ARACY CÔRTES em 1929. Revista Frou Frou. http://memoria.bn.br |
Há
38 anos, em 08 de janeiro de 1985, falecia a cantora e atriz ARACY CÔRTES.
Aracy
Côrtes é uma das artistas que mais admiramos, não sem razão. Ela foi um dos
principais nomes de nossa música brasileira, tendo uma importância fundamental
no lançamento de compositores e músicas que se tornariam consagrados graças à
ela durante as décadas de 1920, 1930 e até meados da de 1940.
Nascida
Zilda de Carvalho Espíndola, no Rio de Janeiro, em 31 de março de 1904, era
vizinha do futuro compositor Pixinguinha e sua família. Ainda pequena, quando
seu pai (o chorão Carlos Espíndola) se unia com a família Viana para realizar
rodas de choro, ela e sua irmã Dalva (que também seria atriz) ficavam no centro
dançando.
Seu gosto pela música e teatro a levou a iniciar a carreira ainda adolescente,
participando do grupo amador Filhos de Talma. Depois, foi atuar no Circo
Spinelli, com o célebre Benjamin de Oliveira. No teatro de revista, faria sua
estreia profissional em 31 de dezembro de 1921, com a revista Nós, pelas costas, onde interpretada, entre outros, o
personagem Vinho do Porto.
No
começo dos anos 20 apresentava-se com o amigo Pixinguinha e seu conjunto Oito
Batutas. Otávio Viana (irmão de Pixinguinha) e o crítico Paulo Magalhães foram
os responsáveis por escolher o nome artístico Aracy Côrtes. A princípio, ela
relutou, pois havia uma professora conhecida com esse mesmo nome. Chegou a se
apresentar algumas vezes como Zilda Côrtes, mas terminou por adotar o
pseudônimo completo.
Aracy
Côrtes foi uma jovem artista que fez história e viveu a história, chegando aos
anos 30 com uma grande bagagem profissional e artística, que a fazia uma veterana
ainda com trinta e poucos anos. Ela gravou seus primeiros discos ainda no
processo mecânico, na lendária Casa Edison, em 1925, sendo acompanhada pelo
Jazz Band Sul Americano Romeu Silva. O locutor que anuncia suas músicas é,
muito provavelmente, o cantor Fernando, crooner do Jazz Band. Ela tinha 21 anos
e lançava na cera a canção A Casinha,
de Luís Peixoto e Pedro de Sá Pereira, que logo se tornou um clássico; também
gravou Serenata, de E. Toselli e uma
famosa canção do repertório da atriz Pepa Delgado, Petropolitana, de Adalberto de Carvalho, que Pepa havia lançado em
1915, no Theatro São José.
Aos 24 anos, em 1928, Aracy Côrtes já lançava mais clássicos de
nossa música, tanto no teatro como em discos, como o samba Jura...! de José Barbosa da Silva, o Sinhô. Por ocasião da estreia
dessa música no teatro, Aracy precisou repeti-la sete vezes a pedido do
público, enquanto Sinhô subia ao palco, chorando, para agradecer. Nesse mesmo
ano lança a versão definitiva e clássica de Linda
Flor, que ficou rebatizada de Ai Yoyô.
Ela lançaria em disco, em 1929, com o título de Yayá. Essa era a terceira versão para a melodia de Henrique
Vogeler, feita por Luís Peixoto e Marques Porto. E Ai Yoyô marcaria o resto da vida de Aracy Côrtes.
Outro sucesso em sua carreira aconteceria em 1932, ao lançar o iniciante compositor Assis Valente. Aracy Côrtes gravou sua primeira composição, o samba Tem Francesa no Morro, onde mistura palavras em francês com português.
Falar
de sua carreira e vida levaria muitas postagens imensas, pois ela teve uma
história muito rica. Lançou várias peças de sucesso, firmando seu nome no
cenário teatral e sendo considerada uma de nossas Rainhas do Teatro de Revista,
além de ser aclamada em várias publicações como Rainha do Samba. Já retirada
dos palcos, com a idade madura, retornou em 1965 no famoso show Rosa de Ouro, ao lado de Clementina de
Jesus, Paulinho da Viola, Nelson Sargento, entre outros.
