Jota Efegê Livro: Meninos, eu Vi, Funarte, 2007. Arquivo Marcelo Bonavides
Há
112 anos, em 27 de janeiro de 1902, nascia no Rio de Janeiro o jornalista JOTA
EFEGÊ (João Ferreira Gomes). Ele também era musicólogo,
historiador, cronista e pesquisador, sendo testemunha de vários
acontecimentos de nossa música popular brasileira e cultura em geral.
Escreveu
para várias publicações, como oJornal
das Moças, revistasCarioca,Noite Illustrada,
aposentando-se pelo jornalDiário
Carioca.
Também
escreveu vários livros falando sobre nossa música, entre eles,Ameno Resedá - O Rancho que foi
Escola, em 1965;Maxixe, a
dança excomungada, em 1974;Figuras
e coisas da Música Popular Brasileira, vol. 1, em 1978 e o vol. 2 em 1980.
Em 1982, lançouFiguras e
coisas do Carnaval Cariocae,
em 1985,Meninos, eu Vi,
sobre os eventos e fatos que presenciou em nossa música.
Jota
Efegê faleceu no Rio de Janeiro, em 25 de maio de 1987.
Dele, vou
reproduzir uma crônica publicada originalmente no jornal O Globo, em 27 de
agosto de 1974, onde fala sobre a cantora e pesquisadora de folclore Stefana de
Macedo. Seu relato seria incluso no livroMeninos,
eu Vi, de sua autoria e publicado em 1985.
Chamo atenção para
a idade de Stefana. Em sua crônica, Jota Efegê, cita a cantora com 23 anos em
1928, levando a crer que ela teria nascido em 1905. Porém, a data mais
frequente citada do nascimento de Stefana é o ano de 1903. Assim foi citado na
revista Phono-Arte de julho de 1930, que depois se corrigiu citando o ano de
1909. ODicionário Cravo Albin
da Música Popular Brasileiradá
como sendo 1903 o nascimento da cantora.
De qualquer forma,
o texto é uma de uma rica informação e uma justa homenagem, sendo publicado pouco depois de Stefana falecer. Aqui, você confere a biografia de Stefana de Macedo: http://zip.net/bpmdwJ
Stefana de Macedo em 1928.
STEFANA, A FIEL INTÉRPRETE DAS CANÇÕES FOLCLÓRICAS
Por Jota Efegê
De uma geração que teve Olgarita dell´Amico, Patrício Teixeira, Alda
Verona, Gastão Formenti, Olga Praguer Coelho e Elisinha Coelho (numa citação
feita ao aflorar da memória), Stefana de Macedo firmou destaque. Intérprete de
muita autenticidade do folclore nordestino, em especial o da terra
pernambucana, onde nasceu, marcou sua presença em nosso meio artístico somando
merecidos louvores.
Talvez a gente moça, desatenta no que houve antes, ignore a importância da
cantora Stefana, mas os estudiosos, os que não a alcançaram em pleno fastígio
artístico, devem estar informados de sua categoria. Tendo ocorrido agora, na
primeira quinzena de agosto, seu falecimento e sem ter provocado nos jornais,
mesmo nas colunas especializadas, o registro biográfico que lhe seria de
justiça, cabe aqui um preito de recordação.
O FOLCLORE COM EXATIDÃO
Ex-aluna do conceituado Colégio Ramp Williams, em Botafogo, onde fez sua
iniciação musical aprendendo piano, logo depois dedicava-se ao violão tendo
como mestres Patrício Teixeira e Rogério Guimarães. Assim, em 1928, aos 23
anos, ao fazer sua estréia no recital que realizou no desaparecido Teatro
Lírico cantando e acompanhando-se ao violão num programa inteiramente
folclórico, marcou seu primeiro triunfo. Registrava o que os críticos
classificaram acertadamente de “estréia auspiciosa”. Saudavam-na, todos, como
fiel intérprete do cancioneiro nordestino.
