quarta-feira, 21 de agosto de 2024

RELEMBRANDO O COMPOSITOR J. BULHÕES

JÚLIA MARTINS E BAHIANO



Vamos relembrar o compositor J. Bulhões.    

 
José Carvalho de Bulhões, mais conhecido como J. Bulhões, nasceu no Rio de Janeiro em 21 de agosto de 1881. Era pai do compositor Max Bulhões. 
 

J. Bulhões foi um famoso pianeiro carioca, tendo tocado em todos os clubes do Rio de Janeiro no início do século XX.  
 
Compôs a valsa Despedida em Lágrimas que, com letra de Alfredo Cândido, seria gravada por Bahiano, com bastante agrado. 
 
Seu grande sucesso foi a marcha Ai, Philomena!, bastante cantada no carnaval de 1915. A música fazia crítica ao então Presidente Hermes da Fonseca (a quem o povo apelidara Dudu), que era calvo e que tinha fama de ser agourento (ter urucubaca, azar). A melodia foi inspirada na canção italiana Viva Garibaldi.
 
Em 1915, essa música foi lançada no teatro de revista, um dos meios de comunicação que mais faziam críticas aos governos. Coube à atriz Júlia Martins, com muita malícia, e ao ator Brandão, o Popularíssimo, darem vida aos personagens.

Coube a Bahiano fazer a gravação.


JÚLIA MARTINS
Cedoc-Funarte


 

BAHIANO
Arquivo Nirez



Anos depois, o povo criou uma versão muito maliciosa, conhecida por gerações, que, até a mim chegou: “Ai, coelhinho, se eu fosse como tu, tirava a mão do bolso...” O resto vocês sabem....
 
Mantendo sua crônica política, compôs o samba Torna a Vortá.
 
Em linguagem caipira, essa composição fazia apologia ao paulista Antônio Prado, ou Prado Júnior (Antônio da Silva Prado Júnior, 1880 – 1955). Ele havia sido prefeito da cidade do Rio de Janeiro de 1926 a 1930. O samba enaltecia seu governo e sugeria sua volta nas eleições seguintes.
 
Porém, com a deposição de Washington Luís, e 24 de outubro de 1930 (Revolução de 1930), ele teve que deixar o cargo. Saiu cercado com o respeito dos revolucionários, que reconheceram suas virtudes de homem e administrador. Mesmo assim, foi exilado. Ele fazia parte da tradicional família Prado, de São Paulo, de grande poder econômico e político. 
 
Torna a Vortá apresenta uma linguagem dita como caipira: perfeito (prefeito), internidade (eternidade), transformidade (transformação)...

 
O sinhô Antonho Prado
é perfeito de verdade
O seu nome tá firmado
Pra toda internidade
Ninguém pode duvidá
da sua capacidade
Quando ele for-se embora
vai nos matá de saudade
 
A cidade está fermosa
É mesmo de embasbacá
Seu Antonho faz que vai
e pra cá torna a vortá
 
É home do Braço-Forte
na beleza da cidade
Toda gente fala bem
da sua honestidade
A capitá hoje é outra
na sua transformidade
Quando ele for-se embora 
 vai nos matá de saudade





DESPEDIDA EM LÁGRIMAS


https://discografiabrasileira.com.br/

Valsa de José Carvalho Bulhões e Alfredo Cândido
Gravada por Bahiano
Acompanhamento de piano
Disco Odeon Record 120.270, matriz XR-1827
Lançado em 1914



AI, PHILOMENA!


https://discografiabrasileira.com.br/

Canção de J. Carvalho Bulhões 
Gravada por Bahiano
Acompanhamento de conjunto
Disco Odeon Record 120.988
Gravado em 1915  





TORNA A VORTÁ
Samba de J. Bulhões
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.425-A, matriz 2619
Gravado em 1929 e lançado em julho de 1929













Agradecimento ao Arquivo Nirez











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