Há 105 anos, em 31 de dezembro de 1907, nascia no Rio de Janeiro o cantor Mário da Silveira Reis.
Seu contato com a música se iniciou em 1924, quando ele passou a ter aulas de violão com Carlos Lentine (futuro integrante do Regional de Benedito Lacerda).
Mário Reis começou sua carreira como cantor em 1928. Dois anos antes, em 1926, havia começado a ter aulas de violão com o compositor Sinhô (José Barbosa da Silva).
Foi justamente Sinhô quem o levou para gravar seu primeiro disco, com músicas de sua autoria: o samba Que vale a nota sem o carinho das mulheres? e a canção pedagógica, que Sinhô compôs especialmente para ser cantada em salas de aulas, Carinhos de Vovô.
Mário possuía uma voz suave, afinada e de curto alcance. No período da gravação mecânica (de 1902 até 1926) só barítonos e tenores podiam gravar discos. Com o surgimento da gravação elétrica no Brasil, 1927, ele podia gravar tranquilamente. Sinhô gostou de sua voz e de seu estilo de cantar, assim como o público. Em pouco tempo, os discos de Mário Reis vendiam bastante, fazendo igualdade com o grande nome de então: Francisco Alves.
Mas, isso não foi problema: os dois se uniram e gravaram vinte e quatro músicas, todas antológicas, composições de alta qualidade em uma célebre parceria. A calma voz de Mário combinou perfeitamente com a potente voz de Francisco Alves.
Em 1930, ele se formou em Direito, sendo colega de classe de Ary Barroso.
No meio artístico seus grandes amigos eram, entre outros, Carmen Miranda e Francisco Alves.
Continuou lançando sucessos, inclusive no carnaval e festas juninas.
Mesmo com várias excursões pelo Brasil e Argentina, aparecendo em filmes de sucesso, Mário Reis se afastou da cena artística na segunda metade da década de 1930, para ser funcionário público.
Voltaria a gravar algumas vezes, como em 1939, quando também participou do espetáculo Joujoux et Balangandãs.
Nos anos 50 lançaria alguns discos com gravações de Sinhô.
Voltaria vez ou outra à cena artística, com importantes contribuições.
Mário Reis faleceu no Rio de Janeiro em 05 de outubro de 1981.
Assis Valente e Carmen Miranda já disseram tudo em 1938.
E O Mundo Não Se Acabou Samba choro de Assis Valente Gravado por Carmen Miranda e Conjunto Regional Disco Odeon 11.587-A, matriz 5777 Gravação de 09 de março de 1938, disco lançado em abril desse mesmo ano
Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar
Por causa disso a minha gente, lá de casa,
começou a rezar.
E até disseram que o sol
ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite, lá no morro,
não se fez batucada.
Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora, fui tratando de aproveitar
Beijei na boca de quem não devia
Peguei na mão de quem não conhecia
Dancei um samba em traje de maiô
E o tal do mundo não se acabou...
Chamei um gajo com quem não me dava
e perdoei a sua ingratidão
E, festejando o acontecimento,
gastei com ele mais de quinhentão.
Agora, eu soube que o gajo anda
dizendo coisa que não se passou
E vai ter barulho, e vai ter confusão
por que o mundo não se acabou!
Agradecimento ao Arquivo Nirez Foto: Catraca Livre
Há 31 anos, em 20 de dezembro de 1981, falecia a atriz ABIGAIL MAIA.
Abaixo, transcrevo parte da biografia de Abigail contida em meu livro Nossas Atrizes Cantoras: de 1859 a 1926:
A bela e talentosa Abigail Maia nasceu em Porto alegre, no Rio Grande do
Sul, em 16 de setembro de 1887. Seus pais eram os atores Balbina Maia e Joaquim
da Costa Maia, ele português e ela baiana. Estreou atuando em Porto Alegre, aos
15 anos de idade, em uma companhia de comédias de Assis Pacheco e Antonio
Peixoto Guimarães. Depois, aos 16 anos, fez sua estréia no Rio de Janeiro. A peça foi A Fada Coral, em 16 de maio de 1903 no
Theatro Lucinda.
Ela precocemente fez o que outras colegas fariam, aposentou-se pelo
casamento. E ao casar-se com o comerciante brasileiro Joaquim da Silva Braga,
abandona o teatro. Sua história artística terminaria aqui se não fosse a mão do
destino que, da mesma forma como cedo casou, cedo enviuvou. Após esse episódio
ela retornou aos palcos.
Trabalhou em empresas como Luso-Brasileira, do empresário Loureiro;
Alfredo Miranda, Cristiano de Sousa, Paschoal Segreto, Leopoldo Fróes, entre
outras.
Era a primeira figura, em 1921, da companhia organizada por Oduvaldo
Viana, Viriato Correia e Nicolino Viggiani no Theatro Trianon. Depois que a
sociedade se dissolveu ela continuou à frente, ao lado de Oduvaldo Viana. Foi a
São Paulo e Buenos Aires em excursão. Nos anos 10, entre 1913 e 1916, Abigail gravou
alguns discos na Casa Edison, pelo selo Odeon Record. Voltaria a gravar na
Victor entre 1929 e 1931.
