BAHIANO Arquivo Nirez |
Há 74 anos falecia o pioneiro cantor BAHIANO.
Manuel
Pedro dos Santos nasceu em Santo Amaro da Purificação, Bahia, em 05 de dezembro
de 1870.
Trago
novamente um texto que escrevi em 2013 sobre Bahiano, com algumas adaptações:
“Há
74 anos, em um sábado 15 de julho de 1944, falecia no Rio de Janeiro o mais
popular cantor do começo do século XX, Manuel Pedro dos Santos, mais conhecido
como BAHIANO.
Bahiano foi, provavelmente, o primeiro cantor a gravar discos no Brasil e na América Latina, em 1902.
O célebre lundu Isto é Bom, do ator e compositor Xisto Bahia, foi gravado juntamente com dezenas de outras músicas na primeira sessão de gravação para discos em nosso País. Isto é Bom foi a primeira música a ser lançada, em disco Zon-O-Phone 10001.
De 1902 até meados da década de 1920, Bahiano gravou centenas de músicas dos mais variados estilos, fazendo antológicos duetos com vários (e também lendários) artistas de sua época.
Cançonetista do tempo dos chopes berrantes, cafés concertos, Bahiano logo ficou popular no Rio de Janeiro e em São Paulo. Sua fama o levou às gravações em cilindros e nos discos (chapas), tornando sua popularidade maior ainda.
Versátil, ele estava sempre muito à vontade em suas gravações; assumindo personagens, brincava e implicava com Senhorita Consuelo e Júlia Martins, levando delas divertidas respostas.
Braga, Escudeiro, O. de Azevedo, Cadete, Eduardo das Neves, Mário Pinheiro, entre outros, fizeram desafios ou duetos com ele. Assim, como Risoleta, Maria Roldan, Maria Marzulo, Isaltina e, até arrisco, Medina de Sousa, também gravaram em sua companhia. Aliás, Medina o levou a soltar sua voz em uma interpretação lírica.
Isso sem falar com os novos talentos de uma nova era, pós Belle Époque, como Vicente Celestino e Januário.
Além do pioneirismo, ele gravou muitos sucessos em discos, dos quais vários se tornaram clássicos de nosso cancioneiro: Perdão Emília, A Mulata, O Angú do Barão, O Sino da Tarde, Ai Philomena, Pelo Telephone... a lista, só dos clássicos, é imensa.
Digo mais. Bahiano, assim como mais tarde Aracy Côrtes, participou da transição de épocas marcantes. Ele, até mais que Aracy.
Começando a gravar em 1897 (cilindros) e depois em 1902 (discos), juntamente com o início da indústria fonográfica brasileira, ele trazia toda a bagagem cultural e modismos do século XIX. Até então, a única forma de se divulgar a música eram as partituras, teatro musical e bandas de músicas. As composições ficavam um pouco presas em cada cidade, principalmente no Rio de Janeiro, onde eram propagadas entre os moradores. Como vantagem, haviam as partituras para piano e canto, que rodavam o país (e mundo); também, as heroicas excursões feitas pelas trupes teatrais e, não menos importantes, os cantadores, boêmios, e os amantes da música popular, que saiam espalhando as melodias e letras por onde conseguissem chegar. O povo era também um grande divulgador.
Com a chegada da gravação em disco, isso mudou. Ficou mais fácil levar as chapas para as várias regiões do Brasil, onde seriam ouvidas por muitas pessoas, entre um misto de espanto e prazer.
Havia um detalhe: os inúmeros sucessos dos tempos do Brasil Colônia, do Império e início da República, não poderiam cair no esquecimento. Muitos estavam fresquinhos na memória da população graças ao teatro de revista e suas atrizes, e aos cançonetistas que entretinham o público dos cafés concertos. Dessa forma, Bahiano e seus colegas gravaram muitos sucessos de peças teatrais, modinhas e poesias de grandes e saudosos talentos; bem como precisavam ir registrando os sucessos da atualidade e seus modismos.
Dessa forma, ele viveu vários personagens em suas gravações. Saindo do Império, com suas modinhas em cançonetas, ingressou na República, com os lundus que faziam as delícias das plateias teatrais, afinal, ninguém esquecera da Sabina e o fazendeiro Euzébio; ingressou na Belle Époque, cantando o Art Nouveau e sua interessante moda, como também registrou acontecimentos marcantes de sua atualidade, afinal, "A Europa curvou-se ante o Brasil" e entre o clamor de parabéns em meio tom, ‘apareceu Santos Dumont’. Engraxou, foi abanador apaixonado por uma Vassourinha e, até, Feiticeiro, onde partiu com sua Cigana para encontrar a buena dicha nas linhas do coração. Veio a Primeira Grande Guerra e ele cantou para os soldados que partiam. Nesse meio tempo, gravou modinhas lindíssimas e, ele mesmo, também registrou suas impiedosas paródias. Com o sucesso teatral de sua amiga Julinha Martins, colocou a Philomena na história de tal forma que, no futuro (muito futuro) iam incluir um coelhinho no meio, em uma paródia muito sem-vergonha (para usar um termo de outrora). Ai, Philomena, seu eu fosse como tu...
