terça-feira, 22 de outubro de 2019

PATÁPIO SILVA - 139 ANOS

PATÁPIO SILVA
"Ao sympathico amigo M. Tapajós Gomes. Affectuosa lembrança do Pattapio.
S. Paulo, 14 - VII - 096"
Arquivo Nirez



Há 139 anos nascia o flautista e compositor PATÁPIO SILVA.

Patápio Silva nasceu em Itaocara (RJ), em 22 de outubro de 1880. Era filho de Amélia Medina da Silva e do barbeiro Bruno José da Silva.

Com a família indo morar na cidade mineira de Cataguases, passou a aprender o ofício do pai, no qual trabalhou desde os doze anos de idade. Interessado, desde pequeno, pela música, aprendeu a tocar flauta de folha-de-flandres. Aos quatorze anos, estudou solfejo e teoria musical. Tempos depois de ingressar na banda de música da cidade, deixou Cataguases e foi percorrer bandas de músicas pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em Campos ficou muito conhecido.

Após a morte de seu pai, sua mãe casou-se novamente, tendo três filhos do segundo casamento, que também se tornaram músicos: Lafaiete e Cícero Meneses (violonistas) e João Meneses (flautista).

Patápio Silva começou a atuar em Campos por volta de 1898, conquistando o posto de mestre da Lira Guarani. Com sua fama crescendo, transferiu-se em 1900 para o Rio de Janeiro, trabalhando como tipógrafo na Imprensa Nacional. Também trabalhou como impressor na Casa da Moeda.

No Rio de Janeiro, teve como mentor o flautista Duque Estrada Meyer, então professor do Instituto Nacional de Música, que considerava Patápio um “brilhante em bruto”, no qual decidiu lapidar.

Nesse período, começou a gravar vários discos para a Casa Edison, “por preços irrisoriamente pagos”, segundo seu irmão Cícero.

Patápio era um músico estudioso e obstinado, realizando em dois anos o curso que era previsto para ser realizado em seis, no Instituo Nacional de Música, sendo aprovado com distinção, no exame final, realizado em 1902.

Entre 1904 e 1906, foi contratado por Fred Figner para gravar na Casa Edison. Seu primeiro disco trazia a peça de José White, Zamacueca, sendo acompanhado ao violino por Serpa. Também gravou Noturno nº1, de Chopin. Ainda gravaria, de sua autoria, Variações de flauta, e a valsa Primeiro Amor, um grande sucesso em sua carreira e considerada clássico do repertório flautístico. Nesse mesmo ano, gravaria a bela polca Só para moer, de Viriato Figueira da Silva. Ao todo foram quase vinte músicas gravadas.

Chegou a se apresentar no Palácio do Catete para o então presidente Afonso Pena. Desejando viajar para a Europa, visando aperfeiçoar seus estudos, iniciou uma turnê pelos estados brasileiros, juntando recursos para a viagem. Obteve sucesso em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, recebendo boas críticas dos principais jornais. No interior de São Paulo, apresentou-se ao lado do futuro compositor Marcelo Tupinambá, ainda um adolescente de 15-16 anos, que o acompanhou ao piano.

Após uma brilhante apresentação em um concerto em Florianópolis, contraiu difteria, falecendo cindo dias depois, nessa mesma cidade, em 24 de abril de 1907, aos 26 anos de idade. O Governo de Santa Catarina se encarregou de seu funeral.


PATÁPIO SILVA
Arquivo Nirez


Patápio Silva deixou algumas composições que não haviam sido gravadas, peças principalmente para flauta e piano. Porém, muitas delas foram gravadas posteriormente.

Apesar de sua curta existência, Patápio Silva deixou sua marca registrada na história de nossa música, sendo considerado até hoje um de nossos maiores flautistas.


Trago algumas de suas gravações, realizadas no começo do século XX na Casa Edison.