Casou-se com o maestro Luís Moreira e, depois, com Oduvaldo Viana e teve
sua própria companhia teatral.
Fez parte do elenco da Radio Nacional como rádio-atriz.
Abigail Maia e o clã Montani
Na ocasião de seu falecimento, Abigail era uma das últimas representantes de uma geração de artistas que inovaram e deram um novo rosto ao teatro brasileiro, além de ser parte de uma tradicional família de célebres atrizes.
Sua mãe, a atriz Balbina Maia, era um dos grandes nomes de nosso teatro no final do século XIX.
Balbina casou-se com o ator Augusto Montani, nascendo dessa união a atriz Olympia Montani. Ao enviuvar de Augusto, Balbina casou-se com Joaquim da Costa Maia, nascendo a pequena Abigail. O primeiro marido de Balbina Maia era de uma tradicional família de artistas. Augusto Montani era irmão da atriz Jesuína Montani que, por sua vez, era mãe das atrizes Gabriela Montani e Olympia Amoedo.
Abigail Maia seria tia de uma grande atriz, filha de sua irmã Olympia, que ficou conhecida como Lucília Perez.
No futuro, todas trabalhariam juntas, parentes e co-parentes.
Algumas gravações de Abigail Maia:
Súplica Canção Acompanhamento de piano Disco Odeon Record 121.170 Lançado em 1916
O Cumbuco e o Balaio
Coco baiano Acompanhamento de coro e piano Disco Odeon Record 121.172 Lançado em 1916
Sorriso da Mulher Canção de Marcelo Tupinambá e Oduvaldo Viana Acompanhamento de Quarteto de Cordas Disco Victor 33.425-A, matriz 65111-2 Gravado em 24 de fevereiro de 1931 e lançado nesse mesmo ano
Flor de Maracujá Canção de Marcelo Tupinambá e Amadeu Amaral Acompanhamento de Quarteto de Cordas Disco Victor 33.425-B, matriz 65112-2 Gravado em 24 de fevereiro de 1931 e lançado nesse mesmo ano
Agradecimento ao Arquivo Nirez Fonte: Nossas Atrizes Cantoras: de 1859 a 1926, de Marcelo Bonavides de Castro
Há 102 anos, no dia 11 de dezembro de 1910, nascia o compositor Noel Rosa, no Rio de Janeiro.
Considerado um dos gênios de nossa música, Noel faleceu em 1937, vítima de tuberculose, com apenas 26 anos de idade.
Deixou uma vasta obra que seria sempre lembrada por intérpretes como Aracy de Almeida e Marília Batista.
Noel Rosa também foi cantor. Divulgava suas músicas cantando nas rádios ou gravando discos.
Vamos conferir alguns registros de sua voz.
Por causa da hora
Samba de Noel Rosa
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.488-A, matriz 65252-1
Gravado em 10 de outubro de 1931, lançado em novembro de 1931.
- A senhorita adiantou o seu relógio?
Meu bem, veja quanto sou sincero
No poste sempre eu espero,
Procuro bonde por bonde
E você nunca que vem.
Olho, ninguém me responde,
Chamo, não vejo ninguém...
Talvez seja por causa dos relógios,
Que estão adiantados uma hora,
Que eu triste vou-me embora
Sempre a pensar por que
Não encontro mais você.
Terei que dar um beiço adiantado
Com o adiantamento de uma hora.
Como vou pagar agora
Tudo o que comprei a prazo
Se ando com um mês de atraso?
Eu que sempre dormi durante o dia
Ganhei mais uma hora pra descanso
Agradeço ao avanço
De uma hora no ponteiro.
Viva o dia brasileiro!
Nunca jamais
Samba de Noel Rosa
Acompanhamento de Orquestra
Disco Victor 33.488-B, matriz 65251-2
Gravado em 10 de outubro de 1931, lançado em novembro de 1931.
Meu bem, não me faças sofrer
Tu queres ter liberdade demais.
Os homens tu conquistas um por um,
sem amar a nenhum...
Não, não pode ser, nunca... jamais...
Em tempo algum!
Qualquer dia morro de um acesso
Só por ver o teu processo
de iludir os coronéis.
Qualquer dia eu perco a paciência,
digo incoveniência
e depois te meto os pés
(E vou pagar vinte mil réis!)
Deste a todo mundo a tua mão
E teu pobre coração
mais parece uma estalagem
Para salvação o que desejo
é mandar fazer despejo
pra poder descer bagagem.
(Mas é preciso ter coragem!)
Nada de ti posso aproveitar
Nada tens para me dar
Nem tens nota pra pintura
Todo mundo sabe que és pobre
Não herdastes sangue nobre
E abusaste da feiúra
(Pra quem é pobre a lei é dura!)
Felicidade
Samba canção de Noel Rosa e René Bittencourt
Acompanhamento do Grupo Columbia
Disco Columbia 22.083-B, matriz 381159
Lançado em fevereiro de 1932.
Felicidade! Feicidade!
Minha amizade
foi-se embora com você
Se ela vier
e te trouxer
Que bom, felicidade, que vai ser!
