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| AURORA MIRANDA Revista Carioca, nº60, 12 de dezembro de 1936. Arquivo Nirez |
Há 12 anos falecia a cantora AURORA MIRANDA.
Aurora
Miranda da Cunha (nome de solteira) nasceu no Rio de Janeiro em 20 de abril de
1915, sendo filha dos portugueses Maria Emília Miranda e José Maria Pinto da
Cunha. Tinha seis irmão: Olinda, Maria do Carmo (Carmen), Cecília, Amaro (Mário)
e Oscar.
Ainda
adolescente, Aurora acompanhava sua irmã, a cantora Carmen Miranda, quando esta
estava iniciando carreira artística. Dessa forma, foi testemunha dos passos que
Carmen rumo à consagração no Rádio e no Disco. Com a irmã já famosa, resolveu
iniciar sua carreira artística e, em 1933, gravou seu primeiro disco na Odeon
em parceria com o maior cantor da época, Francisco Alves. No lado A, a marcha
de Assis Valente, Cai Cai Balão, e no lado B, Toque de Amor, samba de Floriano
Ribeiro de Pinho.
A
partir de então, o sucesso Aurora Miranda só aumentou. Tendo carisma e talento,
não devia nada à fama da irmã e, quando a imprensa sugeria alguma rivalidade
entre elas, Aurora tratava logo de afirmar que não havia competição alguma. As
duas irmãs eram amigas inseparáveis.
Atuando
no rádio, no cinema, em cassinos, gravando discos e excursionando pelo Brasil e
exterior, Aurora Miranda se tornou uma das mais queridas e importantes cantoras
de nossa música na década de 1930. Entre seus filmes feitos no Brasil, somente
um chegou até nós, Alô, Alô Carnaval, dirigido por Adhemar Gonzaga, de 1936.
Nele, Aurora canta um número sozinha, Molha o Pano (samba de Getúlio Marinho e
Vasconcelos), sendo acompanhada pelo Regional de Benedito Lacerda, e participa
com a irmã Carmen Miranda da célebre sequência de Cantores de Rádio, marcha de Alberto
Ribeiro, João de Barro e Lamartine Babo, onde são acompanhadas pela orquestra de Simon Bountman, elas usam uma roupa de lamê dourado e
cartolas, desenhadas pela própria Carmen.
Em
1940, no auge da carreira, casou-se com o comerciante Gabriel Richaid, com quem
ficou casada até 1990, ano em que Gabriel faleceu. No ano de seu casamento,
Carmen já estava nos EUA, tendo voltado para a cerimônia, onde foi madrinha.
Como presente, os noivos ganharam uma lua de mel na casa de Carmen, nos Estados
Unidos. A convivência era tão harmoniosa, e lá também se encontrava morando d.
Maria Emília, que Aurora e Gabriel passaram a morar por lá também. Ela tentou
uma carreira nos Estados Unidos, gravando alguns discos e participando de
filmes, inclusive sendo a primeira atriz na história a contracenar com desenho
animado, no caso Zé Carioca e Pato Donald, em Você já foi à Bahia (The Three
Caballeros), de 1944, onde canta Os Quindins
de Yayá, de Ary Barroso.
Mas
uma carreira internacional não enchia os olhos de Aurora, pois sua grande felicidade
era se dedicar à família. Nos Estados Unidos nasceram seus dois filhos, Gabriel
e Maria Paula. Quando a família retornou ao Brasil, no começo da década de
1950, Aurora ainda gravaria discos, lançando em primeira mão o samba canção
Risque, de Ary Barroso que, no entanto, seria sucesso na voz de Linda Batista.
Possuidora
de uma das mais belas vozes de nossa música, ao longo de sua carreira, Aurora
Miranda deixou registrados muitos sucessos, porém, o que marcaria toda sua vida
seria a marcha de André Filho, Cidade Maravilhosa, que ambos gravariam em 1934,
sendo sucesso no carnaval de 1935. Na época, ela ficou em segundo lugar em um
concurso, porém, o tempo fez justiça e a música se tornou o Hino Oficial da Cidade
do Rio de Janeiro.
Aurora
Miranda faleceu aos 90 anos, em 22 de dezembro de 2005, no mesmo ano em que se
relembravam os 50 anos de falecimento de sua irmã, Carmen Miranda. Graças à
Aurora, a memória de Carmen sempre seria reverenciada, pois ela fazia questão
de contar às novas gerações a importante trajetória de sua irmã, muitas vezes
esquecendo a importância de sua própria para nossa cultura. Tive o prazer de
falar várias vezes com ela por telefone, em conversas rápidas, onde ela sempre
foi simpática e atenciosa.
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| Aurora e Carmen Miranda Revista Carioca, nº24, 04 de abril de 1936. Arquivo Nirez |
Vamos
conferir algumas gravações de Aurora Miranda durante a década de 1930.
SOU DA COMISSÃO DE FRENTE
Samba
de Assis Valente
Acompanhamento
da Orquestra Copacabana
Disco
Odeon 11.077-B, matriz 4739
Gravado
em 26 de outubro de 1933 e lançado em janeiro de 1934
AVIÃO DO AMOR
Marcha
de André Filho e Alberto Ribeiro
Acompanhamento
da Orquestra Odeon e coro
Disco
Odeon 11.088-B, matriz 4765
Gravado
em 15 de dezembro de 1933 e lançado em janeiro e fevereiro de 1934
SINOS DE NATAL
Samba
de Vicente Paiva e Djalma Esteves
Acompanhamento
da Orquestra Odeon
Disco
Odeon 11.174-B, matriz 4935
Gravado
em 18 de outubro de 1934 e lançado em dezembro
NOITES BRASILEIRAS
Marcha
de André Filho
Acompanhamento
da Orquestra Odeon, sob a direção de Simon Bountman
Disco
Odeon 11.247-B, matriz 5092
Gravado
em 02 de julho de 1935 e lançado em agosto
FIZ CASTELOS DE AMORES
Samba
Choro de Osvaldo Chaves Ribeiro (Gadé) e Valfrido Silva
Acompanhamento
de Conjunto Refional
Disco
Odeon 11.268-B, matriz 5110
Gravado
em 02 de agosto de 1935 e lançado em outubro
MENINA DO REGIMENTO
Marcha
de Alberto Ribeiro e João de Barro
Acompanhamento
da Orquestra Victor Brasileira
Disco
Victor 34.390-A, matriz 80921-2
Gravado
em 28 de outubro de 1938 e lançado em dezembro
CORAÇÃO SONHADOR
Samba
de Alberto Ribeiro e Antônio Almeida
Acompanhamento
do Conjunto RCA Victor
Disco
Victor 34.403-B, matriz 80933-1
Gravado
em 14 de novembro de 1938 e lançado em janeiro de 1939
ROUBARAM MEU MULATO
Samba
Canção de Claudionor Cruz
Acompanhamento
do Conjunto RCA Victor
Disco
Victor 34.434-B, matriz 33016-1
Gravado
em 14 de março de 1939 e lançado em maio
VÁ PRA CASA SOSSEGAR
Samba
de Osvaldo Santiago, Antônio Almeida e Alcir Pires Vermelho
Acompanhamento
de Orquestra
Disco
Victor 34.519-A, matriz 33171-1
Gravado
em 03 de outubro de 1939 e lançado em novembro
BATATA FRITA
Samba
de Ciro de Souza e Garcez
Acompanhamento
de Conjunto
Disco
Victor 34.608-A, matriz 33354-1
Gravado
em 19 de março de 1940 e lançado em junho
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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