quinta-feira, 11 de julho de 2024

RELEMBRANDO JOAQUIM CALLADO

JOAQUIM CALLADO
Revista Illustrada, 03 de abril1880.
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Vamos relembrar o compositor e flautista JOAQUIM CALLADO.  

Joaquim Antônio da Silva Callado Jr. nasceu no Rio de Janeiro em 11 de julho de 1848, sendo filho de Matilde Joaquina de Sousa Callado e Joaquim Antônio da Silva Callado. Seu pai tocava cornetim e era professor de música e mestre da banda Sociedade União de Artistas, sendo também pintor da Sociedade Carnavalesca Zuavos.


Joaquim Callado casou-se com Feliciana Adelaide Callado. O casal teve cinco filhos, Leonor, Alice, Luísa, Elvira e Artur. Viviam em uma casa modesta situada à Rua Visconde de Itaúna, nº40, no centro da cidade do Rio de Janeiro.

Todos os estudiosos da música popular brasileira consideram Joaquim Callado como a figura de proa na implementação e fixação do Choro, nos últimos vinte anos do Império no Brasil, segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Callado foi pioneiro, e pode ser considerado o criador do Choro, ao incorporar violões e cavaquinhos, instrumentos comuns aos conjuntos da época.

Ele criou O Choro de Callado, grupo que era constituído por um instrumento solista, a flauta, dois violões e um cavaquinho. Era exigido dos três instrumentais de corda boa capacidade de improvisar sobre o acompanhamento harmônico. Callado trabalhou com inúmeros instrumentistas, que se destacaram na fase de fixação da nova maneira de interpretar modinhas, lundus, valsas e polcas.

Entre os chorões com quem conviveu, destacam-se os flautistas Viriato (seu grande amigo), Luisinho, Bacuri, Inacinho Flauta, Soares Caixa-de-fósforos, Artur Fluminense; os violonistas Juca Vale, Manduca do Catumbi, Capitão Rangel e o cavaquinhista Zuzu Cavaquinho.

Joaquim Callado iniciou seus estudos musicais (piano e flauta) possivelmente com o pai. Em 1856, iniciou seus estudos de composição e regência com o maestro Henrique Alves de Mesquita. Destacando-se com a flauta, Callado tornou-se um virtuoso muito popular no Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX. Ainda muito jovem, começou a trabalhar como músico profissional, tocando em festas e bailes.

Provavelmente, sua primeira exibição em uma sala de concertos, como flautista, tenha ocorrido em julho de 1866, numa apresentação para a família imperial no Teatro Ginásio Dramático.

Compôs sua primeira música, Querosene, em 1863. Com 19 anos de idade, obteve seu primeiro sucesso com a quadrilha Carnaval de 1867.

Em 13 de janeiro de 1869, Callado conseguiu, pela primeira vez, ver publicada uma composição sua, a polca Querida por Todos, dedicada à sua amiga a compositora Chiquinha Gonzaga.



Jornal do Commercio, 12 de janeiro de 1869, p.06
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Diario de S. Paulo, 21 de abril de 1869, p.03
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Correio Paulistano, 21 de abril de 1869, p.03
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Durante a década de 1870, ele conquistaria muitas vitórias profissionais. Foi nessa época que várias de suas composições foram publicadas, como a polca Linguagem do Coração, em 1872 e Cruzes, Minha Prima, em 1875, que foi uma das músicas de maiores sucesso do final do século XIX.


Correio Paulistano, 16 de julho de 1872, p.03
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Jornal do Commercio, 06 de agosto de 1872, p.02
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Jornal do Commercio, 11 de agosto de 1874, p.05
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Jornal do Commercio, 07 de maio de 1876, p.06
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O Globo, 11 de maio de 1876, p.04
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Em 1873, ele foi o responsável pela primeira vez em concerto do gênero lundu, gênero musical até então tido como música de escravos. Sua obra Lundu Característico obteve tanto sucesso que, segundo o pesquisador Vasco Mariz, “lhe rendeu a nomeação para a cadeira de flauta do Imperial Conservatório de Música”.

Alcançando grande prestígio, em 1879 foi condecorado com a Ordem da Rosa, no grau de Comendador, junto com outros professores do Conservatório. Esta era a mais alta condecoração oferecida pelo Império.

Ele também foi nomeado professor de música do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, por intermédio de seu padrinho, o marechal-de-campo José Basileu Neves Gonzaga, pai de sua amiga Chiquinha Gonzaga.