Trago no peito
o sinal duma saudade
Cicatriz de uma saudade
que tão cedo vi morrer
Eu fico triste
quando vejo alguém contente
Tenho inveja desta gente
que não sabe o que é sofrer
O meu destino
foi traçado no baralho
Não fui feito pra trabalho
Eu nasci pra batucar
Eis o motivo
que do meu viver agora
a alegria foi-se embora
pra tristeza vir morar
Onde está a honestidade?
Samba de Noel Rosa
Acompanhamento de sua Turma da Vila
Disco Odeon 10.989-A, matriz 4604
Gravado em 15 de março de 1933, lançado em abril de 1933.
Você tem palacete reluzente
Tem jóias e criados a vontade
Sem ter nenhuma herança nem parente
Só anda de automóvel na cidade...
E o povo já pergunta com maldade:
"Onde está a honestidade?
Onde está a honestidade?"
O seu dinheiro nasce de repente
E embora não se saiba se é verdade
Você acha nas ruas diariamente
Anéis, dinheiro e até felicidade...
Vassoura dos salões da sociedade
Que varre o que encontrar em sua frente
Promove festivais de caridade
Em nome de qualquer defunto ausente...
Arranjei um fraseado
Samba de Noel Rosa
Acompanhamento de sua Turma da Vila
Disco Odeon 10.989-B, matriz 4605
Gravado em 15 de março de 1933, lançado em abril de 1933.
Arranjei um fraseado
Que já trago decorado
Pra quando lhe encontrar:
"Como é que você se chama?
Quando é que você me ama?
Onde é que vamos morar?"
Como eu vou indagar
Quando é que eu posso lhe encontrar
Pra conseguir combinar
onde é o lugar
em que você quer morar?
Como vou saber ao certo
quando é que você vem ficar perto
e quem já designou
onde é o lugar
do nosso lindo château?
Como é que você se chama?
Quando é que você me ama?
Onde é que vou lhe falar?
Como é que você não diz
Quando é que me faz feliz
Onde é que vamos morar?
Positivismo
Samba de Noel Rosa e Orestes Barbosa
Acompanhamento de Pixinguinha e sua Orquestra
Disco Columbia 22.240-B, matriz 381530
Lançado em setembro de 1933.
A verdade, meu amor, mora num poço
É Pilatos, lá na Bíblia, quem nos diz
E também faleceu por ter pescoço
O autor da gulhotina de Paris.
Vai, orgulhosa, querida
Mas aceita esta lição
No câmbio incerto da vida
A libra sempre é o coração
O amor vem por princípio, a ordem por base
O progresso é que deve virpor fim
Desprezaste esta lei de Augusto Comte
E fostes ser feliz longe de mim.
Vai, coração que não vibra
Com teu juro exorbitante
Transformar mais outra libra
Em dívida flutuante.
E há até a cocada rosa, cantada por Aracy Côrtes. ---> receita.
Em Angola, a mais consumida é a cocada amarela ---> receita.
Curiosidade: A Cocada Bahiana é um doce de coco cremoso produzido em Belo Horizonte (MG) desde 1907. Mais detalhes aqui.
Fazendo parte da gastronomia brasileira, não demoraria para a cocada estar inserida no imaginário popular através das artes. Na música e no teatro, ao mesmo tempo em que surgia a figura da baiana, logo a cocada teve um lugar especial em seu tabuleiro, ao lado de outras iguarias.
As Músicas
Trago duas músicas que falam de baianas e cocadas.
Em breve, voltaremos a falar sobre essas músicas.
A Baiana tem Cocada é uma toada interpretada pela cantora Gilda de Abreu.
Da autoria de Ary Kerner Veiga de Castro, traz o acompanhamento da orquestra Pan American, sob a direção de Simon Bountman.
Disco Odeon 10.651-A, matriz 3713.
Lançado em agosto de 1930.
Velha Baiana, é um importante registro do teatro de revista, interpretado pela cantora e atriz Aracy Côrtes e o compositor (e também cantor) Alberto Ribeiro. É uma ótima oportunidade de conhecermos um pouco de como eram feitas as cenas no teatro musical dos anos 30. Detalhe para o improviso de Aracy e a resposta de Alberto, quando ele esbarra em alguma coisa no estúdio de gravação, fazendo barulho.
Trata-se de uma cena típica de Napoleão Tavares e do próprio Alberto Ribeiro.
Acompanhamento da Orquestra Columbia.
Disco Columbia 22.134-B, matriz 381287
Lançado em julho de 1932.
Domingo é um dia ideal para se saborear uma bela feijoada.
Pode ser preparada de diversas formas em cada região, mas, com certeza, sempre será muito gostosa.
Vamos ouvir três músicas que falam sobre feijoada.
Feijoada Completa
Gravada por Eduardo das Neves e Bahiano
Disco Odeon Record 120.067, matriz XR-1603
Lançado em 1912.
Feijoada
Laís Areda, famosa cantora de operetas, gravou esse samba de Henrique Vogeler e Lamartine Babo.
Acompanhamento da Orquestra Rio Artists.
Disco Odeon 10.368-A, matriz 2449.
Lançado em abril de 1929.
