Vamos relembrar o ator ALFREDO SILVA, O Rei do Riso.
Nascido
no Rio de Janeiro em 25 de março de 1874, Alfredo Silva iniciou sua carreira
aos 20 anos, na companhia Dias Braga, liderada por seu tio, o ator e empresário
Dias Braga, em uma temporada por Campinas (SP). Ainda era sobrinho do ator
Domingos Braga e primo do ator Armando Braga.
Alfredo Silva, à direita, sentado, com uma bengala, em início de carreira. Em pé, à esquerda, o ator Alexandre de Azevedo. Theatro Recreio, 1895. Arquivo Marcelo Bonavides |
Alfredo Silva foi um dos mais populares atores das primeiras décadas do século XX, destacando-se no Teatro de Revista, sempre interpretando personagens cômicos.
Atuou por muitos anos na empresa do Theatro São José, de propriedade do empresário Paschoal Segreto, aonde chegou a ter sua companhia teatral. Ao lado de Pepa Delgado, Cecília Porto e Júlia Martins, brilhou em peças como Manobras do Amor, A Gatinha Branca, Forrobodó, onde deu vida ao Guarda Noturno, atuando anos depois ao lado de uma nova estrela, Otília Amorim, em Pé de Anjo, de 1920.
Alfredo Silva como o Guarda Noturno de Forrobodó. Fon Fon, 1913. http://memoria.bn.br |
Foi casado com a atriz portuguesa Laura Godinho, com que dividiu os palcos por várias ocasiões, enviuvando em 1919. Depois, teve como companheira, Angela Ferrari.
Atriz Laura Godinho, 1912 Arquivo Marcelo Bonavides |
Gravou algumas músicas na Casa Edison, em discos Odeon Record, a maioria repertório do Teatro de Revista. Gravou sozinho e ao lado de Pepa Delgado e Olympio Nogueira.
Selo de O Vagalume, gravado pela atriz Pepa Delgado. O nome de Alfredo Silva aparece no selo, mas quem canta é Pepa Delgado. No fim da gravação há um comentário, possivelmente, feito por Alfredo Silva https://discografiabrasileira.com.br/ |
Também atuou no cinema, em filmes como Veneno Branco, de 1929, A Canção de Lisboa, de 1933, O Descobrimento do Brasil, de 1934 e O Jovem Tataravô, de 1938, seu último trabalho. Em seus últimos anos de vida, interpretava o personagem Pipoca, criado pelo jornal A Noite, sendo uma figura muito popular no carnaval.
Alfredo Silva como Frei Henrique de Coimbra O Descobrimento do Brasil, 1934 |
Ele e Angela Ferrari viviam modestamente, desde 1936, em uma casa de cômodos situada à Rua Riachuelo, nº212. Nesse local, ele festejou seu último aniversário, em 25 de março, quando completou 64 anos, recebendo os vizinhos, que muito o estimavam e que foram lhe cumprimentar e levar doces. Segundo o jornal A Noite, de 29 de março de 1938, p.3, “foi essa talvez a sua ultima emoção agradavel, a sua derradeira alegria”.
Segundo A Noite, ele era um fumante inveterado consumindo, às vezes, dois maços de charutinhos por dia. Em seus últimos tempos, vinha se privando do fumo por orientação médica. Por motivos de saúde, também estava afastado dos palcos.
Porém, no sábado, dia 26 de março, ele faria sua última atuação, trabalhando no festival da atriz Emilia de Souza, no Centro dos Cocheiros, onde fez rir “perdidamente a platéa”, segundo o jornal A Batalha, de 29 de março de 1938, p.1. Na noite de segunda, 28 de março, ele passou mal e o levaram, de táxi, ao Hospital da Ordem 3º da Penitencia, na Tijuca, de que ele era irmão. Enquanto esperava ser atendido, seu estado se agravou. Sereno e lúcido até o último instante, Alfredo Silva falecia.
Seu enterro foi acompanhado por personalidades do meio teatral, como os empresários Domingos Segreto e seu irmão Paschoal Segreto Sobrinho, o empresário e compositor Luiz Iglezias e o ator Pedro Dias, representando a companhia do Theatro Recreio, entre outros. Os funerais foram custeados pela Casa dos Artistas.
Uma curiosidade: Ao escolher a foto que ilustraria essa postagem, percebi que a data do Jornal de Theatro & Sport (primeira foto) era a de 28 de março de 1914, exatos 24 anos antes da morte de Alfredo Silva.
Alguns personagens de Alfredo Silva
Revista da Semana, 1902 http://memoria.bn.br |
Revista da Semana, 1903 http://memoria.bn.br |
Na Revista Berliques e Berloques, 1907. Revista da Semana http://memoria.bn.br |
Em Nick Carter, o grande policia americano, 1910. Fon Fon. http://memoria.bn.br |
Gravações de Alfredo Silva
(Gravações cedidas gentilmente pelo Arquivo Nirez)
Maxixe de José Nunes
Gravado por Pepa Delgado e Alfredo Silva
Disco Odeon Record 40.224, matriz RX-161
Repertório da Revista Cá e Lá
De José Nunes
Gravado por Olympio Nogueira e Alfredo Silva
Disco Odeon Record 10.038, matriz R-164
Lançado em 1904
Repertório da Revista Avança!
De Costa Junior
Gravado por Alfredo Silva
Disco Odeon Record 10.040
Lançado em 1904
Repertório da Revista Cá e Lá
Cançoneta
Gravada por Alfredo Silva
Disco Odeon Record 10.060
Lançado em 1904
Repertório da Revista Avança!
Jornais noticiam a morte de Alfredo Silva
Diário Carioca, terça-feira 29 de março de 1938, p. 11
http://memoria.bn.br/ |
Diário de Notícias, terça-feira 29 de março de 1938, p. 05
http://memoria.bn.br/ |
A Batalha, terça-feira 29 de março de 1938, p. 01
http://memoria.bn.br/ |
A Batalha, quarta-feira 30 de março de 1938, p. 04
http://memoria.bn.br/ |
Correio da Manhã, terça-feira 29 de março de 1938, p. 01
http://memoria.bn.br/ |
Correio da Manhã, quarta-feira 30 de março de 1938, p. 08
http://memoria.bn.br/ |
A Noite, terça-feira 29 de março de 1938, pgs. 01 e 03
http://memoria.bn.br/ |
http://memoria.bn.br/ |
A Noite, terça-feira 29 de março de 1938, p. 09
http://memoria.bn.br/ |
A Noite, quarta-feira 30 de março de 1938, p. 02
http://memoria.bn.br/ |
A Noite, sábado 02 de abril de 1938, p. 03
http://memoria.bn.br/ |
A Noite, sábado 02 de abril de 1938, p. 06
http://memoria.bn.br/ |
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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