O dia 30 de janeiro de 1942 amanheceu, em Fortaleza, nublado, repleto de poças d´água decorrentes da chuva que caiu nos dois últimos dias. Depois de um período de seca, teríamos o terceiro dia consecutivo de chuvas para aplacar a estiagem. Teríamos... O sol, imponente, começou uma luta com as nuvens para poder brilhar sobre a cidade. A Praça do Ferreira era o "coração" da cidade (e ainda é a nossa mais famosa praça). Por ela, passavam e paravam todo o tipo de pessoa, de todas as classes sociais. Na época da Segunda Guerra Mundial, muitas pessoas iam ate seus arredores conferir as últimas notícias do Front.
Naquele dia, "esgueirando-se pelas calçadas molhadas", um repórter do jornal O Povo notou grande número de pessoas que, juntas, observavam a luta do sol com as nuvens. O resultado, ele publicaria nesse mesmo jornal:“Olhando para o alto e apontando, começaram uma demonstração estrondosa, vaiando o astro vencido e apagado, naquele momento, num grito uníssono de várias bôcas. Mas afinal o velho Rei das alturas venceu, botando todo corpo vermelho para fora das nuvens e dispersando os vaiadores”.
Isso mesmo, o sol fora vaiado por inúmeras pessoas que, cientes de mais um dia de chuva, tiveram suas expectativas frustradas.
Ultimamente tenho visto na internet, com certa freqüência, a palavra modinha. No início, todo contente, achei que era algo relacionado com as canções dolentes de outrora. Que nada. Modinha, hoje, é o diminutivo moderno, descolado, para definir os modismos, tendências, ou, como se dizia outrora, aquilo que é cartaz.
Mas, no meu entender, modinha é um lindo estilo de canção. Romântica, amorosa, triste, sentimental e, até, passional. Então, caríssimos leitores, quando eu citar modinha, será o estilo musical.
Uma das modinhas mais conhecidas e, também, mais belas é A Malandrinha.
Quem assistiu a minissérie Dercy de Verdade a ouviu. Aliás, Dercy Gonçalves sempre cantava essa música em suas apresentações, ao que parecia, uma canção ligada à sua vida, assim como outras.
Vamos conhecer a história de A Malandrinha, contada pelo saudoso amigo e pesquisador Abel Cardoso Júnior em seu excelente livro Francisco Alves - As Mil Canções do Rei da Voz.
Conta Abel que a partitura trazia a música como: “Canção-tango brasileira. Música e letra de Freire Júnior. O maior sucesso da atualidade”. A foto da atriz Alda Garrido aparecia na capa e a partitura era editada pela Viúva Guerreiro.
Foi lançada na burleta Flor do Lodo (A Malandrinha), de Freire Júnior, no Cinema Ideal, que estreou em 10 de junho de 1926, com Alda Garrido. Provavelmente é a mesma revista-burleta, A Malandrinha, reencenada por Alda Garrido e pinto Filho, no Teatro São José, em 19 de março de 1928.
Freire Júnior Arquivo Nirez
Era anunciada como “nascida de uma canção”. “Outro papel de destaque é o de um vagabundo, mas de bons sentimentos, amoroso da malandrinha, que sofre a dor de tê-la perdido (...) Interpretá-lo-á, numa especial deferência para com o autor da peça, o tenor Francisco Alves, ora com o nome em voga, vulgarizando através de sua canção A Malandragem, a campeã do carnaval de 1928. Além desta, Francisco Alves cantará as canções A Malandrinha, o maior sucesso de Freire Júnior, e Meias de Seda, que se destina a ter a mesma popularidade”. (Correio da Manhã, 14 de março de 1928, p. 8).
“Francisco Alves teve uma estréia excelente”. (Correio da Manhã, 21 de março de 1928, p.8).
Alda Garrido relembrava:
“Trabalhei ao lado de Francisco Alves, no Teatro São José... O Chico, ‘ferindo a prima’, cantava com a sua voz bonita:
‘Acorda minha linda namorada,
A lua nos convida a passear... ‘
Eu acordava e saíamos a passear... pelo palco, bem entendido, aceitando o convite da lua...”. (Revista Carioca, fevereiro de 1940).
Freire Júnior, dado o êxito da revista A Malandrinha, prepararia uma seqüência, a revista Os Malandrões, também no Teatro São José, estreada em 18 de junho de 1928.