Apesar
de todo seu sucesso e prestígio ao longo de sua carreira, quando idosa era
esquecida pela grande mídia, como tantas outras colegas. Teve no cenógrafo J.
Maia a figura de um filho que a acolheu e cuidou dela até o fim, e a presença
de amigos fiéis como a cantora Marília Barbosa, com quem Aracy dividiu o palco
em 1984, em seu último show, por ocasião de seus 80 anos. Marília interpretaria
Aracy, em 1989, na novela Kananga do Japão exibida pela Rede Manchete.
Em
08 de janeiro de 1985, aos 80 anos, Aracy Côrtes falecia no Rio de Janeiro,
encerrando uma fase de ouro do teatro e de nossa música brasileira.
Aracy Côrtes. Revista Phono-Arte, 1930. Arquivo Nirez. |
ARACY CÔRTES Excelsior, 1931 http://memoria.bn.br/ |
Fon Fon, 1930. http://memoria.bn.br |
Saibam mais sobre Aracy Côrtes e sua carreira:
ARACY CÔRTES - 100 ANOS DE SUA ESTREIA NO TEATRO DE REVISTA: https://bit.ly/3qBayrB
O ENCONTRO DE ARACY CÔRTES E JOSEPHINE BAKER - 1929: https://bit.ly/3i9AI1G
ARACY CÔRTES - SAMBAS ODEON 1930: https://bit.ly/2I6Uf3H
ARACY CÔRTES – 116 ANOS: https://bit.ly/2R02i3p
ARACY CÔRTES - (O NASCIMENTO DE UMA ESTRELA): https://bit.ly/3oXG9AS
ARACY CÔRTES - 114 ANOS (O SURGIMENTO DO MITO): http://bit.ly/2GHt10R
PEPA DELGADO, ARACY CÔRTES E A PETROPOLITANA: http://bit.ly/2XRM6TF
Para homenageá-la trago gravações realizadas entre 1925 e 1954, inclusive duas de seus primeiros registros, além da letra de algumas músicas. Agradeço ao amigo Gilberto Inácio Gonçalves pelos selos de A Casinha e Petropolitana e ao Arquivo Nirez.
MÚSICAS
DISCOS ODEON RECORD
(CASA EDISON)
A CASINHA
Canção
de Luís Peixoto e Pedro de Sá Pereira
Acompanhamento
do Jazz Band Sul Americano Romeu Silva
Disco
Odeon Record 122.884
Lançado
em 1925
PETROPOLITANA
Canção
de Adalberto de Carvalho
Acompanhamento
do Jazz Band Sul Americano Romeu Silva
Disco
Odeon Record 122.885
Lançado
em 1925
JURA...!
Samba
de Sinhô (José Barbosa da Silva)
Acompanhamento
de Simão Nacional Orquestra
Disco
Parlophon 12.868-A, matriz 2071
Lançado
em novembro de 1928
CHORA VIOLÃO
Canção
Sertaneja de Josué de Barros
Acompanhamento
de piano e violão
Disco
Parlophon 12.868-B, matriz 2083
Lançado
em 1928
YAYÁ
Canção
Brasileira de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luís Peixoto
Acompanhamento
da Orquestra Parlophon
Disco
Parlophon 12.926-A, matriz 2366
Lançado
em março de 1929
BAIANINHA
Samba de De Chocolat e Oscar Mota
Acompanhamento
da Orquestra Parlophon
Disco
Parlophon 12.926-B, matriz 2365
Lançado
em março de 1929
A POLÍCIA JÁ FOI LÁ EM CASA
Samba
Canção de Olegário Mariano e Júlio Cristóbal
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.426-A, matriz 2656
Lançado
em julho de 1929
QUEM QUISER VER
Samba
de Eduardo Souto
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.426-B, matriz 2657
Lançado
em julho de 1929
TU QUÉ TOMÁ MEU HOME
Samba
de Ary Barroso e Olegário Mariano
Acompanhamento
da Orquestra Pan Amercian
Disco
Odeon 10.446-A, matriz 2764
Lançado
em agosto de 1929
ZOMBA
Samba
de Francisco Alves
Acompanhamento
da Orquestra Pan Amercian
Disco
Odeon 10.446-B, matriz 2765
Lançado
em agosto de 1929
QUINDIS DE YAYÁ
Samba
de Pedro de Sá Pereira e Cardoso Menezes Bittencourt
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.457-A, matriz 2815
Lançado
em agosto de 1929
VAMOS JUNTAR OS TRAPINHOS
Canção
Dolente de Pedro de Sá Pereira
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.457-B, matriz 2816
Lançado
em agosto de 1929
O AMOR VEM QUANDO A GENTE NÃO ESPERA
(SAMBA DA PENHA)
Samba
