sexta-feira, 18 de outubro de 2024

RELEMBRANDO AMÉLIA BRANDÃO NERY , A TIA AMÉLIA

AMÉLIA BRANDÃO NERY (TIA AMÉLIA), 1930.
"A Phono-Arte toda a minha admiração, Amélia".
Arquivo Nirez




Vamos relembrar um nos grandes nomes de nossa música e um dos grandes orgulhos para a cultura nordestina: AMÉLIA BRANDÃO NERY, ou, simplesmente, TIA AMÉLIA. 

Ela era instrumentista, pianista e compositora.    


Nascida em Jaboatão (PE), em 25 de maio de 1897, começou a ter contato com o piano aos 4 anos de idade. Seu pai era maestro da banda da cidade de Jaboatão, e também clarinetista e solista de violão. Sua mãe tocava piano. Aos seis anos, Amélia começou a estudar música, mas, seu pai exigiu-lhe que se dedicasse aos clássicos. Com doze anos, ela compôs sua primeira música, a valsa Gratidão.

Com 17 anos, ela se casou e seu esposo a impediu de seguir carreira como pianista, os planos que ela acalentava. Indo morar em uma fazenda nos arredores de Jaboatão, Amélia tocava somente nas festas de amigos. Ela aproveitou para estudar o folclore musical das cercanias da cidade. Com três filhos, e aos 25 anos, ela ficou viúva. Para criá-los, ela abraçou a carreira artística profissionalmente.



A Província (PE), 14 de agosto de 1921, p.03
http://memoria.bn.br/



A Rádio Clube de Pernambuco a contratou, onde ela começou a fazer sucesso.

Por volta de 1929, ela vai ao Rio de Janeiro resolver algumas questões de direitos autorais com a gravadora Odeon. Logo, é convidada a dar recital no Teatro Lírico, com grande êxito. Era chamada de a coqueluche dos cariocas. Devido a esse sucesso, ainda se apresentou nas rádios Mayrink Veiga, Sociedade e Rádio Clube do Brasil. Nessa ocasião, foi homenageada pelo grande compositor Ernesto Nazareth, que abriu sua casa para uma serata (tarde) musical.



A Noite, 05 de agosto de 1930, p.05 
http://memoria.bn.br/



Ao voltar para Recife, continua na Rádio Clube de Pernambuco e retoma suas pesquisas sobre a música folclórica pelo interior do estado.

Em 1930, vários intérpretes de nossa música popular gravaram composições suas: Elisa Coelho, Vicente Cunha, Elsie Houston, Alda Verona, Jararaca, Stefana de Macedo (pernambucana como ela) e Silene Brandão Nery (sua filha).


Silene Brandão Nery
Diário da Manhã (PE), 1935
http://www.acervocepe.com.br/



Em 31 de agosto de 1930, acontecia no Theatro Lyrico do Rio de Janeiro, o Festival de Amélia Brandão Nery, reunindo alguns dos mais imporantes nomes de nossa música regional, como Stefana de Macedo, Jesy Barbosa, Vicente Cunha, Sylvio Salema, entre outros.


“Grupo formado por ocasião do recital da distincta musicista pernambucana. Veem-se, D. Amelia Brandão Nery ao centro, ladeada por Stefana de Macedo (direita) e Jesy Barbosa (esquerda). Ao lado de Stefana vemos Vicente Cunha, o excellente cantor nortista”.
Entre Jesy Barbosa e Amélia Brandão Nery, está o cantor Sylvio Salema.
Phono-Arte, 30 de agosto de 1930, nº 46.
Arquivo Nirez



Voltaria ainda ao Rio de Janeiro para algumas apresentações, quando o Itamarati (em 1933), a convidou para excursionar pelas Américas ao lado de sua filha, Silene , para que elas apresentassem composições inspiradas no folclore brasileiro.

Na Venezuela, o governo local a convidou para permanecer dois anos no país estudando o folclore venezuelano. Ela recusou o convite e partiu para os Estados Unidos, onde foi contratada por uma emissora de rádio de Schenactady, apresentando-se durante cinco meses sob o patrocínio da General Eletric.