Na edição vem num altar e para seus ninhos. Os dois violões são Rogério Guimarães e Francisco Alves.
Francisco Alves Arquivo Nirez
A primeira gravação foi feita por Pedro Celestino em 1927.
Francisco Alves gravou em 1928 e em 1952.
Malandrinha
Modinha brasileira de Freire Júnior
Gravação de Francisco Alves
Francisco Alves e Rogério Guimarães fazem o acompanhamento de violões
Disco Odeon 10159-B, matriz 1592
Disco lançado em abril de 1928.
A lua vem surgindo cor de prata
no alto da montanha verdejante
A lira do cantor em serenata
reclama na janela a sua amante
Ao som da melodia apaixonada das cordas do sonoro violão
Confessa o seresteiro à sua amada o que dentro lhe dita o coração
Ó linda imagem de mulher que me seduz ai, se eu pudesse tu estariasno altar
És a rainha dos meus sonhos, és a luz
És malandrinha, não precisas trabalhar
Acorda minha bela namorada
A lua nos convida a passear
Seus raios iluminam toda a estrada por onde nós havemos de passar
A rua está deserta, oh vem querida ouvir bem junto a mim o som do pinho!
E quando a madrugada é já surgida os pombos voltarão para os seus ninhos.
Algumas das músicas e estrelas citadas no segundo capítulo da minissérie Dercy de Verdade.
Trepa no Coqueiro
Embolada de Ary Kerner Veiga de Castro
Gravada por Mário Pessoa em 1929
Na Serra da Mantiqueira
Canção de Ary Kerner Veiga de Castro
Gravada por Gastão Formenti em 1932
Disso é que eu gosto Chorinho de Luís Peixoto e Vicente Paiva Gravado por Carmen Miranda em 1940
Alda Garrido foi estrela de nosso teatro desde os anos 10. Em 1919 gravou uma única música em disco Odeon Record, Rude Franqueza, modinha que servia de resposta à canção Franqueza Rude, gravada por Mário Pinheiro, ambas alfinetavam o sexo oposto. Ao lado de Américo Garrido, seu esposo, fez parte de Os Garridos, onde se apresentavam em teatros com repertório caipira, uma das especialidades de Alda. Mas, como seu talento era vasto, ela também se sobressaiu na comédia. Também foi casada com o compositor Custódio Mesquita.
No cinema, protagonizou o drama Dona Xepa, de 1959.
Maria Vidal que, como Dercy, vendia perfumes às colegas, foi atriz de prestígio no cinema, rádio, teatro e na tv. Era uma das principais comediantes de seu tempo.
Entre seus sucessos no cinema está A Pensão da Dona Estela, de 1956. Trabalhou em várias rádios, inclusive, na Rádio Nacional.
Em 1930, ao lado do cômico Pinto Filho,Maria Vidal gravou um registro histórico: a versão original de Lua Branca, de Chiquinha Gonzaga, que, composta em 1912 para a burleta Forrobodó, chamava-se Sá Zeferina, era dialogada e .... tinha versos cômicos. Uma bela oportunidade para se conhecer a interpretação original.
Beatriz Costa era a famosa estrela portuguesa que fazia sucesso na Europa e no Brasil, querida nos dois lados do Atlântico. Aqui, teve companhia própria, gravou alguns discos e fez representações antológicas ao lado de Oscarito, no teatro.
Aracy Côrtes, no final da década de 30, era o grande nome do teatro musicado. Fez algumas aparições no rádio, inclusive na Rádio Nacional, onde tinha um programa com Barbosa Junior.
Fontes: Arquivo Nirez in memorian: http://is.gd/yq6b25
A minissérie Dercy de Verdade nos proporciona conhecer ou rever (no meu caso) alguns dos grandes nomes de nossa música e teatro musicado. Aqui, trago algumas dessas estrelas, para apreciarmos. Convido todos a participar e comentar suas impressões.
Nossa querida Dercy Gonçalves, estrela de outrora e da atualidade.
Aqui, graciosa intérprete de nosso folk-lore, atuando na Casa de Caboclo.
Revista Noite Illustrada, 1933.