ZAMACUECA
De José White
Gravada por Patápio Silva na flauta e Serpa ao violino
Disco Odeon Record 40.012
Matriz RX-264
Lançado em 1904



VARIAÇÕES DE FLAUTA
De Patápio Silva
Gravada por Patápio Silva na flauta
Disco Odeon Record 40.041, matriz RX-37
Lançado em 1904



ALEGRO
De Adolf Terschak
Gravado por Patápio Silva na flauta
Disco Odeon Record 40.043, matriz RX-41
Lançado em 1904



MARGARIDA
Mazurca de Patápio Silva
Gravada por Patápio Silva na flauta
Disco Odeon Record 40.045, matriz RX-39
Lançado em 1904



SÓ PARA MOER
Polca de Viriato Figueira da Silva
Gravada por Patápio Silva na flauta
Disco Odeon Record 40.047, matriz RX-40
Lançado em 1904



SERENATA ORIENTAL
Serenata de Ernesto Köeler
Gravada por Patápio Silva na flauta
Disco Odeon Record 40.049, matriz RX-42
Lançado em 1904





ALVORADA DAS ROSAS
De Júlio Reis
Gravada por Patápio Silva na flauta
Disco Odeon Record 40.051, matriz RX-62
Lançado em 1904



PRIMEIRO AMOR
Valsa de Flauta de Patápio Silva
Gravada por Patápio Silva na flauta
Disco Odeon Record 40.053, matriz RX-63
Lançado em 1904



SERENATA DE SCHUBERT
Serenata de Franz Schubert
Gravada por Patápio Silva na flauta
Disco Odeon Record 40.087, matriz RX-90
Lançado em 1904



SERENATA DE BRAGA
Serenata de Gaetano Braga
Gravada por Patápio Silva na flauta
Disco Odeon Record 40.242, matriz RX-180
Lançado em 1904



ZINHA
Polca Patápio Silva
Gravada por Patápio Silva na flauta
Disco Odeon Record 10.011, matriz RX-33
Lançado em 1904















Agradecimento ao Arquivo Nirez

Fonte: dicionariompb.com.br

























sábado, 5 de outubro de 2019

MÁRIO REIS - 38 ANOS DE SAUDADE


MÁRIO REIS
Revista Phono-Arte 15-30 de Dezembro de 1929, nº 9-10.
Arquivo Nirez



Um de nossos cantores mais prestigiados, de grande importância para nossa música popular é, sem dúvida, MÁRIO REIS.

Há 38 anos ele falecia, levando consigo uma rica história de décadas dedicadas à música popular brasileira.

Mário da Silveira Reis nasceu no Rio de Janeiro em 31 de dezembro de 1907, falecendo nessa mesma cidade em 05 de outubro de 1981, aos 73 anos de idade.

Mário Reis foi descoberto como cantor pelo compositor carioca José Barbosa da Silva, o Sinhô, que era seu professor de violão. Sinhô, percebendo o talento do jovem rapaz, tratou de leva-lo para gravar um disco na Odeon, no primeiro semestre de 1928. O disco seria lançado em agosto e trazia as composições de Sinhô, Que vale a nota sem o carinho da mulher?, samba, e o romance Carinhos de Vovô.

De início, Mário Reis já chamou a atenção, pois não tinha o vozeirão dos cantores da época, como Francisco Alves, Vicente Celestino, Sylvio Vieira, Roberto Vilmar, entre outros. Sua voz era pacata, de pouca extensão, porém, melodiosa e com muita bossa. Se entre as mulheres, Stefana de Macedo e Carmen Miranda mudaram a forma de cantar, no meio masculino coube a Mário Reis essa mudança, que abriria portas para outros cantores como Noel Rosa (também compositor), Almirante e Jonjoca.

O sucesso dos discos de Mário Reis chamou a atenção dos críticos musicais. A revista Phono-Arte, especializada em música, publicou em seu exemplar de dezembro de 1928, um artigo sobre o jovem cantor, a quem considerava um principiante, de muito talento.


Músicas Odeon para o Carnaval de 1929
 Phono-Arte, 15 de fevereiro de 1929, nº 13
Arquivo Nirez

Em homenagem a Mário Reis, trago as 24 primeiras gravações que ele fez na Odeon entre 1928 e 1929, com informações. Também apresento o artigo de Phono-Arte sobre o início de sua carreira, que ganhava muita projeção em dezembro de 1928.

Obs. Grafia e pontuação originais.





