STEFANA DE MACEDO, 1930. "À Phono - Arte uma lembrança de Stefana de Macedo. Rio, 6/6/930". Arquivo Nirez. |
Há 115 anos nascia a cantora, compositora, violonista e pesquisadora de nosso folclore STEFANA DE MACEDO.
Stefana
de Moura Macedo nasceu em Recife (PE) em 29 de janeiro de 1903, falecendo no Rio de Janeiro (RJ) em 01 de setembro de 1975.
Trago algumas de suas gravações, as letras e a crítica que a revista Phono – Arte fez para Lua Cheia e Era Aquilo Só... Todas as gravações são excelentes, mas destaco a interpretação de Stefana de Macedo em Sussuarana, um primor!
Revista Phono - Arte, 15 de agosto de 1928
P. 10. |
P.21 |
TENHO UMA RAIVA DE VANCÊ
Canção
de Hekel Tavares e Luís Peixoto
Acompanhamento
de Hekel Tavares ao piano
Disco
Odeon 10.204-A, matriz 1703
Lançado
em 1928
SUSSUARANA
Canção
de Hekel Tavares e Luís Peixoto
Acompanhamento
de Hekel Tavares ao piano
Disco
Odeon 10.204-B, matriz 1704
Lançado
em 1928
LEONOR
Samba
de Catullo da Paixão Cearense
Acompanhamento
de Lúcio Chameck ao piano e Josué de Barros ao violão
Disco
Odeon 10.209-B, matriz 1732
Lançado
em 1928
LUA CHEIA
Canção
de Hekel Tavares e Luís Peixoto
Acompanhamento
de Hekel Tavares ao piano
Disco
Odeon 10.228-A, matriz 1718
Lançado
em agosto de 1928
ERA AQUILO SÓ...
Canção
de Hekel Tavares e Luís Peixoto
Acompanhamento
de Hekel Tavares ao piano
Disco
Odeon 10.228-B, matriz 1719
Lançado
em agosto de 1928
BICHO CAXINGUELÊ
Cateretê
de motivo popular com arranjo de Stefana de Macedo
Acompanhamento
de violões
Disco
Columbia 5.092-B, matriz 380231-2
Lançado
em outubro de 1929
SAIA DO SERENO
Toada
Pernambucana de motivo popular com arranjo de Stefana de Macedo
Acompanhamento
de violões
Disco
Columbia 5.092-B, matriz 380232-1
Lançado
em outubro de 1929
SIRICÓIA
Toada
Amazonense de João Pernambuco
Acompanhamento
de João Pernambuco ao violão
Disco
Columbia 5.128-B, matriz 380441-1
Gravado
em 30 de setembro de 1929 e lançado em dezembro
SODADE CABOCLA
Coco
de João Pernambuco e E. Tourinho
Acompanhamento
de João Pernambuco ao violão
Disco
Columbia 5.147-B, matriz 380445
Lançado
em fevereiro de 1930
OLELÊ TAMANDARÉ
Coco
de motivo popular com arranjo de Stefana de Macedo
Acompanhamento
de violões
Disco
Columbia 5.190-B, matriz 380437
Lançado
em março de 1930
Letras
TENHO UMA RAIVA DE VANCÊ
Tenho
uma raiva de vancê
Eu
chego inté a maginá
Que
isso entre nós é coisa feita
Nós
peguemo a conversa
Não
sei pruquê nos não se ajeita
Tenho
uma raiva de vancê
Um
dia eu compro um canivete
Amolo
bem vancê vai ver
Quando
vancê tivé drumindo
E
corto um taco de cabelo
Que
é pra vancê ficá sabendo
Que
raiva eu tenho de vancê
Eu
tenho andado nesses dias
Que
nem um Sacy Pererê
Com
os oio aberto sem vê nada
Me
dá uma tar marnigumia
Que
eu fico as vêz desconfiada
Que
eu gosto, e muito, de vancê.
SUSSUARANA
Faz
três sumana
Que
na festa de Santana
O
Zezé Sussuarana me
chamô
pra conversá
Desta
bocada,
nós
saimo pela estrada
Ninguém
não dizia nada
e
fumo andano devagá
A
noite veio
O
caminho estava em meio
Me
deu aquele arreceio
que
arguém nos pudesse ver
Eu
quis dizê: Sussuarana, vamo imbora!
Mas,
Virge Nossa Sinhora
cade
boca pra eu dizê?
Mais
adiante
Do
mundo já tão distante
Nos
dois paremo um instante
Prendemo
a suspiração
Envergonhado,
ele
partiu pra meu lado
Ai,
Virge dos meu pecado
me
dê minha absorvição
Foi
coisa feita
Foi
mandinga
Foi
maleita
Que
nunca mais se endireita
Que
me butarão, é capaz
Sussuarana,
meu
coração não me engana
Vai
fazê cinco sumana
e
tu num volta nunca mais.
LEONOR
Ai tem pena do pobre, Leonor
Do
meu coração, Leonor
Que,
com tanta pena, Leonor
Num
avoa não, Leonor
Dança,
dança, cabôca Leonor
Num
apara não, Lenor
Se
tu tes piedade, Leonor
Pula
Virgem Conceição
É
São João Quem pede, Leonor
Pula
Virgem Conceição
Eu
te peço puro amor
Pulo
amor de São João
Todo
passo avoa, Leonor
Lá
no meu sertão, Leonor
Pruquê
não avoa, Leonor
Esse
passo coração
Pra
que tanta pena, Leonor?