de Ary Barroso, Cardoso de Menezes e Bittencourt
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Odeon 10.469-A, matriz 2.866
Lançado
em outubro de 1929
POETA DO SERTÃO
Cateretê
de Eduardo Souto e Arlindo Leal
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Odeon 10.469-B, matriz 2.865
Lançado
em outubro de 1929
SIM, MAS DESENCOSTA
Selo de Sim, Mas Desencosta Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Samba Canção de Cândido das Neves (Índio)
Gravado por Aracy Côrtes
Disco Odeon 10.664-A, matriz 3721
Lançado em agosto de 1930
NO ALTO DA SERRA
Selo de No Alto da Serra Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Samba de José Ferreira Lixa
Gravado por Aracy Côrtes
Disco Odeon 10.664-B, matriz 3722
Lançado em agosto de 1930
DISCOS BRUNSWICK
SORRIS
Selo de Sorrir Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Samba Canção de Jota Soares
Gravado por Aracy Côrtes
Disco Brunswick 10.148-A, matriz 596
Lançado em 1931
DENTINHO DE OURO
Selo de Dentinho de Ouro Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Samba Canção de Henrique Vogeler e Horácio de Campos
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento da Orquestra Brunswick
Disco Brunswick 10.148-B, matriz 595
Lançado em 1931
DISCOS COLUMBIA
À LA ARACY
Selo de À La Aracy Arquivo Marcelo Bonavides |
Samba de Júlio Cristobal
Gravado por Aracy Cõrtes
Acompanhamento de Seu Grupo
Disco Columbia 22.024-B, matriz 381016
Lançado em maio de 1931
REMINISCÊNCIAS
Selo de Reminiscências Arquivo Marcelo Bonavides |
Samba de Jota Soares e Carlos Medina
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento de Orquestra
Disco Columbia 22.024-B, matriz 381011
Lançado em maio de 1931
TEU DESPREZO
Selo de Teu Desprezo Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Samba de Arthur Costa
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento de Regional
Disco Columbia 22.035-B, matriz 381017-2
Lançado em julho de 1931
A MINHA DOR
Selo de A Minha Dor Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Samba de Oscar Cardona
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento da Orquestra de Concertos Columbia
Disco Columbia 22.127-B, matriz 381263-3
Lançado em junho de 1932
RECORDAÇÕES DE UM PASSADO
Samba de Benedito Lacerda e Alcebíades Barcelos (Bide)
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento da Orquestra Columbia
Disco Columbia 22.134-B, matriz 381281
Lançado em julho de 1932
TEM FRANCESA NO MORRO
Samba de Assis Valente
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento do Pessoal do Morro
Disco Columbia 22.148-B, matriz 381309
Lançado em novembro de 1932
VOCÊ É O HOMEM DO MEU PEITO
Samba de J. Cabral e M. Rodrigues
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento da Orquestra Columbia
Disco Columbia 22.153-B, matriz 381332
Lançado em dezembro de 1932
MORENO FACEIRO
Samba de Custódio Mesquita
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento da Orquestra Columbia
Disco Columbia 22.153-B, matriz 381325
Lançado em dezembro de 1932
TENHO VONTADE
Selo de Tenho Vontade Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Samba de Guilherme Pereira
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento da Orquestra Columbia
Disco Columbia 22.203-B, matriz 381419
Lançado em 1933
DISCOS ODEON
QUANDO MEU AMOR PARTIU
Samba de Benedito Lacerda
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento da Orquestra Odeon
Disco Odeon 11.144-A, matriz 4879
Gravado em 17 de julho de 1934 e lançado em agosto de 1934
FLOR DO LODO
