estava com dezessete anos, apaixonou-se por Henriqueta Ferreira, portuguesa que era casada. Porém, ela resolveu morar com Sinhô, tendo o casal três filhos: Durval, Odalis e Ida. Mas, em 1914, Henriqueta faleceu, ficando o companheiro viúvo aos 26 anos de idade.
Em 1910, Sinhô já era conhecido como pianista profissional, tocando em várias agremiações musicais dançantes e carnavalescas de seu tempo, como o Rancho Ameno Resedá (que ajudou a fundar em 1907) e a Sociedade Dançante Carnavalesca Kananga do Japão (que seu pai ajudou a fundar e que tinha o estandarte pintado por ele). Em 1989, na novela Kananga do Japão, exibida pela Rede Manchete, Sinhô seria interpretado pelo ator Paulo Barbosa.
Em 1918, ele teve sua primeira composição editada e gravada: o samba Quem são eles?, registrado pelo cantor Bahiano. Essa composição daria início a uma das primeiras polêmicas musicais de nossa música, envolvendo Sinhô, Donga e Pixinguinha.
Em 1920, obteve sucesso com as músicas Papagaio Louro, samba satirizando Ruy Barbosa, e O Pé de Anjo, marcha que satirizava os avantajados pés do irmão de Pixinguinha, o também músico China. As duas músicas foram gravadas em outubro de 1919, juntamente com o samba (também de Sinhô) Alivia esses olhos, por um jovem cantor que já atuava no teatro de revista, porém, gravava seu primeiro disco: Francisco Alves, o futuro Rei da Voz. A gravadora era a Popular, do companheiro de Chiquinha Gonzaga, João Gonzaga, que ficava no quintal da residência do casal.
O Pé de Anjo ainda seria o título do grande sucesso teatral de 1920, na revista homônima estrelada por Otília Amorim e Alfredo Silva, que ainda trazia no elenco Júlia Martins e Henriqueta Brieba.
No final da década de 1910 e ao longo da década de 1920 a popularidade de Sinhô aumentou muito, suas músicas faziam bastante sucesso no teatro de revista e nos discos, sendo interpretadas pelos grandes destaques da época: Eduardo das Neves, Bahiano, Fernando, Gustavo Silva, Pedro Celestino, Aracy Côrtes, Rosa Negra, Francisco Alves, Mário Reis, entre outros.
Com tanto sucesso, a intelectualidade paulistana, representada por Oswald de Andrade, o coroou Rei do Samba em uma solenidade realizada em 1927.
No final dos anos 20, emplacou sucessos conhecidos até hoje, como o samba Jura, imortalizado nos palcos e disco por Aracy Côrtes, que também foi gravado Mário Reis e bem recebido pelo público.
Sinhô sofria de tuberculose e veio a falecer vitimado por uma hemoptise a bordo da Barca Sétima indo para o Rio de Janeiro (na época, ele morava na Ilha do Governador), em 04 de agosto de 1930, pouco antes de completar 42 anos.
Seu velório e enterro foram muito concorridos, sendo registrado pelo poeta Manuel Bandeira, onde estavam presentes os grandes admiradores do compositor: "malandros, macumbeiros, prostitutas, seresteiros, baianas vendedoras de doces, artistas de teatro, músicos", entre outros.
Diário da Noite, 05 de agosto de 1930 http://memoria.bn.br/ |
A Batalha, 05 de agosto de 1930, p.04 http://memoria.bn.br/ |
Correio da Manhã, 10 de agosto de 1930, p.11 http://memoria.bn.br/ |
Em sua homenagem, trago 30 gravações de sua autoria (mecânicas e elétricas) na interpretação de vários artistas, em gravações realizadas entre 1919 e 1930.
