Vamos relembrar o poeta CASTRO ALVES.
Antônio Frederico de Castro Alves nasceu na Fazenda
de Cabaceiras, na então Freguesia de Muritiba, em Curralinho (atual Castro
Alves) (BA), em 14 de março de 1847.
Seus pais eram
Clélia Brasília da Silva Castro (filha de um herói da Independência da Bahia) e
do médico Antônio José Alves, que viria a ser professor na Faculdade de
Medicina de Salvador. Sua mãe faleceu quando ele tinha doze anos de idade.
Em 1853, foi
morar com a família em Salvador, estudando no colégio de Abílio César Borges,
que seria o futuro Barão de Macaúbas. Nessa instituição, foi colega de Ruy
Barbosa, já demonstrando uma grande e precoce vocação para a poesia.
Castro Alves
foi morar em Recife no ano de 1862, concluindo os cursos preparatórios para
ingressar na faculdade. Após ser reprovado duas vezes, passou e se matriculou
na Faculdade de Direito do Recife em 1864. Em 1865, quando cursava o primeiro
ano, foi colega de turma do também poeta Tobias Barreto.
Seu pai
faleceu em 1866 e, pouco tempo depois, Castro Alves iniciou um romance com a
atriz portuguesa Eugênia Câmara. O envolvimento com Eugênia causou escândalo na
sociedade da época, pois ela era dez anos mais velha que o poeta, fato não bem-visto
pelas regras sociais de então.
Ficaram
célebres seus duelos de poesias com o colega Tobias Barreto nos intervalos das
peças do Theatro Santa Isabel, de Recife. Nesse teatro Eugênia Câmara se
apresentava e dividia o palco com outra atriz portuguesa, Adelaide do Amaral, muito
admirada por Tobias Barreto. Enquanto as duas artistas “duelavam” nos palcos
com suas atuações, Alves liderava o partido (fã clube) de Eugênia, enquanto Barreto
defendia o de Amaral. Um fazia poesias exaltando os dotes artísticos de uma,
enquanto o outro rebatia, fazendo exatamente o mesmo com sua preferida. E mais:
o teatro era um tumulto, pois, quando Eugênia Câmara aparecia em cena, seus fãs
a aplaudiam e os admiradores de Adelaide do Amaral faziam barulhos com os pés
no chão de madeira do teatro (a pateada) para atrapalhar. Quando era Amaral quem
estava em cena, o tumulto se repetia, invertendo os papéis dos admiradores.
Castro Alves
se destacou como poeta produzindo versos abolicionistas, condenando a
escravidão no Brasil e expondo a absurda situação da população escravizada. Ficou
conhecido como O Poeta dos Escravos ou O Poeta da Abolição.
Como um poeta
social, produziu também peças de teatro para Eugênia Câmara, como o drama
Gonzaga, de 1868. Os dois se separaram por volta de 1869, sem nunca apagarem de
suas memórias o romance vivido. Castro Alves teve outros amores, antes e depois
de Eugênia, porém, a história vivida pelos dois ficou famosa e inspiraria
romanticamente as gerações seguintes, gerando livros de romances, músicas e até
filmes, como Vendaval Maravilhoso (1949), onde a fadista Amália Rodrigues a interpretava.
Além de atriz,
Eugênia Câmara também era poetisa, autora e tradutora de peças teatrais, tendo
lançado um livro de poesias ainda na década de 1860, em Fortaleza (CE), quando
se apresentava nessa cidade.
Ainda em 1869,
em uma caçada em São Paulo, disparou acidentalmente sua espingarda no próprio
pé esquerdo, precisando amputá-lo no Rio de Janeiro.
Alguns dos
poemas de Castro Alves seriam musicados e gravados a partir de 1902, como a
poesia Sonho da Bohemia (Dama Negra), feita especialmente para Eugênia
Câmara. Outras composições, como O Gondoleiro do Amor, musicada por Salvador Fábregas
e muito regravada, também foi feita para Eugênia Câmara, fora outras.
Além de poeta, Castro Alves tinha um
grande talento para desenhar, deixando algumas obras, sem se profissionalizar
nesse sentido.
Vários de seus poemas que foram
musicados, foram gravados por cantores como Bahiano, Cadete, Mário Pinheiro,
Arthur Castro, e mais adiante, por Olga Praguer Coelho, entre outros. Seu poema
mais conhecido é o já citado O Gondoleiro do Amor.
Castro Alves faleceu jovem, aos 24
anos, vitimado pela tuberculose em Salvador (BA), no dia 06 de julho de 1871.