Feijoada
Cançoneta cômica gravada pelo ator Ildefonso Norat.
Da autoria de Rogério Guimarães e Ornelas.
Acompanhamento de piano e violão.
Disco Victor 33.202-B, matriz 50018-1.
Gravado em 05 de julho de 1929 e lançado em novembro de 1929.
Desde o início da indústria fonográfica brasileira as mulheres participaram das gravações em cilindros e/ou discos.
O repertório era vasto e retratava os ritmos e tendências da época, como modinhas, lundus, maxixes, canções, entre outros. As célebres cançonetas tinham lugar de destaque. Por si, a cançoneta já trazia um estilo jocoso, engraçado, alternando canto e falas, acompanhadas de uma encenação. Algumas delas eram carregadas de malícias. Mas, o duplo sentido podia ser observado em uma inocente valsa, bastava seus autores liberarem a criatividade.
Vamos conferir algumas!
Esta bela valsa fazia parte da peça A Inana, estrelada pela atriz Pepa Ruiz, que estreou em 1901.
A melodia da valsa francesa Frou Frou foi a inspiração para a bela Borboleta Gentil. Em nossa versão, uma gentil e interessada borboleta vagueia
pelas rosas, jasmins, bebendo no hastil das flores o doce mel que elas lhe
ofereciam. Assim, ela nunca se fixava em flor alguma, sempre variando, acabando
de sugar o que uma oferecia, já partia para outra. Jasmins, rosas ou violetas, todas eram bem vindas. É uma bela figuração das
famosas cortesãs da Belle Époque que, gentis que eram,se desdobravam em atenção
à vários clientes, recebendo muito em troca de seus carinhos e atenções. Os
versos da estrofes eram bem claros: o gozo (da vida) estava no variar. Amor
constante era uma grande tolice e, quando ele se aproximasse, a borboleta
gentil deveria se afastar rápido. Voar, voar, fugir, fugir, fugir...
Gravada por Senhorita Odette em 1903
Disco Zon-O-Phone X-537
No disco vem como modinha.
Foi gravada em 1902 e 1903 pelo Bahiano
Aqui, temos a versão de Senhorita Odette.
Oh, borboleta gentil
Oh, borboleta bilontra
Que vai sugando no hastil
o mel das flores que encontra
Eis o que sou, meu amigo
Eis o que sempre hei de ser
Amor constante é perigo
Foge dele após colher
Amor! Amor!
Se a voz do amor fruir
Voar! Voar!
Fugir! Fugir! Fugir!
Se enjoar primeiro um jasmim
Ébria de amor beijo a rosa
Beijo a violeta, sequiosa
Como é bom amar assim
Isto de amores, já disse
e podes acreditar
Amor constante é tolice
O gozo está no variar
SENHORITA CONSUELO
Mamãe me Enganou
Uma delícia de cançoneta!
Era do repertório da atriz Rose Méryss, que a lançou por volta de 1879.
Foi gravada por Senhorita Consuelo em 1903.
Disco Zon-O-Phone X-688.
Por que será que a mocinha citada se desiludiu tanto com o casamento?
Desde a infância, desde a escola
no casamento ouvi falar
A mamãn virou-ma bola
para que eu me fizesse casar
Eu confesso tinha medo
de alguma desilusão
Não conhecia o segredo
dessa espécie de união
Logo ao sair da igreja
rubra como a cereja
Suspirei: Ai, ai,
Que mamãe me enganou
Não é tudo, eu fui para casa
querendo risos mostrar
Mas, eu tinha o peito em brasa
Não podia o pranto abafar
Me diziam toda a gente
em coro e no mesmo tom:
Amanhã estarás contente
Que o casar é muito bom!
Dias depois, minha tia
me disse uma vez no jantar
Menina! Eu não te dizia?
Nada melhor do que casar!
Não senhora, nada! Nada!
É uma perfeita ilusão!
Já a mamãn foi a culpada
da minha dura aflição.
Chorosa, disse-lhe ao ouvido:
Eu não sei para que serve um marido!
Suspirei: Ai! Ai, que
Mamãe me enganou!
PEPA DELGADO
O Abacate
Cançoneta da autoria de Chiquinha Gonzaga, foi lançada com sucesso na revista Cá e Lá.
A atriz Pepa Delgado cantava no palco e, depois, no disco, os efeitos e benefícios que o abacate proporcionava.
A letra foi escrita por Tito Martins e Bandeira de Gouvêa, autores da peça.
Disco Odeon Record 10.059, matriz R-379, com acompanhamento de piano.
Gravado e lançado em 1904.
Obs. Esse disco pertencia à própria atriz Pepa Delgado. Hoje, faz parte do Arquivo Marcelo Bonavides.
Tem mui preciosas propriedades
Artes possui, misteriosas
Pra corrigir na terna idade
os descalabros e outras coisas
Levanta um morto
E, se nos vivos,
produz desejos de morrer
É pra de novo, e mais ativos
breve, tornarem-se a erguer!
Assim num moribundo
Que é caso sabido
Já de todo perdido
Não dava uma palavra
Tal efeito profundo fez o abacate
Em suma, em suma
até que fez
Que o homem em vez d´uma
Deu duas?
