quinta-feira, 13 de junho de 2024

RUBENS SOARES (ENTRE O SAMBA E O BOXE)

RUBENS SOARES
A Noite Illustrada, 1933
Arquivo Nirez





Rubens Soares era um homem que despertava admiração. As pessoas ficavam em dúvida qual perfil admirar: o de boxeador (pugilista ou boxeur, na linguagem dos anos 30) ou compositor. Como era sabido, ele abafava a banca, ou seja, fazia sucesso nas duas categorias.     

  
Rubens Soares nasceu no Rio de Janeiro em 29 de maio de 1911.

Entre 1928 e 1945, lutou boxe na categoria peso médio. Foi compositor de sucesso, membro da Polícia Especial, treinador de cavalos e treinador de boxe.
 
Começou a ser notado no ringue, onde assustou ou levou ao chão vários adversários em knock-out (nocaute, em linguagem atual). Quem torcia para ele ficava delirando na plateia, enquanto a turma que era contra permaneciam aborrecidos e desapontados. Sendo lutador de boxe na categoria peso-médio, e campeão em alguns jogos, era conhecido por Mão de Gato. Desde 1929, Rubens Soares era um nome conhecido no pugilismo carioca.


Crítica, 1929
http://memoria.bn.br


 
Em algumas ocasiões, terminada a luta no ringue, a mesma prosseguia do lado de fora, entre as duas torcidas. As pancadas eram distribuídas em todos, inclusive nos policiais que iam apaziguar os rapazes exaltados.
 
Embora menos frequentes, era o próprio Rubens quem era chamado para decidir algumas lutas na Avenida, calçadas... Mas, ele sempre levava vantagem.
 
Depois, o micróbio do samba o pegou de jeito. Alguns não sabiam como, já outros, afirmavam ser pela companhia de artistas como Francisco Alves, Mário Reis, Nássara, Lamartine Babo, os campeões no ringue da música.
 
Devido a essas influências, Rubens virou sambista. E dos bons.
 
Com a clássica caixa de fósforos como acompanhamento, ele compunha coisas incríveis, pelos locais onde frequentava como o Café Nice, Trianon, Universo, que eram as sucursais do samba nos anos 30. Nesses locais, ele era sempre visto cantando e batucando. Dessa forma, surgiram pérolas.
 
Por essa época, ele já dividia suas atenções entre o samba e o boxe, tendo duas carreiras bem-sucedidas. Porém, não era um meio de vida, como dizia uma reportagem da revista Carioca, de 1936. Como havia ganho muito dinheiro no ringue, somando com uma boa herança recebia, ele era um homem abastado.
 
Nessa mesma reportagem para a Carioca, colhida em uma roda de samba, no Trianon, lhe perguntaram quanto havia rendido seu famoso samba É bom parar. Ele respondeu:
 
- Até agora foram vendidos 1.400 discos do samba. Recebo 250 réis de percentagem por disco vendido. Quanto aos direitos autorais, minha comissão é de 500 réis cada vez que a composição é cantada em estúdio e 300 reis por disco irradiado.
 
Isso dava, no total, alguns contos de réis. Mas, ele não estava satisfeito e esperava receber mais. Parece que em 1936 o comércio de disco andava um pouco baixo. Dizia-se que o rádio competia, levando o ouvinte a deixar de ser disco-ouvinte para ser rádio-ouvinte, sendo mais barato e cômodo.
 
O sambista continuou sendo boxeador. Ele não pretendia abandonar as atividades esportivas. Tampouco pensa em largar o samba, que já compunha há anos, ficando suas criações restritas ao bairro em que morava. Porém, a situação era outra. Ele tornou-se conhecido e o público queria mais.
 