Dercy Gonçalves, embora tendo uma agradável voz, só gravou uma única música. A escolhida foi Jura, de Sinhô, que ela cantou no filme Absolutamente Certo (1957). Ela faz agudos que lembram os de Aracy Côrtes, porém, à maneira de Dercy. Disco Mocambo lançado em 1958.
Otília Amorim
Otília Amorim em 1921.
Iniciando carreira em 1911, Otília Amorim logo se tornaria um dos mais populares nomes do teatro de revista. No final da década já estava no posto de rainha e grande estrela dos teatros musicados. Antecedeu Margarida Max, Aracy Côrtes e Lia Binatti na preferência do público. Lançou nos palcos sucessos como Zizinha, e ainda atuou com Francisco Alves e Henriqueta Brieba. Pena que gravou somente onze músicas, em 1930, quando já era artista veterana.
Desgraça pouca é bobagem, da autoria de J. Aymberê (1930), foi um grande sucesso, sendo, ao lado de Nego Bamba, uma das músicas de Otília preferidas por Mário de Andrade.
Maria Castro
Maria Castro foi uma das grandes damas do teatro cearense e brasileiro.
Quando descobriu Dercy já era atriz conhecida, com companhia própria.
A foto que ilustra essa postagem encontra-se no porão do Theatro José de Alencar, em Fortaleza (Ce), onde se situam os camarins do teatro e há exposições ou apresentações artísticas.
Francisco Alves
No final dos anos 20, Francisco Alves já era um cantor de sucesso, com uma bem estabelecida carreira. Chico Alves havia trabalhado no teatro de revista, onde atuou, cantou e encantou. Um de seus grandes sucessos foi a modinha de Freire Júnior Malandrinha, que marcaria a vida de Dercy.
Em breve, trarei Jararaca e Ratinho, Duque e mais artistas dos anos 20 e 30.
A minissérie Dercy de Verdade estreou nessa terça, dia 10 de janeiro.
Escrita por Maria Adelaide Amaral, é dirigida por Jorge Fernando e conta a história de Dercy Gonçalves, uma de nossas maiores atrizes e comediante única.
Nas telas, a atriz será vivida por Heloísa Perissé e Fafy Siqueira.
Entre vários pontos positivos, a minissérie vem mostrar ao telespectador quem realmente foi Dercy Gonçalves. A maioria pode associá-la aquela senhora irreverente que falava palavrões.
Porém, como poucos sabem, ela foi muito, mas muito mais que isso. Entre os grandes nomes de nosso teatro de comédia, ela tem largo lugar na história, fora a televisão, onde apresentou programas, fez participações e no cinema, em antológicas atuações, como A Grande Vedete, filme onde ela faz rir e emociona, ou Baronesa Transviada, em que atua ao lado de outro grande talento, Catalano. Inclusive, um belo momento exibido na tv (não lembro o canal) mostrava o encontro, depois de décadas, entre Dercy (com quase 90 anos) e Catalano, com quase 100. Ele ainda lembrava os diálogos entre os dois, no filme. Um momento belo.
É uma boa oportunidade para conhecer melhor a grande artista e seus contemporâneos.
Há 27 anos falecia Aracy Côrtes. Quem acompanha o blog sabe de minha grande admiração por ela. Já publiquei dezenas de postagens, entre artigos, fotos e músicas, e vou continuar trazendo sempre seu nome como símbolo de boa música e cultura brasileira. Hoje, trago duas novidade. Uma, trata-se da leitura da mão e assinatura de Aracy, que saiu publicada na revista Carioca em 1936. A outra, é uma gravação feita por ela em 1930 de um foxtrot de Ary Barroso. Aracy foi considerada uma das Rainhas do Samba, mas, também gravou foxtrotes, ritmo de muito sucesso nos anos 20, 30 e 40. A música fez parte de uma peça de teatro de revista, Diz Isso Cantando.
Vale a pena conferir!
Em janeiro de 1936, a revista Carioca publicava um interessante artigo intitulado O que elas não dizem mas as mãos revelam, onde reunia alguns artistas de rádio, com suas assinaturas e impressão das mãos, levando aos fãs algumas curiosidades sobre seus ídolos. Aracy Côrtes estava entre eles.
A linha da cabeça revela firmeza de atitudes.
Personalidade. A linha do coração está indicando um acontecimento afetivo que determinou uma nova orientação a um trecho do caminho da vida. E isto lhe aconteceu por causa de sua grande admiração pela arte do canto - Teve receio de imprimir os seus braceletes? - Sua letra revela um segredo que viverá sempre no coração. Inviolável...