Selo de Flor do Lodo Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Samba Canção de Ari Mesquita
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento de Orquestra
Disco Odeon 13.398-A, matriz 9546
Gravado em 23 de dezembro de 1952 e lançado em março de 1953
HINO À VIDA
Selo de Hino à Vida Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Samba de Vicente Paiva, Max Nunes e J. Maia
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento de Orquestra
Disco Odeon 13.398-B, matriz 9547
Gravado em 23 de dezembro de 1952 e lançado em março de 1953
DENGUINHO
Selo de Denguinho Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Samba de Aracy Côrtes e César Cruz
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento de Orquestra
Disco Odeon 13.535-B, matriz 9849
Gravado em 21 de agosto de 1953 e lançado em novembro de 1953
AS CADEIRAS DE YAYÁ
Selo de As Cadeiras de Yayá Arquivo Gilberto Inácio Gonçalves |
Samba de Nelson Castro e Armando Maciel
Gravado por Aracy Côrtes
Acompanhamento de Orquestra
Disco Odeon 13.693-A, matriz RIO-10167
Gravado em 11 de junho de 1954 e lançado em agosto de 1954
ALGUMAS LETRAS
A CASINHA
Você
sabe de onde eu venho?
De
uma casinha que eu tenho
Fica
dentro de um pomar
É
uma casa pequenina
Lá
do alto da colina
De
onde se ouve, longe, o mar
Entre
as palmeiras bizarras
Cantam
todas as cigarras
Sob
o pó de ouro do sol
Do
beiral desse horizonte
No
jardim canta uma fonte
E,
na fonte, há um caracol
Quando
vejo, lá da estrada,
A
casinha abandonada
Sinto
n´alma um não sei quê
Como
é triste a natureza
Anda
em tudo uma tristeza
Com
saudades de você
Você,
que é minha amiguinha,
Venha
ver minha casinha
Minha
Santa, meu pomar
Que
o meu cavalo é ligeiro
Dá
uma légua só do outeiro
Chega
a tempo de voltar
Mas,
se acaso anoitecer
Tudo
pode acontecer
Que
será de mim, depois?
A
casinha pequenina
Lá
no alto da colina
Chega
bem para nós dois.
PETROPOLITANA
Petrópolis
linda é brasileira
Oh!
Minha terra
Tu
és tão bela e tão faceira
E
aí na serra
Moram
Cupido e a Deusa Flora
Que
rindo chora
Com
os perfumes e mil odores
Que
se exalam dentre as flores
Petropolitana
És
a flor mais gentil
Tão
linda serrana
Ai,
só tem no Brasil
Petrópolis
santa és peregrina
Tu
és rainha
Tens
alma pura e cristalina
Qual
cascatinha
Em
que desliza amor fecundo
Pedro
Segundo
Deu-te
vida e realeza
Poetizou
com a natureza.
JURA...!
Jura,
jura, jura
Pelo
Senhor
Jura
pela imagem
Da
Santa Cruz do Redentor
Pra
ter valor a tua jura
Jura,
jura de coração
Para
que um dia
Eu
possa dar-te o meu amor
Sem
mais pensar na ilusão
Daí,
então,
Dar-te
eu irei
O
beijo puro na Catedral do Amor
Dos
sonhos meus
Bem
junto aos teus
Para
fugirmos das aflições da dor.
CHORA VIOLÃO
Eu
me chamo Frô das Mata
Maria
da Conceição
Não
sei quantos anos tenho
Nunca
me disseram não
Não
cheguei a ver meu pai
Minha
mãe não conheci
Foi
nas margens do Tietê
Que
disseram que eu nasci
Chora
violão com sodade do sertão
Chora
violão com sodade do sertão
Arrecebi
um biête
Que
foi numa cor de terra
Me
chamando pra cantá
As
toada lá da serra
Eu
cantei, sim, meu senhor
Mas
senti, não nego não,
A
tristeza mais a dô
Me
doer no coração
Essas
coisinha que eu sinto
Lá
em riba eu não sentia
Essa
dô dentro dos peito
Também
lá não me doía
Eu
não sei se foi pro modo
De
um frô avremeiada
Que
me deram quando a cá
Vem
me cantá minhas toada
Eu
só queria sabê
Esses
negócio de amô
A
mode vê se é por isso
Que
meus peito sente dor
Nem
eu não queria vir
Tu
mesmo me aconseiô
Agora,
choremo anssim
Como
inda ninguém chorou, oi.
