ZAÍRA DE OLIVEIRA |
Há 118 anos nascia a soprano brasileira ZAÍRA DE
OLIVEIRA
Nascida
em 01 de fevereiro de 1900, Zaíra de Oliveira foi uma das mais importantes e
belas vozes de nossa música. Algumas fontes dão como 1891 o ano de seu nascimento, porém, em uma conversa com sua filha, d. Lygia, em julho de 2008, ela me informou ser 1900.
Talentosa
e com uma voz magnífica, Zaíra de Oliveira cantava óperas com distinção, mas
não se esquecia da música popular, gravando marchas e sambas, destacando-se em
todos os ritmos.
Em
1925 lançou alguns discos pela Casa Edison, entre eles o famoso fox trot Cabeleira à la Garçonne, que Margarida
Max havia criado no teatro, em 1924, lançado a moda do Cabelo à la Garçonne. Em 1926, ao lado de J. Gomes Jr. lançou a marcha
Dondoca, que seria um dos sucessos do
carnaval de 1927.
No
início da década de 1930 ela casou-se com o compositor Ernesto dos Santos, o
Donga. Poucos anos depois nasceu sua única filha, a futura historiadora Lygia
dos Santos.
Zaíra
de Oliveira fez parte do Conjunto Tupy, ao lado de Yolanda Osório, J. B. de Carvalho,
Francisco Sena e Herivelto Martins. Chegou a gravar com Carmen Miranda, mas,
sua voz quase não aparece na gravação de Sonhei
que era Feliz, samba de Ary Barroso; provavelmente, para não abafar a voz
de Carmen com a sua potente, tenha ficado longe do microfone, fazendo com que
sua voz ficasse bem distante.
Em
15 de agosto de 1951, ela faleceu vitimada por um ataque cardíaco.
CABELERIRA À LA GARÇONNE
Fox
Trot de Américo F. Guimarães e Pedro de Sá Pereira
Gravado
por Zaíra de Oliveira
Disco
Odeon Record 122.768
Lançado
em 1925
O TEU OLHAR
Marcha
Marcha
Gravada
por Zaíra de Oliveira e Bahiano
Disco
Odeon Record 122.798
Lançado
em 1925
EU SÓ QUERO É CONHECER
Cateretê
Carnavalesco de Eduardo Souto
Gravado
por Zaíra de Oliveira e Bahiano
Disco
Odeon Record 122.799
Lançado
em 1925
DONDOCA
Marcha
Carnavalesca de José Francisco de Freitas
Gravada
por Zaíra de Oliveira e J. Gomes Jr.
Disco
Odeon Record 123.250, matriz 1095
Lançado
em 1926
LUA CULPADA
Canção de Antônio Amorim Diniz (Duque)
Canção de Antônio Amorim Diniz (Duque)
Gravada
por Zaíra de Oliveira
Disco
Parlophon 13.323-B, matriz 131146
Lançado
em julho de 1931
Letras
CABELEIRA À LA
GARÇONNE
Cabeças à la Garçonne
Com toda graça repetis
As cabeleiras encantadoras
Da moda chique de Paris
A cabeleira é só perfume
A cabeleira, só assim,
é um borrão de negrume
com um borrão de carmim.
Cabeleiras à la Garçonne
Usá-la assim
Eis que é preciso
Cabeças que só tem cabelo
É mais cabelo que juízo.
Com tão curto os cabelos
A face fica até mais linda
Nossa cabeça que é tão leve
Ah, fica, assim, melhor ainda.
E não se pode mais dizer
Que a mulher, oh que atrevidos!
Tem as ideias muito curtas
E tem os cabelos compridos.
O TEU OLHAR
O teu olhar, que nos seduz, morena
E nos convida com luz serena
O teu olhar, meiga flor
Ao doce eflúvio do amor
Nos salva, encanta
Suave, enquanto há dor.
O teu olhar faz nosso amor
Mais santo e puro
Que o faz brilhar na luz do céu
Dentro do escuro
O nosso amor vai ser bem caro
Não teme as chamas
Nem o pecado
Oh, linda flor
Te espero, te quero e acho
O teu olhar
Me faz esquecer a idade
Tu tens querida,
a vida de minha vida
Vem sentir o teu amor
Só poderei viver
chorando a padecer.
EU SÓ QUERO É CONHECER
Quando a fruta está madura
Quando a gente quer comer
Eu não sou tão cara dura
Eu só quero conhecer.
Ai sinhazinha
Ai sinhazinha
Não precisa se esconder
Eu só quero é conhecer.
Bote a meia consertada
No pezinho que escolher
Eu não quero fazer nada
Eu só quero é conhecer.
Minha noiva tem defeito
Que não vivo pra dizer
Eu não ando satisfeito
Eu só quero é conhecer.
Sinhazinha pisque o olho
Para a gente, quer dizer,
Eu não quero dar desgosto
Eu só quero é conhecer.
DONDOCA
Zaíra de Oliveira
Meu Deus
Meu Deus
Que triste vida
Me chamam todos de comida
Porque eu ando só
J. Gomes Jr.
Não treme tanto a gelatina
Que o caldo entorna da terrina
Eu viro pão de ló.
Os Dois
Dondoca
Dondoca
Dondoca
Anda depressa
Que eu belisco esta pernoca
J. Gomes Jr.
Minha Dondoca
Dondoquinha
És de fato, és da pontinha
Tem pena do tatu.
Zaíra de Oliveira
Eu ando sempre envergonhada
A toda hora beliscada
Que praga de urubu.
Zaíra de Oliveira
Vou dar o fora
Vou pra casa
Estou nervosa
Estou em brasa
Oh, céus
Que maldição!
J. Gomes Jr.
Eu vou até a Casca Dura
Vou espiar na fechadura
O seu velho babão!
LUA CULPADA
Foi em uma noite
Em que o céu estava estrelado
Parecia prateado
Pelas mãos do Criador
Eu em seu peito
A cabeça repousava
E a lua irradiava,
lá do céu, fluidos de amor.
Era feliz, feliz, feliz!
Mas a culpa não foi minha
Nem foi sua
Toda ela pegou a lua
Toda a culpa do que eu fiz.
Mais tarde, então,
na minha cova deserta
De lajona, longe, aberta
Quis a lua contemplar
Mas a ingrata
De mim se esconde, medrosa
Em uma nuvem vaporosa
Tem vergonha de me olhar.
Não sou feliz, feliz, feliz!
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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