ABIGAIL MAIA Theatro & Sport, 21 de agosto de 1915. http://memoria.bn.br |
Há
36 anos a atriz cantora ABIGAIL MAIA nos deixava, com a idade de 94 anos.
Trago seu esboço biográfico e algumas de suas gravações.
Abigail
Maia nasceu no Rio de Janeiro (algumas fontes dão como Porto Alegre) em 16 de
setembro de 1887. Era filha dos atores Balbina Maia, baiana, e Joaquim da Costa
Maia, português. Sua mãe era viúva e já tinha dois filhos quando conheceu
Joaquim. Aos cinco anos de idade, cantava acompanhada por guitarra portuguesa,
com seu pai ou seu irmão, Magnus. Mesmo artistas, seus pais não queriam que ela
seguisse a carreira artística. Seus irmãos também eram artistas, Magnus era
ator e Augusto, contra-regra, sendo genro da atriz Henriqueta Thibau e do célebre
ator Vasques. Aos dez anos, Abigail perdeu o pai, tendo que viajar com a mãe,
atriz contratada da Companhia Dias Braga; em 1898, falece seu irmão, com 23
anos de idade.
Com
17 anos incompletos, em 1903, casou-se com Joaquim da Silva Braga, tendo uma
filha em 1905. Nesse mesmo ano, seu esposo faleceu de tuberculose. Em 1909,
Abigail casou-se com o maestro e compositor Luís Moreira e, um ano depois, em
Portugal, nascia seu segundo filho, que ela batizou com o nome de seu irmão,
Magnus. Ficou novamente viúva em 1920, casando-se no ano seguinte com Oduvaldo
Viana, tendo duas filhas.
Abigail Maia Theatro & Sport, 15 janeiro de 1916. http://memoria.bn.br |
Mesmo
contra a vontade dos pais, estreou como atriz em Porto Alegre aos 15 anos de
idade, quando substituiu uma atriz na peça Maridos na corda bamba, onde sua mãe
atuava como primeira atriz. Quando voltou ao Rio não pretendia retornar aos
palcos, mas, mesmo a contragosto, aceitou um papel de menina-moça, a princesa
Açucena, na pela A Fada de Coral, na Companhia Silva Pinto, onde sua mãe também
trabalhava. Passou a trabalhar definitivamente no teatro em 1905, com o
falecimento de seu primeiro marido, onde se viu em dificuldades financeiras.
Passou a fazer parte da Companhia Luso-Brasileira, de propriedade do empresário
Lago, que atuava no Teatro São Pedro; durante um ano e meio atuou em revistas.
Com a peça Flor de Junho, do paulista José Pisa, excursionou por diversos
estados.
Em
1910, contratada pelo empresário Alfredo Miranda, viajou para Portugal, atuando
no Teatro Sá Bandeira, na cidade do Porto, onde interpretou operetas vienenses.
Voltou para o Brasil em 1911, quando sua mãe faleceu. Depois, entrou para a
Companhia José Loureiro, onde seu segundo marido, Luís Moreira, era maestro. Na
cidade de Santos (SP), ela e o marido conheceram o humorista João Foca e
resolveram formar um trio, ela cantava, Luís Moreira tocava piano e João Foca
fazia a parte de comédia. Excursionaram pelo estado de São Paulo e, por essa
época, a imprensa a denominava de Rainha da Canção Brasileira. De volta ao Rio
em 1915, o trio se apresentou no Cinema Pathé, na Avenida Rio Branco, porém,
nesse mesmo ano, se desfez com a morte de João Foca. Continuou atuando com
sucesso, sendo uma das mais populares atrizes da década de 1910, ao lado de
Júlia Martins, Pepa Delgado, Cecília Porto, Laura Godinho e a estreante Otília
Amorim.
Abigail Maia Theatro & Sport, 11 de outubro de 1919. http://memoria.bn.br |
De
1912 a 1931, Abigail Maia gravou 14 músicas nas gravadoras Phoenix Record,
Odeon Record, Gaúcho Record e Victor, tendo gravado também ao lado do ator
Olímpio Nogueira. A canção O Meu Boi
Morreu, gravada por Bahiano e Eduardo das Neves, em 1916, era do repertório
da atriz, como o próprio Bahiano afirma no início da gravação.
Contratada
em 1920 por Pascoal Segreto para ser estrela de sua companhia, no Teatro São
Pedro, estreou com sucesso a opereta A Juriti, onde fazia a protagonista, ao
lado de Vicente Celestino. A peça era da autoria de Viriato Correia e tinha
música de Chiquinha Gonzaga. Algumas de suas canções seriam gravadas em 1930
pela cantora paulistana Helena Pinto de Carvalho.
