domingo, 1 de outubro de 2017

ZAÍRA CAVALCANTI E SUAS GRAVAÇÕES

ZAÍRA CAVALCANTI, 1929
Livro Viva O Rebolado
de Salvyano Cavalcanti de Paiva
Aqruivo
Marcelo Bonavides


Há 104 anos nascia a cantora e atriz ZAÍRA CAVALCANTI, uma das mais belas e talentosas artistas de nosso teatro de revista e nossa música popular brasileira.

Zaíra Baltazar Cavalcanti nasceu em Santa Maria (Rio Grande do Sul), em 01 de outubro de 1913. Era filha do militar pernambucano Otávio Cavalcanti e de Conceição Baltazar.

Iniciou sua carreira artística muito cedo, ainda em Porto Alegre, descoberta pelo empresário Mário Ulles (ou Hulles), que a convidou para ir ao Rio de Janeiro. Antes de embarcar, ele a testou no Teatro Guarany, de Porto Alegre. Zaíra cantou Luar do Sertão, de João Pernambuco e Catullo da Paixão Cearense, agradando em cheio e confirmando o convite ao Rio.

Em 1927, vamos encontra-la no Rio de Janeiro como estrela do filme Flôr do Pântano (inacabado), da Artistas Unidos do Brasil. Ela tinha mais ou menos treze anos.

No Rio de Janeiro ela estrearia no Alcazar (a segunda casa de espetáculos com esse nome), na Rua do Passeio. O célebre compositor e cabaretier De Chocolat a apresentou como “a nova estrela que o Rio iria conhecer”.

Com a Companhia Arruda, viajou para Santos. De volta ao Rio, sem ter vaidades de estrela, foi ser corista na Companhia Tró-ló-ló, de Jardel Jércolis, no Teatro Glória, na Cinelândia.

Sua grande oportunidade veio em 24 de janeiro de 1930, com a estreia da revista Dá Nela!, no Theatro Recreio. Cabia à Zaíra cantar a marchinha de Ary Barroso que dava nome à peça e que havia ganhado o concurso de músicas da Casa Edison. Quando a jovem de dezesseis anos surgiu no palco com as coristas, cantando os versos, vestida de calças compridas e lenço vermelho ao pescoço, o público exultou, consagrando-a como grande estrela. Ela precisou repetir a música três vezes, a pedido da plateia. O crítico teatral Lafayette Silva afirmou que ela era “a mais séria ameaça do teatro popular”. Assim, nascia uma nova estrela brasileira.

Ainda em 1930, ela começou a gravar discos. Seu primeiro disco, gravado na Parlophon, trazia os sambas Pedaço de Mau Caminho, de Eduardo Souto e Osvaldo Santiago, e Gongá, de José Luís da Costa (Príncipe Pretinho). Ela também gravaria na Odeon, ao todo quatorze músicas em sete discos, entre 1930 e 1932. Alguns de seus sucessos no teatro foram gravados, como Por Que?, samba de Olímpio Bastos (Mesquitinha), que ela cantou na revista Pau Brasil, de 1930. Gravaria ainda a belíssima Canção dos Infelizes, em 1930, de Ernesto dos Santos (Donga), Luís Peixoto e Marques Porto. Essa canção seria regravada em 1931 pela soprano Zaíra de Oliveira, esposa de Donga. Zaíra Cavalcanti traz uma parte declamada. Em Sem Querer, samba-canção de Ary Barroso, Marques Porto e Luís Peixoto, gravado no final de 1930, Zaíra nos dá uma dolente interpretação.

"Usando o Iodosan conservo os meus dentes assim,
Zaíra Cavalcanti, 20-12-32"
Revista A Noite Illustrada, 1932
Propaganda de Iodosan.


Zaíra Cavalcanti seguiu com êxito no teatro musicado, participando de filme no Brasil e na Argentina, excursionando pelo Brasil e exterior, levando nossa música através de seu grande talento de interpretar nossos ritmos.

Um de seus últimos filmes foi ao lado de Mazzaropi, seu amigo e admirador, em Uma Pistola Para Djeca, de 1970.