E assim ele foi gravando, sempre animado e inspirado. Se haviam acabado as cançonetas, havia o samba. Por onde? Pelo Telephone mesmo! Afinal, tudo podia ser motivo para um samba ou uma marcha, até um Pé de Anjo.
Sempre reencontrando os colegas, gravou com o coro do Theatro São José, onde sua velha amiga Julinha Martins se sobressai no coro. Aliás, esses dois gravaram nada menos que a Cabocla de Caxangá. Nas palavras de hoje, Júlia Martins e Bahiano tinham uma química incrível nas gravações.
Mas, os anos 20 já vinha com seus jovens e novos astros. Mesmo assim, o sr. Manuel Pedro ainda emplacou sucessos, antes de se afastar. Nesse fase final de sua carreira, nada menos que Luar de Paquetá; Ai, Seu Mé; Sai da Raia; De Bam Bam Bam; Vida Apertada...
Mas, ele se afastou. Nosso querido País, ao mesmo tempo em que acolhia os novos talentos da década de 30, esquecia-se de seus antigos intérpretes. Os meios de comunicação, a mídia e as informações aumentavam e se propagavam de forma assustadoramente rápida, mas isso em nada ajudava a lembrar dos pioneiros. E olha que haviam se passado apenas três décadas.
Nesse esquecimento ele faleceu. Nascido na Bahia (05 de dezembro de 1870), na cidade de Santo Amaro da Purificação, Manuel Pedro dos Santos, faleceu meses antes de completar 74 anos.
Para os pesquisadores, amantes da boa e pioneira MPB, ele será sempre lembrado. Nunca sairá de moda.
Em nossos assuntos musicais ele nunca precisará de permissão para fazer parte, basta repetirmos euforicamente a exclamação de Júlia Martins em uma de suas gravações: ‘Entra, Bahiano!’”.
Bahiano foi, provavelmente, o primeiro cantor a gravar discos no Brasil e na América Latina, em 1902.
O célebre lundu Isto é Bom, do ator e compositor Xisto Bahia, foi gravado juntamente com dezenas de outras músicas na primeira sessão de gravação para discos em nosso País. Isto é Bom foi a primeira música a ser lançada, em disco Zon-O-Phone 10001.
De 1902 até meados da década de 1920, Bahiano gravou centenas de músicas dos mais variados estilos, fazendo antológicos duetos com vários (e também lendários) artistas de sua época.
Cançonetista do tempo dos chopes berrantes, cafés concertos, Bahiano logo ficou popular no Rio de Janeiro e em São Paulo. Sua fama o levou às gravações em cilindros e nos discos (chapas), tornando sua popularidade maior ainda.
Versátil, ele estava sempre muito à vontade em suas gravações; assumindo personagens, brincava e implicava com Senhorita Consuelo e Júlia Martins, levando delas divertidas respostas.
Braga, Escudeiro, O. de Azevedo, Cadete, Eduardo das Neves, Mário Pinheiro, entre outros, fizeram desafios ou duetos com ele. Assim, como Risoleta, Maria Roldan, Maria Marzulo, Isaltina e, até arrisco, Medina de Sousa, também gravaram em sua companhia. Aliás, Medina o levou a soltar sua voz em uma interpretação lírica.
Isso sem falar com os novos talentos de uma nova era, pós Belle Époque, como Vicente Celestino e Januário.
Além do pioneirismo, ele gravou muitos sucessos em discos, dos quais vários se tornaram clássicos de nosso cancioneiro: Perdão Emília, A Mulata, O Angú do Barão, O Sino da Tarde, Ai Philomena, Pelo Telephone... a lista, só dos clássicos, é imensa.
Digo mais. Bahiano, assim como mais tarde Aracy Côrtes, participou da transição de épocas marcantes. Ele, até mais que Aracy.