Deu três palavras,
sim, senhor!
E qual a morte houvera
às pressas erguido o voo
o morto (horror!) ainda ficou
pra mais conversa!...
Restaurador por excelência
dos organismos desfalcados
Ele não é sem consistência
como os tônus mais afamados
A Panaceia abençoada
da sua crème tem sabor
Pode salgada, pode gelada
a prova já nos dá calor!
O Eixo da Avenida
Valsa de Assis Pacheco, cantada por Pepa Delgado na revista musical Avança, em 1904, e gravada por ela em 1904, disco Odeon Record 10065. Fazia alusão, de forma maliciosa, à abertura da Avenida Central.
Obs. Esse disco pertencia à própria atriz Pepa Delgado. Hoje, faz parte do Arquivo Marcelo Bonavides.
Já não tenho prazer nesta vida
Infeliz, como eu sou, jamais vi!...
Pois por causa da tal avenida
O meu noivo querido perdi
Era um moço de louro cabelo
Olhos grandes, chamava-se Aleixo
Mas, fugiu! Nunca mais pude vê-lo...
Desde que houve...a abertura do eixo.
A princípio, era bom, amoroso
Sempre amável e sempre a sorrir...
Tão gentil, tão...tão...tão carinhoso!
E tão mau afinal me sair!
Enganou-me o tratante, o malvado!
Desse engano é que aflita me queixo
Percebi que me havia enganado
Só depois... da abertura do eixo!
Conheci-o num baile valsando...
Vê-lo e amá-lo foi quanto bastou!
Ai, Jesus! Chorarei até quando?...
Que infeliz! Que infeliz, ai que eu sou!
Enganou-me o vilão, foi esperto!...
E a culpada foi eu! É bem feito!
Mas agora que está o eixo aberto
Vou ter noivos a torto e a direito.
NINA TEIXEIRA
Falando da Vida Alheia
Canção alegre
Gravada por Nina Teixeira em 1910
Disco Odeon Record 108.357, matriz XR-923
Quando em Paris eu estava
conheci um rapaz
que o bonde só tomava
do lado de trás.
E outras coisas mais
Ele tomava pra ali
que seriam demais
vir dizê-las aqui...
Um ramo fui comprar
ao lado de um francês
E, então, sem reparar
saí levando três.
E outras coisas mais
ainda levei pra alí
Que seriam demais
vir dizê-las aqui...
As moças de Botafogo
são cheias de etiqueta
E falam da vida alheia
fazendo muita ... careta
E outras coisas mais
elas fazem pra alí
Que seriam demais
vir dizê-las aqui...
Também, outras que moram
pros lados de Itapiru
Quando saem de casa
nem lavam o... biju.
E outras coisas também
elas não lavam pra alí
Que seriam demais
vir dizê-las aqui.
Essas mocinhas que moram
no bairro de Catumbi
vivem a toda hora
fazendo só... xixi.
E outras coisas também
que eu aqui dizer não posso
E outras coisas mais
Lá, lá....
As meninas da Tijuca
são muito coquetes
E gostam do primo Juca
porque lhes faz... omelete.
E outras coisas mais
ele faz pra alí
Que seriam demais
vir dizê-las aqui...
As raparigas que habitam
a estação de Cascadura
fazem os homens ficar
num instante com a... cara dura.
E outras coisas mais
elas faz pra alí
Que seriam demais
vir dizê-las aqui...
Outras que moram, ainda
na estação do Riachuelo
vivem coçando com o dedo
o seu rozadinho... cabelo.
E outras coisas mais
elas coçam pra alí
Que seriam demais
vir dizê-las aqui...
Não cantes mais, te peço
que estás muito fatigada
Vem comigo pra casa
inventar que estás... cansada.
E outras coisas mais
tu vais fazer pra alí
Que seriam demais
vir dizê-las aqui...
Com certeza havia rígidas regras sociais, uma inocência e romantismo envolvendo o ambiente, mas, também havia lugar para as idéias maliciosas, picantes, onde o sexo, conotações sexuais, ou personagens sexualizados sempre eram as figuras principais, mesmo que envoltos em versos e estrofes recheadas de palavras e expressões acima de qualquer suspeita.
Cantadas no Teatro de Revista ou nos Cafés-Concerto (ou Chopes Berrantes), elas faziam a delícia do público. A partir de 1902, começaram a ser gravadas em discos, às vezes vindo com a denominação de trovas alegres. Os melhores e mais famosos astros gravaram essas músicas, inclusive as mulheres. Pra mim, é um exemplo de emancipação e igualdade, em uma época dominada pela figura masculina, termos Pepa Delgado, Nina Teixeira, Júlia Martins, Risoleta, ou as Senhoritas Odette e Consuelo, cantando e exclamando alegremente canções e expressões de duplo sentido.
Essas composições, como se diziam na época, eram carregadas na pimenta.
Vamos à algumas delas!
Bahiano
O célebre e pioneiro Bahiano (Manuel Pedro dos Santos), não só gravou o primeiro disco no Brasil, como também deixou registradas as primeiras trovas alegres. Elas vinham ao lado de baladas românticas, modinhas, maxixes... muitas vezes utilizando esses ritmos para se camuflar.
