quinta-feira, 14 de junho de 2012

LINDA BATISTA, 93 anos


Há 93 anos nascia em São Paulo Florinda Grandino de Oliveira.
Aqui, você confere algumas passagens de sua vida, fotos,
gravações e um vídeo sobre  nossa eterna Linda Batista.
As homenagens à ela estão apenas começando.




Linda Batista era filha de João Baptista Júnior, o famoso ventríloquo e humorista Baptista Júnior,  e de Emília Grandino de Oliveira, D. Neném. 
Seus pais já haviam se estabelecido no Rio de Janiero, no Catete, mas, sua avó materna, D. Florinda (de quem herdou o nome), morava em São Paulo e fazia questão que seus netos nascessem em sua casa. Dessa forma, a menina veio a nascer no bairro de Higienópolis. Suas irmãs Odete (a mais velha) e Dirce (Dircinha, a caçula) também nasceram nessa casa, sendo criadas por uma família tradicional.
Porém, para a carreira de seu pai era melhor que fossem novamente ao Rio de Janeiro.
Seu talento era tanto que ele conseguia 22 vozes sem abrir os lábios, fora os personagens (bonecos) que criou e que faziam parte da família. Baptista Júnior gravaria dezenas de discos, sendo um artista de sucesso.
Linda estudou no tradicional Colégio Sion e, quando tinha dez anos, passou a ter aulas com o cantor e violonista Patrício Teixeira, um dos melhores da época. Boa aluna, a garota compôs uma música intitulada Tão Sozinha.
A empregada de sua casa a levava à gafieira Corbeille de Flores, perto de sua casa, onde também se familiarizava com os novos ritmos e novidades musicais.
Em 1930, a caçula da família (Dircinha) gravou seu primeiro disco com apenas oito anos de idade, iniciando uma muito bem sucedida carreira de cantora. Em 1932, ela já se apresentava na Rádio Cajuti e Linda, com apenas treze anos, a acompanhava ao violão. Adotaram o sobrenome do pai e eram conhecidas como as Irmãs Baptistas.
Concluiu o ginásio no Colégio São Marcelo e iniciou cursos de contabilidade e corte e costura.
Apesar de viver no meio artístico, Linda era tímida e só a irmã cantava. Em 1936, Dircinha era contratada do programa de Francisco Alves. Um dia, quando ia apresentar-se, desmaiou, para não haver "buraco" na programação, Chico chamou Linda que substituiu a irmã cantando Malandro, samba de Claudionor Cruz. O agrado foi imediato e a contratação também. Depois, ela soube que seu pai e Francisco Alves haviam combinado o desmaio de Dircinha justamente para que ela cantasse, já que esse último a queria em seu programa. Pouco depois, a recém inaugurada Rádio Nacional a contratou.


Baptista Júnior entre as filhas Dircinha e Linda,
acompanhadas dos personagens criados por seu pai.
Revista Carioca, 1937.

Seu pai foi quem apadrinhou as filhas na carreira artística e serviu de exemplo de profissionalismo.

Em 1937 ela casou-se com Paulo Bandeira, separando-se meses depois. Nesse mesmo ano ela foi eleita pela Nacional Rainha do Rádio, no primeiro concurso realizado nessa emissora. E sabem quanto tempo durou seu reinado? ONZE anos consecutivos! Em 1948 ela entregaria a coroa à sua irmã Dircinha. 
Ainda em 1937 ela excursionou pelo Nordeste e Norte, começando em Pernambuco.
Em Recife, apresentou-se no Theatro Santa Isabel interpretando músicas de Capiba, sendo acompanhada pela Jazz-Band Acadêmica.

Em 1938 apareceu no filme Maridinho de Luxo, da Cinédia. Foi ainda em 1938 que ela tornou-se a principal crooner da Orquestra Kolman no Cassino da Urca; nesse mesmo ano inaugurou o Cassino da Ilha Porchat, em São Vicente, no litoral paulista. Seu salário foi o maior pago até então a uma cantora brasileira.
Fora o inegável talento e bela voz, Linda assumia uma postura de estrela, sempre brilhando em suas apresentações e quando chegava à Rádio Nacional, com seus carros importados, casados de pele e jóias reluzentes. O público e a imprensa deliravam com essas aparições.