Começando a gravar em 1897 (cilindros) e depois em 1902 (discos), juntamente com o início da indústria fonográfica brasileira, ele trazia toda a bagagem cultural e modismos do século XIX. Até então, a única forma de se divulgar a música eram as partituras, teatro musical e bandas de músicas. As composições ficavam um pouco presas em cada cidade, principalmente no Rio de Janeiro, onde eram propagadas entre os moradores. Como vantagem, haviam as partituras para piano e canto, que rodavam o país (e mundo); também, as heroicas excursões feitas pelas trupes teatrais e, não menos importantes, os cantadores, boêmios, e os amantes da música popular, que saiam espalhando as melodias e letras por onde conseguissem chegar. O povo era também um grande divulgador.
Com a chegada da gravação em disco, isso mudou. Ficou mais fácil levar as chapas para as várias regiões do Brasil, onde seriam ouvidas por muitas pessoas, entre um misto de espanto e prazer.
Havia um detalhe: os inúmeros sucessos dos tempos do Brasil Colônia, do Império e início da República, não poderiam cair no esquecimento. Muitos estavam fresquinhos na memória da população graças ao teatro de revista e suas atrizes, e aos cançonetistas que entretinham o público dos cafés concertos. Dessa forma, Bahiano e seus colegas gravaram muitos sucessos de peças teatrais, modinhas e poesias de grandes e saudosos talentos; bem como precisavam ir registrando os sucessos da atualidade e seus modismos.
Dessa forma, ele viveu vários personagens em suas gravações. Saindo do Império, com suas modinhas em cançonetas, ingressou na República, com os lundus que faziam as delícias das plateias teatrais, afinal, ninguém esquecera da Sabina e o fazendeiro Euzébio; ingressou na Belle Époque, cantando o Art Nouveau e sua interessante moda, como também registrou acontecimentos marcantes de sua atualidade, afinal, "A Europa curvou-se ante o Brasil" e entre o clamor de parabéns em meio tom, ‘apareceu Santos Dumont’. Engraxou, foi abanador apaixonado por uma Vassourinha e, até, Feiticeiro, onde partiu com sua Cigana para encontrar a buena dicha nas linhas do coração. Veio a Primeira Grande Guerra e ele cantou para os soldados que partiam. Nesse meio tempo, gravou modinhas lindíssimas e, ele mesmo, também registrou suas impiedosas paródias. Com o sucesso teatral de sua amiga Julinha Martins, colocou a Philomena na história de tal forma que, no futuro (muito futuro) iam incluir um coelhinho no meio, em uma paródia muito sem-vergonha (para usar um termo de outrora). Ai, Philomena, seu eu fosse como tu...
E assim ele foi gravando, sempre animado e inspirado. Se haviam acabado as cançonetas, havia o samba. Por onde? Pelo Telephone mesmo! Afinal, tudo podia ser motivo para um samba ou uma marcha, até um Pé de Anjo.
Sempre reencontrando os colegas, gravou com o coro do Theatro São José, onde sua velha amiga Julinha Martins se sobressai no coro. Aliás, esses dois gravaram nada menos que a Cabocla de Caxangá. Nas palavras de hoje, Júlia Martins e Bahiano tinham uma química incrível nas gravações.
Mas, os anos 20 já vinha com seus jovens e novos astros. Mesmo assim, o sr. Manuel Pedro ainda emplacou sucessos, antes de se afastar. Nesse fase final de sua carreira, nada menos que Luar de Paquetá; Ai, Seu Mé; Sai da Raia; De Bam Bam Bam; Vida Apertada...
Mas, ele se afastou. Nosso querido País, ao mesmo tempo em que acolhia os novos talentos da década de 30, esquecia-se de seus antigos intérpretes. Os meios de comunicação, a mídia e as informações aumentavam e se propagavam de forma assustadoramente rápida, mas isso em nada ajudava a lembrar dos pioneiros. E olha que haviam se passado apenas três décadas.
Nesse esquecimento ele faleceu. Nascido na Bahia (05 de dezembro de 1870), na cidade de Santo Amaro da Purificação, Manuel Pedro dos Santos, faleceu meses antes de completar 74 anos.
Para os pesquisadores, amantes da boa e pioneira MPB, ele será sempre lembrado. Nunca sairá de moda.
Em nossos assuntos musicais ele nunca precisará de permissão para fazer parte, basta repetirmos euforicamente a exclamação de Júlia Martins em uma de suas gravações: ‘Entra, Bahiano!’”.
Já
homenageamos Bahiano em outras ocasiões:
Bahiano
– 69 anos de Saudade: http://bit.ly/2KVxU9r
Bahiano
– 72 anos de Saudade: http://bit.ly/2Jq61AC
Bahiano
– 73 anos de Saudade: http://bit.ly/2Ldme17
A
Farofa: http://bit.ly/2uoSfKa
Hoje,
trago vinte e cinco gravações feitas por Bahiano na Odeon Record (Casa Edison)
entre 1906 e 1922.
