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O vatapá é um dos
mais tradicionais pratos da culinária brasileira. Com ascendência africana, ele
também é usado em cerimônias religiosas, como oferenda, e figura entre os
quitutes mais desejados de nosso país. Pode ser feito com camarão, peixe,
frango, ou o que a imaginação sugerir. Você pode conferir várias receitas da iguaria em nossa postagem sobre Vatapá.
A Música
A ideia desse post
veio de uma famosa música do começo do século XX, chamada O Vatapá.
Era comum lançarem
músicas com títulos de comidas e, até, frutas. A culinária brasileira era
cantada de forma extrovertida e maliciosa, como no caso d´O Vatapá, que fazia
parte da revista (peça de teatro de revista) O Maxixe, estreada em 31 de março
de 1906, que tinha entre as estrelas Machado Careca e Maria Lino. Caberia à Maria
Lino lançar nessa peça o famoso lundu Vem Cá, Mulata.
O autor de O Vatapá
é o maestro Paulino Sacramento e a música só começou a ser gravada em 1909,
continuando as gravações no ano seguinte. Foi gravada pela Banda do Corpo de
Bombeiros, Banda do 52º de Caçadores, por Pepa Delgado e Mário Pinheiro,
Geraldo Magalhães e Medina de Sousa, Albertina Rosa e Orestes Mattos e pelos
famosos cançonetistas gaúchos Os Geraldos (Nina Teixeira e Geraldo Magalhães).
Os Geraldos (Nina Teixeira e Geraldo Magalhães) |
Medina de Sousa e Geraldo Magalhães |
Pepa Delgado e Mário Pinheiro |
A letra, além de dar dicas para a receita, é levemente apimentada como um bom vatapá deve ser.
O
VATAPÁ, de Paulino Sacramento
Banda
do Corpo de Bombeiros
Disco
Odeon Record 108.033, Matriz XR-566
Lançado
em 1909
Os
Geraldos
Disco
Odeon Record 108.338, matriz XR-900
Lançado
em 1909
Medina
de Sousa e Geraldo Magalhães
Disco
Victor Record 98.453
Lançado
em 1909
Albertina
Rosa e Orestes de Mattos
Disco
Brazil Record 70.219
Lançado
em 1910
Pepa
Delgado e Mário Pinheiro
Columbia
Record 11.644
Acompanhamento
de orquestra
Lançado
em 1910
Relançamento
Columbia
Record B-31, matriz 11.644
Acompanhamento
de orquestra
Lançado
em 1912
Obs. A versão aqui apresentada é a do relançamento de 1912.
Banda
do 52º de Caçadores
Disco
Columbia Record 11.885
Lançado
em 1910
Relançamento
Disco Columbia B-80, matriz 11.885
Lançado em 1912
Obs. A versão aqui apresentada é a do relançamento de 1912.
Letras
Há duas versões para a música
Pepa Delgado e Mário Pinheiro
O Vatapá, comida rara
é assim yayá que se prepara
Você limpa a panela bem limpa
quando o peixe lá dentro já está
Bota leite de coco e gengibre
A pimenta da Costa e o fubá
Camarão torradinho se ajunta
ao depois da cabeça tirada
Mas então a cabeça não entra?
Qual cabeça, seu moço
que nada!
Mexe direito pra não queimar!
Mexe com jeito o vatapá!
Amendoim ou castanha torrada
o azeite, do bom, de dendê
Na panela se bota e se mexe
Mas, precisa de mão pra mexer
Pois então, sinhá dona, eu mexo
que sou cabra feroz neste assunto
Vem cair, já, num bom remelexo
Vamos, vamos, mexer nós dois juntos
Mexe direito pra não queimar
Mexe com jeito o vatapá
Os Geraldos, Medina de Sousa e Geraldo Magalhães, Albertina Rosa e Orestes de Mattos
O Vatapá, comida rara
é assim yoyô que se prepara
Você limpa a panela bem limpa
quando o peixe lá dentro já está
Bota o leite de coco e gengibre
A pimenta da Costa, o fubá
Camarão torradinho se ajunta
ao depois da cabeça tirar
Mas então a cabeça não entra, minha
filha?
Que cabeça, seu moço
que nada!
Mexe direito pra não queimar!
Mexe com jeito o vatapá!
Quebra!
Aí, mulata velha, sacode!
O vatapá pra se comer
é quente yoyô quase a ferver.
Que tal comer?
Ah, baiana velha, já sei
Ah, baiana velha, já sei
eu sou um mestrão!
Sim?
Tenho comido os mais variados!
Avariados, yoyô?
Não! Digo, quitutes.
(Que é que tem yoyô?)
Ah!
Escuta, escuta.
Diga, yoyô, diga.
Escuta, minha nega, à vontade.
Vá mexendo devagar, não pare
até o molho do peixe estar feito
Depois ponha um pratinho na mesa
A colher, no centro, por dentro
Ao bom provador nem precisa
o dedo meter no quitute
Ai, yoyô, se provar você come?
Ah, se provar, baiana, que nada!
Mexe direito pra não queimar
Mexe com jeito o vatapá
Vamos comer vatapá!
Anda, baiana!
Entra com teu jogo pra mim!
Vamos embora, yoyô!
Ah, que vatapá gostoso!
Entra, com teu jogo, baiana, hein!
Ah, eu te estrago, baiana!
Ah, eu te estrago, baiana!
Eu sei yoyô, ??
Olha o cabrera, baiana!
Agradecimento ao Arquivo Nirez
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