SAPATEADO
Em de 1930 a Empresa A. Neves e Cia. Estreava, no Theatro Recreio do Rio de Janeiro,
a revista Diz Isso Cantando, em dois atos.
Oduvaldo Vianna era o autor da peça e Luíz Iglesias dos versos.
Vários autores, como Ary Barroso, compuseram as músicas.
Luíz Iglesias foi casado com a atriz Eva Todor, de muito prestígio no teatro e cinema e que, ainda hoje, nos dá felicidade de conferir seu talento na tv.
Aracy Côrtes era a estrela da peça e, entre as músicas que lançou,
está esse divertido foxtrot de Ary Barroso e Luíz Iglesias, Sapateado.
Gravado em 1930 e lançado em setembro desse ano.
Disco Odeon 10.680-B, matriz 3864
Acompanhamento da Orquestra Copacabana
No libreto da peça, Sapateado vem com outro título.
Copiei na íntegra e com a grafia original.
A gravação, porém, apresenta palavras diferentes, inclusive Embaixador Marciano. Aracy, provavelmente, aparecia vestida de marinheiro. No final do século XIX e início do XX era comum as atrizes interpretarem papéis masculinos nas peças, ora vivendo garotos, senhores, padres... daí o termo travesti.
Em agosto de 1942 o Brasil declarou guerra à Alemanha e Itália. Em 1943, foi organizada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Porém, os soldados só iriam para o front em 1944, com o auxílio da Força Aérea Brasileira (FAB). Mesmo chegando aos campos de batalhas no último ano da Guerra, nossos pracinhas tiveram importantes vitórias. Com o Mundo e o Brasil em tempos de guerra era preciso que cada cidadão, à sua maneira, colaborasse com nossa pátria, visando a vitória e, principalmente, à paz. Se os artistas de Hollywood iam até Natal e Fortaleza entreter os soldados americanos, nossos astros e estrelas do rádio fizeram o mesmo pelos milhares de jovens brasileiros que esperavam a chamada ao conflito na Europa.
Uma dessas iniciativas foi tomada pelos Diários Associados, corporação fundada por Assis Chateaubriand. Em 1943, a revista O Cruzeiro (de 24 de julho) mostrou que vários artistas de rádio e cassino foram até o Norte e Nordeste do País, levando suas músicas e atrações, no que foi batizado de Show da Vitória.
Um instantâneo no aeroporto Santos Dumont, logo após a chegada:
alguns artistas da Rádio Tupi e Cassino da Urca que foram ao Norte,
integrando o Show da Vitória, ladeando a menina Teresa Bandeira de Mello.
(Na foto, podemos ver Marilu, Linda Batista,
Dorival Caymmi e Dalva de Oliveira, entre outros artistas).
"Repercutiu da melhor maneira em todos os recantos do país a feliz iniciativa tomada pelos Diários Associados, de comum acordo com a direção do Cassino da Urca, para o envio ao Norte do Brasil, onde se acham aquarteladas as nossas tropas, juntamente com vários representantes do Exército dos Estados Unidos, de um punhado de artistas escolhidos entre os mais destacados do cast da Rádio Tupi e da Urca.
Após sua festiva recepção e exibição às tropas sediadas na cidade de Recife, dirigiram-se os componentes do Show da Vitória, sempre usando dos meios de comunicação que, graciosamente, a Cruzeiro do Sul pôs a disposição de tão patriótica iniciativa para outras capitais dos Estados nordestinos.
É, sem dúvida, obra de sadio patriotismo, neste grave momento, a organização de missões destinadas a levar ao que se encontram longe de seus lares a lembrança e o entusiasmo dos que estão à retaguarda, trabalhando para o ideal comum. Com o apoio da solidariedade de todos, mais leve se tornará o sacrifício dos soldados, que podem ter assim uma prova concreta de que não estão esquecidos e que todos contribuem, da melhor maneira e com o seu esforço para atingir, quanto antes, o ideal de trazer ao universo uma nova época de paz e de prosperidade, dentro dos moldes da liberdade e da justiça".
Madeleine Rosay, descendo do avião.
Dorival Caymmi, Dalva de Oliveira e Linda Batista.