JURAMENTO ESQUECIDO
Modinha
Gravada
por Bahiano
Disco
Odeon Record 10.234
Lançado
em 1906
QUANTO EU SINTO SER POBRE
Modinha
Gravada
por Bahiano
Disco
Odeon Record 10.235
Lançado
em 1906
A BICHARADA
Marcha
Gravada
por Bahiano
Disco
Odeon Record 10.236
Lançado
provavelmente em 1906
BAHIANO VAIDOSO
Lundu
Gravado
por Bahiano
Disco
Odeon Record 10.295
Lançado
em 1907
A MUQUECA
Lundu
Gravado
por Bahiano
Acompanhamento
de violão
Disco
Odeon Record 10.283
Lançado
em dezembro de 1912
A ROSA
Modinha de Bernardo Cunha
Modinha de Bernardo Cunha
Gravada
por Bahiano
Acompanhamento
de violão
Disco
Odeon Record 10.284, matriz R-1359
Lançado
em dezembro de 1912
CHULA CARIOCA
Chula
Gravada
por Bahiano
Disco
Odeon Record 10.319
Lançado
em dezembro de 1912
NAS MARGENS DE LINDO RIBEIRO
Modinha
Gravada
por Bahiano
Disco
Odeon Record 108.510, matriz XR-1104
Lançado
em 1912
VENDEDORA DE FRUTAS
Lundu
Gravado
por Bahiano
Disco
Odeon Record 108.514, matriz XR-1108
Lançado
em 1912
AMANHÃ
Modinha
de Gonçalves Dias
Gravada
por Bahiano
Disco
Odeon Record 108.520, matriz XR-1116
Lançado
em 1913
NÃO EMPURRE
Cançoneta
Gravada
por Bahiano
Disco
Odeon Record 108.527, matriz XR-1123
Lançado
em 1913
LUNDU DO NORTE
Lundu
Gravado
por Bahiano
Disco
Odeon Record 108.539
Lançado
em 1913
AI FILOMENA
Canção
de J. Carvalho Bulhões
Gravada
por Bahiano
Acompanhamento
de Conjunto
Disco
Odeon Record 120.988
Lançado
em 1915
A SAUDADE
Modinha
Modinha
Gravada
por Bahiano
Acompanhamento
de cavaquinho e violão
Disco
Odeon 121.018
Lançado
em 1915
SOLUÇANDO
Modinha
Gravada
por Bahiano
Disco
Odeon Record 121.030
Lançado
em 1915
MEIA NOITE
Modinha
Gravada
por Bahiano
Acompanhamento
de cavaquinho e violão
Disco
Odeon Record 121.062, matriz R-517
Lançado
em 1916
SÚPLICA DE AMOR
Modinha
de M. Dias
Gravada
por Bahiano
Acompanhamento
de cavaquinho e violão
Disco
Odeon 121.063, matriz R-519
Lançado
em 1916
SONHOS À BEIRA MAR
Serenata
Gravada
por Bahiano
Acompanhamento
de violão e cavaquinho
Disco
Odeon Record 121.112, matriz R-516
Lançado
em 1916
MULHER ADORADA (FRÊMITO D´AMORE)
Modinha
de R. Barbiroli
Gravada
por Bahiano
Acompanhamento
de violão e cavaquinho
Disco
Odeon Record 121.113
Lançado
em 1916
PELO TELEFONE
Samba
de Ernesto dos Santos (Donga) e Mauro de Almeida
Gravado
por Bahiano
Acompanhamento
de Conjunto e Coro
Disco
Odeon Record 121.322
Gravado
e lançado em 1917
O SABIÁ
Canção
Sertaneja de José Francisco de Freitas
Gravada
por Bahiano
Acompanhamento
de flauta, cavaquinho e violão
Disco
Odeon Record 121.532
Lançado
em 1919
MESMO ASSIM
Choro
à Moda Carioca de Eduardo Souto
Gravado
por Bahiano
Acompanhamento
de Conjunto
Disco
Odeon Record 121.994
Lançado
em 1921
PEMBERÊ
Chula
Baiana de Eduardo Souto
Gravado
por Bahiano
Acompanhamento
de Conjunto
Disco
Odeon Record 121.995
Lançado
em 1921
CABOCLO MAGOADO
Cateretê Paulista de Eduardo Souto
Cateretê Paulista de Eduardo Souto
Gravado
por Bahiano
Disco
Odeon Record 121.999
Lançado
em 1921
LUAR DE PAQUETÁ
Tango
Fado de Freire Jr. e Hermes Fontes
Gravado
por Bahiano
Disco
Odeon Record 122.064
Lançado
em 1922
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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