Francisco Alves era amigo inseparável e fã número um do Rubens boxeador e, em breve, também o seria do compositor. Quando lutou com o português José Carmelino, no Estádio Brasil, seguiu para o café onde encontrou Chico. O atleta ainda trazia o rosto cheio de escoriações, mas, na cabeça trazia um samba fervilhando. Cantou-o para o Rei da Voz, que ficou encantado, propondo-se a gravá-lo. No dia seguinte, os dois seguiram para a gravadora Victor, onde fecharam o negócio. Assim, surgiu o clássico É bom parar.

Francisco Alves gravaria outros sucessos de Rubens Soares, como Poleiro de Pato é no Chão, em parceria com Ewaldo Ruy, em gravação de 1941.


 
Na data da entrevista, nosso compositor-boxeur estava com a mão fraturada e, por ser um apaixonado pelo boxe, esperava ficar curado logo e voltar à ativa.  
 
Ele não tinha predileção entre o samba e o boxe, pois, acreditava que um não prejudicava o outro.
 
Outros nomes de destaque, como Nelson Gonçalves, Aracy de Almeida, Déo, entre outros, gravaram músicas de Rubens Soares.
 

Ele faleceria no Rio de Janeiro em 13 de junho de 1998, pouco depois de completar 87 anos.


RUBENS SOARES
O Cruzeiro, 1941
http://memoria.bn.br





RECORTES SOBRE RUBENS SOARES




RUBENS SOARES
Carioca 1936
Arquivo Nirez





RUBENS SOARES
Carioca 1936
Arquivo Nirez




RUBENS SOARES
A Noite Illustrada 1933
Arquivo Nirez




RUBENS SOARES
A Noite Illustrada, 1933
Arquivo Nirez





A Noite Illustrada, 1933
Arquivo Nirez







GRAVAÇÕES DE RUBENS SOARES



É BOM PARAR
Samba de Rubens Soares e Noel Rosa
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento do Conjunto Regional RCA Victor
Disco Victor 34.038-B, matriz 80101-1
Gravado em 28 de janeiro de 1936 e lançado em fevereiro de 1936



JÁ NÃO ÉS MAIS AQUELA
Samba de Rubens Soares e Antônio Almeida
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento dos Diabos do Céu
Disco Victor 34.059-B, matriz 80147-1
Gravado em 27 de abril de 1936 e lançado em junho de 1936



YAYÁ DO BALACUCHÊ
Samba do Partido Alto de Rubens Soares
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento dos Reis do Ritmo
Disco Victor 34.113-B, matriz 80245-1
Gravado em 17 de novembro de 1936 e lançado em dezembro de 1936



CHEGOU A SUA VEZ
Samba de Francisco Alves e Rubens Soares
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento dos Diabos do Céu
Disco Victor 34.123-B, matriz 80261-1
Gravado em 18 de novembro de 1936 e lançado em dezembro de 1936





LÁ VEM ELA CHORANDO
Samba de Rubens Soares e Demazinho
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento dos Reis do Ritmo
Disco Victor 34.123-A, matriz 80265-1
Gravado em 20 de novembro de 1936 e lançado em dezembro de 1936



PERDI A CONFIANÇA
Samba de Ataulfo Alves e Rubens Soares
Gravado por Luiz Barbosa
Acompanhamento dos Boêmios da Saudade
Disco Victor 34.231-A, matriz 80378-1
Gravado em 20 de abril de 1937 e lançado em novembro de 1937
 



BATUQUE NA COZINHA
Marcha de Antônia Nássara e Rubens Soares
Gravada por Joel e Gaúcho
Acompanhamento do Grupo da Odeon
Disco Odeon 11.518-B, matriz 5619
Gravado em 08 de julho de 1937 e lançado em outubro de 1937




 
NUNCA PENSEI
Samba de Antônio Nássara e Rubens Soares
Gravado por Aracy de Almeida
Acompanhamento do Conjunto Regional RCA Victor
Disco Victor 34.242-B, matriz 80590-1
Gravado em 12 de agosto de 1937 e lançado em dezembro de 1937





