quarta-feira, 22 de novembro de 2017

OS OLHOS AZUIS - Pela INIMITÁVEL RISOLETTA, 1910

RISOLETTA
Acervo José Ramos Tinhorão.


A cantora RISOLETTA era muito popular nas duas primeiras décadas do século XX. Nos selos dos discos, ela era apresentada como a Inimitável. Gravou dezenas de músicas, algumas em parceria com Orestes de Matos e Eduardo das Neves. Também lançou sucessos de Chiquinha Gonzaga como Machuca, Yayá Fazenda Etc e Tal, Roda Yoyô, A Baiana dos Pastéis e Fado das Tricanas de Coimbra. Seu repertório era variado, registrando em discos lundus, maxixes, canções, valsas e modinhas.

Em minhas pesquisas descobri a letra de uma de suas canções. Trata-se da modinha Os Olhos Azuis, que consta no livro Cancioneiro Popular de Modinhas Brasileiras, livro organizado por Catullo da Paixão Cearense, lançado em 1908 pela editora Quaresma & C., vigésima quinta edição.

De acordo com a indicação do livro, essas modinhas teriam sido reunidas por Catullo e seriam de vários autores. O exemplar se encontra no site http://www.archive.org/.


Os Olhos Azuis é uma modinha que foi gravada na década de 1900 e 1910 por alguns cantores: Cadete, em 1902; Mário Pinheiro, por volta de 1904; Caramuru, em 1910 (disco relançado em 1912) e Bahiano, em 1915. Risoletta gravou em 1910, na Brazil Record.

Letra copiada com a grafia e pontuações originais.



OS OLHOS AZUIS
Modinha
Gravada pela Inimitável Risoletta
Disco Brazil Record 70.442
Lançado em 1910


http://www.archive.org/


Os olhos castanhos são lindos, serenos,
seu brilho nos mata, nos prende e seduz,
porém a minh´alma despreza-os, sem magua,
por vêr tão sómente os teus olhos azues.

O sol, despontando na rubra alvorada,
na terra, nos mares, em tudo reluz!...
Mas nunca os seus raios as settas lançaram
que lançam, vibrando, os teus olhos azues!

E, quando me vires, com os olhos em Christo,
e as mãos tremulantes seguras à cruz,
verás que a minh´alma fugindo, invisivel,
porcura asylar-se em teus olhos azues!

ESTRIBILHO
Não sei o que influe o azul dos teus Olhos!
Que chamma! Que brilho! Que iman! Que luz!
Já ouço a minh´alma dizendo-me baixinho:
Eu vico captiva de uns olhos azues!











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