No dia 04 de agosto de 1930 perdíamos nosso Rei do Samba, Sinhô.
José Barbosa da Silva nasceu em 18 de setembro de 1888 no Rio de Janeiro.
Foi um famoso pianeiro nas festas da vida noturna carioca. Além de piano, tocava flauta, violão e cavaquinho. Foi um dos maiores compositores que tivemos. Começando a lançar suas músicas no final dos anos 10, Sinhô teria nos anos 20 a consagração artística.
Gravou a música de sua autoria Fala Baixo, com a Banda da Fabrica Popular.
Nessa gravadora, A Popular, da autoria de João Batista Gonzaga (companheiro da compositora Chiquinha Gonzaga), Sinhô lançou o jovem cantor-ator Francisco Alves em 1919. Chico gravou suas primeiras músicas Oh Pé de Anjo, Fala Meu Louro (Papagaio Louro) e Alivia Esses Olhos. Todas as três músicas fizeram sucesso no teatro de revista, principalmente Oh Pé de Anjo, cuja revista homônima de 1920 colocou nos palcos as estrelas Ottília Amorim, Júlia Martins e Henriqueta Brieba, ao lado de Alfredo Silva.
Sinhô continuou compondo com grande sucesso para o teatro, enquanto tinha suas músicas gravadas pelos grandes nomes da época. Eduardo das Neves, Bahiano, Fernando e o Jazz Band Sul Americano de Romeu Silva, Frederico Rocha, Zeca Ivo, Albertino Rodrigues, Gustavo Silva e Carlos Lima foram alguns dos artistas que gravaram músicas do compositor entre 1919 a 1926.
A gravação elétrica surgiu em 1927 e Francisco Alves voltou a gravar várias de suas composições. Mário Reis passa a ser, a partir de 1928, um de seus melhores intérpretes, na segunda metade da década de 1920.
Em 1927 foi coroado Rei do Samba, em São Paulo, no Teatro da República, durante a Noite Luso-Brasileira. Oswald de Andrade se encarregou da coroação. Era a elite intelectual e artística paulistana reconhecendo o valor da música popular.
O curioso é que a discografia de Sinhô foi em sua maior parte registrada por homens. Poucas mulheres tiveram esse privilégio. No teatro de revista a grande divulgadora de suas músicas foi Aracy Côrtes que, também, lançou clássicos que marcariam a vida do compositor e da própria cantora, como Jura!..., cuja partitura vem com a designação de “O Maior Samba do Mundo”. Sinhô sabia fazer sua propaganda e, à sua forma, fazia bem.
Podemos contar as seguintes mulheres que gravaram Sinhô: as duas sobrinhas de Francisco Alves que em 1919 acompanharam o tio nas histórias gravações, participando do coro. Em 1928 temos Aracy Côrtes e Rosa Negra, duas estrelas do teatro musicado. Rosa era um dos principais nomes da célebre Companhia Negra de Revistas e gravou com Francisco Alves Não Quero Saber Mais Dela. Aracy gravou Jura!... e, em 1930, Mal de Amor. Já em 1930, teríamos Sinhô através das novatas Ita Cayubi, com Canjiquinha Quente, e Carmen Miranda, com Burucuntum e Feitiço Gorado (que só seria lançado em 1932).
Sinhô foi o precursor do samba-choro compondo Meus Ciúmes, que a competente e brejeira Yolanda Osório gravou em 1931.
Em 1989, Sinhô foi interpretado pelo ator Paulo Barbosa na novela Kananga do Japão, exibida pela Rede Manchete. A novela abordava, entre outros temas, a vida musical carioca dos anos 30. No Grêmio Recreativo Familiar Kananga do Japão, que existia na praça XI, no Rio de Janeiro, os personagens dançavam maxixes, sambas, canções e outros ritmos, interpretados por Zezé Motta em sua personagem Lulu Lion. O acompanhamento era feito por piano e uma orquestra ao vivo e muitas composições dos anos 20 e 30 puderam ser conhecidas pelas novas gerações.
Cabeça de Ás, maxixe por Fernando e o Jazz Band Sul Americano de Romeu Silva - 1925
Cauhã, valsa por Januário de Oliveira - 1930
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