MÁRIO REIS Revista Phono-Arte 15-30 de Dezembro de 1929, nº 9-10. Arquivo Nirez |
Um
de nossos cantores mais prestigiados, de grande importância para nossa música
popular é, sem dúvida, MÁRIO REIS.
Há
38 anos ele falecia, levando consigo uma rica história de décadas dedicadas à
música popular brasileira.
Mário
da Silveira Reis nasceu no Rio de Janeiro em 31 de dezembro de 1907, falecendo
nessa mesma cidade em 05 de outubro de 1981, aos 73 anos de idade.
Mário
Reis foi descoberto como cantor pelo compositor carioca José Barbosa da Silva, o
Sinhô, que era seu professor de violão. Sinhô, percebendo o talento do jovem
rapaz, tratou de leva-lo para gravar um disco na Odeon, no primeiro semestre de
1928. O disco seria lançado em agosto e trazia as composições de Sinhô, Que vale
a nota sem o carinho da mulher?, samba, e o romance Carinhos de Vovô.
De
início, Mário Reis já chamou a atenção, pois não tinha o vozeirão dos cantores
da época, como Francisco Alves, Vicente Celestino, Sylvio Vieira, Roberto Vilmar,
entre outros. Sua voz era pacata, de pouca extensão, porém, melodiosa e com
muita bossa. Se entre as mulheres, Stefana de Macedo e Carmen Miranda mudaram a
forma de cantar, no meio masculino coube a Mário Reis essa mudança, que abriria
portas para outros cantores como Noel Rosa (também compositor), Almirante e
Jonjoca.
O
sucesso dos discos de Mário Reis chamou a atenção dos críticos musicais. A revista
Phono-Arte, especializada em música, publicou em seu exemplar de dezembro de
1928, um artigo sobre o jovem cantor, a quem considerava um principiante, de
muito talento.
Músicas Odeon para o Carnaval de 1929 Phono-Arte, 15 de fevereiro de 1929, nº 13 Arquivo Nirez |
Em
homenagem a Mário Reis, trago as 24 primeiras gravações que ele fez na Odeon entre
1928 e 1929, com informações. Também apresento o artigo de Phono-Arte sobre o início de sua
carreira, que ganhava muita projeção em dezembro de 1928.
Obs. Grafia e pontuação originais.
Phono-Arte, 15-30 de dezembro de 1928, nº 9-10. Arquivo Nirez |
FIGURAS DE NOSSA MUSICA
MARIO REIS
“Mario
Reis, é um dos mais finos interpretes de nossa musica popular. Não é um
artista, pois sua carreira é bem curta. Consideramol-o apenas um principiante,
mas, um principiante que começou com o pé direito.
Não
se fazendo um cantor, não procurando methodos para o aperfeiçoamento de suas
qualidades vocaes, elle sem o menor esforço, collocou-se rapidamente numa
posição destacada e extraordinariamente sympathica. Cantando com a maior
naturalidade, simplificando ao maximo a expressão de seu cantar, Mario Reis se
tornou facilmente: o mais perfeito interprete do samba nacional.
A
mais caracteristica de todas as modalidades de nossa musica popular, encontra
assim, na simplicidade do estylo de Mario Reis, o seu melhor coadjuctor de successo.
Quem
é o dono de tão sympathica voz? Quem é este cantor que tão agradavelmente surprehendeu
os admiradores de nossa musica popular?
Mario
Reis é um moço sympathico, distincto, fino elemento de nossa melhor sociedade.
Aprendeu a cantar ao violão, com o popular Sinhô. Aprendeu apenas para se
distrahir. Nunca pensou que algum dia, chegasse a ser ouvido por um publico immenso.
Sinhô
descobriu em seu jovem discipulo, qualidades especiaes para a interpretação de
sua musica e ensinou-lhe com o maior carinho.
Mario
Reis, assimilou admiravelmente a idéa do seu professor e adoptou uma maneira de
cantar simples, clara e interessantissima. Em pouco mais de um anno, entava
formado o interprete fino e original, que hoje todos tem occasião de apreciar.
As
primeiras audições de Mario Reis, foram particulares. E seriam sempre, si o
phonographo não o descobrisse. Não pensando em se tornar um artista, não
cogotando pisar um palco, poucos certamente, tiveram occasião de ouvil-o.
Mas,
o phonographo, descobriu-o. E o jovem cantor, que nunca pensara em defrontar um
publico de theatro, faz frente agora a um outro, mil vezes maior: o publico do
phonographo, o que equivale a dizer, o publico em geral.
Mario
Reis appareceu pela primeira vez, cantando dous sambas de Sinhô: Que vale a
nota sem o carinho da mulher, era um deles. Samba de grande voga ha tres mezes,
contribuiu para que todos ouvissem o interprete, mesmo os que buscavam o disco
com a musica. Surpreza geral foi o que se notou. Commentarios interessantes
foram ouvodos a respeito do novo cantor, que em seu modo de interpretar seguia
um methodo bem differente do de seus predecessores. Como toda a inovação, esta
foi reparada, julgada. E, em regra geral, agradou immensamente.