Phono-Arte, 15-30 de dezembro de 1928, nº 9-10.
Arquivo Nirez



FIGURAS DE NOSSA MUSICA

MARIO REIS


“Mario Reis, é um dos mais finos interpretes de nossa musica popular. Não é um artista, pois sua carreira é bem curta. Consideramol-o apenas um principiante, mas, um principiante que começou com o pé direito.

Não se fazendo um cantor, não procurando methodos para o aperfeiçoamento de suas qualidades vocaes, elle sem o menor esforço, collocou-se rapidamente numa posição destacada e extraordinariamente sympathica. Cantando com a maior naturalidade, simplificando ao maximo a expressão de seu cantar, Mario Reis se tornou facilmente: o mais perfeito interprete do samba nacional.

A mais caracteristica de todas as modalidades de nossa musica popular, encontra assim, na simplicidade do estylo de Mario Reis, o seu melhor coadjuctor de successo.

Quem é o dono de tão sympathica voz? Quem é este cantor que tão agradavelmente surprehendeu os admiradores de nossa musica popular?

Mario Reis é um moço sympathico, distincto, fino elemento de nossa melhor sociedade. Aprendeu a cantar ao violão, com o popular Sinhô. Aprendeu apenas para se distrahir. Nunca pensou que algum dia, chegasse a ser ouvido por um publico immenso.

Sinhô descobriu em seu jovem discipulo, qualidades especiaes para a interpretação de sua musica e ensinou-lhe com o maior carinho.

Mario Reis, assimilou admiravelmente a idéa do seu professor e adoptou uma maneira de cantar simples, clara e interessantissima. Em pouco mais de um anno, entava formado o interprete fino e original, que hoje todos tem occasião de apreciar.

As primeiras audições de Mario Reis, foram particulares. E seriam sempre, si o phonographo não o descobrisse. Não pensando em se tornar um artista, não cogotando pisar um palco, poucos certamente, tiveram occasião de ouvil-o.

Mas, o phonographo, descobriu-o. E o jovem cantor, que nunca pensara em defrontar um publico de theatro, faz frente agora a um outro, mil vezes maior: o publico do phonographo, o que equivale a dizer, o publico em geral.

Mario Reis appareceu pela primeira vez, cantando dous sambas de Sinhô: Que vale a nota sem o carinho da mulher, era um deles. Samba de grande voga ha tres mezes, contribuiu para que todos ouvissem o interprete, mesmo os que buscavam o disco com a musica. Surpreza geral foi o que se notou. Commentarios interessantes foram ouvodos a respeito do novo cantor, que em seu modo de interpretar seguia um methodo bem differente do de seus predecessores. Como toda a inovação, esta foi reparada, julgada. E, em regra geral, agradou immensamente.

Hoje, Mario Reis vae para o seu quarto disco, para a sua oitava audição publica. Vae dar o seu quarto recital phonographico, após um sucesso estrondoso com o samba da moda: Jura!

Até agora só cantou as peças de Sinhô. Seis peças, seis sucessos. Parece, no entanto, que vae extender o seu repertorio. Vae cantar algumas peças de outros autores, mas, sempre ‘sambas’.
Em summa, Mario Reis, é o interprete previlegiado do ‘samba’ e nesse genero elle próprio quer se especializar. Esse desejo do sympathico cantor, tem de nós a mais franca acolhida. Que cada um de nossos interpretes, siga o seu exemplo e teremos para breve, um inegualavel nucleo de artistas populares. É necessario explorar bem, individualmente, os pittorescos e múltiplos recantos de nosso fol-clore musical.

Mario Reis, encontrou no disco o seu successo e ao disco elle offerece a sua exclusividade, por intermedio da ‘Odeon’. Esta fabrica, tem até agora sido o emprezario permanente de seus recitaes phonographicos. Possue os seus tres primeiros discos e vae nos offerece mais uma série delles d´ora em diante”.



Phono-Arte, 30 de agosto de 1928, nº 02
Arquivo Nirez


QUE VALE A NOTA SEM O CARINHO DA MULHER
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento de dois Violões
Disco Odeon 10.224-A, matriz 1741-I
Lançado em agosto de 1928



CARINHOS DE VOVÔ
Romance de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento de dois Violões
Disco Odeon 10.224-B, matriz 1740

Lançado em agosto de 1928



 Phono-Arte, 15 de outubro de 1928, nº 05
Arquivo Nirez


SABIÁ
Canção Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento de dois Violões
Disco Odeon 10.257-A, matriz 1935
Lançado em outubro de 1928

Obs. Na verdade é um samba.