Apresentou-se em Nova York e em New Orleans. Em Hollywood, ela e a filha foram convidadas para participar de um filme da RKO ao lado da orquestra de Rudy Vallee, mas não quis apresentar-se cantando e recusou.

Ela e a filha excursionaram pelo Brasil em 1939. Quando Silene se casou, ela resolveu abandonar a carreira, apresentando-se uma única vez no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, antes de se aposentar.

Foi morar em Marília (interior de SP) e, depois, em Goiânia  Lá, na casa de sua filha, conheceu a cantora Carmélia Alves, que era uma grande admiradora do talento de Amélia. Foi Carmélia quem a convenceu voltar a se apresentar. Depois de 17 anos, ela voltava apresentando-se no Rio e em São Paulo, com um repertório de chorinhos de sua autoria, agora com o nome artístico de Tia Amélia.

Apresentou-se nas grandes emissoras de rádio, como a Nacional, e na TV, em SP, nas emissoras Record, Tupi e TV Paulista.

Voltou a gravar discos (inclusive LPs) e a fazer apresentações em Recife.

Em 1960, a TV Tupi do Rio de Janeiro a contratou, onde ela fazia uma retrospectiva da época de ouro do choro brasileiro.

Fez sua última gravação em 1980, aos 83 anos, pelo selo Marcus pereira, com o LP A Benção Tia Amélia, onde interpretava 12 composições inéditas, entre valsas e choros.

Nessa época, o historiador musical José Ramos Tinhorão escreveu sobre ela: "Assim, quando se ouve o som atual de Tia Amélia, pode-se dizer que é toda a história do piano popular brasileiro que soa em sua interpretação".



AMÉLIA BRANDÃO NERY (TIA AMÉLIA)
samba.catracalivre.com.br



Amélia Brandão Nery, a Tia Amélia, faleceu em Goiânia (GO), em 18 de outubro de 1983, aos 86 anos de idade.





RECORTES SOBRE AMÉLIA BRANDÃO NERY



Diário da Noite, 03 de julho de 1930
http://memoria.bn.br/




Diário Carioca, 04 de julho de 1930, p.02
http://memoria.bn.br/




O Paiz, 10 de julho de 1930, p.04
http://memoria.bn.br/





Correio da Manhã, 13 de julho de 1930, p.16
http://memoria.bn.br/




A Batalha, 15 de julho de 1930, p.06
http://memoria.bn.br/




Correio da Manhã, 17 de julho de 1930, p.06
http://memoria.bn.br/




A Batalha, 26 de julho de 1930, p.06
http://memoria.bn.br/






A Batalha, 10 de agosto de 1930, p.04
http://memoria.bn.br/


A Noite, 1930
http://memoria.bn.br/




Diário Carioca, 1930
http://memoria.bn.br/




Fon Fon, 1930
http://memoria.bn.br/



Revista da Semana, 1930
http://memoria.bn.br/





O Que Há, 1930
http://memoria.bn.br/




Revista da Semana, 1931
http://memoria.bn.br/







COMPOSIÇÕES GRAVADAS DE  AMÉLIA BRANDÃO NERY



Trago algumas gravações de autoria de Amélia Brandão Nery, como compositora ou intérprete (ao piano).




Intérpretes de Amélia Brandão Nery


MALVADA
Samba de Amélia Brandão Nery
Gravado por Vicente Cunha (Aitaré)
Acompanhamento de Gaó, Zezinho, Chaves e Grany
Disco Columbia 5.240-B, matriz 380803-1
Lançado em julho de 1930





O QUE MAIS EU APRECIO EM TI
Samba de Amélia Brandão Nery
Gravado por Vicente Cunha (Aitaré)
Acompanhamento de Gaó, Zezinho, Chaves e Grany
Disco Columbia 5.240-B, matriz 380804-2
Lançado em julho de 1930





CAVALO MARINHO
Samba Regional de Amélia Brandão Nery
Gravado por Stefana de Macedo
Acompanhamento de Gaó, Zezinho e Chaves
Disco Columbia 7.009-B, matriz 380807-2
Lançado em setembro de 1930



