Dia 18 de setembro, Greta Garbo completaria 106 anos.
Para homenageá-la, trouxemos um pouco de A Dama das Camélias.
Uma das histórias de amor mais fascinantes de todos os tempos é, sem dúvida, a de Margueritte Gautier e Armand Duval.
Ela era uma bela e experiente cortesã (as prostitutas de luxo que encantaram por séculos, com sua beleza, cultura e extravagâncias). Ele, um jovem advogado, ingênuo e perdido nos redemoinhos de sensações e prazeres da Paris da segunda metade do século XIX.
Em setembro de 1936, a MGM começou a filmagem de mais uma versão cinematográfica do romance de Alexandre Dumas Filho, A Dama das Camélias (La Dame Aux Camélias), escrito em 1848.
No auge de sua beleza e talento, Greta Garbo interpretaria Marguerite Gautier. Robert Taylor ficou com o papel de Armand Duval.
Os coadjuvantes eram atores e atrizes de primeira qualidade: Laura Hope Crews, como a velha cortesã Prudence (a eterna Tia Pittypat Hamilton, de ...E o vento levou), Lenore Ulric, ótima como a invejosa e vulgar Olympe, Jessie Ralph, Nanine a fiel e dedicada criada de Marguerite, Elizabeth Allan, Nichete, a primeira e única amiga de Marguerite, em Paris, que está noiva; Rex O´Malley no papel de Gaston, Lionel Barrymore como o pai de Armand, o ótimo Henry Daniell como Barão de Varville.
Barry Paris, em seu livro Garbo, fala um pouco sobre os bastidores de Camille, o título que a obra levou no cinema. Ele afirma que mesmo entre os veteranos da MGM havia um clima de "época" no trabalho. Uma sintonia imediata se deu entre Garbo e o diretor George Cukor. O roteiro era brilhante e ainda possuíam fotografia, figurinos e cenários de ótima qualidade.
Irving Talberg visitou os sets na primeira semana de trabalho e ficou embasbacado, achando a atriz completamente indefesa. Em 14 de setembro, ele falecia, e a tristeza que se abateu no estúdio foi muito apropriada para a atmosfera do filme. A qualidade de indefesa que o havia impressionado "se evidencia em cada nuance naturalística de Garbo, a começar com as cenas de abertura, no teatro, que são também inesperadamente engraçadas".
A sequência do teatro nos mostra as cortesãs em ação, dando o máximo de ostentação e sedução (cada qual a seu modo) para conquistar um rico amante, no caso o Barão de Varville.
O figurinista Adrian está esplêndido atrás das câmeras. Seus figurinos passam do branco, do início, para cinza, "quando a tragédia se instala", e para negro até o triste final.
"Foi idéia de Adrian que o penteado dela evoluísse dos cachos elaborados para arranjos mais simples, mais liso, à medida que a morte se aproxima". Ele também decretou que as jóias usadas pela personagem fossem brilhantes e rubis verdadeiros, para que ela os "sentisse" ao atuar. Garbo discutiu, alegando que na Suécia daquela época, nenhuma dama ou cortesã usava jóias tão espalhafatosas. Garbo cedeu à insistência dele, mas ela tinha razão. A moda na época de Camille era bem menos extravagante que as criações de Adrian. "Os vestidos ficaram tão pesados que foi preciso colocar gelo nos ventiladores do set para evitar que ela desmaiasse".
A cena da morte foi ambicionada por todas as atrizes. Não sem razão. Ela apresenta uma aura de "sublime tranquilidade", em uma memorável cena. Ela ficou doente boa parte das filmagens e se identificou muito com a personagem tuberculosa. Ela, que nunca assistia às provas, por ficar perturbada achando que poderia ter feito muito melhor, assistiu um trecho do filme, gostando muito e ficando impressionada com o que tinha feito.Não sabia explicar, mas, achava que tinha chegado ao auge".
Cukor ficou "chocado com a leveza do toque dela - a frieza, a perversidade com que interpretava". Mesmo com o Código, Garbo e o filme funcionavam em dois níveis sexuais: "no óbvio, que retrata o mundo cortesão (admissível em virtude do status literário da história), e no tom agudo do vibrato emocional de Garbo, que transparece em sua sofisticação, dando uma dimensão erótica à cena do piano com Daniel".
"Esse foi o primeiro, último e único clássico 'puro' de Garbo - Inigualável na gama de emoções que lhe permite expressar".
Ela recebeu o prêmio de melhor atriz da Crítica de Cinema de Nova York e sua terceira indicação para o Oscar, porém, Louise Rainer (ainda viva e com 101 anos de idade, morando em Londres) levou a estatueta. Detalhe: no ano anterior, Louise também foi a ganhadora do Oscar de melhor atriz.
A Dama das Camélias é um filme que você vê, revê e não se cansa. Seja pela interpretação do elenco, os cenários bem recriados, as toilletes idem, a atuação de Garbo ou sua simples presença...
Uma vez li que ele era o filme que ela mais gostava. Também, é um dos meus favoritos.
A história de Dumas foi imortalizada pela célebre Sarah Bernhardt em 1880. Mesmo a história já sendo um sucesso literário, a Divina Sarah a tomou para si, e com o aval de seu autor. Afinal, a peça era de Sarah e ela, melhor do que ninguém, poderia interpretar a heroína de Dumas.
Marguerite Gautier realmente existiu. Mas não era esse o seu nome. Chamava-se Marie Duplessis (seu nome no demi-monde) e fora amante do próprio Dumas e de Litsz.
Mas, essa história eu deixo para uma próxima postagem.
Trailer do filme:
Galeria Camille
Clique nas fotos e veja em tamanho original.
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Garbo e o diretor George Cukor |
Fontes:
Arquivo Marcelo Bonavides
Flickr.com
Stars de L´Ecran
Garbo - Barry Paris