Discos Mecânicos
QUEM SÃO ELES (BAHIA BOA TERRA)
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Bahiano
Acompanhamento de Conjunto e Coro
Disco Odeon Record 121.445
Lançado em 1918
CONFESSA MEU BEM
Samba Carnavalesco de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Eduardo das Neves
Acompanhamento de Conjunto
Disco Odeon Record 121.528
Lançado em 1919
DEIXE DESTE COSTUME
Samba Carnavalesco de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Eduardo das Neves
Acompanhamento de Conjunto
Disco Odeon Record 121.529
Lançado em 1919
SÓ POR AMIZADE
Samba Carnavalesco de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Eduardo das Neves
Acompanhamento de Violão
Disco Odeon Record 121.530
Lançado em 1919
O PÉ DE ANJO
Marcha Carnavalesca de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravada por Francisco Alves
Acompanhamento do Grupo dos Africanos
Disco popular Record 1.008, matriz 1008-2
Gravado em outubro de 1919 e lançado em 1920
FALA MEU LOURO (PAPAGAIO LOURO)
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento do Grupo dos Africanos
Disco popular Record 1.009, matriz 1009-3…
Gravado em outubro de 1919 e lançado em 1920
ALIVIA ESTES OLHOS
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento do Grupo dos Africanos
Disco popular Record 1.010, matriz 1010-4…
Gravado em outubro de 1919 e lançado em 1920
FALA BAIXO
Marcha Carnavalesca de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravada pela Banda da Fábrica Popular
Disco Popular 1.022
Gravado em 1920 e lançado em 1920
PEGUE NA CARTILHA
Samba Carnavalesco de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Bahiano
Disco Odeon Record 122.422
Lançado em 1923
SAI DA RAIA
Marcha de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravada por Bahiano
Disco Odeon Record 122.492
Lançado em 1923
DOR DE CABEÇA
Maxixe de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Fernando
Acompanhamento do Jazz Band Sul Americano Romeu Silva
Disco Odeon Record 122.760
Lançado em 1925
CANECA DE COURO
Maxixe de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Fernando
Acompanhamento de Coro
Disco Odeon Record 122.783
Lançado em 1925
CABEÇA DE PROMESSA
Marcha de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravada pelo Jazz Band Sul-Americano Romeu Silva
Disco Odeon Record 122.858
Lançado em 1925
CABEÇA DE ÁS
Maxixe de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Fernando
Acompanhamento de Coro da Jazz Band Sul Americana
Disco Odeon Record 122.920
Lançado em 1925
PAPAGAIO NO POLEIRO
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Arthur Castro
Acompanhamento do American Jazz Band Sílvio de Souza
Disco Odeon Record 123.032
Gravado em 1926 e lançado em 1926
Discos Elétricos
SEM AMOR
Choro de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Carlos Serra
Acompanhamento do Grupo do Sinhô
Disco Odeon 10.006-A, matriz 1155
Lançado em julho de 1927
MAITACA
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Carlos Serra
Acompanhamento do Grupo do Sinhô
Disco Odeon 10.006-B, matriz 1156
Lançado em julho de 1927
A FAVELA VAI ABAIXO
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana
Disco Odeon 10.096-A, matriz 1441
Lançado em janeiro de 1928
NÃO QUERO SABER MAIS DELA
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Rosa Negra e Francisco Alves
Acompanhamento da Orquestra Pan American do Cassino Copacabana
Disco Odeon 10.100-A, matriz 1456-I
Lançado em janeiro de 1928
ALEGRIAS DE CABOCLO
Canção de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravada por Francisco Alves
Acompanhamento de Simão Nacional Orquestra
Disco Parlophon 12.854-A, matriz 1977-I
Lançado em novembro de 1928
JURA
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento de Simão Nacional Orquestra
Disco Parlophon 12.868-A, matriz 2071
Lançado em novembro de 1928
JURA
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.278-A, matriz 2070
Lançado em novembro de 1928
GOSTO QUE ME ENROSCO
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento de dois Violões
Disco Odeon 10.278-B, matriz 2003
Lançado em novembro de 1928
VIROU BOLA
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Breno Ferreira
Acompanhamento da Orquestra Victor
Disco Victor 33.213-B, matriz 50044-2
Gravado em 13 de setembro de 1929 e lançado em novembro de 1929
CAUÃ
Valsa de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravada por Januário de Oliveira
Acompanhamento de Orquestra
Disco Columbia 5.215-B, matriz 380671
Disco Columbia 5.215-B, matriz 380671
Lançado em junho de 1930
AMOR DE POETA
Sambo Canção de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravada por Sílvio Caldas
Acompanhamento de Henrique Vogeler ao Piano
Disco Brunswick 10.078-B, matriz 375
Lançado em agosto de 1930
FEITIÇO GORADO
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Carmen Miranda
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.375-B, matriz 50448-2
Gravado em 11 de agosto de 1930 e lançado em março de 1932
CANJIQUINHA QUENTE
Samba de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Ita Caiuby
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.704-A, matriz 3912-1
Lançado em novembro de 1930
MEUS CIÚMES
Choro Canção de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Yolanda Osório
Acompanhamento da Orquestra Brunswick
Disco Brunswick 10.149-A, matriz 569
Lançado em 1931
MAL DE AMOR
Samba Canção de José Barbosa da Silva (Sinhô)
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento da Orquestra Brunswick
Disco Brunswick 10.158-B, matriz 601
Lançado em 1931
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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