Vamos relembrar o compositor e flautista JOAQUIM
CALLADO.
Joaquim Antônio da Silva Callado Jr. nasceu no Rio de Janeiro em 11 de julho de 1848, sendo filho de Matilde Joaquina de Sousa Callado e Joaquim Antônio da Silva Callado. Seu pai tocava cornetim e era professor de música e mestre da banda Sociedade União de Artistas, sendo também pintor da Sociedade Carnavalesca Zuavos.
Joaquim
Callado casou-se com Feliciana Adelaide Callado. O casal teve cinco filhos,
Leonor, Alice, Luísa, Elvira e Artur. Viviam em uma casa modesta situada à Rua
Visconde de Itaúna, nº40, no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Todos
os estudiosos da música popular brasileira consideram Joaquim Callado como a
figura de proa na implementação e fixação do Choro, nos últimos vinte anos do
Império no Brasil, segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.
Callado foi pioneiro, e pode ser considerado o criador do Choro, ao incorporar
violões e cavaquinhos, instrumentos comuns aos conjuntos da época.
Ele
criou O Choro de Callado, grupo que era constituído por um instrumento solista,
a flauta, dois violões e um cavaquinho. Era exigido dos três instrumentais de
corda boa capacidade de improvisar sobre o acompanhamento harmônico. Callado
trabalhou com inúmeros instrumentistas, que se destacaram na fase de fixação da
nova maneira de interpretar modinhas, lundus, valsas e polcas.
Entre
os chorões com quem conviveu, destacam-se os flautistas Viriato (seu grande
amigo), Luisinho, Bacuri, Inacinho Flauta, Soares Caixa-de-fósforos, Artur
Fluminense; os violonistas Juca Vale, Manduca do Catumbi, Capitão Rangel e o cavaquinhista
Zuzu Cavaquinho.
Joaquim
Callado iniciou seus estudos musicais (piano e flauta) possivelmente com o pai.
Em 1856, iniciou seus estudos de composição e regência com o maestro Henrique
Alves de Mesquita. Destacando-se com a flauta, Callado tornou-se um virtuoso
muito popular no Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX. Ainda muito
jovem, começou a trabalhar como músico profissional, tocando em festas e
bailes.
Provavelmente,
sua primeira exibição em uma sala de concertos, como flautista, tenha ocorrido
em julho de 1866, numa apresentação para a família imperial no Teatro Ginásio
Dramático.
Compôs
sua primeira música, Querosene, em
1863. Com 19 anos de idade, obteve seu primeiro sucesso com a quadrilha Carnaval de 1867.
Em
13 de janeiro de 1869, Callado conseguiu, pela primeira vez, ver publicada uma
composição sua, a polca Querida por Todos, dedicada à sua amiga a compositora
Chiquinha Gonzaga.
Diario de S. Paulo, 21 de abril de 1869, p.03 http://memoria.bn.br/ |
Correio Paulistano, 21 de abril de 1869, p.03 http://memoria.bn.br/ |
Durante
a década de 1870, ele conquistaria muitas vitórias profissionais. Foi nessa
época que várias de suas composições foram publicadas, como a polca Linguagem do Coração, em 1872 e Cruzes, Minha Prima, em 1875, que foi
uma das músicas de maiores sucesso do final do século XIX.
Correio Paulistano, 16 de julho de 1872, p.03 http://memoria.bn.br/ |
Jornal do Commercio, 06 de agosto de 1872, p.02 http://memoria.bn.br/ |
Jornal do Commercio, 11 de agosto de 1874, p.05 http://memoria.bn.br/ |
Jornal do Commercio, 07 de maio de 1876, p.06 http://memoria.bn.br/ |
O Globo, 11 de maio de 1876, p.04 http://memoria.bn.br/ |
Em
1873, ele foi o responsável pela primeira vez em concerto do gênero lundu,
gênero musical até então tido como música de escravos. Sua obra Lundu Característico obteve tanto
sucesso que, segundo o pesquisador Vasco Mariz, “lhe rendeu a nomeação para a
cadeira de flauta do Imperial Conservatório de Música”.
Alcançando
grande prestígio, em 1879 foi condecorado com a Ordem da Rosa, no grau de
Comendador, junto com outros professores do Conservatório. Esta era a mais alta
condecoração oferecida pelo Império.
Ele
também foi nomeado professor de música do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de
Janeiro, por intermédio de seu padrinho, o marechal-de-campo José Basileu Neves
Gonzaga, pai de sua amiga Chiquinha Gonzaga.
Logo
após o Carnaval de 1880, o Rio de Janeiro sofreu uma epidemia de meningite. Joaquim
Callado contraiu a doença, vindo a falecer em 20 de março de 1880, no Rio de
Janeiro, meses antes de completar 32 anos. Ele foi sepultado no dia 21, em uma
cova rasa, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.