Hoje, vamos conferir as seguintes músicas:
Não Empurre A Pombinha de Lulu Os Colarinhos O Taco O Açougueiro Vai Entrando
Não Empurre
Cançoneta gravada em 1903
Disco Zon-O-Phone X-532
Tomei o bonde da Carris Urbanos
desses que vão até a Praça Onze
Mas, ao meu lado, dois olhos maganos
me perguntaram se eu era de bronze
Então, pra provar que eu não era
quis eu logo fazer coisa limpa
Pois, nesses casos, sou cuera,
sou mesmo supimpa.
- Isto de bolinagem é uma questão de sorte. Às vezes, a gente cutuca no pé de uma pequena... mas, é sem querer, né? Mas, anda tão caipora que, quando quando menos a pessoa atenta, ela está querendo nos desmoralizar. Mas, com esta, não se deu isso, porque na ocasião em que o bonde fazia uma curva, eu percebi, perdi o equilíbrio e cai por cima da pequena ao meu lado. Oh, ferro! E ela gostou mesmo, porque depois, me disse assim:
Não empurre, não empurre
seu Manduca
vê que assim me remói
Não empurre, não empurre
que machuca
Não empurre, assim
que dói...
Passou-se o caso na Cidade Nova
com uma viúva qual quer coisa Matos
De uma virtude rica, a toda prova
muito mais rica que os meus sapatos.
Um dia, uma longa viagem,
teve precisão de fazer
E preparava a bagagem
sem nada esquecer...
- Esta viúva estava preparando a bagagem para fazer uma viagem, mas na ocasião de fechar a mala que estava no quarto, ela não pode fazer. Chamou o primo para ajudar. Ora, o primo foi para o quarto e não prestou bem atenção no que ela disse,hein? Foi subindo na mala desastradamente e empurrou a tampa da mala, e apertou o dedo dela sem querer. Agora, me diga uma coisa. O que é que não havia de pensar que estivesse na sala de jantar e ouvisse ela com o rapaz no quarto dizendo assim:
Não empurre, não empurre
seu Manduca
vê que assim me remói
Não empurre, não empurre
que machuca
Não empurre, assim
que dói...
A Pombinha de Lulu
Cançoneta de Costa Silva
Gravada em 1912
Disco Odeon Record 120.148, matriz XR-1692
A minha prima Lulu
Tinha um casal de pombinhos
Que no dia em que fez anos
Ganhara de seus padrinhos
O pombo todo branco
Era um primor, mui lindo
Eu, porém, gostava mais
- De que?
-Ora, ora
Da pombinha de Lulu
Eu, porém gostava mais
Da pombinha de Lulu
-Aí, malandro velho!
Quando a tarde ia brincar
No quintal, com a priminha
Quase sempre lhe pedia
Pra brincar com a pombinha
Mas o pombo, ciumento,
Ficava, então, jururu
Quando eu botava a mão
Na pombinha de Lulu
- Ah, seu malandro, hein!
Uma vez, um gato astuto
Da gaiola abrindo a porta
Mata o pombo e quase deixa
Também a pombinha morta
Nisso a prima chorando
Me disse
Oh, primo vês, tu
O gato quase matou
- O que?
A pombinha de Lulu
O gato quase matou
A pombinha de Lulu
- Ah, gato danado.
Seu tamanho ladrão!
Eu peguei na pombinha
E beijei-a tanto, tanto
Que lulu cobrindo o rosto
Desatou num longo pranto
Nisso a tia pergunta
- Que fazes, aí, Dudu?
- Tia, eu estava consolando.
- O que?
- Ora, ora.
A pombinha de Lulu.
Tia, eu estava consolando.
A pombinha de Lulu.
Os Colarinhos Cançoneta gravada em 1913
Disco Odeon Record 108.530, matriz XR-1126
All right
Ora aqui, ora acolá
não sou hoje de veneta
Ando atrás de um menino
que me toque uma...
Pudera, não sou casado
Tal desejo não me engoda
Passo semanas inteiras
que eu não dou nenhuma...
Fora ladrões que me afobem
e por eles fui roubado
Fui à casa das pequenas
vim de lá todo...
Em galinhas,patos em marrecos
perdizes,lebre e o peru
Este prazer é bem bom
pra quem gosta de levar no...
Colarinho bem engomado
só na Rua do Sacramento
Quem for lá, nao sei se sabe
sai com grande...
Senta rapaziada
vamos todos pro trabalho
que eu fico em casa pra dar
umas injeções no...
Caramujo bem preparado
com boas formas à croquete
Quando como, tenho vontade
de fazer um bom...
Minerva deusa das artes,
ciências e sabedoria
Passave-se meses inteiros
que a deusa não...
Fumava um bom charuto
Charuto próprio das damas
Este prazer é bom
pra quem gosta de levar entre as...
Mamão, quero me casar
quero quero gozar o trabalho
Quero estar sempre ao abrigo
de experimentar um bom...
Cavalheiros, escutais
as minhas frazes tao xulas
Inda ontem no hospital
vi rasgarem duas...