DEUS NOS LIVRE DO CASTIGO DAS MULHERES
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento de dois Violões
Disco Odeon 10.257-B, matriz 1936
Lançado em outubro de 1928




Phono-Arte, 15 de novembro de 1928, nº 07
Arquivo Nirez


JURA
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.278-A, matriz 2070
Lançado em novembro de 1928



GOSTO QUE ME ENROSCO
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento de dois Violões
Disco Odeon 10.278-B, matriz 2003
Lançado em novembro de 1928




Phono-Arte, 15 de janeiro de 1929, nº 11
Arquivo Nirez


VOU À PENHA
Samba de Ary Barroso
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.298-A, matriz 2078-I
Lançado em dezembro de 1928



MARGOT
Samba de Alfredo Demerval
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.298-B, matriz 2082
Lançado em dezembro de 1928



DORINHA MEU AMOR
Samba de José Francisco de Freitas
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.299-A, matriz 2126
Lançado em dezembro de 1928



VOU ME VINGAR
Samba de José Luís de Moraes (Caninha)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.299-B, matriz 2127
Lançado em dezembro de 1928




Phono-Arte, 15 de fevereiro de 1929, nº 13
Arquivo Nirez


 Phono-Arte, 15 de março de 1929, nº 15
Arquivo Nirez


VADIAGEM
Samba de Francisco Alves
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.307-A, matriz 2230
Lançado em janeiro de 1929



SORRISO FALSO
Samba de Amor de Cícero de Almeida (Baiano)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.307-B, matriz 2207
Lançado em janeiro de 1929



PERDÃO
Samba de Francisco Alves
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.309-A, matriz 2202
Lançado em janeiro de 1929



MEU AMOR VOU TE DEIXAR
Samba de Orlando Vieira
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.309-B, matriz 2208
Lançado em janeiro de 1929



NOVO AMOR
Samba de Ismael Silva
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.357-A, matriz 2400
Gravado em 27 de fevereiro de 1929 e lançado em abril de 1929




Phono-Arte, 15 de maio de 1929, nº 19
Arquivo Nirez


O DESTINO DEUS É QUEM DÁ
Samba de Nilton Bastos
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.357-B, matriz 2405
Gravado em 27 de fevereiro de 1929 e lançado em abril de 1929




Phono-Arte, 30 de junho de 1929, nº 22
Arquivo Nirez


VAI MESMO
Samba de Heitor dos Prazeres
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.387-A, matriz 2517
Lançado em maio de 1929



CARGA DE BURRO
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.387-B, matriz 2518
Lançado em maio de 1929




Phono-Arte, 30 de julho de 1929, nº 24
Arquivo Nirez


VAMOS DEIXAR DE INTIMIDADE
Samba de Ary Barroso
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.414-A, matriz 2605-I
Lançado em junho de 1929



É TÃO BONITINHA
Samba de Henrique Vogeler
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.414-B, matriz 2655
Lançado em junho de 1929




Phono-Arte, 30 de setembro de 1929, nº 28
Arquivo Nirez


A MEDIDA DO SENHOR DO BOMFIM
Samba de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.459-A, matriz 2814-1
Lançado em agosto de 1929



CANSEI
Samba Canção de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Gravado por Mário Reis
Acompanhamento da Orquestra Pan American
Disco Odeon 10.459-B, matriz 2813
Lançado em agosto de 1929




Phono-Arte 30 de dezembro de 1929, nº 34
Arquivo Nirez


DEIXASTE MEU LAR
Samba de Heitor dos Prazeres e Francisco Alves
Gravado por Mário Reis
Disco Odeon 10.506-A, matriz 3037
Lançado em dezembro de 1929



PODES SORRIR
Samba de Alfredo Dermeval
Gravado por Mário Reis
Disco Odeon 10.506-B, matriz 3034

Lançado em dezembro de 1929













Agradecimento ao Arquivo Nirez










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