Ela faleceria no Retiro dos Artistas, do Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1981, pouco antes de completar 68 anos.

Zaíra Cavalcanti foi uma de nossas mais belas atrizes-cantoras e vedete, além de possuir um talento ímpar, sendo reconhecida por sua bonita voz e sua forma especial de cantar a nossa música.


Trago novamente, dessa vez reunida em uma postagem, todas as suas gravações, feitas na Parlophon e na Odeon. Agradeço aos amigos pesquisadores e colecionadores Dijalma Cândido e Nirez (Miguel Ângelo de Azevedo) pelas gravações. Dijalma ainda nos enviou gentilmente as fotografias dos selos dos discos.



PEDAÇO DE MAU CAMINHO


Samba de Eduardo Souto e Osvaldo Santiago
Acompanhamento de Simão Nacional Orquestra
Disco Parlophon 13.114-A, matriz 3317
Gravado em 1930 e lançado em março




GONGÁ



Samba de José Luís da Costa (Zé Pretinho)
Acompanhamento de Simão Nacional Orquestra
Disco Parlophon 13.114-B, matriz 3318
Gravado em 1930 e lançado em março




DIGA


Samba canção de Gonçalves de Oliveira e Lamartine Babo
Acompanhamento da Orquestra Pan American, sob a direção de Simon Bountman
Disco Odeon 10.611-A, matriz 3548-1
Lançado em junho de 1930




CANÇÃO DOS INFELIZES


Canção de Ernesto dos Santos (Donga), Luís Peixoto e Marques Porto
Acompanhamento da Orquestra Pan American, sob a direção de Simon Bountman
Disco Odeon 10.611-B, matriz 3547-1
Lançado em junho de 1930




ORGIA


Samba de A. Neves e Luís Peixoto
Acompanhamento de Simão nacional Orquestra
Disco Parlophon 13.200-A, matriz 3733
Gravado em 1930 e lançado em setembro




POR QUE?


Samba Olímpio Bastos
Acompanhamento de Simão nacional Orquestra
Disco Parlophon 13.200-B, matriz 3739
Gravado em 1930 e lançado em setembro
Lançado por Zaíra Cavalcanti na revista musical Pau Brasil, de 1930.




TEM MUAMBA


Samba de Eduardo Souto e João de Barro
Acompanhamento da Orquestra Guanabara
Disco Parlophon 13.218-A, matriz 3898
Gravado em 1930 e lançado em outubro





VOU PEDIR À PADROEIRA


Samba da Penha
De Américo de Carvalho
Acompanhamento da Orquestra Guanabara
Disco Parlophon 13.218-B, matriz 3899
Gravado em 1930 e lançado em outubro






CARANGUEJO TAMBÉM SOBE NO ARVOREDO


Samba de Mário Barros
Acompanhamento da Orquestra Guanabara
Disco Parlophon 13.255-A, matriz T-17
Lançado em janeiro de 1931





SEM QUERER...


Samba canção de Ary Barroso, Marques Porto e Luís Peixoto
Acompanhamento da Orquestra Guanabara
Disco Parlophon 13.255-B, matriz T-16
Lançado em janeiro de 1931





QUANDO ESCUTO VOCÊ CANTAR


Fox de Milton Amaral e Jerônimo Cabral
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.951-A, matriz 4529
Gravado em 20 de outubro de 1932 e lançado em janeiro e fevereiro de 1933




QUANDO TU FORES BEM VELHINHO


Samba de Paulo orlando e Jerônimo Cabral
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.951-B, matriz 4530
Gravado em 20 de outubro de 1932 e lançado em janeiro e fevereiro de 1933





NOSSAS CORES


Samba de Oscar Cardona
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.984-A, matriz 4524
Gravado em outubro de 1932 e lançado em março de 1933






NÃO TERÁS PERDÃO


Choro de Oscar Cardona
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
Disco Odeon 10.984-B, matriz 4525
Gravado em outubro de 1932 e lançado em março de 1933


















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