Outros recitais ensejaram-lhe novos louvores e fizeram com que as
gravadoras fonográficas a atraíssem para os seus estúdios. A etiqueta Odeon, e
depois a Columbia, editaram-na em excelentes discos que prontamente saíam das
prateleiras consagrando a magnífica intérprete de História triste de uma
praieira, Mãe Maria Camundu (sic), Bicho caxinguelê, Sussuarana, Sodade caboca,
Nos cafundó do coração, Era aquilo só, Saia do sereno e tantas mais cuja
autoria de versos e música eram dela própria, João pernambuco, Heckel Tavares,
Luiz Peixoto, Olegário Mariano, Adeimar (sic) Tavares e de outros nomes de
igual valia.
NO COLÓN COM VILLA-LOBOS
O prestígio que a aureolava como magnífica intérprete de nosso folclore
dez com que, quando da visita do presidente Getúlio Vargas à Argentina, a
levassem para uma exibição em Buenos Aires. Lá no famoso Teatro Colón, tendo a
acompanhá-la Villa-Lobos ao piano, cantando alguns números de autoria de seu
acompanhante e vários de seu bem cuidado repertório, viu toda a platéia delirar
em aplausos e da insistência de bis. Tal consagração valeu-lhe um honroso
contrato na Rádio belgrano com suas audições nos horários nobres, o das
estrelas.
A evidência de sua categoria, a par do sucesso que as gravadoras às quais
estava vincuçada alcançavam editando seguidamente as “chapas” que a tinham como
intérprete, faziam-na viver sob constantes solicitações e ser alvo de seguidas
homenagens. A que lhe prestou a Academia de Letras de São Paulo, onde foi
saudada por Pílio Salgado que – por doença de Menotti del Picchia o sibistituiu
– , se desobrigou a contento exaltando-lhe seus méritos, foi, inegavelmente,
uma das mais expressivas.
Sobre Stefana de macedo, consagrando-a, muito ficou nos registros da
imprensa de sua época, mas um deles, o que se encontrou na revista Phono-Arte
de 15 de fevereiro de 1930, merece ser aqui reproduzido: “...O sucesso de
Stefana reside num fato simples e lógico: sendo nortista e conhecendo
profundamente as melodias, os ritmos, as maneiras de cantas daquelas bandas e
também sabendo o interessante folclore poético que lá existe, ela se tem
consagrado exclusivamente a ele. É, pois, uma intérprete autêntica...”
Lamartine Babo nasceu há 110 anos, em 10 de janeiro de 1904, no Rio de Janeiro. Está entre os melhores compositores brasileiros de todos os tempos, tendo deixado composições inesquecíveis, quer nas festas juninas, em hinos de futebol ou no carnaval, onde reinou por décadas. Hoje, trago algumas músicas de sua autoria que não são tão conhecidas, porém, não são menos interessantes. Entre elas, Os Calças Largas, sua primeira composição gravada. Os
Calças Largas
Marcha
Gravada
por Frederico Rocha
Disco
Odeon Record 123.268, Matriz 1093
Gravado
provavelmente em 1926
Nunca,
Jamais
Marcha
charleston
Gravada
por Francisco Alves
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.328-B, matriz 2231
Lançado
em janeiro de 1929
Gemer
Num Violão
Samba
(na verdade, um foxtrot)
Gravado
por Aracy Côrtes
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.471-B, matriz 2.876
Lançado
em outubro de 1929
Rosinha
Marcha
ragtime
Gravada
por Francisco Alves
Acompanhamento
da Orquestra Pan American
Disco
Odeon 10.628-B, matriz 3632
Lançado
em junho de 1930
A
Tua Vida é um Segredo
Samba
Gravado
por Mário Reis
Acompanhamento
do Grupo da Guarda Velha
Disco
Victor 33.614-B, matriz 65615-3
Gravado
em 02 de dezembro de 1932 e lançado em fevereiro de 1933
Bem
Te Vi
Marcha
de rancho
Gravada
por Gastão Formenti
Acompanhamento
do Grupo da Guarda Velha
Disco
Victor 33.615-A, matriz 65633-1
Gravado
em 27 de dezembro de 1932 e lançado em fevereiro de 1933
Marchinha
Nupcial
Marcha
Gravada
por Carmen Miranda
Acompanhamento
dos Diabos do Céu sob a direção de Pixinguinha
Disco
Victor 33.736-B, matriz 65908-1
Gravado
em 06 de dezembro de 1933 e lançado em janeiro de 1934
Chora, Chora
Marcha
Gravada
por Luís Barbosa
Acompanhamento
da Orquestra Odeon
Disco
Odeon 11.201-A, matriz 5014
Gravado
em 20 de abril de 1935 e lançado no suplemento de março/abril desse ano
Hino
do Carnaval Brasileiro
Hino
Marcha
Gravado
por Almirante
Acompanhamento
da Orquestra Odeon sob a direção de Simon Bountman
Disco
Odeon 11.692-A, matriz 5987
Gravado
em 08 de dezembro de 1938 e lançado em janeiro de 1939
Algumas curiosidades sobre Luise Rainer e o Oscar:
É a atriz que mais viveu após ganhar um Oscar.
