Pepa Delgado estria completando 125 anos.
Nascida em 21 de julho de 1887, era filha do espanhol Lourenço Delgado e da sorocabana Ana Alves.
A menina Maria Pepa nasceu em Piracicaba.
Com aproximadamente 15 anos, no raiar do século XX, foi para o Rio de Janeiro, onde estreou em algumas peças. Logo, foi notada pelo empresário Dias Braga, que a colocou em maiores papéis, onde a jovem logo se destacou. Foi a primeira atriz conhecida a gravar discos no Brasil.
Por volta de 1905, Pepa iniciou sua carreira fonográfica, onde várias vezes foi anunciada como "Senhora Pepa Delgado". Em seu repertório estavam antigos sucessos do século XIX, As Laranjas da Sabina, e novos êxitos que ela ia lançando no teatro de revista, Café Ideal, A Recomendação. Possuía graça, comicidade e um tantinho de malícia, que lhe conferiam o agrado da platéia. Os críticos gostavam dela, alguns até reconheciam seu talento para papéis mais "sérios"; afinal, havia o constante preconceito do "teatro sério" para com o "teatro popular", as revistas musicais.
Ela lançou em disco clássicos do nosso cancioneiro dos tempos da Belle Époque, como Vem cá, mulata, O abacate, Maxixe Aristocrático...
Na década de 10 sua carreira teve mais destaque, e ela passou a ser a estrela da companhia do Theatro São José. Anos depois, montaria a Companhia Pepa Delgado.
Também fez cinema, aparecendo em filmes-revistas e em dramas.
Ainda nos anos 10 conheceu o militar Almerindo Moraes, e ambos se apaixonaram.
Nem as maledicências de algumas colegas invejosas conseguiu separar o casal.
Eles se casaram no início dos anos 20 e, aos poucos, Pepa foi deixando a carreira.
Ela já havia marcado seu nome em nossa cultura, era uma mulher independente e realizada profissionalmente; para sua total felicidade, só restava se dedicar à família. Esta, aumentou em 1925, com o nascimento de seu único filho, Heitor.
Pepa, agora, além de mãe de família, era a esposa de um bem sucedido militar, e acompanhava o esposo em solenidades. Porém, nunca deixou de lembrar e ajudar seus amigos e colegas. Ainda nos tempos em que era atriz ela se empenhou, pedindo ao empresário Fred Figner, seu conhecido e proprietário da Casa Edison, que cedesse um terreno em Jacarepaguá para a criação da Casa dos Artistas. Essa campanha deu certo, onde foi auxiliada por vários colegas, e surgiu o Retiro dos Artistas. Até o fim de sua vida, ela contribuiria na mensalidade e faria doações para a instituição.
Mas ela ajudava de outras formas seus colegas, inclusive os que iniciavam carreira. Vicente Celestino foi incentivado por ela quando começava no meio artístico. Eles contracenaram na opereta A Sertaneja, com música de Chiquinha Gonzaga, onde Pepa era a protagonista.
Em uma excursão à Curitiba, ela conheceu uma criança de uma tribo indígena, muito inteligente e carismática. Tornou-se madrinha de batismo da menina, que foi adotada por um amigo seu. Ao crescer, a indiazinha tornaria-se a famosa soprano Abigail Alessio Parecis, de fama internacional, sem nunca esquecer suas origens.
Mesmo aposentada, ela continuava a apoiar e ajudar os jovens talentos. Colé Santana morou no porão de sua casa quando iniciava carreira.
Seu esposo era primo do compositor Armando Louzada, irmão do ator Oswaldo Louzada, e a esposa de Armando, Risoleta, faria sucesso como atriz e rádio-atriz com o pseudônimo de Simone Moraes. Ela e Pepa eram muito amigas. Aliás, foi Simone a musa inspiradora para que Armando Louzada escrevesse os famosos versos, em português, da valsa Fascinação.
E sabem de mais curiosidade? Pepa Delgado e Aracy de Almeida eram vizinhas de quintal, no Encantado.
Pepa Delgado era muito religiosa e caridosa. Ajudava a igreja do bairro, que ainda hoje mantém os bancos cedidos por ela; fazia festas de São João, reunindo a vizinhança; e amava animais. Em sua casa, localizada em um grande terreno, tinha muitos gatos e cachorros, pois, ela não podia ver um animal abandonado que não levasse para casa.
Ela, que já sofria do fígado, faleceu em 11 de março de 1945, vitima de hepatite.
Pepa na Imprensa:
Em 2007, quando eu ainda estudava jornalismo, saiu esta matéria no Jornal de Piracicaba, feita por Marcela Benvengnu.
Eu, as fotos e discos que pertenceram à atriz Pepa Delgado. |
Pepa é capa do caderno Movimento. Jornal de Piracicaba, 2007. |
A reportagem. |
Ola Marcelo Bonavides, sou eu , neta de Pepa Delgado. VC lembra de mim? Esta tudo muito lindo . minha avó esta muito feliz, creio nisso. Um forte e caloroso beijo. Fique com Deus.
ResponderExcluirD. Tânia!
ExcluirQue bom tê-la por aqui!
Estou querendo falar com a senhora.
Escrevi em seu e-mail.
Beijos,
Marcelo
D. Tânia!
ResponderExcluirQue bom tê-la por aqui!
Estou querendo falar com a senhora.
Escrevi em seu e-mail.
Beijos,
Marcelo
Prezado Marcelo, bom dia.
ResponderExcluirQue bom encontrá-lo. Que bom encontrar alguém que aprecia os bons artistas do passado.
Adorei a homenagem à grande Pepa Delgado. Continuarei acompanhando o teu blog, para reviver a beleza estética dos grandes como a Senhorita Consuelo, o Bahiano e tantas(os) outras(os).
Parabéns pelo trabalho de pesquisa e divulgação.
Caso possas manter contato, segue meu email: pmsflavio@yahoo.com.br
Forte abraço,
Flávio Carvalho.
Obrigado Flávio!
ExcluirBom tê-lo por aqui.