Mulatinhas da Bahia
são formosas, não me engano
E depois desse xodó
muitas palmas pro Bahiano!
Bravo, bravo, bravo,
muito bem!
Então, isto né melhor do que quanta... quanto pedaço lírico há por aí, homem?!
O Taco Cançoneta gravada em 1913
Disco Odeon Record 108.531, matriz XR-1127
Amo o jogo de bilhar
E por ele tenho um fraco
Muito sei carambolar
E sei por o giz no taco
A fazer as carambolas
sou um grande sabichão
Mexo muito com as bolas
tendo o taco, assim, na mão
Pelos jogos dou o cavaco
Com as mulheres tenho o dom
E não tiro mais o taco
se o bilhar da moça é bom
Ai, ai, ai
Qui, qui, ne, néri
Dou tacadas de revés
E jogando com mulheres,
seis ou cinco de uma vez
Sou moleque tão velhaco
No marfim dou jeito tal
Que o maldito do meu taco
só espirra no final
Bilhar é jogo velhaco
sabe a mulher que é travessa
O gosto que tem o taco
com muito giz na... na... cabeça...
Vai o taco, assim, direito
procurando perfurar
É preciso dar efeito
pra poder carambolar
Com as bolas encostadas
e a encarnada lá na frente
Dou muitíssimas tacadas
Fica o taco ainda quente
Viro tudo, ágil em tacos
Jogador, assim, não há
Quanto mais remexo o taco
mais a carambola dá
Sou moleque tão velhaco
No marfim dou jeito tal
Que o maldito do meu taco
só espirra no final
Bom sujeito modernista
é costume, salafrário,
por as bolas pela pista
com efeito no contrário
Muita vez o dito cujo
quando acaba de jogar
tá com o taco um pouco sujo
e ainda quer carambolar
É o que gosta muita gente
mas, eu, mesmo tenho birra
do gostinho que se sente
quando nosso taco espirra.
Mas, mulher que tem cavaco
quando joga com rapaz
gosta que ele espirre o taco
e se espirra, pede mais.
Sou moleque tão velhaco
No marfim dou jeito tal
Que o maldito do meu taco
só espirra no final
O Açougueiro
Cançoneta gravada em 1913
Disco Odeon Record 108.532
Ai, a vida do açougueiro
é pior que ado padeiro
É levada do diabo
do diabo
Vendo carne à toda gente
mas não há fregês doente
Mas, não há freguês doente
que queira levar o rabo.
Belos quartos dianteiros
e traseiros, tem a rês
Chega a noite
a carne, acabo
fica o rabo sem freguês.
- Olha! Quem quer
um rabinho de boi
bem gostoso?!
- Ou de boi ou de vaca, meu amigo
aqui, não gostamos desta fruta!
- Bom, então, té logo!
Boa carne todo dia
pra servir à freguesia
Meu açougue é afamado, nomeado
Roubo em peso, sou completo
Tenho o fígado correto
Tenho o fígado correto
que não está acostemado
Belos quartos dianteiros
e traseiros, tem a rês
Chega a noite
a carne, acabo
fica o rabo sem freguês.
- Olha, um rabinho bom, hein!
Então, não queres te dar bem com um rabo?
Olha, que está bem lavadinho!
- Ora, vá saindo, meu amigo
não gostamos...
- Vá vender o rabo na esquina!
- Lá, não gostam desta fruta, oh!
Carne boa não tem osso
Carne ruim é a do pescoço
Mas, o quarto dianteiro
é o primeiro!
É da frente a melhor posta
Há, porém, gente que gosta
Há, porém, gente que gosta
de comer a do traseiro.
- Sai, porco!
Belos quartos dianteiros
e traseiros, tem a rês
Chega a noite
a carne, acabo
fica o rabo sem freguês.
- Oh, os senhores olhem que o rabo
é um rabo que é, que é muito bom
Não há por aí nenhum freguês doente?
- Ora, vá saindo!
Dizem ser gostoso o rabo
ensopado com bom nabo
Acredito na piada
bem espaçada
Mas, não sei se por doença
minha sogra não dispensa
Minha sogra não dispensa
a pimenta na rabada.
Belos quartos dianteiros
e traseiros, tem a rês
Chega a noite
a carne, acabo
fica o rabo sem freguês.
- Olha, um rabinho gostoso!
Está na hora!
Está limpo que faz gosto!
Vai Entrando
Cançoneta gravada em 1913
Disco Odeon Record 108.535, matriz XR-1133
Um dia desses estava passeando
para matar o mês mais depressa
E ao passar, então, numa travessa
ouvi alguém dizer-me: vai entrando
Parando, então, pra trás olhei
e de um sobrado, na janela,
um morenão eu avistei
que pareceu-me ser mui bela
- Era, pois, feito uma morena bonita
que me tinha chamado para... para eu lhe cantar, hein.
É, cantar uma modinha.
Todos os versos de uma cançoneta
que ela tinha ouvido no fonógrafo
Eu que gosto de ser cortês
principalmente com as mulheres (né?)
perguntei-lhe qual era o número da casa
Então, ela, do sobrado,
apontava pra baixo e dizia assim:
Vai entrando
Vai entrando
Vai entrando
sem receio
Vai entrando
Vai entrando
nesta porta aqui
do meio.