Eugênia Câmara faleceu no Rio de
Janeiro, em 28 de maio de 1874.
Castro Alves é o patrono da cadeira número 07, da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Valentim Magalhães.
RECORTES SOBRE CASTRO ALVES
Castro Alves aos 18 anos |
CASTRO ALVES, 1867, aos 20 anos |
CASTRO ALVES Última fotografia, São Paulo, 1871 |
A República, 1870 http://memoria.bn.br/ |
Correio Paulistano, 1871 http://memoria.bn.br/ |
A República (RJ), 1871 http://memoria.bn.br/ |
A Reforma (RJ), 1871 http://memoria.bn.br/ |
Jornal de Recife, 1871 http://memoria.bn.br/ |
O Abolicionista (BA), 1871 http://memoria.bn.br/ |
Boa Vista, fazenda onde morou Castro Alves. Depois, viraria um hospital. |
Theatro Santa Isabel, Recife |
Auto-retrato de Castro Alves. Biblioteca Nacional |
Auto-retrato de Castro Alves. |
GRAVAÇÕES MUSICADAS DE POESIAS DE CASTRO ALVES
Trago algumas gravações de seus poemas, que receberam melodias, feitas entre 1904 e 1961.
A CONCHA DO AMOR
Canção com versos de Castro Alves e melodia de Salvador Fábregas
Gravada por Mário Pinheiro
Acompanhamento de violão
Disco Odeon Record 40.080, matriz RX-121
Lançado em 1904
PÁLIDA MADONA
Modinha com versos de Castro Alves
Gravada por Mário Pinheiro
Acompanhamento de violão
Disco Odeon Record 40.563
Lançado em 1905
EUGÊNIA
Modinha com versos de Castro Alves
Gravada por Mário Pinheiro
Acompanhamento de violão
Disco Odeon Record 40.611
Lançado em 1905
VAMOS EUGÊNIA
Modinha com versos de Castro Alves
Gravada por Mário Pinheiro
Disco Victor Record 99.721
Gravado em 25 de junho de 1910 e lançado em 1910
O GONDOLEIRO DO AMOR I
Barcarola com versos de Castro Alves e melodia de Salvador Fábregas
Gravada por Mário Pinheiro
Acompanhamento de piano e violão
Disco Odeon Record 108.193
Lançado entre 1908 e 1909
O GONDOLEIRO DO AMOR II
Barcarola com versos de Castro Alves e melodia de Salvador Fábregas
Gravada por Mário Pinheiro
Acompanhamento de piano e violão
Disco Odeon Record 108.194
Lançado entre 1908 e 1909
O GONDOLEIRO DO AMOR
Barcarola de Castro Alves e Salvador Fábregas
Gravada por Mário Pinheiro
Disco Victor Record 99.720
Gravado em 24 d ejunho de 1910 e lançado em 1910
A BARQUINHA
Modinha com versos de Castro Alves e melodia de Salvador Fábregas
Gravada por Cadete
Acompanhamento de violão
Disco Odeon Record 108.475, matriz XR-1065
Lançado em 1911
O GONDOLEIRO DO AMOR
Barcarola com versos de Castro Alves e melodia de Salvador Fábregas
Gravada por Arthur Castro
Disco Phoenix Record 283, matriz 1490
Lançado em 1913
O GONDOLEIRO DO AMOR
Modinha com versos de Castro Alves e melodia de Salvador Fábregas
Gravado por Olga Praguer Coelho, acompanhada de violões
Disco Victor 34.105-B, matriz 80181-1
Gravado em 30 de julho de 1936 e lançado em novembro
O GONDOLEIRO DO AMOR
Barcarola de Castro Alves e Salvador Fábregas
Gravada por Vicente Celestino
Acompanhamento de Orquestra
Disco RCA Victor 80-0976-A, matriz SB-093344
Gravado em 02 de julho de 1952 e lançado em setembro de 1952
O GONDOLEIRO DO AMOR
Valsa de Castro Alves e Salvador Fábregas
Gravada por Tonico e Tinoco
Acompanhamento de Conjunto
Disco Caboclo CS-350-A, matriz 12426
Lançado em junho de 1960
ABANDONO
Bolero de Castro Alves, Taque Nacur e Rodolfo Marques
Gravado por Carlos Hamilton
Acompanhamento de Orquestra
Disco RCA Camden CAM-1.070-A, matriz M3CAB-1354
Gravado em 03 de julho de 1961 e lançado em julho de 1961
Agradecimento ao Arquivo Nirez
Nenhum comentário:
Postar um comentário