A primeira atriz alemã a receber um Oscar.
A única atriz a receber o Oscar durante a década de 1930 que ainda vive.
E mais!
Ganhou duas vezes o Oscar na categoria de melhor atriz em anos consecutivos, sendo a primeira atriz na história do cinema a conseguir esse feito: em 1937, por The Great Ziegfeld (Ziegfeld, o criador de estrelas - 1936), onde interpretou Anna Held; e em 1938, por The Good Earth (Terra dos Deuses - 1937), onde interpretou O-Lan, ao lado de Paul Muni.
A bella cantora exclusiva da "COLUMBIA" Partitura de Moreno Faceiro, samba de Custódio Mesquita, gravado por Aracy Côrtes em 1932.
Há
29 anos falecia ARACY CÔRTES, a primeira grande cantora da Era de Ouro da MPB.
Aracy
Côrtes nasceu em 31 de março de 1904 no Rio de Janeiro, faleceu nessa mesma
cidade em 08 de janeiro de 1985, poucos meses antes de completar 81 anos.
Ela se
tornou um nome bastante famoso no teatro musicado dos anos 20, chegando a ser
considerada uma das mais queridas rainhas do teatro de revista. Nos palcos,
coube à ela lançar compositores como Ary Barroso e Assis Valente. Foi ainda a
criadora do famoso samba Jura, de Sinhô (em 1928), tendo também lançado um novo
estilo musical, o samba-canção, com Linda Flôr - Yayá (Ai Yôyô), de Henrique
Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto.
Um Sorriso Samba canção de Benedito Lacerda Acompanhamento da Orquestra Odeon Disco Odeon 11.144-B, matriz 4880 Gravado em 17 de julho de 1934 e lançado em agosto
Em 25 de janeiro de 1936, a revista carioca publicou uma matéria sobre Aracy, considerada a Rainha do Samba. Transcrevi a reportagem na íntegra. Seu nome de batismo era Zilda de Carvalho Espíndola. A revista grafou como Spindola ou Spinola.
Zilda SPINDOLA
A RAINHA DO SAMBA...
Como nasceu Aracy - a cantora que foi de circo... -
Agora só "broadcasting"
Aracy Côrtes em início de carreira.
Carioca
entrevistou varias figuras de relevo do nosso "broadcasting".
Sylvinha mello, Alzirinha camargo, Olga Praguer, Christina Maristany, as Irmãs
Pagãs, Marilia Baptista... e quantas mais! Ainda não haviamos, porém,
entrevistado Zilda Spinola, authentica rainha do samba...
-
Zilda Spinola? - perguntará, surprehendido, o leitor. - Francamente, não me
recordo de ter ouvido esse nome...
Cantora,
pianista, declamarora? Quem será Zilda Spinola, - deixemos que se dissipe o
mysterio, - não é senão o nome verdadeiro, o nome authentico de Aracy Côrtes, a
interprete inconfundivel de nossa musica popular. E, agora, na certa, o leitor
declarará:
-
Ora! Aracy... Tambem quem é que não a conhece?
Pouca
gente sabe que é esse o nome de Aracy, - que, ha pouco, regressou da Argentina,
depois de ter conquistado expressivos triumphos no Prata. E isso porque a
festejada artista só usou seu verdadeiro nome quando estreou, em 1919, no
Democrata Circo. Ali, demorou pouco tempo, ingressando logo numa companhia de
revistas que trabalhava no Theatro Recreio, sob a direcção de João de Deus.
Trabalhando
na revista "Nós pelas costas", foi, então, chrismada com o pseudonymo
de Aracy Côrtes, que transformou num dos maiores nomes do nosso theatro popular
e do nosso "broadcasting".