Logo após o Carnaval de 1880, o Rio de Janeiro sofreu uma epidemia de meningite. Joaquim Callado contraiu a doença, vindo a falecer em 20 de março de 1880, no Rio de Janeiro, meses antes de completar 32 anos. Ele foi sepultado no dia 21, em uma cova rasa, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo. 


Revista Illustrada, 27 de março de 1880, p.02
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Em 27 de julho de 1885, alguns músicos organizaram um recital no Teatro D. Pedro II, para angariar fundos visando comprar uma modesta casa na Rua do Conde, para a família do compositor e também uma sepultura junto à de seu amigo Viriato, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.

Um mês após sua morte, foi publicada sua última composição, a polca Flor Amorosa, que se tornou um clássico da música popular brasileira e sua obra mais conhecida, recebendo versos de Catullo da Paixão Cearense.


Gazeta de Notícias, 02 de abril de 1880, p.03
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Gazeta de Notícias, 16 de abril de 1880, p.02
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Revista Musical e de Bellas Artes 1880
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Revista Musical e de Bellas Artes 1880
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Segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, Joaquim Callado elevou a virtuosidade da flauta, imprimindo estilo próprio à execução desse instrumento, tocando a melodia em rápidos saltos oitavados, de forma que os ouvintes tivessem a impressão de estarem ouvindo duas flautas simultaneamente. Tornou-se exemplo para toda uma escola de flautistas extraordinários, entre os quais, Viriato, Patápio Silva, Nola, Plínio, Henrique Flauta, Pixinguinha, Benedito Lacerda e Altamiro Carrilho.

Em 1999, foi exibida pela Rede Globo a minissérie Chiquinha Gonzaga, de Lauro César Munis e Marcílio Moraes, baseada na vida da compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga. Ela seria interpretada pelas atrizes Gabriela Duarte e Regina Duarte. Joaquim Callado seria interpretado pelo ator Norton Nascimento e sua esposa, Feliciana, foi interpretada pela atriz Adriana Lessa. O maestro Henrique Alves de Mesquita foi interpretado pelo ator Milton Gonçalves.

No começo da década de 1900 as músicas de Joaquim Callado passaram a receber gravações. Flor Amorosa foi a mais gravada, a partir de 1904 pelos Irmãos Eymard, e em 1913, com os versos de Catullo, por Aristarco Dias Brandão. As gravações de Flor Amorosa contam também com a presença de Abigail Alessio Parecis, em 1929, e Francisco Carlos, em 1958.



Selo de Flor Amorosa, gravada pelos Irmãos Eymard
Autógrafo da atriz Pepa Delgado (O disco pertencia a ela)
Arquivo Marcelo Bonavides



Trago algumas dessas gravações, inclusive Linguagem do Coração, cuja gravação foi feita por Pedro de Alcântara no flautim, sendo acompanhado pelo grande Ernesto Nazareth ao piano.

Confiram também a gravações de Samba Característico e o sucesso Cruzes, Minha Prima, interpretadas pelo maestro Artur Camilo, ao piano.




LINGUAGEM DO CORAÇÃO
Polca de Joaquim Callado
Gravada por Pedro de Alcântara ao flautim
Acompanhamento de Ernesto Nazareth ao piano
Disco Odeon Record 108.789, matriz XR-1462
Lançado em 1913




SAMBA CARACTERÍSTICO
De Joaquim Callado
Gravado por Artur Camilo ao piano
Disco Odeon Record 120.525
Lançado em 1913





CRUZES MINHA PRIMA
Polca de Joaquim Calado
Gravada por Agenor Bens na flauta
Acompanhamento de Artur Camilo ao piano
Disco Odeon Record 120.672
Lançado em 1913



FLOR AMOROSA
Polca de Joaquim Callado
Gravada pelos Irmãos Eymard
Disco Odeon Record 10.027, matriz R-3
Lançado em 1904




FLOR AMOROSA
Modinha de Joaquim Callado com versos de Catullo da Paixão Cearense
Gravada por Aristarco Dias Brandão
Disco Odeon Record 120.255, matriz XR-1812
Lançado em março de 1913




FLOR AMOROSA
De Joaquim Callado com versos de Catullo da Paixão Cearense
Gravada por Abigail Alessio Parecis
Acompanhamento de violão
Disco Columbia 5.003-B, matriz 380023
Lançado em fevereiro de 1929



FLOR AMOROSA
Choro Canção de Joaquim Callado com versos de Catullo da Paixão Cearense  
Gravado por Francisco Carlos  
Acompanhamento de Bandinha  
Disco RCA Victor 80-1967-A, matriz 13-J2PB-0403
Gravado em 06 de maio de 1958 e lançado em agosto










Agradecimento ao Arquivo Nirez











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