sábado, 14 de dezembro de 2013

ALZIRINHA CAMARGO, Uma Entrevista (Final)

http://burlyqnell.tumblr.com



Continuando com a entrevista realizada por Luiz Carlos Sarmento para o jornal Shopping News, de São Paulo, publicado no nº1240, em 16 de maio de 1976, intitulada Confissões de Alzira Camargo, 40 anos depois - Do Brás à Broadway.

Agradeço à Thais Matarazzo, que republicou a matéria.
A primeira parte da entrevista está em: http://zip.net/btlMws
Para saber mais sobre Alzirinha Camargo: http://zip.net/bqlMph


Confissões de Alzira Camargo, 40 anos depois - Do Brás à Broadway.
(Final)


Treze e quarenta e cinco da madrugada. Ela levanta da poltrona. Da um sorriso maroto, pisca com os olhos muito verdes e coloca um disco na vitrola. A sala é invadida pelo Tico tico no fubá. Depois vem Na baixa do sapateiro. Era Carmen quem cantava, Alzirinha a acompanha.

"Já imaginou um show com Carmen ao meu lado em pleno 1976? Garanto que seria inesquecível, mais café? Siboney... lá-rá-rá... Sabe qual é o meu grande sonho mesmo? É montar um grande espetáculo para lembrar os velhos tempos. "

E como uma grande “star” ela gira na sala cantando “Já sofri sim / Eu paguei caro meu erro / Já chorei do meu desterro / uma tristeza sem fim / e tendo a alma em suplicio / para uma louca paixão...”

"Foram Alice Chaves e Jarbas Cavalcanti que fizeram para mim em 55. Mais deixa isto pra lá. Um dia eu volto. Eu garanto que volto. Apesar daqueles que fingem não me reconhecer na rua. "


A BRIGA COM CARMEN MIRANDA

O carnaval de 36 estava nas ruas e Benedito Lacerda deu a Carmen Miranda seu grande sucesso, Querido Adão, Carmen gravou, mas logo viajou para Buenos Aires e não teve tempo de lança-lo. Benedito sabia muito bem a quem recorrer: Alzirinha. Sucesso absoluto.

"Eu nunca tinha conversado pessoalmente com Carmen. Quando ela voltou de Buenos Aires fez questão de me ver no (Cassino) Atlântico. Estava sentada numa mesa com Aurora e um grupo de amigos. Quando acabei de cantar ela me chamou para a mesa. Alzira fecha os olhos, recorda aquele sábado de 36 e fala de seu dialogo com Carmen:

Estava louca para conhecer esta paulista loira que lançou o meu Adão na minha ausência, disse Carmen, um pouco ríspida. Fiquei um pouco chocada, sem fala. Só Carmen falava. Até que enfim a conheci. Mas não tenho medo de você, porque você já percebi, é mais coração e eu sou mais cérebro (Carmen batia com os dedos da mão direita na cabeça). O que ela que ela queria dizer é que era mais comercial do que eu, uma boboca sentimental. "

A rivalidade estava lançada entre as duas e a edição do dia 22-11-1936 de “O Malho” registrava o fato com grande destaque.

A “máquina” – diz Alzirinha – já funcionava naquela época....

"Aceita outro café?"

Enquanto ela vai à cozinha preparar café, pergunto baixinho a Geraldo Hudson, seu grande amigo, pela sua idade. Antes que ele responda, ouve-se o vozeirão de Alzira, que vem lá de dentro, da cozinha.

"Epa! Não vem porque não tem. Depois que trintei, nunca mais lembrei. Olha o café."

Ainda em 36 ela fez o filme Alô, Alô, Carnaval.

"A Carmen sempre gostou de gravar discos e eu de show em casas noturnas. O meu grande erro, talvez, foi não ter me preocupado muito com os discos. Em compensação, estava sempre em contato com o público e me sentia realizada. O doutor Getúlio ia me assistir e fazia sempre um pedido especial: era para eu cantar o meu limão, meu limoeiro, meu pé de jacarandá, para ele. "

"Ah, como gostava."


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Cineminha do Hotel Meridien, 1977.
Da esquerda para a direita: Ernesto Saboya, Alzirinha Camargo, Marcio de Hallivan, Norma Suely e Luis Sergio Lima e Silva. Exibição do filme “Mulher”, restaurado pela Cinédia.
http://www.memorialnormasuely.com.br/gente.php





1936http://memoria.bn.br






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