Tantas
pena em vão, Leonor
Pruquê
não avoa, Leonor,
esse
passo coração?
Mas,
porém, apara, Leonor
Ai,
num dança, minha flô
Num
machuca minha dô
Deixa
o coração em paz
Deixa
o coração em paz
Mas,
porém, requebra mais.
Mas,
porém, requebra mais, Leonor
Leonor
LUA CHEIA
A
Lua Cheia quando sai detrás dos montes
Vem
muito devagarzinho, bem na pontinha do pé
Desconfiada,
quando vê a meninada
Fica
toda encabulada, com vontade de vortá
Pru
causa disso as menina tão dizendo
Que
ela quando entrá na mata
Pra
namorado alcançar
Menina
Lua, nós vimo tudo
Teu
namorado já foi simbora
E
a lua, triste, procurando pelo céu
Vai
caminhando com vontade de chorá.
ERA AQUILO SÓ...
Com
os meus trapinhos
Minhas
coisinhas
Meu
sabiá
Uma
roseira
Um
sitiozinho
E
mais ninguém
Eu
via a vida tão diferente
Tão
diferente do que ela é
Tinha
saudade de tanta coisa
Nem
sei dizer
Mas
uma noite
Veio
um tufão e carregou
Minhas
coisinhas
Minha
roseira
Meu
sabiá
Carregou
tudo
Tudo
que eu tinha de mais mió
E
eu vi que a vida
Não
é mais nada
Era
aquilo só...
BICHO CAXINGUELÊ
Ritinha,
meu coração,
É
danadinho como ele só.
É
o bicho Caxinguelê.
Ele
sobre pro pau arriba
Ele
desce pro pau abaixo
Ele
corta cipó c´oas mão
E
ele acarca com os pé no chão
Ele
acarca com os pé no chão
Minha
Ritinha, meu coração
É
o bicho Caxinguelê
Ele
é mermo que gaturamo
Ele
avoa com os pé pra frente
Ele
desce com os pé pra trás
Ele
come de mão em mão
Ele
canta pra toda gente
Meu
bicho Caxinguelê
Ele
canta pra toda gente
Mas
só bate só pra vancê.
SAIA DO SERENO
Saia
do sereno, Yayá
Saia
do sereno, Yayá
Saia
do sereno
Que
essa frieza faz má
Chiquinha
do Riachão
Totonha
do Lagamá
Como
Chiquinha não tem
Como
Totonha não há
Chiquinha
pra querê bem
Totonha
pra acarinhá.
Já
me contaru
Que
uma mulhé
Esteve
maluca
Pru
mode José
Ela
ficava como Yayá
Assim,
no sereno,
debaixo
do luar.
Yayá,
coitada
Tem
coração
Por
isso é que sofre
de
ingratidão
Yayá
me escute
Faça
o que eu fiz
Pois
só quem não ama
é
que véve feliz.
SIRICÓIA
Siricóia tá cantando
bem pertinho do ´gapó
Como vai, minha siricóia?
Siricó! Siricó! Siricó!
Vancê, quando tem presunto
Num convida pra jantá
Mas quando tem seu defunto
Me chama pra carrega.
Nunca vi carrapatêra
butá cacho na raiz
Nunca vi moça sortêra
Tê palavra no que diz.
Quando a muié qué negá
que ofendeu o seu amô
Ajunta dedo com dedo
Jura pur Nosso Sinhô.
Quiria sê um burrinho
Desses que anda na tropa
Pra visitá três país
França, Paris e Oropa.
Quem quizé escoiê moça
Não escoia pelo andá
Que a moça quando é veiaca
Pisa no chão devagá.
SODADE CABOCLA
Morena, minha morena
Fique aqui minha pequena
Muito chegadinha a mim
Vou dizer no seu ouvido
Tudo que eu tenho sentido
Depois que lhe conheci.
Meu coração era à toa
Cumo as águas da lagoa
Quando não há viração
Mas vancê chegou me oiando
Me sorrindo e me falando
Me encrespou meu coração.
Levantou o meu ciúme
Com seus dois óio de lume
Vi labareda crescer
E no teus óio sereno
Eu fui bebê o veneno
Que faz a gente morrê.
E nessa dô endoideço
E nesse mal não te esqueço
Eu não posso te esquecer
Vivi sempre doce e carmo
Bem no fundo da minha arma
Que por ti há de morrer.
E nessa mágoa sem termo
O meu coração enfermo
Chama por ti meu amô
Relembra teus óio lindo
Tua boca me sorrindo
Todo teu corpo de flô.
OLELÊ TAMANDARÉ
Olelê Tamandaré
Cacimba nova
As água toda renova
Mariquinha vai simbora.
Cumo eu passo sem vancê?
Quem bota café no fogo?
E quem faz meu dicumê?
As águas toda renova
Só não renova esse amô
Porque morreu de verdade
E foi vancê quem mato.
Quando eu não vejo a morena
Que é reizão do meu vive
Cadê sono pra eu drumi?
Cadê fome pra eu cumê?
Mas inda tenho esperança
De renová este amô
Muita vez nas sepultura
Nasce um pezinho de frô.
Agradecimento ao Arquivo Nirez
Nenhum comentário:
Postar um comentário