YAYÁ
Ai
Yoyô, eu nasci pra sofrê
Fui
olhá pra você, meus olhinho fechô
E
quando os olho eu abri
Quis
gritá, quis fugí
Mas
você, eu não sei porque
Você
me chamô
Ai
Yoyô, tenha pena de mim
Meu
Sinhô do Bonfim
Pode
inté se zangá
Se
ele um dia soubé
Que
você é que é
O
Yoyô de Yayá.
Chorei
toda a noite e pensei
Nos
beijo de amô que eu te dei
Yoyô,
meu benzinho
Do
meu coração
Me
leva pra casa
Me
deixa mais não.
BAIANINHA
É
baianinha faceira
Toda
dengosa e gentil
Das
melhores, a primeira
Nestas
terras do Brasil
Tem
um certo requebrado
E
um quadril ondulante
Faz
ficar apaixonado
Qualquer
tipo elegante.
E
que candonga no calcanhar
As
mussorongas a saltitar
Ela
é bonitinha como ninguém é
Com
a chinelinha na ponta do pé.
Um
belo Pano da Costa
E
a trunfa enroscada
Qual
o moço que não gosta
De
uma camisa bordada
A
baiana tem certeza
Certeza
que é estimada
Ela
vale quanto pesa
Sem
precisar ser pesada.
A POLÍCIA JÁ FOI LÁ EM CASA
Polícia
já foi lá em casa sabê
Se
eu dou meu dinheiro todo a você
Quando
tu veio
Só
trazia o sobretudo
Te
dei camisa, te dei terno
Te
dei tudo
Eu
já não sei que fazer mais
Para
te pagar
Tanta
pancada que você me dá
Meu
bem, o castigo que Deus me deu
É
teu
Não
sei como podes zombar assim
De
mim
Não
vês que morro de amor por ti
Por
ti
Por
ti, o que era meu eu perdi
Ai,
meu Deus foi assim que eu cai
Cruel,
teu sorriso me faz sofrer
Morrer
O
meu só te faz é te aborrecer, esquecer
Meus
beijos, você já quis
Não
quer
Os
teus, quê que havemos de fazer?
Eu
sei que você, marvado,
Dá
eles pra outra mulher.
QUEM QUISER VER
Quem
quiser ver
Quem
quiser ver
Tem
que pagar
Sem
se mexer
Sem
se mexer
Não
pode entrar.
Eu
sou mulata sabida
Sei
mexer, sei dançar
Na
perfeição
O
meu prazer nesta vida
É
machucar um maganão.
Quem
quiser ter
Quem
quiser ter
Este
peixão
Tem
que fazer
Tem
que fazer
Combinação.
TU QUÉ TOMÁ MEU HOME
Por
Deus, me deixa sossegada
Tu
qué toma meu home
Mas
meu home eu não te dou
Eu
gosto é de levar pancada
E
até de passar fome
Por
amor do meu amor
Pra
esse homem eu esquecer
Estou
dando pra beber
Estou
dando pra roubar
E
se a polícia me prender
Já
sei que foi você
Que
foi me denunciar
Não
faz isso assim, não
Tenha
compaixão, sim
Não
queira me encrencar
Mulher
malvada e má
Gozar,
me deixa a vida desgraçada
Não
faz isso assim, não
Tenha
compaixão, sim
Não
queira me encrencar
Nem
me perder por que
Assim,
meu destino é só sofrer.