ELA FEZ UMA COMIGO
Samba de Rubens Soares
Gravado por Arnaldo Amaral
Acompanhamento de Napoleão Tavares e Seus Soldados Musicais
Disco Columbia 55.017-B, matriz 130-1
Lançado em fevereiro de 1939



MUNDO MAL DIVIDIDO
Samba de Nelson Teixeira, Francisco Modesto e Rubens Soares
Gravado por Aracy de Almeida
Acompanhamento do Conjunto Regional RCA Victor
Disco Victor 34.432-A, matriz 33006-1
Gravado em 08 de março de 1939 e lançado em maio de 1939





JÁ JUREI
Samba Antônio Nássara e Rubens Soares
Gravado por Aracy de Almeida
Acompanhamento de Regional
Disco Victor 34.456-B, matriz 33008-1
Gravado em 08 de março de 1939 e lançado em julho de 1939


 
ESTOU CANSADO DE PROCURAR
Samba de Rubens Soares e Luiz Pimentel
Gravado por Roberto Paiva
Acompanhamento da Orquestra Odeon, sob Direção de Simon Bountman
Disco Odeon 11.788-B, matriz 6206
Gravado em 26 de setembro de 1939 e lançado em novembro de 1939





SOLTEIRO É MELHOR
Samba de Rubens Soares e Felisberto Silva
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento de Fon Fon e Sua Orquestra
Disco Columbia 55.198-B, matriz 245-1
Gravado em 11 de dezembro de 1939 e lançado em janeiro de 1940



BEM SEI
Samba de Rubens Soares e Francisco Santos
Gravado por Aracy de Almeida
Acompanhamento de Regional
Disco Victor 34.647-B, matriz 33467-1
Gravado em 09 de julho de 1940 e lançado em setembro de 1940




POLEIRO DE PATO É NO CHÃO
Samba de Rubens Soares
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento de Carioca e Seu Conjunto
Disco Columbia 55.261-A, matriz 375-2
Gravado em 14 de janeiro de 1941 e lançado em fevereiro de 1941





AI QUE DOR
Batucada de Antônio Nássara e Rubens Soares
Gravada por Carlos Galhardo
Acompanhamento dos Diabos do Céu
Disco Victor 34.853-A, matriz S-052403
Gravado em 31 de outubro de 1941 e lançado em janeiro de 1942




EU QUERO UMA MULHER
Samba de Rubens Soares e Evaldo Rui
Gravado por Francisco Alves
Acompanhamento de Fon Fon e Sua Orquestra
Disco Odeon 12.085-B, matriz 6833
Gravado em 05 de novembro de 1941 e lançado em janeiro de 1942




FEIJOADA
Marcha de Rubens Soares
Gravado pelos Quatro Ases e um Coringa
Disco Odeon 12.277-A, matriz 7196
Gravado em 02 de fevereiro de 1943 e lançado em março de 1943



AI AMOR

Samba de Rubens Soares
Gravado por Nelson Gonçalves
Acompanhamento de Benedito Lacerda e Seu Regional
Disco Victor 80-0103-B, matriz S-052800-1
Gravado em 07 de julho de 1943 e lançado em setembro de 1943





NÃO PENSE QUE EU VOU CHORAR
Batucada de Rubens Soares
Gravada por Déo
Acompanhamento de Chiquinho e Seu Ritmo
Disco Continental 15.104-B, matriz 671-1
Lançado em dezembro de 1943




VIDA DE POBRE
Batucada Rubens Soares e Eratóstenes Frazão
Gravada por Francisco Alves
Acompanhamento de Abel com Claudionor Cruz e Seu Conjunto
Disco Odeon 12.530-B, matriz 7704
Gravado em 20 de novembro de 1944 e lançado em janeiro de 1945




















Agradecimento ao Arquivo Nirez












Um comentário:

  1. Conheço bem esse samba, mas não conhecia Rubens Soares. Estava agora blogueando e encontro essa maravilha!
    Beleza! Obrigada!

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