PRETA SINHÁ
Canção Regional de Amélia Brandão Nery
Gravado por Stefana de Macedo
Acompanhamento de Gaó, Chaves e Angelino
Disco Columbia 7.009-B, matriz 380814-2
Lançado em setembro de 1930





OH CHIQUINHA
Samba de Amélia Brandão Nery
Gravado por Jararaca
Acompanhamento de Gaó, Jonas e Zezinho
Disco Columbia 7.011-B, matriz 380769
Lançado em setembro de 1930



CASA DE FARINHA
Cantiga de Amélia Brandão Nery
Gravada por Stefana de Macedo
Acompanhamento de Gaó, Zezinho, Chaves e Napoleão
Disco Columbia 7.032-B, matriz 380809
Lançado em outubro de 1930





NOS CAFUNDÓ DO CORAÇÃO
Canção Amélia Brandão Nery
Gravada por Stefana de Macedo
Acompanhamento de Gaó, Zezinho e Chaves
Disco Columbia 7.032-B, matriz 380821
Lançado em outubro de 1930





CAPELINHA DE MELÃO
Samba de Amélia Brandão Nery
Gravado por Elisa Coelho
Acompanhamento de violões
Disco Victor 33.322-A, matriz 50341-1
Gravado em 21 de junho de 1930 e lançado em dezembro





A MINHA VIOLA É DE PRIMEIRA
Samba de Amélia Brandão Nery
Gravado por Elisa Coelho
Acompanhamento de violões
Disco Victor 33.322-B, matriz 50342-2
Gravado em 21 de junho de 1930 e lançado em dezembro





VÁ CHORAR MEU BEM
Frevo Canção de Amélia Brandão Nery
Gravada por Silene Brandão Nery
Acompanhamento da Orquestra dos Batutas
Disco Victor 33.521-A, matriz 65349-1
Gravado em 28 de dezembro de 1931 e lançado em fevereiro




Tia Amélia ao piano


MEU POETA
Choro de Amélia Brandão Nery
Gravado por Tia Amélia ao piano
Disco Continental 16.873-A, matriz C-3201
Gravado em 18 de agosto de 1953 e lançado em novembro/dezembro





CHUVISCO
Choro de Amélia Brandão Nery
Gravado por Tia Amélia ao piano
Disco Continental 16.873-B, matriz C-3202
Gravado em 18 de agosto de 1953 e lançado em novembro/dezembro





SARACOTEANDO
Choro de Amélia Brandão Nery
Gravado por Tia Amélia ao piano
Disco Continental 16.874-A, matriz C-3197
Gravado em 18 de agosto de 1953 e lançado em novembro/dezembro



PAULISTANO
Choro de Amélia Brandão Nery
Gravado por Tia Amélia ao piano
Disco Continental 16.874-B, matriz C-3199
Gravado em 18 de agosto de 1953 e lançado em novembro/dezembro



SERESTEIRO
Choro de Amélia Brandão Nery
Gravado por Tia Amélia ao piano
Disco Continental 16.914-A, matriz C-3198
Gravado em 18 de agosto de 1953 e lançado em março de 1954





JABOATÃO
Choro de Amélia Brandão Nery
Gravado por Tia Amélia ao piano
Disco Continental 16.914-B, matriz C-3200
Gravado em 18 de agosto de 1953 e lançado em março de 1954  
















Agradecimento ao Arquivo Nirez



















4 comentários:

  1. Parabéns pela postagem. Eu e minha família moramos na casa da rua Duque de Caxias por 25 anos e nunca tínhamos ouvido falar na antiga moradora tão importante.
    Estou muito emocionada.

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  2. Oii, pessoas da minha família tbm moraram lá. Seu sobrenome é Barnabé?

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  3. Sou bisneta de tia Amélia e ela nunca morou na Duque de Caxias! Em Goiânia ela morou na R-5 Setor Oeste e depois no Edifício Tanger na rua 87, onde eu a achei morta há 5 dias de eu fazer 15 anos! Eu morei na Duque de Caxias!

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