ZOMBA
Zomba,
zomba
Quando
ver chorar alguém
Mas
um dia, Deus castiga
Faz
a gente amar também
O
amor custa, mas vem
Fui
à Bahia ver o Senhor do Bonfim
O
feitiço das baianas
Mal
cheguei, pegou em mim
Gente
danada pra fazer sofrer de amor
Com
certeza foi castigo
Que
me deu Nosso Senhor.
Lá
na Bahia fiz tudo
O
que quis, enfim
As
baianas com suas saias
Jogaram
feitiço em mim
Gente
danada
Pra
fazer sofrer de dor
Mas
isto não é castigo
Que
abale o meu amor.
QUINDIS DE YAYÁ
Yoyô,
Yoyô, Yoyô
Repare
só como treme toda essa gelatina
Yoyô,
Yoyô, Yoyô
É
bom que dói
Isto
não faz mal
É
comida fina
Cheirou,
provou, gostou
Mexendo,
assim,
Ai,
meu Deus, então
Você
pede bis
Yoyô,
eu sou manjar
Se
quer provar
Garanto,
eu juro
Que
você vai ser feliz
Esses
quindins que eu tenho
São
para o meu bem
Esses
quindins que eu tenho
Que
eu tenho
São
dele e de mais ninguém.
VAMOS JUNTAR OS TRAPINHOS
Fecho
o meu baú de foia
Guardo
de novo os trapinho
Com
todo o meu carinho
Vamos,
bem juntos, pela vida
Continuar
nosso caminho
Continuar
nosso caminho
Viverei
junto, bem juntinho
Com
loucura verdadeira
Como
bela parasita
Que
se agarra a um tronco forte
Para
se livrar da morte
E,
assim, passa a vida inteira.
Meu
amor, bem que mereço
O
teu perdão, meu bem
Foi
sempre teu meu coração, também
Eu
juro à Virgem cara a cara
Nunca
mais nós se separa
Amor,
a nossa vida é uma só,
Meu
bem
Pois
eu serei tua mulher
Enquanto
houver,
Aqui,
nosso querido violão.
O AMOR VEM QUANDO A GENTE NÃO ESPERA
(SAMBA DA PENHA)
Eu
sei, eu sei
O
amor vem quando a gente não espera
Disfarçadamente
Morde
como fera
E
faz a gente padecer
Sem
querer
Depois,
os dois
Pensando
que a ventura não tem fim
Sofrem
tal desilusão
E
tudo acaba, então
Em
dor
E
é sempre assim
Numa
barraca lá da Penha
Num
domingo dos barraqueiros
Eu
te encontrei
Quando
puseste em meus olhos
Os
teus olhos mexeriqueiros
Quase
desmaiei
Sem
poder me defender
Fiquei
logo cativa
E
o motivo desta afeição
É
uma interrogação
Uns
dizem que sou
Até
bem feliz
Que
a Santa me ajudou.
POETA DO SERTÃO
O
caboclo do sertão
Quando
a noite é de luar
Com
prazer, satisfação
Sabe
a viola temperar
Com
ternura, apaixonado
A
cantiga sempre entoa
E,
pra lá dos descampados,
Os
ais ele ressoa, ah.
O
poeta do sertão ama o luar
Com
a arma e coração
Sempre
a cantar.
O
poeta do sertão
Sempre
a cantar
Com
a arma e coração
Bem
sabe amar.
O
poeta do sertão
Sempre
a sonhar
Com
a arma e coração
Bem
sabe amar.
Com
a viola temperada
No
descanso além de cá
E
seguindo com a toada
Com
fervor cantando-a
Fim
de amor, crué, padece
Foge
logo pra um retiro
E
se o canto lhe entristece
Morre
sempre num suspiro, ah.
O
poeta do sertão ama o luar
Com
a arma e coração
Sabe
cantar
O
poeta do sertão
Bem
sabe amar
Com
a arma e coração
Sofre
penar
O
poeta do sertão
Bem
sabe amar
Com
a arma e coração
Sofre
penar.
Agradecimento a Gilberto Inácio Gonçalves e ao Arquivo Nirez
Maravilha as fotos e o texto. Aracy era grande. Uma pena que as novas gerações não a conheçam...mas ainda bem que nós a conhecemos. e gostamos muito. Obrigado Marcelo por nos brindar com tudo.
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