Dessa
temporada, Aracy não tem saudades. Seguiu para S. Paulo e, voltando mais tarde
ao Rio, foi a Campos como empresaria, para logo depois ser contratada pela
Empresa Paschoal Segreto, estrando no Theatro S. José, na revista de Duque e
Oscar Lopes: "Sonho de opio".
E
accrescenta:
-
Ha por ahi quem diga maldosamente que só consegui ser "estrella" na
praça Tiradentes. É falso. Pondo a modestia de parte brilhei na praa dos
Caboclos e brilhei, na Avenida, no Gloria, no Cassino Beira-Mar, no Phoenix e
no antigo Palace Theatro. Fui com Jardel Jercolis á Europa, onde o meu exito,
se é que houve, foi constatado pela imprensa. Percorri, nessa occasião,
Portugal, Hespanha, França e Itália.
-
O publico já está saudoso. Quer vêl-a em scena - dissemos nós.
-
E eu também estou saudosa delle, mas, infelizmente, o theatro de revista está
em situação precária. É doloroso dizer-se que a capital do brasil, a "Cidade
Maravilhosa", não tenha para os turistas, não como novidade, mas como
passatempo, um só theatro musicado funccionando...
-
E quanto á sua viagem á Argentina?
-
Fui contratada pelo empresario Cai(?) Elle ficou satisfeitissimo, porque
conseguir agradar na Argentina é um "caso muito sério". Os platinos,
comquanto não sendo jacobinos, gostam muito do que é deles, e defendem muito,
artistica e monetariamente, a prata da casa. No terreno artistico lá vence quem
tem merito real.
Aliás,
V. não ignora isso. É dos livros, como se diz lá no morro! Ficaram
satisfeitissimos com a interpretação dos nossos sambas, com os
"bréques" e contracantos, creação dessa sua creada. Ha quem diga que
não, mas eu tenho a certeza, embora não cobre direitos autoraes.
-
Quaes os seus autores predilectos?
-
Todos aquelles que escrevem boas revistas.
-
Das peças que já representou, qual a de que mais gosta?
-
Duas:"Cidade Maravilhosa" e "Miss Brasil". E já agora
aproveito para dizer que os dois sambas que mais me impressionaram até hoje
foram: "Ai yôyô", de Luiz Peixoto e Vogeler, e "Sorris",
letra e musica de J. J. Soares.
-
E, agora, - dissemos nós, - um pouco de suas preferencias. Qual o seu manjar
predilecto?
Aracy
deu uma gostosa gargalhada e respondeu:
-
Espiga de milho cozido.
-
E, se fosse rica, que faria?
-
Viajaria muito, muitissimo. Teria criadagem especial para tratar exclusivamente
das malas, chapelarias, etc.
Despedimo-nos.
Aracy trouxe-nos, gentilmente, até o elevador, onde accrescentou:
-
Diga na CARIOCA que eu até nova ordem estou no radio, porque sou positivamente
do radio: - cansa pouco e popularisa mais!...
Alicia Rhett, como India Wilkes em ...E o vento levou, 1939. www.people.com
Faleceu nessa sexta-feira, dia 03 de janeiro, a atriz e pintora ALICIA RHETT.
Alicia ficou conhecida por interpretar Índia Wilkes no filme ...E o vento levou (Gone with the Wind), de 1939.
Ela morava na Carolina do Sul (EUA) e estava com 98 anos.
Alicia Rhett nasceu em Savannah, cidade do estado da Geórgia (EUA), em 01 de fevereiro de 1915.
Nós fizemos uma homenagem à ela por ocasião de seu 98º aniversário, com várias fotos, confiram: http://zip.net/btl0t4
Do elenco de ...E o vento levou, ainda estão vivos: Olivia de Havilland (Melanie Hamilton, nascida em 1º de julho de 1916) Mary Anderson (Maybelle Merriweather, nascida em 3 de abril de 1920) e Mickey Kuhn (Beau Wilkes, nascido em 21 de setembro 1932).
Alicia Rhett, como India Wilkes em ...E o vento levou, 1939.
Alicia Rhett em abbril de 2012. Ela recebeu a Medalha Hubble em sua casa na Carolina do Sul.
Ao lado de Howard Hickman, que interpretava seu pai, John Wilkes.