Ainda
em 1920, atuou no filme O Guarany, de
José de Alencar, dirigido por João de Deus, interpretando Cecy, ao lado de
Carmen Ruiz, o próprio João de Deus, Carmen Botelho e Humberto Catalano.
Abigail
Maia atuou ao lado de grandes nomes do teatro como Leopoldo Fróes e Procópio
Ferreira. Aliás, ela é madrinha de batismo de Bibi Ferreira, filha de Procópio,
que escolheu o nome Abigail em homenagem à amiga que o lançou no teatro.
Theatro & Sport, 26 de março de 1921. http://memoria.bn.br |
Retornou
ao Teatro Trianon em 1921, onde já havia atuado, porém, agora na condição de
primeira figura da companhia organizada por Oduvaldo Viana, seu terceiro
marido. Nos anos 20, excursionou por Buenos Aires e Montevidéu. Atriz
consagrada, Abigail Maia se dedicaria ao rádio-teatro em 1940, atuando como rádio-atriz,
onde emocionava os ouvintes com suas interpretações em novelas, com destaque
para a personagem Conceição na novela O Direito de Nascer. Quando completou 80
anos de idade, em 1967, resolveu se aposentar.
Vinda
de uma família de artistas, Abigail Maia era sobrinha da atriz Jesuína Montani
e prima das atrizes Gabriela Montani, Olympia Amoedo e tia da atriz Lucília
Perez.
Theatro & Sport, 23 de agosto de 1924. http://memoria.bn.br |
Em
20 de dezembro de 1981, Abigail Maia faleceu vitima de edema pulmonar, aos 94
anos de idade. Deixou quatro filhos, Magnus Moreira, Elza Braga, Marilza e Yeda
Viana, além de sete netos e quatro bisnetos.
Na
ocasião de seu falecimento, o compositor e ator Mário Lago, seu colega na Rádio
Nacional, afirmou que com sua morte se encerrava um ciclo do teatro, “do qual
talvez, fosse a única sobrevivente”. Com a morte de Abigail Maia terminava uma
época especial do teatro nacional.
Jornal do Brasil, 21 de dezembro de 1981. http://memoria.bn.br |
Jornal do Brasil, 21 de dezembro de 1981. http://memoria.bn.br |
Abigail Maia (à esquerda) e Josephina Barco (à direita) no filme O Guarany, 1920. http://memoria.bn.br |
GRAVAÇÕES DE ABIGAIL MAIA
SÚPLICA
Canção
Acompanhamento
de piano
Disco
Odeon Record 121.170
Lançado
em 1916
FACEIRA
Canção
Acompanhamento
de piano
Disco
Odeon Record 121.171
Lançado
em 1916
O
CUMBUCO E O BALAIO
Coco
Baiano
Acompanhamento
de coro e piano
Disco
Odeon Record 121.172
Lançado
em 1916
CHICO,
MANÉ, NICOLAU
Batuque
Paulista
Acompanhamento
de coro e piano
Disco
Odeon Record 121.173
Lançado
em 1916
SARARÁ
Toada
e Eduardo Souto
Acompanhamento
de Conjunto
Disco
Odeon 10.510-A, matriz 3041
Lançado
em dezembro de 1929
MEU
PRÍNCIPE ENCANTADO
Canção
de Armando Ângelo e Guilherme de Almeida
Acompanhamento
de Conjunto
Disco
Odeon 10.510-B, matriz 3042
Lançado
em dezembro de 1929
SORRISO
DA MULHER
Canção
de Marcelo Tupinambá e Oduvaldo Viana
Acompanhamento
de Quarteto de Cordas
Disco
Victor 33.425-A, matriz 65111-2
Gravado
em 24 de fevereiro de 1931 e lançado nesse mesmo ano
FLOR
DE MARACUJÁ
Canção
de Marcelo Tupinambá e Amadeu Amaral
Acompanhamento
de Quarteto de Cordas
Disco
Victor 33.425-B, matriz 65112-2
Gravado
em 24 de fevereiro de 1931 e lançado nesse mesmo ano
Boa tarde! Excelente post! Estou pesquisando a Cia Abigail Maia, você sabe me dizer se existe algum acervo documental onde possa procurar por mais informações? Agradeço pelo post e pela atenção. Abraço
ResponderExcluirBoa tarde Taís. Obrigado pelas palavras. Muito interessante sua pesquisa. Não sei se existe um acervo somente com dados sobre Abigail Maia e sua Companhia. Eu tenho encontrado várias informações através do site da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
ExcluirGrande abraço.