1941

Seu nome artístico poderia ser apenas uma abreviatura do nome de batismo, porém, não causaria estranheza se fosse aplicado à sua beleza, uma das mais destacadas em nosso cenário musical.
Ao lado do cantor Fernando Alvarez gravou seu primeiro disco com as músicas Churrasco e Chimarrão, ambas rumbas.
Com ele também gravou uma marcha de sua autoria intitulada Oitava Maravilha, alusão direta ao Cassino da Urca.

Sozinha, começaria a gravar na Odeon, indo depois para a Victor.
Durante a guerra fez várias apresentações pelo Brasil, entretendo soldados brasileiros e americanos.
Seu prestígio durou décadas, onde era um dos principais nomes do meio musical, mesmo com o surgimento de novos talentos. Adquiriu fortuna e morava com as irmãs. Porém, como aconteceu em nosso País com dez entre dez artistas de talento do passado, o ostracismo a abraçou fortemente. Sua voz e talento pareciam não servir mais às novas gerações, a medida que a idade chegava. Esquecidas e isoladas, as Irmãs Baptistas começaram uma agonia que durou anos e chegou a ser acompanhada pela imprensa. Seus bens materiais começaram a se escarcear e as dificuldades financeiras, de mãos dadas com a depressão e problemas de saúde, começaram a lhes fazer companhia, principalmente após a morte da mãe, que era uma forte presença em suas vidas.
Alguns fãs e amigos fiéis encontraram-nas em situação lamentável, e lhe ajudaram como podiam, em valiosas demonstrações de solidariedade. 
Lembro muito bem de uma noite em 1988, ano em que iniciei minhas pesquisas musicais. Assistindo ao noticiário, acompanhei uma matéria sobre um leilão dos objetos pertencentes à Linda e Dircinha Batista. Eram faixas, fotografias, roupas luxuosas, discos, lembranças de seu apogeu... Esse evento seria para ajudá-las a pagar os tratamentos de saúde. Linda ainda era viva, mas, estava hospitalizada. Pouco tempo depois, faleceu. 
Era a primeira vez que ouvia falar nas Irmãs Baptistas. Eu iniciava minhas pesquisas musicais tomando conhecimento conhecimento de duas coisas: como elas foram magníficas em sua arte e como nosso País conseguia apagar impiedosamente talentos como o delas.






Suas primeiras gravações:


Churrasco
Rumba de Djalma Esteves e Augusto Garcez
Gravada por Fernando Alvarez e Linda Batista
Acompanhamento da Orquestra Odeon
Disco Odeon 11.631 A, matriz 5868
Gravado em 20 de junho de 1938 e lançado em agosto desse ano.



Chimarrão
Rumba de Djalma Esteves
Gravada por Fernando Alvarez e Linda Batista
Acompanhamento da Orquestra Odeon
Disco Odeon 11.631 B, matriz 5869
Gravado em 20 de junho de 1938 e lançado em agosto desse ano.




Oitava Maravilha
Marcha da autoria da própria Linda Batista em homenagem ao Cassino da Urca, onde cantava.
Gravada por Fernando Alvarez e Linda Batista
Disco Odeon 11.685 A, matriz 51
Gravado em 1938 e lançado em fevereiro de 1939
Acompanhamento de Vicente Paiva e sua Orquestra, que se apresentavam no Cassino da Urca.





  








Fontes:
Arquivo Nirez
Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira

Agradecimentos
Arquivo Nirez
Dimas Oliveira Júnior
Thais Matarazzo






6 comentários:

  1. Caríssimo Marcelo... Agora você mexeu comigo rapaz. Que post maravilhoso! As irmãs Batista, em especial Linda, me remete ao meu avô Albino. Ele era musico, tocava sax e passava horas e horas escutando Linda Batista. E foi assim que passei a AMAR Linda Batista. A tenho sempre comigo, bem pertinho de meus ouvidos. Aonde quer que eu vá... Me emocionei, viu. Obrigado!

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  2. Que bom que gostou. Ainda teremos muito mais de Linda!
    Abraços!!

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  3. Linda e charmosa!
    Sempre fui fã da Linda, da voz e
    de vê-la cantar, nos filmes nacionais.
    Parabéns, Bonavides, que venha mais!

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  4. Bravíssimo Marcelo!
    Maravilhoso post!
    Abração!

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  5. As irmãs Batistas eram maravilhosas. Parabéns pelo texto, Marcelo.

    O Falcão Maltês

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  6. Isso é que eu chamo de uma super postagem sobre Linda Batista. Uma diva, uma artista e um grande mito do rádio. Abraço.

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