sexta-feira, 23 de agosto de 2024

VICENTE CELESTINO - 56 ANOS DE SAUDADE


VICENTE CELESTINO
Jornal de Theatro e Sport, 1921
http://memoria.bn.br





Há 56 anos falecia o cantor, compositor e ator VICENTE CELESTINO, A Voz Orgulho do Brasil.

Antônio Vicente Felipe Celestino nasceu no Rio de Janeiro em 12 de setembro de 1894, na Rua Paraíso, em Santa Teresa. Seus pais eram imigrantes da região da Calábria (Itália), e chegaram ao Brasil dois anos antes da criança nascer.


Tinha cinco irmãos e cinco irmãs. Seus irmãos também seguiram carreira artística: João (galã cômico), Pedro (tenor), Radamés (barítono) e Antônio (baixo) e Amadeu (cantor e ator).  

Vicente Celestino trabalhou em vários locais, como na sapataria de seu pai, em uma fábrica de guarda-chuvas em 1905, indo  trabalhar como servente de pedreiro, em 1906, e retornando à sapataria de seu pai, em 1910.

Com apenas oito anos de idade, em 1902, começou a cantar no grupo Pastorinhas da Ladeira Viana, participando em 1903 do coro infantil da ópera Carmen, de Bizet, no Teatro Lírico. Na ocasião, o grande tenor italiano Enrico Caruso, entusiasmado com o pequeno Vicente, convidou-o para estudar na Itália, porém, o pai do menino não autorizou sua ida.

A decisão de seguir carreira de cantor veio aos 11 anos de idade, quando gostava de ouvir Eduardo das Neves no Passeio Público. Em 1912, deu início à sua carreira no palco atuando no Grupo dos Cartolas, formado por amigos do bairro da Saúde, que montaram uma a peça Vida de Artista, onde ele cantava um solo em público pela primeira vez. A partir de então, abandonou a sapataria e passou a cantar em festas, serenatas e casas de chope.

Quando cantava em uma casa de chope foi visto por Alvarenga Fonseca que lhe ofereceu trabalho na Companhia Nacional de Revistas, onde era diretor, que Vicente aceitou.

Em pouco tempo, estava na prestigiada Companhia do Teatro São José, atuando em revistas ao lado de grandes nomes da época como Pepa Delgado, Cecília Porto, Alfredo Silva, e sua esposa Laura Godinho, Júlia Martins, entre outros. Ao lado de Pepa Delgado, que lhe incentivava a carreira, atuou em duetos nos palcos do São José.


Vicente Celestino ao centro.
Jornal de Theatro e Sport, 1917
http://memoria.bn.br


Vicente Celestino à direita de quem olha a foto.
Os demais: Augusto Aníbal, Mathilde Costa e Albertina Rodrigues.
No destaque: Reynaldo Teixeira.
Fon Fon, 1921
http://memoria.bn.br

Seu prestígio como tenor aumentava e em 1916 ele gravou seu primeiro disco pela Casa Edison, com o selo Odeon Record. Trazia as valsas Flor do Mal, de Domingos Correia e Santos Coelho, e Os Que Sofrem, de Armando Oliveira e Alfredo Gama. Flor do Mal fez grande sucesso, em parte pelo fato da história da música: a atriz Arminda Santos tinha um caso amoroso com Domingos Correia. Ao romper com o amante, este se matou deixando os versos da valsa, no qual citava o nome de Arminda. Santos Coelho colocou melodia na letra, tornando-a um sucesso.

Vicente Celestino gravou vários discos no final da década de 1910 e no período da era mecânica de gravações. Em 1917 gravou o Hino Nacional Brasileiro, de Francisco Manoel da Silva e Osório Duque Estrada, e o Hino à Bandeira, de Francisco Braga e Olavo Bilac.

Gravaria também em dueto com artistas como Laís Areda, com quem fazia duetos nos palcos das operetas. Com Laís gravou três músicas, entre elas, a canção Paixão de Artista em 1922, de Eduardo Souto, da opereta do mesmo nome.

Com o advento das gravações elétricas, em 1927, Vicente Celestino deu início a uma nova fase, a partir de 1928, onde gravava canções dos palcos onde atuava e também composições que cantaria no rádio e no cinema, algumas de sua autoria, com muito sucesso.

Falaremos dessa fase na próxima postagem.

Vicente Celestino, que era casado desde 1933 com a cantora e atriz Gilda de Abreu, faleceu em 23 de agosto de 1968, pouco antes de completar 74 anos de idade.


Trago vinte e cinco gravações realizadas por ele na fase mecânica, entre 1916 e 1926, quando ele iniciava e firmava sua carreira no teatro de revista e no disco. Nelas já podemos imaginar o porquê dele ser considerado A Voz Orgulho do Brasil.




