Em 12 de setembro de 1936, há 88 anos era inaugurada a RÁDIO NACIONAL, no Rio de Janeiro.
Ao ouvir seu nome nós logo o associamos tempos dos programas de auditório, os
locutores com suas vozes e dicções perfeitas, as encantadoras e envolventes radionovelas,
os noticiários e, com certeza, os intérpretes de vozes inesquecíveis.
São tantos nomes, tantos fatos, recordações...
Mesmo quem não viveu aqueles tempos áureos tem um carinho por essa rádio e sua
história.
E as eleições de Rainha do Rádio? Até hoje temos nossas favoritas. Lembrando
que Linda Batista foi eleita por onze anos consecutivos por mérito próprio.
Talvez hoje muita gente não faça ideia da força que o rádio tinha nos
anos 30, 40, 50. Pode parecer exagero para alguns os partidos tomados em causa
de determinadas cantoras, o fato de rasgarem as roupas de Cauby Peixoto para
ter uma lembrança do astro, a catarse que as novelas causavam nos rádio
ouvintes, o luxo com que as cantoras se apresentavam nos auditórios... Tudo
isso teve seu tempo e foi vivido intensamente, marcando e deixando saudades de
todo um tempo onde o romantismo e, de certa forma, a inocência tinham mais
espaço.
Mas, se sabemos bem quem foram os astros e estrelas da Rádio Nacional durante
os anos 50, a exemplo de Emilinha Borba, Marlene e Ângela Maria, quais eram os grandes
cartazes na época de sua inauguração e nos primeiros anos, período
significativo que a colocou entre as maiores rádios nacionais, até que ela
atingiu o apogeu, sendo a maior rádio da América Latina?
Esses nomes ajudaram a construi-la e aumentar seu crédito perante o público.
Do começo ao fim, ela esteve povoada de estrelas. Quer diante do microfone ou
nos bastidores, todos, em todas as épocas, fizeram da Rádio Nacional a favorita
e mais lembrada emissora de todos os tempos.
Vamos conhecer e/ou relembrar o seu início e os artistas que a inauguraram e
quais a fizeram crescer.
Entre nessa viagem!
Revista Carioca, 12 de setembro de 1936. |
A
revista carioca registrou a inauguração da Rádio Nacional, em 12 de setembro de 1936.
No
dia do evento, publicou uma matéria afirmando que "a data de hoje se
destina a marcar uma etapa nova da evolução da radiophonia no Brasil, com a
inauguração da Radio Nacional, a grande e potente emissora que o Brasil inteiro
esperava".
Estreando
com 22 kilowatts, seria ouvida nitidamente em todo o País, do
Amazonas ao Rio Grande do Sul, num grande elo sonoro, numa cadeia de vibrações
educativas e culturais.
A
Rádio Nacional aparecia ligada ao grupo integrado pela A Noite, do qual
faziam parte o famoso vespertino e revista de mesmo nome.
Ela
começava com o maior e mais escolhido cast de artistas exclusivos.
Faziam
parte: Abigail Parecis, soprano lírico brasileira, de sucesso em Nova
York; Sônia Carvalho, famosa estrela do rádio paulistano que também era
muito querida no Rio; Aracy de Almeida, então a nova interprete do
samba, considerada perfeita; Dolly Ennor, que interpretava canções; Marília
Batista, "menina que estylisou e deu ao samba uma expressão
nova"; Elisa Coelho, com seu estilo próprio, cheia de fãs; Sylvinha
Mello, "a voz jovem do fol-lore brasileiro"; Amalia Diaz,
"o tango em pessoa"; Bob Lazy, cantando fox; Ben Wright,
cantando fox-blue; Mauro de Oliveira, de repertório internacional; Nuno
Roland, com suas canções; Joaquim Pimentel, intérprete de canções
portuguesas; e Pascquale Gambardella, cantor lírico.
A
rádio contava com três speakers, Ismênia dos Santos, Celso Guimarães e Oduvaldo
Cozzi; três diretores de orquestra, Romeu Ghipsman, Gaó e Radamés Gnatalli.
A
Nacional contava, em sua inauguração, com nada menos do que nove (!)
orquestras: Orquestra Sinfônica, Orquestra Vienense, Orquestra Havaiana,
Orquestra de Jazz, Orquestra Regional, Orquestra Typica Argentina, Orquestra
Typica Portuguesa, Orquestra Serenata e Orquestra de Cordas.
No
grupo de instrumentistas, Pereira Filho (o mágico do violão) e Luiz
Americano (o homem que faz o saxofone falar).
Genolino
Amado, redator chefe da Hora do Brasil, era o cronista da Rádio Nacional. O som
era controlado "pelo habil e competente engenheiro L. H. Evans".
Outra
atração, inovadora por sinal, eram as aulas matinais de ginástica do professor
Oswaldo Diniz de Magalhães, com acompanhamento de piano, "para ritmar os
exercicios," pelo pianista Jorge Paiva.
A
Rádio Nacional começava com jovens profissionais que, no futuro, seriam
lembrados como grandes nomes de nossa radiodifusão.