Hoje,
Mario Reis vae para o seu quarto disco, para a sua oitava audição publica. Vae
dar o seu quarto recital phonographico, após um sucesso estrondoso com o samba
da moda: Jura!
Até
agora só cantou as peças de Sinhô. Seis peças, seis sucessos. Parece, no
entanto, que vae extender o seu repertorio. Vae cantar algumas peças de outros
autores, mas, sempre ‘sambas’.
Em
summa, Mario Reis, é o interprete previlegiado do ‘samba’ e nesse genero elle próprio
quer se especializar. Esse desejo do sympathico cantor, tem de nós a mais
franca acolhida. Que cada um de nossos interpretes, siga o seu exemplo e
teremos para breve, um inegualavel nucleo de artistas populares. É necessario
explorar bem, individualmente, os pittorescos e múltiplos recantos de nosso
fol-clore musical.
Mario
Reis, encontrou no disco o seu successo e ao disco elle offerece a sua exclusividade,
por intermedio da ‘Odeon’. Esta fabrica, tem até agora sido o emprezario
permanente de seus recitaes phonographicos. Possue os seus tres primeiros
discos e vae nos offerece mais uma série delles d´ora em diante”.
Phono-Arte, 30 de agosto de 1928, nº 02 Arquivo Nirez |
QUE
VALE A NOTA SEM O CARINHO DA MULHER
Samba
de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
de dois Violões
Disco
Odeon 10.224-A, matriz 1741-I
Lançado
em agosto de 1928
CARINHOS
DE VOVÔ
Romance
de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
de dois Violões
Disco
Odeon 10.224-B, matriz 1740
Lançado
em agosto de 1928
SABIÁ
Canção
Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
de dois Violões
Disco
Odeon 10.257-A, matriz 1935
Lançado
em outubro de 1928
Obs.
Na verdade é um samba.
DEUS
NOS LIVRE DO CASTIGO DAS MULHERES
Samba
de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
de dois Violões
Disco
Odeon 10.257-B, matriz 1936
Lançado
em outubro de 1928
JURA
Samba
de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.278-A, matriz 2070
Lançado
em novembro de 1928
GOSTO
QUE ME ENROSCO
Samba
de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
de dois Violões
Disco
Odeon 10.278-B, matriz 2003
Lançado
em novembro de 1928
VOU
À PENHA
Samba
de Ary Barroso
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.298-A, matriz 2078-I
Lançado
em dezembro de 1928
MARGOT
Samba
de Alfredo Demerval
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.298-B, matriz 2082
Lançado
em dezembro de 1928
DORINHA
MEU AMOR
Samba
de José Francisco de Freitas
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.299-A, matriz 2126
Lançado
em dezembro de 1928
VOU
ME VINGAR
Samba
de José Luís de Moraes (Caninha)
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.299-B, matriz 2127
Lançado
em dezembro de 1928
Phono-Arte, 15 de fevereiro de 1929, nº 13 Arquivo Nirez |
Phono-Arte, 15 de março de 1929, nº 15 Arquivo Nirez |
VADIAGEM
Samba
de Francisco Alves
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.307-A, matriz 2230
Lançado
em janeiro de 1929
SORRISO
FALSO
Samba
de Amor de Cícero de Almeida (Baiano)
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.307-B, matriz 2207
Lançado
em janeiro de 1929
PERDÃO
Samba
de Francisco Alves
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.309-A, matriz 2202
Lançado
em janeiro de 1929
MEU
AMOR VOU TE DEIXAR
Samba
de Orlando Vieira
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.309-B, matriz 2208
Lançado
em janeiro de 1929
NOVO
AMOR
Samba
de Ismael Silva
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.357-A, matriz 2400
Gravado
em 27 de fevereiro de 1929 e lançado em abril de 1929
O
DESTINO DEUS É QUEM DÁ
Samba
de Nilton Bastos
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.357-B, matriz 2405
Gravado
em 27 de fevereiro de 1929 e lançado em abril de 1929
VAI
MESMO
Samba
de Heitor dos Prazeres
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.387-A, matriz 2517
Lançado
em maio de 1929
CARGA
DE BURRO
Samba
de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.387-B, matriz 2518
Lançado
em maio de 1929
VAMOS
DEIXAR DE INTIMIDADE
Samba
de Ary Barroso
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.414-A, matriz 2605-I
Lançado
em junho de 1929
É
TÃO BONITINHA
Samba
de Henrique Vogeler
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.414-B, matriz 2655
Lançado
em junho de 1929
A
MEDIDA DO SENHOR DO BOMFIM
Samba
de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.459-A, matriz 2814-1
Lançado
em agosto de 1929
CANSEI
Samba
Canção de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.459-B, matriz 2813
Lançado
em agosto de 1929
DEIXASTE
MEU LAR
Samba
de Heitor dos Prazeres e Francisco Alves
Gravado
por Mário Reis
Disco
Odeon 10.506-A, matriz 3037
Lançado
em dezembro de 1929
PODES
SORRIR
Samba
de Alfredo Dermeval
Gravado
por Mário Reis
Disco
Odeon 10.506-B, matriz 3034
Lançado
em dezembro de 1929
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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