Em 27 de julho
de 1885, alguns músicos organizaram um recital no Teatro D. Pedro II, para
angariar fundos visando comprar uma modesta casa na Rua do Conde, para a
família do compositor e também uma sepultura junto à de seu amigo Viriato, no
Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.
Um
mês após sua morte, foi publicada sua última composição, a polca Flor Amorosa,
que se tornou um clássico da música popular brasileira e sua obra mais
conhecida, recebendo versos de Catullo da Paixão Cearense.
Gazeta de Notícias, 16 de abril de 1880, p.02 http://memoria.bn.br/ |
Revista Musical e de Bellas Artes 1880 http://memoria.bn.br/ |
Revista Musical e de Bellas Artes 1880 http://memoria.bn.br/ |
Segundo
o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, Joaquim Callado elevou a
virtuosidade da flauta, imprimindo estilo próprio à execução desse instrumento,
tocando a melodia em rápidos saltos oitavados, de forma que os ouvintes
tivessem a impressão de estarem ouvindo duas flautas simultaneamente. Tornou-se
exemplo para toda uma escola de flautistas extraordinários, entre os quais,
Viriato, Patápio Silva, Nola, Plínio, Henrique Flauta, Pixinguinha, Benedito
Lacerda e Altamiro Carrilho.
Em
1999, foi exibida pela Rede Globo a minissérie Chiquinha Gonzaga, de Lauro
César Munis e Marcílio Moraes, baseada na vida da compositora e maestrina
Chiquinha Gonzaga. Ela seria interpretada pelas atrizes Gabriela Duarte e
Regina Duarte. Joaquim Callado seria interpretado pelo ator Norton Nascimento e
sua esposa, Feliciana, foi interpretada pela atriz Adriana Lessa. O maestro Henrique
Alves de Mesquita foi interpretado pelo ator Milton Gonçalves.
No
começo da década de 1900 as músicas de Joaquim Callado passaram a receber
gravações. Flor Amorosa foi a mais gravada, a partir de 1904 pelos Irmãos
Eymard, e em 1913, com os versos de Catullo, por Aristarco Dias Brandão. As gravações de Flor Amorosa contam também com a presença de Abigail Alessio Parecis, em 1929, e Francisco Carlos, em 1958.
Selo de Flor Amorosa, gravada pelos Irmãos Eymard Autógrafo da atriz Pepa Delgado (O disco pertencia a ela) Arquivo Marcelo Bonavides |
Trago
algumas dessas gravações, inclusive Linguagem do Coração, cuja gravação foi
feita por Pedro de Alcântara no flautim, sendo acompanhado pelo grande Ernesto
Nazareth ao piano.
Confiram também a gravações de Samba Característico e o sucesso Cruzes, Minha Prima, interpretadas pelo maestro Artur Camilo, ao piano.
LINGUAGEM DO CORAÇÃO
Polca
de Joaquim Callado
Gravada
por Pedro de Alcântara ao flautim
Acompanhamento
de Ernesto Nazareth ao piano
Disco
Odeon Record 108.789, matriz XR-1462
Lançado
em 1913
SAMBA CARACTERÍSTICO
De
Joaquim Callado
Gravado
por Artur Camilo ao piano
Disco
Odeon Record 120.525
Lançado
em 1913
CRUZES MINHA PRIMA
Polca
de Joaquim Calado
Gravada
por Agenor Bens na flauta
Acompanhamento
de Artur Camilo ao piano
Disco
Odeon Record 120.672
Lançado
em 1913
FLOR AMOROSA
Polca
de Joaquim Callado
Gravada
pelos Irmãos Eymard
Disco
Odeon Record 10.027, matriz R-3
Lançado
em 1904
FLOR AMOROSA
Modinha
de Joaquim Callado com versos de Catullo da Paixão Cearense
Gravada
por Aristarco Dias Brandão
Disco
Odeon Record 120.255, matriz XR-1812
Lançado
em março de 1913
FLOR AMOROSA
De
Joaquim Callado com versos de Catullo da Paixão Cearense
Gravada
por Abigail Alessio Parecis
Acompanhamento
de violão
Disco
Columbia 5.003-B, matriz 380023
Lançado
em fevereiro de 1929
FLOR AMOROSA
Choro
Canção de Joaquim Callado com versos de Catullo da Paixão Cearense
Gravado
por Francisco Carlos
Acompanhamento
de Bandinha
Disco
RCA Victor 80-1967-A, matriz 13-J2PB-0403
Gravado
em 06 de maio de 1958 e lançado em agosto
Agradecimento ao Arquivo Nirez
Nenhum comentário:
Postar um comentário