Algumas
estrelas:
A
estrela Sônia Carvalho, vinda especialmente de São Paulo, |
Orlando
Silva, o jovem intérprete |
Marília
Batista, a jovem que revolucionou |
Nuno
Roland, o jovem talento de SC |
Sylvinha
Mello |
Radamés
Gnatalli |
O
maestro Gaó, assinava o contrato com a Rádio Nacional. |
Transcrevo
aqui, na íntegra, a matéria da revista Carioca, de 19 de setembro de 1936,
sobre a inauguração da Rádio Nacional:
“Teve
um brilho excepcional a inauguração da Sociedade Rádio Nacional. No estúdio do
edifício d´A Noite, além de vários membros do governo, representantes de altas
autoridades, deputados, vereadores, delegações de “instituições culturais, de
sociedades difusoras, artistas e membros de letras, compareceram as mais
representativas figuras da sociedade brasileira.
Entre
os presentes notavam-se o presidente do Senado Federal, embaixadores da França,
Portugal e Japão; ministros de Estado, presidente da Academia Brasileira, da
Câmara Municipal, da Associação Brasileira de Letras, diretor do Departamento
Nacional de Propaganda e Difusão Cultural e várias outras personalidades de
relevo.
Deu
início à solenidade a execução do Hymno Nacional pela grande orchestra do
Theatro Municipal. Em seguida, inaugurando a nova estação emissora, falou o Dr.
Medeiros Netto, presidente do Senado, seguindo-se –lhe com a palavra,
abençoando a Rádio Nacional, S. E. o Cardeal Arcebispo, que falou do palácio de
S. Joaquim, ligado directamente ao microphone da PRE-8.
Falaram
a seguir, proferindo expressivas orações, o embaixador de Portugal, na
qualidade de sub-decano do corpo diplomático; o ministro da Educação, como
orador official da cerimônia; os embaixadores da França e do Japão e o
representante do embaixador argentino; presidente da Camara Municipal, o
diretor do Departamento Nacional de Propaganda, o presidente da Confederação de
Rádio-Diffusão, o presidente da A. B. I., o Sr. Castellar de Carvalho, nosso
companheiro d´A Noite, e o director-presidente da Sociedade Rádio Nacional, Dr.
Cauby de Araújo.
Os
destacados cantores do elenco do Municipal, Bidú Sayão, Maria de Sá Earp,
Giuseppe Danise, Bruno Landi, Aurélio Marcato, a ilustre pianista Dyla Joseti,
o conhecido artista Mário de Azevedo e a orchestra do Theatro Municipal
executaram a parte de honra do programa musical, a que se seguiram os demais
números a cargo do cast da Rádio Nacional, que se inaugurou assim com um
acontecimento mundano de raro brilho e grande repercussão”.
Fotos da inauguração da Rádio Nacional
BOB LAZY “Bob Lazy, o interessante interprete de ‘foxes’ genero ‘hot’, cantando acompanhado por Pereira Filho, ‘The musis goes round and around’”. Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
ROXANE “Roxane, interpretando canções francezas, foi, acompanhada pela orchestra, sob a direcção de Romeu Ghipsman” Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
SYLVINHA MELLO “Sylvinha Mello, como interprete do nosso ‘folk-lore’, é um dos mais destacados nomes do ‘cast’ da PRE-8. Na inauguração da nova estação, Sylvinha foi um dos grandes successos” Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
SYLVINHA MELLO “Sylvinha Mello, como interprete do nosso ‘folk-lore’, é um dos mais destacados nomes do ‘cast’ da PRE-8. Na inauguração da nova estação, Sylvinha foi um dos grandes successos” Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
ARACY DE ALMEIDA “O Samba tem em Aracy de Almeida uma de suas maiores interpretes. Inaugurando a PRE-8 e cantando um samba carioca, Aracy mais uma vez reaffirmou a sua incomparavel interpretação” Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
SÔNIA CARVALHO “Sonia Carvalho, a querida ‘estrella’ de São Paulo, cantando um samba, acompanhada pelo Regional da PRE-9, com Pereira Filho e Dante Santoro” Dante Santoro, à esquerda, na flauta. Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
“A inauguração da Radio Nacional teve a prestigial-a a presença de
grande numero de pessoas da nossa melhor sociedade, como se póde avaliar pela fotografia” Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
NUNO ROLAND “Nuno Roland, grande interprete de musica brasileira, que cantou pela primeira vez no Rio através do microfone da Radio Nacional” Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
MARIA DE SÁ EARP “Maria de Sá Earp, uma das melhores cantoras lyricas do Brasil, quando cantava ao microfone da Radio Nacional uma delicada canção” Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
DOLLY ENNOR “Dolly Ennor, cantando uma interessante musica de ‘camera’ – ‘La Wally’, obteve um dos maiores successos na noite” Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
“Um aspecto da grande assistencia que enchia, literalmente, o
amplo ‘auditorium’ da nova emissora carioca” Carioca, 1936 Arquivo Nirez |
Agradecimento ao Arquivo Nirez
Aí pelos anos 50, a gente lá em casa, assistia as rádios cariocas. Além da Rádio Nacional, ouvíamos a Rádio Roquete Pinto e a Rádio MEC. O som não era perfeito mas dava até para acompanhar radio-novela e ouvir belas músicas.
ResponderExcluirAdorei, a ParteI..
Este comentário foi removido pelo autor.
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