Há cem anos, no dia 25 de dezembro de 1914, acontecia a Trégua de Natal.
Era ainda o início da Primeira Guerra Mundia.
De um lado da trincheira dos aliados, e do outro lado, os alemães.
A Guerra já corria intensa, fazendo baixas.
Porém, nesse dia 25 de dezembro de 1914, um milagre aconteceu no campo de batalha de Saint-Yvon, território belga.
O cabo Albert Moren, da 2º Regimento da Rainha escreveu: “Era uma linda noite de luar, o chão gelado, branco por quase toda parte, e, por volta das 7, 8 horas, havia muita comoção nas trincheiras alemãs e muitas luzes – não sei de onde vinham. De repente, começaram a cantar Noite Feliz – Stille Nacht. Nunca vou esquecer de música tão bonita.”
As luzes vinham das velas que os alemães ornavam sua arvore de natal improvisada.
Fazia oito graus negativos.
Nisso, os aliados começaram a cantar O Come, All Ye Faithful, de acordo com o fuzileiro Graham Williams, da 1ª Brigada de Fuzileiros de Londres.
Os alemães responderam se unindo e cantando em coro a versão em seu idioma de Adeste Fideles.
"Que coisa extraordinária – duas nações inimigas entoando o mesmo cântico no meio da guerra”, escreveu Williams.
O capitão Josef Sewald, do 17º Regimento Bávaro, tomou coragem e gritou ao inimigo que não queriam atirar e que fariam uma trégua de Natal. Disse ainda que iria do seu lado e que poderiam conversar entre eles na região em meio as trincheiras.
Depois de um silêncio um inglês gritou, "Parem os tiros!".
Um deles saiu das trincheiras e o capitão Josef fez o mesmo, aproximaram-se e trocaram um aperto de mão, mesmo que cauteloso.
Os apertos de mão se multiplicaram ao longo de todo o front ocidental, segundo o site Carta Capital.
Trocas de Feliz Natal eram ouvidas pelo campo de batalha, agora em paz. Logo, todos conversavam como se conhecessem há anos, segundo o cabo John Ferguson, do 2º Regimento dos Highlanders.
Uma missa bilíngue foi realizada na manha de Natal por um padre escocês e um seminarista alemão, selando o momento. O tenente Arthur Pelham Burn, do 6º Regimento dos Highlanders lembrava, "um espetáculo extraordinário". "Os alemães alinhados de um lado, os britânicos de outro, os oficiais à frente, todos de cabeça descoberta.”, acrescentava.
O tenente inglês Bruce Bairnsfather admirava uma cena inusitada: Um cabeleireiro amador, em trajes civis, cortava os cabelos de um Boche dócil, ajoelhado no chão duro, enquanto a máquina operava, nos conta o site Carta Capital.
O tenente Kurt Zehmisch, do 134º Regimento Saxão de Infantaria, disse que os ingleses trouxeram a bola. E, no meio da paz, aconteceu uma partida de futebol. “Como foi estranho e como foi maravilhoso. O Natal, celebração do Amor, conseguiu unir como amigos, por um instante, inimigos mortais.”, relembrava Zehmisch.
A partida só terminou porque a bola bateu em uma cerca de arame farpado e furou.
Esse acontecimento, ocorrido há 100 anos, é relembrado e até comemorado nos dias de hoje.
Durou seis dias e foi acontecendo em alguns campos de batalha.
Após isso, o conflito voltou.
Até o término da Guerra, em 1918, 14 milhões de pessoas perderiam a vida.
Esse episódio foi tema de um filme em 2005, Feliz Natal (Joyeux Noël), dirigido por Christian Carion e estrelado por Diane Kruger, Benno Fürmann e Guillaume Canet.
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