FLOR DO MAL
Valsa de Domingos Correia e Santos Coelho
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento de Cavaquinho e Violão
Disco Odeon Record 121.052
Lançado em 1916



OS QUE SOFREM
Valsa de Armando Oliveira e Alfredo Gama
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento de Cavaquinho e Violão
Disco Odeon Record 121.053
Lançado em 1916





PERDÃO DE UM CORAÇÃO
Modinha de Pedro Borges - Catullo da Paixão Cearense
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento de Cavaquinho e Violão
Disco Odeon Record 121.116
Lançado em fevereiro de 1916





FEITICEIRA
Modinha de Mário de Oliveira e Catullo da Paixão Cearense
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento de Cavaquinho e Violão
Disco Odeon Record 121.117
Lançado em fevereiro de 1916





O CAPIM MAIS MIMOSO
Canção Sertaneja
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento de Orquestra e Coro
Disco Odeon Record 121.316
Gravado e lançado em 1917





O SERESTEIRO
Canção
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento de Conjunto e Coro
Disco Odeon Record 121.319
Gravado e lançado em 1917





HINO NACIONAL BRASILEIRO
Hino de Francisco Manoel da Silva e Osório Duque Estrada
Gravado por Vicente Celestino
Acompanhamento da Banda do Batalhão Naval e Coro
Disco Odeon Record 121.342
Gravado e lançado em 1917



HINO À BANDEIRA
Hino de Francisco Braga e Olavo Bilac
Gravado por Vicente Celestino
Acompanhamento da Banda do Batalhão Naval e Coro
Disco Odeon Record 121.343, matriz P-10
Gravado e lançado em 1917



QUEBREI A JURA
Canção de P. Guerra e Catullo da Paixão Cearense
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento de Cavaquinho e Violão
Disco Odeon Record 121.372
Gravado e lançado em 1917





VAI MEU AMOR AO CAMPO SANTO
Canção de Irineu de Almeida e Catullo da Paixão Cearense
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento de Cavaquinho e Violão
Disco Odeon Record 121.373
Gravado e lançado em 1917





AO TRONO SANTO DO CRIADOR
Canção de Cândido Silva (Candinho) e Inácio Raposo
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento de Cavaquinho e Violão
Disco Odeon Record 121.378
Gravado e lançado em 1917





CANÇÃO MILITAR (CAPITÃO CAÇULA)
Marcha de Teófilo de Magalhães e Alberto Martins
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento da Banda do Batalhão Naval
Disco Odeon Record 121.430
Lançado em 1918





PAIXÃO DE ARTISTA
Canção de Eduardo Souto
Gravada por Vicente Celestino
Disco Odeon Record 122.029
Lançado em 1922





PAIXÃO DE ARTISTA
Dueto de Eduardo Souto
Gravada por Vicente Celestino e Laís Areda
Disco Odeon Record 122.084
Lançado em 1922





TRISTE CARNAVAL
Valsa de Américo Jacomino (Canhoto) e Arlindo Leal
Gravada por Vicente Celestino
Disco Odeon Record 122.214
Lançado em 1922





ATÉ AS FLORES MENTEM
Canção de Joventino Rosas e Catullo da Paixão Cearense
Gravada por Vicente Celestino
Disco Odeon Record 122.215
Lançado em 1922





O CIGANO
Fox Trot Sertanejo de Marcelo Tupinambá e João do Sul
Gravado por Vicente Celestino
Disco Odeon Record 122.748
Lançado em 1924





CAIUBY
Canção de Pedro de Sá Pereira
Gravada por Vicente Celestino
Disco Odeon Record 122.749
Lançado em 1924





PRINCESA DOS DÓLARES - ENTRADA DE HANS
De Leo Fall
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento de Orquestra
Disco Odeon Record 122.764
Lançado em 1925





DUQUESA DE BAL TABARIN - ENTRADA DO PRÍNCIPE
De Lombardo
Gravada por Vicente Celestino
Disco Odeon Record 122.766
Lançado em 1925





COMO É BELO AMAR
Canção de Verdi de Carvalho
Gravada por Vicente Celestino
Disco Odeon Record 122.792
Lançado em 1925





PRESO POR UM OLHAR
Romanza de Verdi de Carvalho
Gravada por Vicente Celestino
Disco Odeon Record 122.794
Lançado em 1925





MAZURCA AZUL
Serenata de Franz Lehar
Gravada por Vicente Celestino
Disco Odeon Record 122.795
Lançado em 1925





CANÇÃO PRAIANA
Canção de Marcelo Tupinambá e Filemon Assunção
Gravada por Vicente Celestino
Disco Odeon Record 123.036
Gravado e lançado em 1926





COLOMBINA
Canção de Marcelo Tupinambá e Manoel do Carmo
Gravada por Vicente Celestino
Disco Odeon Record 123.037
Gravado e lançado em 1926













Agradecimento ao Arquivo Nirez










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