E eu fui entrando
Oh, ferro
que porta gostosa!
Eu, sem demora,
entrei pela tal porta
E a escada subo mui ligeiro
Mas, estanquei aqui, no resposteiro
por ver na sala a luz
um tanto morta
Nisso, a morena aparecendo
aparecendo mui ligeira
Com voz amena foi me dizendo
o cavalheiro é muito meigo
Ora, eu fiquei acanhado
Palavra de honra!
Entrei na sala
Mas, vi a sala tão
ricamente mobiliada
que fiquei atrapalhado
Dirigi-me para um
gabinete próximo
Pousei o chapéu sobre uma cadeira
e fiquei vasculhando tudo o que devia fazer
Quando eu tava assim, meio atrapalhado
correu uma cortina
Então, a mulata do outro gabinete
dizia assim:
Vai entrando
Vai entrando
Vai entrando
sem receio
Vai entrando
Vai entrando
nesta porta aqui
do meio.
Deixando, então de ser tão acanhado
no gabinete entrei sem muito afã
e encontrei sentada em um divã
o morenão que tinha me chamado
Querido amor, lhe disse eu
Aqui me tens para assistir
Faça favor,me respondeu
de me cantar, pra divertir.
Eu não tive jeito de
não cantar a mulata.
Oh, quer dizer,
cantar pra a mulata ouvir
E não pude cantar direito
embora assim
eu só consiga solar e:
Vai entrando
Vai entrando
Vai entrando
sem receio
Vai entrando
Vai entrando
nesta porta aqui
do meio.
Eu fui entrando
e já sabe
Depois que entrei
eu saí
Eu fui-me embora
pra casa.
A
cantora Marion Duarte lança seu novo CD intitulado Marion Duarte, composto de
12 bem selecionados sucessos de nosso cancioneiro, como: Romaria, Pra você, As
aparências enganam, Azul da cor do mar, Tocando em frente, Ouça, A galeria do
amor, Doce de coco, Secretária da beira do cais, Nuvem de lágrimas, momento
feliz e Padroeiro do Brasil. A produção fonográfica e direção musical é de
Lúcio Mariano. As gravações ganharam nova roupagem e novos arranjos.
A
Cantora
Marion
Duarte nasceu no Rio de Janeiro em 18 de março de 1938. Intérprete eclética e
sem preconceitos musicais, ficou conhecida na década de 1960 como Maysa dos
Pobres, pois, era fisicamente parecida com a cantora Maysa Matarazzo. Diferente
de Maysa que se apresentava em boates elegantes, ambientes refinados e na
televisão, Marion cantava no rádio, em circos e teatros.
Ela
iniciou sua carreira em 1957, quando ingressou na Rádio Solimões, na cidade de
Nova Iguaçu (RJ). Atuou no programa Valores Novos, usando o pseudônimo de
Valéria Duarte.
O
primeiro disco foi gravado em 1958, pela etiqueta Copacabana, trazendo o
samba-canção Eu sou assim, de Lina Pesce, e o bolero Eu acuso, de Getúlio
Macedo.
Nesse
mesmo ano, conquistou o Troféu Revelação da Revista do Rádio. Cantou em
diversos programas da Rádio nacional e Rádio Mayrink Veiga.
No programa de Raymundo Nobre recebeu
a faixa de “Favorita da Associação de Cabos e
Soldados do Corpo de Bombeiros do Rio
de Janeiro”.
A seguir, foi contratada pela Rádio e
TV Tupi. Trabalhou como “crooner” do Dancing Avenida.
Nesta ocasião, foi capa das revistas
“Rouxinol”, “Radiolândia”, “Canta Moçada” e “Moda e Penteado”.
Em 1961 gravou o samba-canção “Quando
corre uma estrela”, que fez razoável sucesso. Um
ano depois foi laureada com o troféu
“Zé da Zilda”, entregue a cantora no programa “Discoteca do Chacrinha”. Posteriormente, foi
agraciada com o troféu “Sua Majestade o Cartaz”, da TV Jornal do Comércio de Recife, e o troféu “Sete
Dias em Destaque”, da TV Marajoara, de Belém.
Afastou-se da carreira artística em
1967 devido ao seu casamento. Retornou somente 12 anos depois, em 1979, época em que foi
convidada para defender o samba “Praia de Amaralina” (Tião do Pandeiro / Orlando Dominguez), no
“Primeiro Festival de Música da Associação Atlética do Banco doBrasil”, no Rio
de Janeiro. A música se classificou em quinto lugar, esse acontecimento deu um
novo impulso a sua carreira.
Lançou seu primeiro LP em meados dos
anos 1980 com destaque para o samba “Sou
Pagodeira”. Para comemorar seus 40
anos de trajetória artística lançou em 1998 o CD “Marion Duarte, Eu sou assim”, no qual relançou seus
antigos sucessos.
Em 2003 saiu seu segundo CD, “Fonte de
Energia” (independente). Durante o ano de 2011
lançou no Rio de Janeiro seu mais
recente trabalho: “Marion Duarte”, que agora chega ao