Cançoneta de Ernesto de Souza. Foi gravada por Bahiano em 1903, em disco Zon-O-Phone X-1.046, nesse mesmo ano encontramos o disco Zon-O-Phone X-670 (provavelmente uma reedição). O cantor João Barros também gravou em 1909, disco Victor Record 98.799.
Copiamos a letra com a grafia e pontuação originais, retirada do livro Lyra Theatral, 3º edição, publicado em 1920, que faz parte do Acervo Marcelo Bonavides. A gravação apresentada no blog é do disco Zon-O-Phone -670, pertencente ao Arquivo Nirez.
Convidado um dia,
Só por cortezia,
Fui a casa d´um Barão,
Um velhinho curvo,
De olhar já turvo,
Mas casado... com um peixão.
Para apreciar,
Com elle almoçar
Um angú de quitandeira;
Lá fui, não pelo angu,
Mas pelos olhos da Baroneza faceira!
Á medida que o angu descia:
Meu peito ardia.
Mas esse ardor,
Não era de pimenta
Que qualquer agüenta
Era só de amor.
Sobre a malagueta,
Credo! Não é peta,
Cálices de Paraty,
O velho entornava
E a língua estalava.
Com um prazer que nunca vi.
D´ahui a boccado
De olhar revirado,
Mette as ventas no meu prato,
Ah! Céos! Que carraspana:
Pobre velho... Já tinha amarrado o gato!
À medida que o angu descia, etc.
- Baroneza (eu digo),
Veja que perigo,
O barão embiragado...”
Ella então corando,
Os olhos baixando,
Sentar deixa-me ao seu lado!
Ai! que sobremeza,
Deu-me a Baroneza,
Na boquinha perfumada.
E o angu de quitandeira,
Só se acabou quando rompia a madrugada...
À medida que o angu descia, etc.
Obs. Amarrar o gato significa embriagar-se.