Em Natal: um aspecto da assistência que compareceu à exibição do Show da Vitória.
No detalhe, Linda Batista já no Pará.
Linda Batista, a estrela querida do Cassino da Urca,
num instantâneo feito no Teatro da Paz,
em Belém do Pará.
O coronel Magalhães Barata, interventor federal, e coronel Arnold,
chefe do Comando de Transporte Aéreo do Exército e artistas do Show da Vitória.
De frente, podemos ver Dalva de Oliveira e Linda Batista.
O grande cômico do Cassino da Urca, Alvarenga, junto à cantora da Tupi, Stela Gil.
O Trio de Ouro exibindo-se no Teatro da Paz, em Belém do Pará.
Reproduzo uma interessante matéria que a revista Carioca publicou em 05 de novembro de 1935, onde procurava saber quem as estrelas e astros do rádio escolheriam para contracenar no cinema. Ainda conta uma anedota envolvendo a atriz Kay Francis e um cearense.
As montagens são bem divertidas!
Faça de Conta...
Quem escolheria para trabalhar com você?
Preferências dos Astros e Estrelas do Microfone.
Custódio Mesquita
Se Custódio Mesquita tivesse atuado com Greta Garbo
em O Véu Pintado, na cena do hospital.
Qual será o remédio?
Amargo ou doce?
Custódio Mesquita, o pianista e compositor festejadíssimo, autor de Se a Lua Contasse e Quem roubou meu Carneirinho, assim respondeu: - Com quem gostaria de trabalhar se fosse artista de cinema? Com Greta Garbo. Não posso deixar por menos... Ela é um tipo de mulher extraordinário... Além disso, li que ela fala pouco, o que, nas mulheres é a melhor e a mais rara das virtudes...
Elba Ferreira
Elba Ferreira... e Frederich March.
Terá sido esse mesmo o seu escolhido?
Elba Ferreira é filha da brilhante atriz Ítala Ferreira, de quem herdou a graça, a desenvoltura, a vivacidade. A jovem artista da Mayrink disse-nos: - Eu escolheria Frederic March. É um tipo de beleza máscula e um grande, extraordinário artista... Impressionou-me intensamente seu trabalho em Tornamos a Viver. Gostaria de ser sua leading-woman, ao menos num simples trailer. Anotamos a resposta, pensando, porém, se seria o mesmo entusiasmo da jovem artista se tivesse de contracenar com o belo Frederich metido na pavorosa caracterização de Mr. Hyde, de O Médico e o Monstro...
Lair de Barros
Lair de Barros nos braços de Clark Gable,
o fugitivo...
Lair de Barros, jovem intérprete da nossa música popular, é uma figurinha delicada e interessante.
Essa foi sua resposta:
- Gostaria de trabalhar com Clark Gable. Ele entende bem as mulheres.
Viu o que fez aqui? Desapareceu!
Conosco é assim: quanto mais eles fogem, mais a gente gosta deles...
César Ladeira
César Ladeira e a sua escolhida,
a comediante ZaSu Pitts
César Ladeira, o pássaro canoro do microphone,
locutor da PRA-9, deu-nos a seguinte resposta:
- Se eu fosse astro de cinema? Escolheria para companheira ZaSu Pitts...
- ZaSu Pitts?,,, Mas, por que?
- Porque é feia, já bastam as mulheres bonitas que eu conheço, fora da tela, e que me dão muito trabalho...
Fausto Paranhos
Como Fausto Paranhos se conduziria numa cena com Kay Francis ,
a "morena brasileira".
Fausto Paranhos, da PRA-9, cantor de sambas e canções, declina sua preferência:
- Eu escolheria Kay Francis, por ser o verdadeiro tipo dessas morenas deliciosas que Deus tão prodigamente espalhou pelo nosso Brasil. Por ser o tipo fiel das nossas patrícias...
Diante dessa declaração, lembramo-nos de um episódio anedótico interessante: no Ceará, um cavalheiro admirador de Kay, publicou um artigo provando por A mais B que a famosa artista da Waren-First é brasileira da gema. Dizia ter conhecido a família da artista e que uma prova da sua nacionalidade estava no seu próprio nome. E explicava: “Vejam só, Kay é o mesmo nome de key, ou seja, chave. Francis, Francisca.
Aí está: Chiquinha Chaves, em linguagem familiar brasileira...